terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Reações ao Sagrado

Sermao pregado dia 13.02.2011 culto vespertino
AT 2.12

Introdução:
O texto de At 2 narra a descida do Espírito Santo sobre a Igreja Primitiva. Para os Pentecostais aqui temos o nascimento da igreja, mas, para os comentaristas, o nascimento da igreja surgiu com o ministério de Cristo, afinal, ele afirmou que Ele mesmo edificaria sua igreja, e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18). O que podemos afirmar é que o Pentecoste faz parte do projeto de Cristo para dar sustentação e viabilidade à sua igreja. Seu projeto nunca seria uma realidade sem o poder do Espírito sobre a igreja.
Pentecoste é o empoderamento da igreja. Até o derramamento da igreja vemos uma igreja vivendo dias de muita instabilidade. Quando lemos os capítulos 9 e 10 de Marcos vemos uma igreja com várias e graves atitudes que só a obra do Espírito de Deus poderia resolver.
i. “Ele não puderam”- Mc 9.18 – Aqui vemos os discípulos diante de uma obra maligna sem autoridade para repreender àquele demônio. Que situação desastrada...
ii. Em At 9.32 lemos que eles não puderam compreender a mensagem de Jesus. Nem mesmo o conteúdo de sua proclamação era assimilada pelos discípulos.
iii. Em At 9.34, vemos que buscavam primazia e honra pessoal.
iv. Eram exclusivistas – Mc 9.38-41. Achava que o Espírito Santo seria posse deles.
v. Eram pretenciosos – Mc 10.35-37
vi. Eram arrogantes – Mc 10.40-41 ficaram indignados porque? Porque tinham a mesma ambição dos outros.
vii. Eram insensíveis até mesmo às questões elementares – Mc 10.13. Por isto querem impedir que as crianças se aproximem de Jesus.

O derramamento do Espírito inicia um novo tempo na vida dos discípulos. Todos cristãos são frutos do pentecostes, desta obra que o Espírito Santo gea em nossa vida. Por isto, “quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Vida Cristã não começa com um ritual (Batismo, circuncisão ou rito de passagem); ou adesão denominacional (católico, batista, presbiteriano, espírita ou assembleiano), mas no encontro de nossa alma com o Espirito regenerador.
A ação do Espírito gera em nós diferentes atitudes. Neste texto vemos quatro grupos distintos. Ainda hoje estes mesmos grupos estão presentes quando falamos de uma resposta às coisas sagradas.

1. GRUPO METODOLÓGICO – (At 2.8) - “Como?”(At 2.8) É o grupo da metodologia, que está mais preocupado com o funcionamento, métodos, meios, isto é, com o mecanismo do pentecoste, do que com o pentecoste em si mesmo. A pergunta deste grupo é "como os ouvimos falar cada um em nossa própria língua materna” (At 1.8). Querem conhecer a engrenagem das ações de Deus, talvez por curiosidade.
Na cura do cego de nascença vemos este grupo presente: “Que te fez ele? Como se abriram teus olhos?” (Jo 9.26). Eles não estão interessados por Jesus, mas querem saber o metodo. Querem encontrar o mecanismo de causa e efeito do evento.
Jesus sempre ridicularizou tais atitudes e desprezou métodos. Por isto suas curas possuem grande diversidade:
i. Algumas vezes ordenava cura. Usava apenas a Palavra
ii. Noutras, tocava as pessoas – usava as mãos.
iii. Outra vez mandou os leprosos irem de encontro ao sacerdote
iv. Outra vez, cuspiu no chão, fez lama, e colocou aquele lodo no olho do cego. Se esta moda pegasse, teríamos logo “o cuspe santo”.
Jesus desmitifica métodos, fórmulas e ritos, porque embora tais coisas apontem para algo sagrado, temos a tendência de trocar o símbolo pelo simbolizado.
No dia do derramamento do Espírito, os discípulos estavam orando assentados (AT 2.1). Meio nada convencional, já que os judeus gostam de orar em pé.
O grupo da metodologia indaga duas vezes:
“Como os ouvimos falar, cada um, em nossa língua materna?” (At 2.8)
“Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas?”(At 2.11).

2. GRUPO FILOSÓFICO –(At 2.8) – Este é o terceiro grupo: "O que quer isto dizer?”. Preocupação fenomenológica. Querem interpretar o fato, o fenômeno em si, a essência e o significado do evento.
São pessoas especializadas em descobrir as novidades teológicas, fatos novos, conhecer o “porque”, o significado filosófico último de uma experiência ou de um fato. Querem entender de forma epistemológica ou fenomenológica, a finalidade da graça sobrenatural. Entender a essência do fenômeno, estudar suas implicações temporais, seu conteúdo, mas nunca se deixam confrontar com o poder do cristianismo mais puro e simples anunciado por Jesus, que se revela na experiência com o Espírito Santo de Deus.
Há muitos querendo entender os mistérios de Deus, mas não penetrar nos mesmos. Querem um saber sobre Deus, mas não Deus em si mesmo. São pastores, professores, teólogos, lideres cristãos que estudam exaustivamente a natureza de Deus, mas ainda não provaram a realidade de Deus, e nem estão interessados em um relacionamento com Deus. Deus é objeto de sua pesquisa e estudo, mas não de seu relacionamento. Não se sentem desafiados nem fascinados com o sagrado, perderam sua capacidade de assombro diante do Eterno, não oram mais, perderam o fogo no seu coração durante os cultos, a leitura das Escrituras não mais se aplica à sua vida, e por isto, a Palavra não mais os confronta.
É o grupo filosófico diante do evento do sagrado. É o grupo que quer analisar as experiências dos outros, que facilmente se tornam críticos da Bíblia, da Igreja, mas não se impressionam com aquilo que Deus está fazendo. Querem apenas saber o que é isto, ou “O que quer isto dizer?”.
Quer saber se você faz parte deste grupo? Ao sair da Igreja, veja qual é a pergunta que você faz. Você pode fazer duas coisas.
-Avaliar o sermão no sentido teológico, hermenêutico e homilético, ou o culto no sentido estético;
-Ou avaliar o culto no sentido do encontro com Deus neste dia. O que a palavra de Deus fez em minha vida?
Qual é a sua avaliação?

3. GRUPO CÍNICO – (At 2.13). “Estão embriagados” (At 2.13) São pessoas que zombam das coisas sagradas. Fé e compromisso cristãos são interpretados como fanatismo, realidades espirituais como fenômenos e impressões humanas. Assim como temos a tendência de rirmos de uma bêbado que tropeça no meio da rio, tais pessoas riem de qualquer coisa que pareça espiritual. É um grupo que só avalia o que vê em termos de zombaria. Vê, mas desprestigia.
Ao verem Jesus expelir demônios: "Ele expele demônios por Belzebú", e Jesus responde: “Uma casa não pode subsistir se estiver dividida contra si".
Festo ao ser confrontado com a verdade do discurso de Paulo, ridiculariza suas palavras: "As muitas letras te fazem delirar" (At 26.24).
Tenho sempre encontrado pessoas assim no meu ministério. Gente que diante do sobrenatural resolve fazer brincadeira, que ao ser confrontado zomba das coisas de Deus, que considera lixo aquilo que é precioso, despreza as verdades de Deus, e minimiza o amor de Cristo trazendo sobre si mesmos, severo julgamento.

4. GRUPO DO QUEBRANTAMENTO –At 2.37: "Que faremos irmãos?"
É o grupo que se sente impactado com a ação do Espírito, e se abre para as mudanças que Deus deseja fazer. É o grupo que se deixa tocar pelo Espírito de Deus, se vê confrontado e vai em direção a Deus. Estas pessoas se aproximam de Deus, porque consideram fundamental o encontro, porque identificam nas manifestações sobrenaturais alguma coisa sublime, e não querem perder a benção. Este grupo é percebido no texto por causa de suas reações de "perplexidade" (2.6); e por ficarem "atônitos" diante do que experimentam (2.7).
São pessoas que, embora não tenha toda compreensão do que acontece, e nem consigam explicar se vêem diante do Sagrado e se quebranta.
At 2.43: “Em cada alma havia temor”, em inglês, “awé!”
A resposta de Pedro é a resposta do evangelho a todos que se dispõe em se vulnerabilizarem para as coisas de Deus: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
Estava pregando numa pequena congregação em Goiânia, quando uma mulher se levanta no meio do meu sermão e o interrompe dizendo em voz alta: "Hoje eu vim aqui para me entregar a Jesus”. Parei a mensagem, e convidei-a naquela hora para que orássemos por ela. Outra pessoa aproveitou a situação e disse: “Eu também gostaria de entregar hoje minha vida”. É gente que percebe que não pode deixar que a benção de Deus passe por ela e que ela não a receba.
Todos os que se aproximam de Deus, abertos ao que ele deseja dizer, são impactados.

"Que faremos irmãos?" Esta é a pergunta que interessa. Esta é a resposta que precisamos dar a Deus. Este é o ponto de convergência para os prodigiosos sinais de Deus.
Que resposta você vai dar hoje?

Discípulos valorizam relacionamentos

pregado dia 06.02.2011 culto da manhã
Jo 13.36

Introdução:
No Livro, “25 segredos para derrotar a crise da comunhão”, Lowel Bailey analisa todas as expressões “uns aos outros”, que aparece muitas vezes na Bíblia, estudando-as. Sua analise é pratica e nos ajuda na compreensão do que Jesus espera para seus discípulos e o conceito de comunidade que A Palavra de Deus tem em mente. São os mandamentos recíprocos que Deus deu à sua igreja.
O primeiro bloco de estudos dá ênfase no fato de que os discípulos de Cristo valorizam seus relacionamentos. Vamos considerar alguns destes mandamentos hoje.

1. Amem-se uns aos outros – Jo 13.34 Jesus afirma que este é um “novo mandamento”, e ficamos nos perguntando se no AT não existia este mandamento. Mas quando prestamos um pouco mais de atenção a este versículo, descobrimos que a ênfase aqui está no fato de o amor deve ser “assim como” ele nos amou. A maior novidade do mandamento encontra-se no modelo de amor que ele nos deu.
João 13.1 diz que Jesus amou seus discípulos “até o fim”, isto é, ele não deixou de amar porque alguns o negaram e outros fugiram, ou mesmo porque Judas o traiu. Em Jo 13.2, depois de afirmar que Jesus os amou até o fim, o texto passa a falar da atitude de Judas. Jesus não deixou de amá-lo, apesar de sua atitude hostil e agressiva.
Para nos amarmos, precisamos desta dimensão do perdão e aceitação que encontramos em Jesus.
Alguns anos atrás um médio viu que seus filhos adolescentes que tiveram uma forte discussão, não mais estavam conversando. Então, ele os colocou juntos e disse-lhes: “vocês precisam acertar as diferenças, porque mesmo que vocês não conversem mais, nunca deixarão de ser família, vocês são irmãos”. Aqueles irmãos restauraram sua comunhão e anos mais tarde este filho me contava de como a compreensão daquilo que o Pai lhe falara fizeram diferença em sua vida.

2. Acolhei-vos uns aos outros – Rm 15.7 O contexto aqui é de pessoas que tinham opiniões diferentes sobre determinados assuntos e não conseguiam mais respeitar o outro. Em todo capitulo 14 Paulo está tentando mostrar tais diferenças, mas afirmando que o Evangelho nos ajuda a “acolher os diferentes”.
a) “Um crê que de tudo pode comer, o fraco come legumes” – Rm 14.2. já viram pessoas que julgam os outros pela comida?
b) “Um faz diferença entre dias e dias; outro julga iguais todos os dias” Rm 14.5. A história da igreja nos ensina que houve divisões significativas dentro das igrejas por causa deste tipo de visão.
c) O texto afirma: “não nos julguemos mais uns aos outros” (Rm 14.13). Para nos aceitarmos e acolhermos o outro, precisamos aplicar Rm 14.15,22,23. Caso contrário, vamos sempre nos julgar superiores aos outros por causa de nossa visão particular.

3. Saúdem-se uns aos outros – 1 Co 16.24 Pode parecer obvio demais esta recomendação, afinal, não deveria ser natural que os irmãos de uma comunidade aprendessem a cumprimentar, abraçar e conversar uns com os outros? A prática, no entanto, não é assim tão simples.
Eu creio que muitas igrejas seriam mais vibrantes e acolhedoras se os membros de sua igreja tivessem abertura para os diferentes e procurassem contactar pessoas que não conhecem. Muitas pessoas da igreja sequer cumprimentam os irmãos...
Desenvolva o hábito de olhar para os lados e ver os outros. Saia de dentro de seu mundo e perceba o irmão que está contigo, fale com as pessoas, abrace as pessoas.
A recomendação aqui é ainda mais enfática: “Dê um beijo no irmão”. Esta recomendação fazia parte da cultura daquela região onde está igreja estava, mas o que o mandamento está nos ensinando é que, no Reino de Deus, é impossível ser frio!
Este é um mandamento é dado aos discípulos de Cristo porque eles valorizam relacionamentos. Esta é uma característica marcante do povo de Deus.

4. Tenham cuidado uns dos outros – 1 Co 12.24b-25 O texto afirma: “Cooperem os membros, com igual cuidado, em favor dos outros, de maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e , se um deles é honrado, com ele todos se regozijam”. Porque os discípulos de Cristo valorizam relacionamentos.eles cuidam e cooperam uns com os outros.
Fico feliz em ver no corpo de Cristo, tantos que são atentos aos outros. Gente que telefona, visita, leva flores, vão a hospitais, mandam e-mails, e assim, cuidam e cooperam. Estes gestos comunitários são extremamente saudáveis.
Como está sua prática sobre este assunto?
Doar, orar, telefonar, mandar um torpedo, visitar, ajudar financeiramente pode fazer uma enorme diferença na vida dos irmãos. Não espere que os outros façam, tome a iniciativa! Em geral reclamamos que ninguém faz, quando nossa atitude deveria sair de nosso casulo de auto comiseração e vitimismo e agir em prol dos outros. Ao contrario do que pensamos, não é porque os outros não fazem que nos sentimos mal, mas sim porque não estamos dispostos a nos dar aos outros.

5. Sujeitai-vos uns aos outros – Ef 5.21 -Dentre todos os mandamentos de reciprocidade, que demonstram como os discípulos de Cristo valorizam relacionamentos, este nos parece um dos mais complexos. Não gostamos de nos submeter a ninguém. Nossa auto suficiência, arrogância e orgulho são muito grandes para queremos nos submeter ao outro, gostamos de mandar, sermos honrados, aplausos, reconhecimento e aprovação. Sujeitar-se não parece ser muito contemporâneo.
Maridos e esposas vivem brigando por causa da luta pelo poder. Não necessariamente para mandar, mas para provar que o outro está errado. Gostamos de ter a razão, isto nos coloca em posição de destaque. Estamos certos e os outros, errado.
O mandamento de Jesus nos convida a pensar no significado de viver em comunidade. Divisões, altercações, discussões acontecem no corpo porque as pessoas não querem se submeter ou servir, mas querem mandar.

6. Suportai-vos uns aos outros – Col 3.12-13 – Este é o sexto principio que nos leva a considerar como devemos viver. Porque os discípulos de Cristo valorizam relacionamentos eles se sujeitam uns aos outros.
Suportar nos traz a idéia de apoio. “Ai do que estiver só, pois caindo, não há quem o levante” (Ec 4.8). Muitas vezes caímos, outras tantas sentimos nossas pernas bambas. Precisamos encorajar os desencorajados, apoiar o cansado, levantar o enlutado, socorrer o deprimido. Como precisamos suportar uns aos outros...
Tenho encontrado muita gente desanimada na vida. Devemos nos perguntar que tipo de apoio tenho sido para estas pessoas? A Bíblia diz que “Mais bem aventurado é dar que receber”. Muitos de nossos sofrimentos psicológicos seriam superados se tivéssemos sensibilidade para irmãos mais fracos. Pessoas deprimidas, em geral, tornam-se estranhamente auto centradas, fazem um movimento em torno do eu, tornam-se egocêntricas, egoístas e egóicas. Muito de nossa cura psicológica se daria se deixássemos de pensar em nós mesmos e aprendêssemos a suportar o irmão.

Conclusão:
Assim vivem os discípulos de Cristo. Eles valorizam relacionamentos: Amando, aceitando, saudando os irmãos, cuidando, sujeitando e suportando. Estes são alguns dos mandamentos recíprocos que as Escrituras Sagradas nos ensinam.