segunda-feira, 12 de março de 2012

Gal 2.16-21 e Jó 25.1-6 Não mais vivo Eu!

Introdução:O texto de Ló acima, suscita a antiga e fundamental questão da salvação espiritual do homem: “Como o homem pode ser justificado, ou encontrado justo, diante de um Deus santo?”
A carta aos Gálatas é chamada a carta da Liberdade cristã. Provavelmente ela foi a primeira de todas as epistolas a serem escritas, e sua data gira em torno de 60 d.C., Isto nos impressiona, por vermos como aquela comunidade, apenas 25 anos depois da ascensão de Cristo aos céus, já estava perdendo completamente as referências da autentica mensagem da salvação. Paulo afirma que eles estavam passando para “outro evangelho”, que na verdade é o anti-evangelho, já que não existe “outro”.
Ela também trata da questão da justificação. Termo este que aparece 3 x na leitura, apenas nos vs. 16 e 17. Paulo também esta avaliando a questão da salvação. Como o homem pode se salvar?

Seis enunciados são feitos neste texto sobre este assunto:
a. A insuficiência do zelo religioso – Paulo afirma isto em Gl 1.14. Ele afirma que era zeloso da tradição de seus pais, mas agora está reconhecendo que tal zelo era incapaz de justificá-lo diante de Deus.
i. Em Mt 16.6 Jesus adverte seus discípulos quanto ao fermento dos fariseus e saduceus. O que significa isto? Trata-se da justiça própria que poderia contaminar a simples mensagem da salvação, como estava fazendo com os irmãos da Galácia.
ii. Em Rm 10.1-3 Paulo afirma que os judeus tinham zelo, porém não com entendimento. Por que? Porque desprezaram a justiça que vem de Deus e resolveram construir sua própria justiça. O zelo se tornou oposto à proposta de Deus feita em Cristo.

b. O fascínio da lei – O apóstolo faz uma pergunta curiosa: “Quem vos fascinou a vós outros?” (Gl 3.1). Ele percebe que a igreja da Galácia estava ficando impressionada com alguma outra coisa além do evangelho. O velho padrão da lei: “faço, portanto tenho méritos e sou aceito”, estava retornando ao coração daqueles irmãos que haviam salvos pela pregação da cruz.
Paulo afirma que eles estavam passando para “outro evangelho”, ou para o anti-evangelho, já que não existe substituto para o Evangelho de nosso Senhor.
Certa mulher afirmou que não gostava desta idéia da graça. Seu problema era simples: “Quer dizer então que não posso exigir nada de Deus?”. Ora, a lei nos faz entender que, uma vez que faço, determino o que Deus fará. Ele passa a me dever. No entanto, a graça afirma que Deus não lhe deve nada. Tudo é feito pela sua graça abundante, nada por mérito. A lei traz ao nosso coração um senso de poder e conquista. Nos sentimos “Heman”, o personagem do desenho animado que diz: “Eu tenho a força!”.

c. A inoperância da tradição – Paulo afirma que antes era “extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 1.14). Ele se firmava na força de sua história familiar e religiosa.
Paulo afirma que Cefas era “coluna” da igreja de Jerusalém. No entanto, esta pompa não lhe sustentou no evangelho, antes facilmente se afastou, e “não procedia corretamente segundo a verdade do evangelho” (Gl 2.14). Por ter se distanciado do pensamento de Deus, tornou-se dissimulado a ponto de viver de representações para conseguir aplauso da ala mais conservadora da igreja. Paulo repreende a Pedro face a face, por tal comportamento (Gl 2.11-13).
Lutero, em 1520, afirmou o seguinte: “Não estamos isentos de fazer boas obras, mas de confiar nelas. Isto é a loucura de buscar justificação pelas obras”.

d. Estratégias humanas são falíveis – (Gl 2.2) Paulo, como bom obreiro, fez alguns planos, estabeleceu algumas metas para sua vida, descobrindo posteriormente, que apesar de todas elas parecerem tao bem estruturadas, ele havia seguido na direção errada.
O mesmo se dá em relação á nossa fé. Temos um software em nossa alma que funciona com o padrão da lei. Por isto Paulo precisa agora relembrar aqueles irmãos destas verdades: “Quero saber apenas isto de vós: recebestes o Espírito pela sobras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.2).
O que era essencial era lembrar que “o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 2.16). Qualquer outra estratégia é falível.
A grande tentação dos irmãos de Gálatas era acrescentar algum novo elemento ao evangelho. Quais seriam os elementos a acrescentar ao evangelho para dar validade? Muitas atitudes são atraentes, outras se parecem muito espirituais, mas elas não te levam ao Evangelho (Col 2.20-23) Os grupos normalmente nos constrangem (vs.3) mas temos que continuar firme no fundamento do evangelho.

e. O perigo da reputação humana – Outra verdade que este texto nos ensina é como facilmente deixamos o evangelho para recebermos aplauso dos homens. Paulo se assusta ao ver que “até barnabé se deixou levar pela dissimulação dos irmãos” (Gl 2.13). Isto o entristece porque Barnabé havia sido o seu discipulador.
Se olharmos para as pessoas e não para Cristo, ficamos obcecados pelos aplausos, mas o que precisamos mesmo é o aplauso dos céus. “Assim falamos, não para agradar a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. Também jamais andamos buscando a glória de homens, nem de vós, nem de outros” (1 Ts 2.4-6).

A verdade é que a lei precisa ser questionada constantemente pelo Evangelho. Paulo viu que os irmãos não estavam agindo de acordo com o Evangelho. Portanto, não são apenas os descrentes que rejeitam a graça de Deus, mas o povo de Deus também o faz. O problema: Se eu me esquecer da essência do Evangelho, isto é, Cristo morreu por mim ( e nada mais pode ser acrescentado a isto) transformo Cristo em ministro do pecado (2.17) e ignoro o poder de sua morte (2.21).

Conclusão: O que realmente importa?
1. Morrer em Cristo – Paulo afirma que fora “crucificado com Cristo” (Gl 2.19). Isto implica que ele morreu naquela cruz. Isto o fazia desistir de seus esforços. Ele confiava apenas na suficiência de Cristo conquistada na cruz. Seus direitos e suas vestes eram as de Jesus.
2. Viver por Cristo – “Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim”. Em outra passagem afirma que esmurrava seu corpo para que não viesse a ser desqualificado (1 Co 9.27). Ele sabia que isto implicava que não poderia deixar de se lembrar que Cristo o havia amado de uma forma tão profunda, e como gratidão, viveria por Cristo.
3. Fazer para Cristo – O grande problema do homem natural é que ao fazer as coisas, ele o faz para auto-promoção. Não está interessado em glorificar a Deus, mas em auto glorificar-se. Não podemos construir sob outro fundamento. A tentação da justiça própria me faz ministro da iniqüidade (Gl 2.18).

Samuel Vieira
Congresso Sinodal da SAF – 2ª Ig. Presb. Taguatinga
10 Março 2012

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