Introdução
O contexto aqui é a cura de um homem com a mão ressequida no sábado, em uma sinagoga, diante da observação crítica dos fariseus. Jesus entra novamente numa sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos ressequida. Os fariseus observavam Jesus para ver se ele o curaria no sábado, a fim de terem motivo para acusá-lo. Jesus então pergunta: "É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar a vida ou matar?" Mas eles ficaram em silêncio. Então, olhando para eles com indignação e tristeza (algumas traduções podem usar "condoído" ou similar para "tristeza" aqui), Jesus disse ao homem: "Estenda a mão". Ele a estendeu, e ela foi restaurada. Imediatamente os fariseus saíram e começaram a tramar com os herodianos como destruir Jesus.
Este texto nos mostra como a religião pode facilmente perder sua essência e se perverter. Eugene Peterson: “É impossível dissociar o cristianismo de uma religião, mas precisamos tomar cuidado para que não aniquile a graça”.
Nosso coração tende a ser religioso. Todos os povos constroem símbolos, ritos, significados, cultos e estruturas simbólicas da sacralidade. Como isto nos atinge?
- A Religião tem o enorme poder de nos levar ao engano da superioridade moral ou espiritual. (Mc 2.15-17).
Jesus foi claro: “E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores. (Mc 2.17) e Lucas completa, mas “pecadores ao arrependimento.” (Lc 5.22)
ü “Os sãos não precisam de médicos, e sim pecadores”. Jesus é chamado de “amigo de pecadores” (Mt 11.19).
ü “Como ser uma igreja santa, sem deixar de ser amigável, acolhedora e preconceituosa?”.
ü Como lidar com nossa presunção espiritual, de que somos justos aos olhos de Deus? “Naquele tempo, Jesus contou uma parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros (Lc 18.9-14)
A frase "aos que se consideravam justos aos olhos de Deus" refere-se a pessoas que acreditavam que eram justas diante de Deus, possivelmente através de seus próprios esforços e observâncias religiosas, sem reconhecer a necessidade de um dom gratuito de Deus, como a fé em Jesus Cristo. Em termos bíblicos, esta frase frequentemente se refere aos fariseus, que eram conhecidos por sua observância rigorosa da lei, mas também por sua arrogância e falta de humildade diante de Deus.
ü Você é bem pior aos olhos de Deus do que você imagina. (Jó 4.17-19) Você só entenderá o que Cristo fez por você na cruz quando entender a sua angustiante realidade aos olhos de Deus. (Rm 3.10-12)
ü Toda igreja deveria colocar na sua porta: “Proibida a entrada de pessoas perfeitas”.
ü O inimigo no. 1 do evangelho é a justiça própria. A cruz revela nosso fracasso. (Rm 3.19). Religião sempre age com base no orgulho espiritual e na autopromoção (Mt 23.5).
- A religião tende a criar estruturas pesadas que impedem a celebração – (Mt 2.18-22). Os discípulos estão sendo questionados sobre o jejum. Jesus foi acusado de beberrão e glutão.
ü “Vinhos novos em odres velhos”. Todo religioso tem a tendência de enquadrar Deus dentro de seus pressupostos e ritos. Confundem essência com acidente, temporal com eterno e histórico com revelado.
ü “Atam fardos pesados” (Mt 23.4) “Jogam duas vezes no inferno”. (Mt 23.15)..
- A religião valoriza mais rituais que pessoas – (Mt 2.23-28).
ü Por que foram dadas as leis? (Dt 30.11,15): Para a vida.
ü Transformarmos tradições em substitutos da Palavra de Deus (Mc 7.8-9).
A Questão do Sábado: Objetivo original:
A. Quebrar o ciclo da ganância humana –Precisamos parar, descansar, refazer as forças. O lucro não é tudo!
B. Função social –Proteger o pobre, o trabalhador e o escravo.
C. Trazer equilíbrio à natureza e à ecologia – Proteção aos animais.
D. Propósito espiritual – tempo de adoração e reflexão.
O que o religioso fez? Transformou o meio em um fim, e o sábado era usado como controle.
Deus descansou. Para quê? O sábado que era o meio se torna o fim em si mesmo.
- A Religião pode endurecer o coração – (Mc 3.1-6)
ü Tudo acontece dentro de um templo (sinagoga), durante um culto.
"Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim." (Mt 15.8; Is 29.13) Atitudes externas, e meras palavras, não são suficientes para agradar a Deus, se não forem acompanhados por uma verdadeira entrega do coração. A superficialidade religiosa é um dos maiores riscos de nosso coração. Precisamos nos assustar com isto. Podemos praticar rituais sem que a sua vida e o coração estejam em Deus.
Jesus teve duas reações: “indignado e condoído” (Mc 3.5). O que significa? A religião se não for baseada nas Escrituras, pode nos distanciar de Deus, e transformar nossa fé em algo meramente burocrático, e até mesmo colocado à disposição de um sistema perverso.
“Indignado” significa ficar irado, encolerizar-se, sentir raiva. No contexto de Marcos 3.5, a indignação de Jesus é claramente direcionada aos fariseus. Sua raiva é uma resposta à dureza de coração deles e à sua hipocrisia. Eles estavam mais preocupados em manter suas tradições sobre o sábado do que com o sofrimento de um ser humano e a oportunidade de fazer o bem. A pergunta retórica de Jesus: "É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar a vida ou matar?" expõe a lógica distorcida.
“Condoído” significa sentir tristeza, lamentar, condoer-se. A compaixão de Jesus aqui é direcionada à cegueira espiritual dos fariseus, ele se entristecia com a falta de amor e misericórdia deles, com a sua incapacidade de ver a oportunidade de cura e restauração como algo bom, mesmo no sábado.
Sua indignação era justa. Sua raiva não era egoísta ou descontrolada, mas contra a hipocrisia, legalismo, e a falta de compaixão dos líderes religiosos. Ele se revoltava contra a priorização de regras acima da necessidade humana e da bondade. Essas emoções combinadas motivam a ação de Jesus. Ele confronta a hipocrisia dos fariseus com sua pergunta incisiva, e sua compaixão o leva a curar o homem, desafiando as interpretações restritivas da lei sabática.
Conclusão
O Evangelho denuncia a religiosidade mecânica e superficial. Do apega aos ritos sem amor a Deus e sua obra, da construção de símbolos, atitudes religiosas e comportamentos sem que o coração esteja presente ou ser tocado por Deus.
Você tem compreendido a situação do seu coração e tem se voltado para Deus com arrependimento e confissão, e pedindo graça?
Precisamos nos assustar com a frieza e nossa adoração externa. Ore para que Deus traga seu coração para ele, entregue seu coração.
Pv 23.26 é um convite de Deus: “Dá-me, filho meu, o teu coração e os teus olhos se agradem dos meus caminhos.”
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