domingo, 26 de agosto de 2012

Mc 13.1-24 Quando sucederão estas coisas?




Introdução:


Poucas doutrinas bíblicas tem sido tão mau interpretadas e negligenciadas quanto a Volta de Cristo. Estava tentando lembrar quando foi a última vez que preguei sobre este assunto e honestamente não me lembrei.
Desde os dias apostólicos, alguns deturparam e negaram a volta visível de Cristo. O apóstolo Pedro, na sua segunda carta afirma: “tendo em conta, antes de tudo, que nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permancecem como desde o principio da ciracao. Porque, deliberadamente esquecem...” (2 Pe 3.3-5a).
Recentemente, alguns intérpretes liberais como C.H.Dodd, falaram da escatologia realizada, afirmando que a volta de Cristo se daria por meio da ação da igreja, que vai combater sistemas iníquos, e que a volta de Cristo nada mais é que a expansão do reino visível da igreja na historia. Outro teólogo, Molttmann, na sua “teologia da esperança”,diz que devemos interpretar a vinda de Cristo, como uma “esperança utópica”. Utopia é uma expectativa que sempre nos mantém repletos de esperança, mas que não vai se cumprir na sua literalidade, e alguns pastores brasileiros conhecidos chegaram a veicular na internet esta visão.
Neste texto, os discípulos estavam apreciando a construção do templo de Jerusalém, que havia sido reedificado por Herodes. A construção era de fato magnífica. Herodes, o Grande, começou a reconstruir o templo no ano 19 a.C, usando mármore e ouro como materiais de decoração. O átrio exterior era magnífico, tinha 457 mts de comprimento, por 274 mts de largura, cercado por muros de pedras brancas maciças, algumas das quais eram de 5 mts de comprimento por 1 de largura. Os discípulos estão impressionados com a arquitetura do templo, e seu comentário sobre a sua beleza leva Jesus a falar de sua volta.
A pergunta dos discípulos no vs 3, parece apontar para a destruição do templo, mas a resposta de Jesus inclui não apenas este evento que se daria no ano 70, quando Jerusalém foi saqueada e o templo queimado e destruído pelo general romano, Tito Vespasiano, que posteriormente se tornaria o imperador. O arco de Tito, comemorando sua vitória sobre Jerusalém, ainda existe em Roma até os dias de hoje.
A destruição de Jerusalém é apontada por Jesus como o prenúncio do Juízo Final, e sinal da ira vindoura. No ano 70, os romanos entraram no templo de forma militar, com seus estandartes, insígnias cerimoniais e soldados e carregaram todos os utensílios sagrados do templo, levando-os para Roma.
O que devemos aprender destes ensinamentos de Jesus:
1.       Não devemos impressionar com a grandeza e pompa deste século, pois até mesmo as majestosas construções serão derribadas – Mc 13.1
Os discípulos estavam profundamente impressionados com a arquitetura, pompa e riqueza do templo. Herodes havia investido profundamente na construção do templo para agradar os juDeus. Setores mais conservadores afirmavam que ele era edomita, e que por isto não podia governar sobre Israel, pois ele não era um judeu puro, então ele resolveu politicamente dar uma resposta, se tornando forte defensor da religiosidade nacional, ainda que seu coração fosse completamente distante de Deus. Ele queria dividendos políticos e os obteve.
Jesus, porém, demonstra a fragilidade dos grandes impérios, grandes conquistas e construções. “não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada”(Mc 13.2). Os impérios e poderes humanos possuem pés de barro, como no sonho interpretado pelo profeta Daniel.
Muitas vezes nos impressionamos com a beleza dos templos e das grandes obras, mas o maior legado que podemos deixar para a próxima geração não está nos prédios que construímos, mas nas vidas que são edificadas aos pés de Cristo.

2.       Jesus fala de sinais. Precisamos estar atentos porque eles não deixam que nossa atenção se distraia. Quais são estes sinais?

a.      O surgimento de falsos Cristos – “Muitos virão em meu nome, dizendo: sou eu; e enganarão a muitos”(Mc 13.6). O termo “Cristo”, é a tradução grega para “Messias”, no hebraico. Jesus está se referindo ao messianismo, tão comum em tantas culturas. No ano 130 d.C, surgiu um famoso postulante messiânico, Bar Kochba – líder de uma rebelião contra os romanos. De lá para cá, sempre surgem substitutos de Cristo, e não me refiro a figuras bizarras como Inri Christi, que é ridículo, mas a todas as expressões que se revestem desta idéia de ser um redentor, revelada em famosos gurus com receitas e propostas que atraem centenas de atores, políticos e poderosos de nossos dias. São pessoas em quem levam outros a tomar decisões e firmar suas vidas nos seus ensinamentos.

b.       A profileração de conflitos – “Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerra” (Mc 13.7). É impressionante a capacidade do ser humano para viver em guerras. Existem muitas que se tornam conhecidas como os conflitos na Europa, e principalmente duas guerras mundiais num período de apenas 30 anos no século passado. Recentemente a Europa estava celebrando o fato de que nestes últimos 50 anos não houve sequer uma guerra entre nações daquele continente, mas existem ainda dezenas de sangrentos conflitos étnicos que não são sequer conhecidos ou anunciados pela mídia.

c.       Calamidades – “Haverá terremotos em vários lugares e também fomes”(Mc 13.8). Segundo a ONU, diariamente 800 milhões de pessoas passam por algum tipo de privação de alimento.  Entre 1964-94, período de grandes atividades sísmicas, houve mais terremotos que todos os séculos passados. A terra está em convulsão. Espera-se um terremoto chamado Big One, na Califórnia, que deverá mudar a geografia dos Estados Unidos. Tal incidente já tem sido anunciado por peritos e técnicos há muito tempo.

d.      Perseguição aos discípulos de Cristo – “Vos entregarão aos tribunais e às sinagogas” (Mc 13.9). Recentemente li o livro “O homem do céu”, de um pregador chinês chamado irmão Yun, descrevendo os horrores da perseguição religiosa na China. Milhares de cristãos tem sido dizimados, perseguidos em muitos países por causa de sua fé. Estatísticas apontam que apenas no Século XX tivemos mais mártires que a soma de todos os demais 19 séculos da cristandade. Estas estatísticas foram impulsionadas especialmente pela Cortina de Ferro (extinta Rússia), e a cortina de Bambú (China), ambas com vertentes marxistas.

e.       Evangelho pregado a todas as nações – “Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações” (Mc 13.10). O termo “nações” aqui não se refere a uma nação política, mas a etnias. Por exemplo, o Brasil é apenas uma nação, mas temos no nosso território nacional cerca de 200 etnias, grupos linguísticos e culturais distintos, entre os povos indígenas. Um dos sinais da vinda de Jesus é a pregação do evangelho a estes povos. Faz parte dos sinais da vinda de Cristo a pregação do evangelho a estas sub-culturas, não só do Brasil, mas de muitas outras regiões ao redor do mundo.

f.        Perda do afeto natural – “Filhos se levantarão contra os progenitores e os matarão” (Mc 13.12). O conflito entre membros da família revela a dificuldade de uma geração de organizar seus afetos. São pessoas que perderam o senso das coisas básicas da vida, e suas referências éticas e afetivas.

g.      Oposição frontal ao evangelho – “Sereis odiados de todos por causa do meu nome” (Mc 13.13). Fala-se muito em discriminação de grupos, mas você pode fazer opções das mais radicais hoje, na sua sexualidade, na sua crença, nas suas opções alternativas e terão menos rejeição que como evangélico. Assente-se num grupo que não lhe conhece, e verá que ali existem pessoas crêem  na reencarnação de Ramssés VIII, que foram lagartixas na outra vida, e outros estarão interessados em saber como é isto, mas se você falar que ama a Jesus, e que resolveu ser radical no discípulo, verá as pessoas torcendo o nariz para sua opção de fé. Ser cristão significa distanciamento e oposição.

h.      Manifestações do anti Cristo – “Quando, pois, virdes o abominável da desolação”(Mc 13.14). Em Dn 11.31 há uma profecia sobre a profanação do templo, que se cumpriu em 168 a.C., quando Antioco IV, se auto denominou Epifânio (manifestação divina) e invadiu o templo judeu, edificando ali um altar pagão, e sacrificando um porco no local mais sagrado do templo que era o Santo dos santos. Jesus faz uma aplicação deste incidente histórico com sua vinda, afirmando que este ser, surgirá “operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mc 13.22).

A Bíblia dá vários nomes ao Anti-Cristo, o abominável da desolação é um destes. Além deste podemos encontrar
(a) - O assolador (Dn 9.27);
(b)- O homem do pecado, o filho da perdição (2 Ts 2.3);
(c)- A besta (Ap 13.11)
(d)- O Anti-Cristo, nome usado apenas por João (1 Jo 2.18-22 e 4.3).
(e)- O Falso Profeta – Ap 13
Todos eles, personificação do mal.
i.        Grande tribulação“tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo” (Mc 13.14-20). Jesus se refere especificamente às grávidas, porque em tempos de escassez, catástrofes, ou tragédias políticas estas pessoas sofrem de forma muito intensa. Jesus pede para que oremos a fim de que tal sofrimento não se dê no inverno. Não é fácil fugir quando o clima é muito frio e não há abrigo.

Conclusão: Que resposta dar a estas palavras de Jesus?

1.       Jesus nos exorta a perseverarmos – Mc 13.13 Em momentos de perseguição e oposição, é fácil perder a capacidade de luta e desistir. A vitória, porém, não é daquele que corre até no meio da jornada, mas daquele que fica firme até o fim.
O autor de hebreus afirma que “não somos dos que retrocedem para a perdição”. Devemos continuar firmes na fé, inabaláveis, continuando a lutar por aquilo que cremos. Quanto maior for a oposição, mais necessidade teremos de perseverar, até o fim.

2.       Jesus nos alerta para não ficarmos impressionados com sinais e prodígios impactantes, porque muitos sinais são formas malignas que o anti-Cristo vai usar para enganar, se possível, os próprios eleitos (Mc 13.22). Este aspecto chama a atenção porque somos uma geração facilmente impressionável. Gostamos de ver coisas, não é sem razão que “João de Deus” de Abadiânia atrai tantos seguidores, simples e famosos; não é sem razão que propagadores de curas e fenômenos sempre enchem estádios. Queremos ver, acreditamos que nossas convicções, mesmo as espirituais, são autenticadas por percepções do sobrenatural. Jesus nos adverte: “Estai vós de sobreaviso, tudo vos tenho predito”(Mc 13.23).

3.       Jesus nos ensina a ficarmos alertas – Não ficarmos desatentos nem indolentes “vede que ninguém vos engane” (Mc 13.5) e “estai vós de sobreaviso”( Mc 13.9). Temos que ficar em estado de alerta, como o vigia de uma torre. A parábola das 10 virgens, contada por Jesus, mostra que o descuido e a sonolência na vida espiritual podem ser fatais. Não podemos viver de forma displicente. “Viva cada dia como se fosse o último, um dia, certamente será”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário