A visão de Isaías e o seu chamamento
¹ No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.
² Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava.
³ E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
⁴ As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.
⁵ Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!
⁶ Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
⁷ com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.
⁸ Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.
⁹ Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.
¹⁰ Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.
¹¹ Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
¹² e o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.
¹³ Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco. (Isaías 6:1-13)
Introdução
Tim Keller afirma “O Evangelho não é o ABC, mas o A ao Z da vida cristã.” Este texto começa com uma visão de Deus dada ao seu profeta. A mensagem chegou num momento crucial e complexo para Israel: O falecimento do rei Uzias. Um rei bom, piedoso, administrador competente, que trouxe tempo de prosperidade para Israel. Agora Israel passará por uma transição de liderança. Quem será o próximo? Há insegurança no cenário político e social. Mudanças de reis muitas vezes foram catastróficas e geraram muita insegurança social.
Diante de más notícias é importante fazer uma releitura da vida. Três aspectos são necessários nesta hora:
- Como olhamos para Deus- Is 6.1-3
- Como olhamos para as circunstâncias – Is 6.4-6
- Como olhamos para nós – Is 6.7-13
Primeiro, precisamos ser atentos para a forma como olhamos as circunstâncias – “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor.” (Is 6.1)
Precisamos ter uma compreensão de Deus quando olhamos a circunstância. No ano da morte do rei Uzias, Isaias viu o Senhor. Ele não viu apenas o aspecto político arriscado que estava acontecendo, mas ele viu o senhor no meio de tudo. Um olhar para as circunstâncias, outro para Deus. Isaias está impactado com aquilo que está acontecendo na história, mas seu olhar está vendo não apenas o temporal, mas o eterno. A fragilidade política e a insegurança sobre o que virá. Alguém afirmou que as pessoas são o passatempo preferido das circunstâncias. Como somos engolidos por notícias falsas ou verdadeiras, quando temos que lidar com duras realidades que nos chegam.
Recentemente uma pessoa da igreja me procurou. Sua situação financeira por causa de mudanças na política na empresa na qual era funcionário desabou, e ele não estava conseguindo pagar seu aluguel. Na conversa, pudemos resgatar sua visão de quem Deus era, e a pergunta que fizemos foi a seguinte: “Sabemos que Deus te ama, e que ele prometeu cuidar de você. Diante desta situação, precisamos indagar: o que Deus está querendo ensinar neste momento?” Temos que entender que as intempéries são uma forma de Deus dar direção e revelar sua provisão e cuidado. Mas confiar em Deus quando as circunstâncias não são positivas é um dos maiores desafios que enfrentamos.
Este é outro movimento idolátrico do nosso coração. Sucumbimos com as situações nas quais não temos controle. Basta que qualquer coisa não esteja dentro da normalidade que enlouquecemos. Perdemos a noção de um Deus soberano e passamos a olhar apenas para as coisas que nos rodeiam e somos prisioneiros dela.
Paulo afirma que “aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação, tanto de fartura quanto de escassez.” Por causa desta afirmação, alguns dizem que Paulo foi o homem mais feliz desta terra.
2. Precisamos entender quem é Deus. Entender quem é Deus, sua natureza. Quando Isaias olha os atributos de Deus, ele percebe vários atributos:
- A soberania de Deus (vs. 3) “Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.” Trono é lugar de autoridade, de onde saem todas as ordens. Ele está no alto trono, presença, eternidade diante da transitoriedade, poder, símbolos de exércitos, adoração, serafins adoram a Deus sobre toda a terra. Esses são os atingidos de Deus. Esta foi a primeira coisa que João viu quando começou a ter as visões celestiais. “Olhei, e vi no trono alguém assentado sobre ele.”
É fundamental a compreensão de quem está no controle da história. Não são os reis, nem os imperadores, mas Deus. Ele está assentado no alto e sublime trono. Isaias vê as abas de seu manto enchendo o templo.
Nossa dificuldade de entender quem está no controle gera medo, ansiedade, angústia. Muitas vezes olhamos as circunstâncias e achamos difícil crer que Deus está no comando, mas a verdade é que ele nunca perdeu o controle. Seu poder está presente em toda criação, acima de todas as galáxias e todos os seres angelicais. Os serafins estão declarando a majestade de Deus.
- A santidade de Deus: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos.” (Is 6.3) A soberania de Deus,
A declaração tríplice da santidade de Deus é uma forma do hebraico usar o superlativo. A repetição mostra grandeza. Deus é três vezes santo. Sua santidade é tão grande que os serafins cobrem o seu rosto na sua presença. É importante notar que os serafins, ocupam hierarquicamente um lugar de destaque entre os seres angelicais, e possuem seis asas. Com duas cobrem seus pés, com duas o rosto, e voam com duas. Ao cobrir os pés e o rosto, mostram a glória e o brilho de Deus. Eles se aproximam de Deus entendendo sua santidade.
- Seu poder – Isaias tem uma visão da majestade de Deus: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is 6.5) A expressão “Senhor dos exércitos”, é uma das designações mais poderosas e frequentemente usadas para Deus na Bíblia para Deus. O termo hebraico original "Yahweh Sabaoth" (יְהוָה צְבָאוֹת) revela seu poder. Não há força que possa detê-lo, não há império que possa limitar sua ação. Ele é Senhor dos exércitos.
Esta expressão "Senhor dos Exércitos" é usada mais de 280 vezes no Antigo Testamento, sendo particularmente proeminente em livros proféticos. Deus é criador e soberano do Universo. Isto abrange todos os elementos da criação – o sol, a lua, as estrelas, os planetas, as forças da natureza. Deus é o comandante de todas essas "hostes" ou "exércitos" cósmicos. Ele tem controle total sobre o universo. O título "Senhor dos Exércitos" evoca imediatamente a ideia de poder, autoridade, majestade e invencibilidade. Ele é o General Supremo, diante de qual nenhuma força, seja terrena ou espiritual, pode subsistir.
É importante refletir sobre isto à luz dos acontecimentos históricos. Durante o reinado do rei Uzias, Israel gozou de relativa paz, a economia estava bem, e agora? É comum colocarmos expectativa em pessoas, governo ou na economia. Ao registrar este momento em que ele recebe a visão de Deus, isto revela o risco que corremos de transformar pessoas em ídolos, aqueles em quem colocamos nossa confiança e que acreditamos que por meio dele teremos salvação. Isaias precisa entender que não é um rei que sustenta, mas Deus. Ele precisa colocar seu olhar além das circunstâncias políticas e históricas. Ele precisa olhar para Deus e saber quem é Deus e quem está no governo da história.
Terceiro, precisamos ter uma leitura correta de quem somos – “Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Is 6.7-13)
Quatro aspectos podem ser mencionados aqui:
- Sua experiência com Deus o leva a uma autocompreensão. Ele compreende quem ele é quando está diante de Deus. A Bíblia afirma que “Deus é luz, e nele não há treva alguma.” Diante dele tudo é claro como a luz do sol. Por esta razão a confissão é uma das características do homem de Deus. Ele vê como nunca, como de fato ele é.
Isaias percebe a dura realidade de sua vida, ele precisa olhar para os ídolos de seu coração e nada é mais desesperador que perceber sua condição de pecador. Ele estava colocando sua esperança no contexto político. (ídolos mediatórios). Agora ele percebe que não é o rei quem sustenta, mas Deus. Ele vê a glória de Deus enchendo o templo, ele contempla os serafins clamando: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos.” Um grande temor se apodera de seu coração. Neste contexto ele tem uma compreensão de si mesmo, e tem um choque quando se vê diante de Deus.
Isaias tem um senso de imperfeição e inadequação - “Ai de mim” (Is 6.5). A compreensão espiritual que temos diante de Deus é uma das experiências mais doloridas da vida. Não é fácil perceber nossa real condição. Somos seres de negação, criamos pensamentos mágicos para nos justificar, estamos sempre nos exaltando para nos proteger. Mas Isaias ainda terá outro sentimento: de medo e pavor - “Estou perdido”.
O evangelho sempre expõe nosso fracasso. Ninguém entende a graça se não entender sua natureza pecaminosa. Se você acha que tem justiça pessoal moral e espiritual, suficiente para se justificar diante de Deus, você nunca compreenderá a obra tremenda que Deus fez por você naquela cruz. A cruz revela a gravidade do meu mal, aponta para o meu fracasso. Quando nos vemos realmente diante de Deus, sempre sentiremos nosso fracasso.
Ele percebe que seus lábios são impuros. “Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (vs 6) Isaías percebe a santidade de Deus em profundo contraste com sua própria natureza. “Ai de mim! Estou perdido!” Diante da santidade de Deus, quem pode se manter de pé?
- Seu encontro com Deus, não traz apenas a compreensão de seu pecado, de sua insuficiência, mas traz perdão, cura e renovação. “Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.” (Is 6.6-7)
Ao nos encontrarmos com Deus precisamos entender a realidade do nosso fracasso, mas precisamos olhar para a beleza da graça e da misericórdia de Deus reveladas na cruz. Ele levou sobre si toda nossa culpa. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar.” Que grande benção é o encontro com Deus, que revela nossa vergonha, mas manifesta também a graça de Deus e seu perdão. “Sua iniquidade foi tirada, e perdoado o seu pecado.” Precisamos entender que o evangelho tem duas abas. Uma revela nossa tragédia; outra revela a maravilhosa graça de Deus revelada em Cristo.
- A presença de Deus gera compromisso com a obra – “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8)
Todo encontro com Deus gera novo desafio. A compreensão do nosso chamado. O porquê e o sentido de nossa vida. Ainda hoje Deus chama seu povo. “A quem enviarei, e quem há de ir por nós.” É Interessante que esta pergunta vem no plural: “Quem há de ir por nós”, numa referência clara que nossa missão é para proclamar o Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Quem se encontrou com Cristo, sempre será um missionário. Seja em campos distantes ou em campos pertos. Alguém já afirmou que um cristão ou é um missionário ou é um impostor.
Veja o exemplo de Sophia Muller, relatada neste texto de Ronaldo Lidório.
Sophia Müller: a desbravadora da Amazônia
Posted by ultimato
Por Ronaldo Lidório
Em 1945, Deus levanta uma mulher, solteira, baixinha, franzina, lá na América do Norte. Ela estava passando por uma praça em Nova Iorque, e um pregador de rua falava de Jesus, ela se converteu, derramou-se na presença do Senhor e recebeu um chamado para fazer diferença na Terra. Por volta de 1949, Sophia Müller disse: “eu quero ser missionária”.
Ela saiu da América do Norte em direção à Colômbia. Entrou no Rio Içana, um rio que começa na Colômbia, entra na selva amazônica brasileira e a percorre mais de 1.000 km. Acabou atravessando, sem saber, a fronteira entre Colômbia e Brasil em uma pequena e insegura embarcação. O que parecia ser um erro de direção pelas águas perigosas dos rios Negro e Içana se tornou o caminho para um dos trabalhos missionários mais consistentes realizados na Amazônia.
Sophia Müller por mais de 40 anos serviu no ministério ao Senhor Jesus na Amazônia Brasileira, evangelizando duas tribos: Curipaco e Baniwa. Segundo o missionário Marcelo Pedro, da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), que trabalha onde Sophia trabalhou, ela dividia o seu tempo assim: de manhã, alfabetizava o povo; à tarde, ensinava a Palavra de Deus; à noite, descansava e tirava as dúvidas dos indígenas. Chama a atenção de Marcelo o fato de as comunidades indígenas evangélicas serem muito organizadas e não sofrerem com o alcoolismo.
Em 2007, a FUNAI afirmou que esse é um dos pouquíssimos lugares na Amazônia onde os indígenas não enfrentam problemas com alcoolismo, conflitos e guerras. O fotojornalista Pedro Martinelli, em seu livro “Amazônia: O Povo das Águas”, diz que os indígenas do Alto Rio Negro e do Rio Içana “têm título de eleitor e altíssimo índice de alfabetização, em algumas aldeias chega a 95%”.
Encontrei-me com dois indígenas anciãos Curipaco, crentes em Jesus, que tiveram o privilégio de remar a canoa para Sophia Müller décadas atrás. Eles me falaram: “pastor, aquela mulher tinha o fogo do Espírito Santo, porque ela pregava de dia e de noite nos fazia viajar. Era perigoso, mas ela viajava à noite para não gastar tempo de dia. Os índios dormindo e ela viajando. Remávamos a canoa, mas ela não dormia, usava o seu candeeiro, aquela lamparina, e durante a noite traduzia o Novo Testamento para a Língua Curipaco”. Hoje eles têm o Novo Testamento completo na língua deles.
É interessante que ela plantou dezenas de igrejas, mais de 50, ao longo do Rio Içana, e uma vez por ano um milagre acontece: uma conferência em que eles reúnem, pelo menos, um representante de cada aldeia evangélica ao longo desse rio, entre as tribos Curipaco e Baniwa.
Tive o privilégio de participar de uma dessas conferências. Esses representantes saem das suas aldeias, dias de canoa, dias de caminhada na mata e, numa data pré-determinada, com uma boa bandeira, encontram-se numa grande clareira em algum lugar ou aldeia na mata, e ali dobram seus joelhos, fincam aquelas bandeiras no solo e oram a Deus, agradecendo porque um dia Ele chamou a sua filha Sophia Müller e ela respondeu “sim”. E assim começa aquela conferência missionária abençoadíssima que leva alguns dias.
Antes de falecer em 1997, na Venezuela, ela foi entrevistada por um jornalista cristão. A primeira pergunta que ele fez foi: “Como foi o seu chamado?” Ao que ela respondeu: “Eu jamais tive um chamado, li uma ordem e a obedeci”.
- O encontro com Deus dá Redirecionamento ministerial. Deus envia Isaias para uma tarefa muito difícil: “Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, enderece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo. Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada.” (Is 6.9-11)
Nos primeiros cinco capítulos de Isaias, sua mensagem é direcionada ao povo de Israel. Agora Deus lhe dá a tarefa de pregar a este povo mas deixando claro era uma nação de coração secularizado, que não desejava ouvir a mensagem de Deus, que endurecia o seu coração e rejeitava a Deus. Do vs 8 a 13, vemos que o foco de Isaias, daqui em diante, será na fidelidade do seu ministério e não no sucesso. Deus afirma que era para ele pregar, mas ninguém se converteria. Esta é uma tarefa dura: pregar sem resultado.
Muitas vezes o ministério vai contra a nossa expectativa. Talvez o nosso ídolo seja a fala, ou os resultados, o poder de atração, mas Deus quer trabalhar outra coisa. A motivação de Isaías é mudada. Ele é chamado para compreender outra dimensão do chamado. Deus o envia. Não é ordenação humana. Deus dá uma releitura de vida e da cidade. Aquela cidade era marcada pela incredulidade, suspeita, secularismo e hostilidade.
Deus chama Isaías para amar a cidade e pregar a palavra. Tem contextualização. Por que Deus nos coloca em determinados lugares para pregar a um povo que se recusa a ouvir? Muitos campos são estéreis, mas ainda assim Deus nos envia para anunciar salvação.
“Fale e não te cales porque tenho muito povo nesta cidade.” Esta foi a palavra de Deus dada a Paulo. Mas para Isaias Deus afirma que ele pregaria, mas os olhos deles estariam fechados, ouviriam, mas a palavra não atingiria seus corações. Deus coloca Isaías em uma zona de desconforto.
Precisamos entender que o próprio Filho de Deus também teve que lidar com esta situação desconfortável. Jesus veio para os seus e seus não receberam. Mais de 70% dos pastores dos Estados Unidos dizem que estão no ministério porque não tem outro meio de subsistência. 60% entendem que o ministério tem feito mal para eles e sua família. Se pastores estão assim como está a igreja? Precisamos olhar para a vida com esperança. Aquilo que Deus é.
Que Deus renove nossa visão a ser do Deus, de nós mesmos e do nosso ministério. Pregar com fidelidade a palavra, mesmo para quem não quer ouvir, afinal, a pregação do evangelho deve ser medida não pelos seus resultados, mas pelo seu conteúdo. Pregar restauração é bom, mas não é bom pregar o juízo. Jonas foi o único profeta que se frustrou por ter pregado juízo e Deus ter enviado graça.
Conclusão
Apesar das trágicas circunstâncias históricas como a morte do piedoso rei Uzias, e do desastre iminente da cidade por causa da obstinação e dureza, a mensagem termina com um tom de esperança, não para seus dias, não antes da disciplina ser aplicada. “E ainda que um décimo fique no país, esses também serão destruídos. Mas, assim como o terebinto e o carvalho deixam o tronco quando são derrubados, assim a santa semente será o seu tronco". (Is 6.13) Apesar de toda dureza, a santa semente, que está em Deus, que elegeu este povo para ser seu povo, a santa semente será o seu tronco.
Mesmo quando o cenário é duro, o ministério árduo, Deus nos envia sempre dando esperança. “Assim a santa semente será o seu tronco". Há uma promessa de restauração, ainda que demorada e árdua. Há esperança e uma promessa de Deus. Assim como as plantas são capazes de se renovar, mesmo quando ficam apenas no toco, assim Deus é capaz de restaurar as cinzas e as ruinas.
Portanto, o juízo está presente, mas a graça de Deus também. A dureza é manifesta e traz juízo, mas a graça acompanha aquele que hoje está quebrado. Tal é o poder do Evangelho, e da mensagem restauradora de Deus ao pecador. É maravilhoso pensar isto: Deus restaura o caído, retira o homem do monturo, resgata a história dele, quando arrependido se volta para Deus em contrição e buscando graça.