sexta-feira, 21 de julho de 2017

1 Rs 2.1-3 O caminho de todos os mortais



Introdução:

Quando Davi estava pressentindo sua morte, chamou seu filho Salomão para lhe dar alguns instruções quanto sua vida pessoal e ao seu futuro reinado, disse-lhe o seguinte: Eu vou pelo caminho de todos os mortais. Coragem, pois, e sê homem!” (1 Rs 2.2).

Sua palavra nos conduz a duas vertentes:

Primeira, a inevitabilidade da morte – Morrer é o caminho de todos os mortais, esta é a única certeza que podemos ter na vida.

Certo homem, preocupado pelo fato de que muitas pessoas estarem morrendo em sua cidade, resolveu mudar-se para uma pequena cidade, e lá perguntou ao coveiro: “Há muita morte por aqui?” E ele respondeu: “Não. Apenas uma para cada pessoa”.
A morte é o caminho de todos os homens. Não gostamos de falar sobre ela, fazemos de conta que não acontecerá conosco, entretanto, ela possui este caráter de inevitabilidade. A única certeza que realmente temos na vida é a de que morreremos. Apesar de nossas frágeis projeções e ousados planejamento, não há, de fato, garantia de que viveremos amanhã. As pessoas nos vendem seguro de vida, mas na verdade, o que compramos é um “seguro de morte”, que protege financeiramente aqueles que amamos.
A morte é democrática: despreza camadas sociais, ridiculariza dos poderosos, age de forma incontida, desconsidera os prognósticos, ri da ciência, zomba dos reis. No seu furor, outra de suas estratégias está presente:  Ela não leva em conta a idade. Não existe garantia alguma de que viveremos muito. Ela age indiscriminadamente, atingindo crianças ainda no início de sua história, jovens repletos de vida, e para nos contrariar, recusando-se a levar aqueles que julgamos ter passado do horário de partirem, tanto pela condição de saúde quanto a idade.
O Rei Davi compreende claramente isto. “Este é o caminho de todos os mortais”. Não há privilegiados nem exceções. Por isto, ele recomenda ao seu filho na hora da sua partida: “Guarda os preceitos do Senhor, teu Deus, para andares nos seus caminhos”. Precisamos estar nos caminhos de Deus para enfrentar de forma segura e serena, a inevitável rota da morte.
O apóstolo Paulo afirma em 2 Co 1.9: “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte para que não confiemos em nós mesmos, mas no Deus que ressuscita os mortos”.

Segundo, o enfrentamento da morte
Sobre este assunto, ele dá dois conselhos:

A.   Coragem – Tenho aprendido que precisamos de coragem para viver e morrer. Davi dá conselhos ao seu filho para que ele enfrente a vida corajosamente. Para enfrentar tanto a vida como a morte, precisamos de coragem.

Só nos resta duas opções: Desespero ou fé.

Enfrentando a morte com Desespero.

Quando o filósofo ateu e cínico, Frederico Niestsche estava enfrentando a morte, agonizava profundamente em sua angústia existencial e depois de morrer, seu enfermeiro fez a seguinte afirmação: “Jamais gostaria de novamente assistir a morte de um ateu”.
Outro filósofo, Manuel Maria Barbosa du Bocage, (1765/1805), conhecido por ser desbocado e cético, ao enfrentar a morte, ditou o seguinte poema, conhecido como Soneto Ditado na Agonia.
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quasi fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage, in ‘Rimas’

Enfrentando a morte com fé

Quando Jesus estava perto de sua morte, chamou seus discípulos e lhes disse: “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim; na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fosse, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.1-3).
Que diferença enorme faz quando se enfrenta a morte com desespero e quando ela é enfrentada com fé. A forma como Jesus lida com a morte é completamente antagônica a de Niestsche e Bocage. Ambos enfrentam a morte, mas as reações diante dela são completamente diferentes.

b. O segundo conselho foi Leve a sério os preceitos de Deus – “Guarda os preceitos do Senhor, teu Deus” (2 Rs 2.3).
O uso da preposição “para” é abundante neste versículo, mostrando as razões e justificativas de se levar a sério os mandamentos de Deus e sua palavra:
            ...para andares nos seus caminhos
            ...para  guardares os seus mandamentos
            ... para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores.

Esta foi a recomendação que Salomão recebeu de seu pai quando ele estava para morrer

O texto continua com algumas recomendações extras de Davi para concluir: “Davi descansou com seus pais e foi sepultado” (1 Rs 2.10).
Uma expressão comum no Antigo Testamento para descrever a morte do povo de Deus é a de que estamos voltando para o nosso povo, para o reencontro espiritual: “E tudo irás para os teus em paz” (Gn 15.15) “Expirou Abraão... e foi reunido ao seu povo”(Gn 25.8). Esta ideia de reunir-se ao nosso povo é maravilhosa, como diz uma velha cancao: “Lá encontrarei amigos, que me servem como irmãos”. A vida continua para se completar com aqueles amados que morreram em Cristo.

Conclusão:
Ao considerar os conselhos de Davi a Salomão, eu me pergunto:
Que conselhos nossos pais nos dariam na hora da morte?
Ou ainda:

Que conselhos daríamos aos nossos filhos se estivéssemos adentrando os portões da eternidade?

terça-feira, 18 de julho de 2017

Ef 5.8 Andai como filhos da luz

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Introdução:

Três rapazes foram convidados para participar de uma festa de carnaval, que seria realizado na casa de um amigo, e cujo tema proposto era “O demônio azul”. Então, todos deveriam buscar roupas e enfeites adequados para a ocasião. O problema é que, todos três esqueceram de pegar o endereço, mas um deles, mais impetuoso afirmou que tinha uma vaga ideia de onde era e seguiram para lá esperando encontrar uma quantidade maior de carros que os ajudaria a identificar o lugar.  Fantasiados foram para a festa.
O problema é que na mesma vizinhança havia uma reunião pentecostal. E o pastor havia pregado um inflamado sermão sobre o diabo, mostrando suas artimanhas, e como ele se atrevia, até mesmo frequentar lugares santos para se opor aos cristãos. A comunidade estava bem assustada com a palavra do pastor, e foi neste exato momento, que os jovens, vendo a porta aberta e pensando ser o local da festa entraram fantasiados de diabo. A gritaria e a desordem foram imensas, todos correndo, e o pastor foi o primeiro a escapar. Apenas uma velhinha não conseguiu, porque tinha dificuldade de andar, e os rapazes correram na sua direção para ajudá-la, mas ela olhou vigorosamente para eles, que não estavam entendendo o que acontecera, e gritou: “Parem!!! Não se aproximem!!!” Os rapazes ficaram estáticos e a mulher continuou: “Não se aproximem!!! Não toquem em mim! Quero dizer que estou há 25 anos frequentando esta reunião de oração, mas que não faço parte deste grupo. Eu estou do lado de vocês!”
Num determinado tempo da vida, temos que decidir se viveremos como filhos das trevas ou filhos da luz. Por várias razões:
                Primeiro, você precisa saber de que lado está
                Segundo, seus amigos e familiares precisam saber de que lado você está
                Terceiro, o diabo precisa saber de que lado você está, caso contrário, você sempre será acusado e dominado por ele.
                Quarto, Deus exige uma tomada de posição na vida: “Aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante do Pai; mas aquele que me negar diante dos homens, também o negarei diante do Pai!”

O problema:
Um dos dilemas nesta questão é que, lamentavelmente, nem sempre as pessoas sabem de que lado estão e nem sabem claramente que existem trevas x luz. O profeta Isaias afirma: “Ai dos chamam mal bem e ao bem mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce por amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes ao seu próprio conceito” (Is 5.20,21). Uma sociedade caída encontra dificuldade em saber o que é luz ou trevas. Deus tenta mostrar ao seu rebelde profeta Jonas, que ele desejava a destruição de pessoas que “não sabiam discernir entre a mão direita e a mão esquerda” (Jn 4.11), uma referência clara ao fato de que aquela cultura e geração havia perdido a noção moral, os princípios e valores éticos se perderam. Hoje em dia, existem muitos que se encontram equivocados, inocentes úteis nas mãos do diabo, “sinceramente errados”

Eis alguns exemplos do evangelho:

1.       Jesus afirma que a luz veio ao mundo, mas que os homens amaram mais as trevas do que a luz. Não é uma situação estranha? Pessoas que deliberadamente decidem ser filhos das trevas e não da luz?
Alguns anos atrás, a prefeitura de Anápolis-GO, decidiu fazer uma reforma radical numa das praças prediletas para o tráfico de pessoas, garotas de programa, prostitutas e travestis. Limparam o lugar, deram uma nova configuração e colocaram muitas luzes. Uma semana depois, alguns líderes deste espaço de prostituição procuraram o prefeito reclamando que a clientela estava sumindo, e queriam que ele tirasse um pouco de luz para que os clientes se aproximassem novamente. Tais práticas não poderiam se realizar com luminosidade.
Alguém afirmou que “caráter é aquilo que você faz no escuro”, os filhos das trevas não se incomodam quando todas as luzes são apagadas. Os filhos da luz, porém, buscam a luz.

2.       Filhos das trevas vivem num estilo de decadência moral e promiscuidade – Veja o relato de Ef 5.3-6.
O texto descreve uma sociedade moralmente caída. Quase todos os termos aqui se referem à imoralidade sexual. São eles:

a.       Impudicícia – Um dos termos mais comuns no NT. Vem do termo “porneia”, no grego. Raiz da palavra pornografia, prostituição. É usado para referir-se a todo desvio sexual, toda sexualidade praticada fora do padrão de Deus.

b.       Cobiça – Em geral usada para referir-se à forma que o ser humano lida com o dinheiro, mas pelo contexto aqui se refere à luxúria, o conteúdo é iminentemente voltado para a cobiça sexual, desejo de possuir o que não nos pertence. É fácil viver num estilo de vida onde cobiça demais e temos valores de menos.

c.        Incontinência – Incapacidade de exercer controle sobre impulsos e desejos. Pessoas consumidas por paixão e procuram precisam satisfazer imediatamente a febre sexual.

d.       Impureza- literalmente significa “algo sujo”, e refere-se a toda forma de obscenidade. A geração atual caracteriza-se pela autonomia: “ninguém vai me dizer o que tenho de fazer...” e “cada um faz o que quer de sua vida”.

Todos estes termos se referem à distorção sexual. A Bíblia não tem problema com sexualidade e fala abertamente sobre este tema. Deus nos fez seres sexuais. Ele ordenou o sexo dentro ao criar o homem e a mulher. Sexo na dimensão divina é belo e aprovado. Mas como em todas as coisas, Satanás consegue distorcer seu propósito e objetivo.

Dois outros termos que surgem no texto, fazem referência a outros pecados:

a.     Conversa torpe. Já mencionado em Ef 4.29. Referindo-se ao uso de palavras podres, palavrões, linguagem baixa. Literalmente “o que cheira mal”.

b.      Avareza – Uma relação idolátrica com dinheiro. Pessoas incapazes de usar o dinheiro para outros propósitos senão o acúmulo de bens e posses e que farão qualquer coisa para obterem lucros, honestos ou não, se curvando diante de Mamom.

Vivemos dias de grande licenciosidade moral. A ética atual, contudo, vem revestida de uma nomenclatura elegante: “A nova moralidade”. Dr. Francis Schaeffer afirma que “a nova moralidade nada mais é que a antiga imoralidade”. Por isto a Bíblia exorta: “Tais coisas, nem sequer se nomeie entre vós”. Filhos das trevas gostam de se ocultar, esconder. “Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha”. No entanto, aqueles que andam na luz, não temem que suas obras sejam arguidas.

3.       Filhos das trevas buscam cumplicidade – O texto bíblico exorta o povo de Deus: “não sejais cúmplices de suas obras infrutíferas; antes, porém, reprovai-as”. (Ef 5.11).

Esta é uma exortação complicada para nossos dias. Temos tentado viver na neutralidade, sem nos posicionarmos, tentando ser politicamente correto, mas até onde a política da tolerância deve ser adotada?
Martin L. King Jr afirmou na sua Carta a amigos de bom senso: “Deus vai julgar, não apenas a maldade dos maus, mas o silêncio dos bons”. É cômodo e fácil nos tornarmos tolerantes e aprovarmos ou nos silenciarmos diante do que é licencioso e imoral.

Recentemente uma mulher tentou justificar o islamismo diante de uma professora americana, dizendo que apenas uma pequena minoria era terrorista. A professora argumentou: “Normalmente grandes tragédias acontecem por causa das pequenas minorias. Foi assim no III Reich, apenas um pequeno grupo de alemães liderava e assumia o nazismo, mas o desastre e a maldade foram terríveis”. 

Em nossa geração, de forma particular, não queremos ser radicais nem intolerantes com aqueles que vivem vida desregrada e pecaminosa. Eventualmente, até mesmo aprovamos o comportamento liberal e licencioso. O texto de Efésios 5 descreve também uma geração muito depravada, os pecados aqui mencionados não parecem ser do Séc I. A verdade é que há uma absoluta incompatibilidade entre o liberalismo sexual e a fé cristã. Esta é uma das passagens mais contundentes e claras sobre a forma como o povo de Deus deve se aproximar destes pecados. A neutralidade aqui, é claramente questionada.

O mal busca aliado. O diabo deseja cumplicidade. E quando não for possível, o silêncio e a neutralidade.
O texto nos ensina a reprovar o mal. Isto define um pouco do que tem sido chamado de protestantismo, isto é, o que protesta. O oposto disto é a conformação. Portanto, não devemos nos aliar, fazer alianças, nem apoiar tais comportamentos. Mesmo que venha camuflados de terminologias sofisticadas como “nova moralidade”.

Conclusão:
Em Ef 5.14 lemos: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará”. Este texto nos encoraja a estar alerta às sofisticadas estratégias que Satanás usa. As trevas pressionam para que a luz seja cada vez mais frágil. Mas a palavra de Deus exorta veementemente: “Ninguém vos engane com palavras vãs, porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (Ef 5.6).

Há todo um discurso social, uma tentativa de fazer novas leituras sobre pecados antigos. Satanás procura validar o erro. A sociedade antiga não era moralmente diferente da nossa, os crentes de Éfeso, como os crentes atuais, precisam saber discernir e levantar seus pressupostos.

Este é o triplo desafio:
a.       Não praticar as obras das trevas;
b.       Não participar das obras das trevas;
c.        Discordar das obras das trevas

Precisamos andar como filhos da luz.
Viver de forma prudente – como filhos da luz.
“Andai, pois, como filhos da luz”.





sábado, 15 de julho de 2017

2 Sm 9.1-13; 16.1-4; 19.24-30 Mefibosete: Na cidade do silêncio

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Da glória, para o silêncio
Mefibosete é um desconhecido e enigmático personagem das Escrituras. Ele era neto de Saul e filho do grande amigo de Davi, Jonatas.

Ele foi criado como príncipe, andando pelo palácio, cortejado e com prerrogativas reais, até que, seu avô Saul, o rei de Israel e seu pai, Jônatas, o sucessor e príncipe herdeiro, morrem na batalha, e de uma hora para outra, tudo se desmorona. Ele não apenas perde todos os direitos reais, mas corre risco de vida, e precisa sair imediatamente de Jerusalém para não morrer. Na fuga, sua ama o deixa cair, ele quebra severamente a perna, se torna coxo, perdendo os movimentos dos pés.

Ele é levado para a cidade de Lo De-bar, que curiosamente significa, “cidade do esquecimento”. O prefixo Lo é de negação, o equivalente a “não”, em hebraico, e debar, palavra. Etmologicamente Lo-Debar seria melhor traduzido como “sem palavras”. Sua história é radicalmente mudada. Agora, escondido, refugiado, vai para a cidade onde o silêncio e o ostracismo prevalecem. Onde falar é proibido. Aquele que seria o futuro rei de Israel, agora vive no esquecimento. Mefibosete deixa de ser uma pessoa normal, não consegue andar normalmente e carregará para sempre esta marca da deficiência.

Encontra-se em Lo-Debar, onde falar era proibido.
Seu passado? Silêncio
Seu futuro? Silêncio
Sua família? Silêncio.

Conviver com o silêncio não é nada fácil. Que o diga Jó, que ficou sem ouvir a voz de Deus, querendo uma resposta ao seu estado. Sua identidade não pode ser declarada. Mefibosete é obrigado a se recolher.

Recentemente assisti um filme no qual a pessoa perguntava: “Por que Deus se mantém em silêncio nos dias difíceis? Quando estamos nas horas mais pesadas? E a pessoa respondeu: “É bom considerar que o bom mestre, se mantém em silêncio na hora das provas”.

Do silêncio, para a restauração

Um dia, porém, o silêncio de Mefibosete seria quebrado. De uma forma inusitada e surpreendente, recebe um comunicado do servo, Ziba, de que o rei soube que ele era filho de Jônatas, e que queria conversar com ele. Esta notícia deve ter sido muito angustiante. Ele leva sua vida pacata, tentando se esconder, risco de morte permanente, e agora é descoberto. Sua identidade é revelada. Ela precisa se encontrar com o rei.

O texto descreve a tensão presente no encontro. Ele se curva reverentemente diante de Davi, que faz questão de lhe dizer, antes de qualquer coisa: “Não temas, porque usarei de bondade para contigo”. Que palavras poderiam ser mais restauradoras que estas? Quando Davi revela seu plano, Ele novamente se inclina diante de Davi e diz: “Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto como eu?” (2 Sm 9.8). Um homem aleijado, vindo da região do silêncio, correndo sempre risco de vida, recebe agora o libertador veredito de absolvição. Não mais silêncio, mas honra: “te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu comerás pão, para sempre à minha mesa”.

O que fez Davi?
a.     Ignorou sua deficiência (2 Sm 9.3)
b.     Ignorou sua condição de silêncio e medo (2 Rs 9.7)
c.      Restituiu suas propriedades (2 Rs 9.7)
d.     Deu honra e intimidade, convidando-o para assentar-se consigo à mesa: “comeu, pois Mefibosete, à mesa de Davicomo um dos filhos do rei” (2 Sm 9.11)

Aplicações:
1.     Este é o retrato da vida de muitas pessoas, que passam por tragédias e perdas. Poderiam ter uma vida de sucesso, honra, situação financeira melhor, mas por causa de infortúnios, são obrigados a viver na miséria, tendo apenas uma vida de memória, pelos anos de glamour, e de ameaça, porque sua identidade pode trazer graves implicações, como a morte.

2.     Assim como Mefibosete, gente assim não pode falar, não tem voz, como imaginar que um dia poderia voltar ao palácio, sair da zona do medo e do silêncio?

3.     Este texto é uma boa parábola do que Deus faz conosco. Fala-nos do caráter imerecido da benção. De um Deus que resgata, encontra-nos no ostracismo, e nos busca independentemente de nossa condição física, moral e espiritual. Que ao invés de nos dar a espada, nos convida para nos assentarmos com ele à mesa, e nos trata como um dos seus filhos.

4.     Este texto aponta para o aspecto surpreendente da graça, que põe fim ao cativeiro do silêncio e do medo. Surpreendidos por Deus. O tempo do silêncio acabou. O Salmo 23 fala de algo estranho: “preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários”. Esta é uma figura estranha, não é? Gostamos de ter mesa posta na presença de amigos e não de adversários e inimigos. O que significa isto? Deus nos surpreende dando-nos honra diante de pessoas que sempre nos trataram com injustiça. Deus move o coração de Davi, aparentemente do nada, para alcançar e resgatar a vida de Mefibosete.

Por acaso não ha alguém da casa de Saul para que eu use de bondade para com ele?” (2 Sm 9.1).
Isto poderia soar como uma armadilha, uma emboscada do rei, para destruir e erradicar totalmente a memória de um rei que o perseguiu e procurou matá-lo várias vezes.
Antes de mais nada, quem se lembra de Mefibosete é o próprio Deus, que coloca em Davi tal sentimento de restauração.
Deus restaura (restituindo suas propriedades confiscadas), e dá honra (convidando a assentar-se à mesa como um dos filhos).

5.     Este texto nos revela como Deus pode mudar nossa história. São muitos que por um desatino na história, são levados a viver no silêncio, sem honra, “sem palavras”, em Lo-debar.
Precisamos ser restaurados.
Deus rejeita a nossa rejeição.
Não é maravilhoso?
Vinde, pois e arrazoemos. Ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim, eles se tornarão brancos como a neve” (Is 1.18).

Conclusão
Lamentavelmente a história de Mefibosete não se encerra aqui.
Alguns anos depois, Absalão, filho de Davi, tenta usurpar o trono.
Estes dias se tornaram os dias mais difíceis da vida de Davi. Ele tinha que se defender de um golpe engendrado pelo próprio filho, que queria o trono. Mefibosete estava no palácio, ainda que quisesse se manter no anonimato, não poderia, mas ele assume uma oposição, desejando o lugar de Davi. Ele assumiu a condição de “tomara que caia!” (2 Rs 16.3). Torce pela queda do rei que o restaurou. Trai. Conspira.  Encontra aliados. Forma seu comitê de oportunistas.
O que o levou a isto senão a sua falta de gratidão?

A verdade é que sua condição havia sido mudada, mas não seu coração.
Posteriormente, quando Davi reassume novamente seu reinado, Mefibosete precisa se reencontrar com Davi, e o encontro não é nada fácil, marcado por um duro discurso (2 Sm 19.24-30). Mefibosete está cheio de desculpas, mas Davi não aceita a conversa, explicações e justificativas (2 Sm 19.29). Davi o confronta, demonstra sua irritação e ordena que divida suas terras com seu servo, Ziba, que de forma aberta e corajosa, apoiou Davi quando seu futuro era incerto. Ziba tornou-se um servo leal. Mefibosete revelou que seu coração anda não havia sido tocado, apesar de toda graça e misericórdia recebida.

Mais uma vez, este é um bom retrato do que nos acontece diante da bondade de Deus.
Ele nos liberta da condição de esquecimento, restitui nossa história, dá lugar de honra e intimidade, mas o que fazemos? Nem sempre o nosso coração está resolvido. No fundo ainda aspiramos coisas que não deveríamos aspirar, traímos gente que nos ama, negamos a Deus, conspiramos, assumimos a duplicidade. Mefibosete tem sorte de voltar com vida, ele merecia a morte, mas encontra liberdade. Poderia ter todas as suas terras confiscadas novamente, mas ainda assim Davi demonstra compaixão.
Tal é o nosso retrato diante de Deus.
Imerecedores da graça, recebemos dignidade, somos amados unilateralmente, mas apesar disto insistimos com nosso coração duro, mal resolvido, aspirando coisas que não deveriam mais ocupar nosso coração.

A história de Mefibosete fala de quem somos. Falhos, imerecedores, ingratos, indignos. Apesar de tudo que recebemos somos tão imperfeitos na nossa amizade e amor.
A história de Mefibosete fala também de nossa condição e do tratamento recebido por Deus. Paulo afirma: “O amor de Cristo nos constrange”. Sua disposição em nos buscar, restituir, nos amar, nos tratar como filho, nos dar honra e dignidade. Este é o retrato do Evangelho. Assim é a graça de Deus para conosco.

sábado, 8 de julho de 2017

Ef 5.1 Como filhos amados

Pai com dois filhos — Fotografia de Stock #43898289
Introdução:

A base de nossa segurança espiritual é a identidade que temos.
Um dos grandes problemas espirituais e emocionais que temos é a orfandade. Em ambos os casos, não nos sentimos amados e o resultado é sempre grave. Uma pessoa que se sente órfã se transforma em vítima ou tirana. Aqui vale uma boa ressalva. Existem muitos que foram adotados e amados, construíram sua identidade num ambiente de amor. Existem, porém, muitos que vivem inseguros por serem na sua natureza emocional, órfãos, apesar de terem sido criados por seus pais biológicos. É importante ressalvar que a Palavra de Deus nos afirma que em Cristo fomos “adotados”.
Uma das doutrinas mais grandiosas do Evangelho e também uma das mais facilmente esquecidas é a de nossa relação com Deus. A Bíblia nos diz que "fomos feitos filhos de Deus", mas facilmente nos esquecemos que somos filhos, e desenvolvemos mentalidade de órfão. Uma das razões para este desvio são as experiências nos nossos relacionamentos e na nossa história: Gente que já teve experiência de rejeição, tende a desenvolver sentimento de orfandade, e encontra dificuldade para se sentir amado. Filho rejeitado pode perder o vínculo afetivo. Criança indesejada eventualmente tem dificuldade relacional.
O chamado que recebemos de Deus em Cristo Jesus é para sermos filhos, construindo nossa identidade em Deus. Várias vezes na Bíblia vemos a expressão "Deus nos adotou". A Bíblia diz que embora todos sejamos criaturas de Deus, nem todos são filhos de Deus (Jo 1.12). Ser filho é assumir a condição de uma família, com todos os direitos e deveres que ela tem. Infelizmente nossa alma facilmente desenvolve um luto existencial, de abandono de Deus, de distanciamento do Pai.
Neste texto a Bíblia mostra como é importante esta identidade de amor e de filiação: “Sede imitadores de Deus como filhos amados”(Ef 5.1). O motivo para querermos imitar a Deus é resultante da compreensão de que somos filhos, e como filhos, desejamos ser parecidos com o amado Pai. Quem não se sente filho, desenvolve atitudes de bastardo.

Tentando situar nossa condição
O livro “Coração Selvagem” de John Eldridge, deveria ser lido por todos os homens, especialmente por aqueles que são pais.  Ele afirma que que a maior pergunta no coração de um filho é se ele tem valor para seu pai. As grandes feridas abertas no coração do filho acontecem quando
(a): O filho não recebe nenhuma benção de seu pai, nenhuma afirmação, nenhum reconhecimento de valor;
(b): O filho não vê seu pai quando é pequeno e seu pai é ausente, porque só pensa em prover e trabalhar para a família;
(c): Através do silêncio. Quando os pais estão fisicamente presentes, mas se comportam como ausentes em relação a seus filhos. O silêncio é ensurdecedor. Os pais passivos ou ausentes não respondem a questão da alma masculina do filho: “eu sou um homem, papai?”, ou “tenho alguma valor?”. Os perigos tornam-se óbvios: Compulsividade agressiva ou retraimento depressivo.

Vivendo como órfãos
Como dissemos, pessoas com sentimento de orfandade, tornam-se vítimas ou tiranos.

Vitimas
O sentimento de orfandade pode no levar a um processo de vitimização e assim passamos a culpar todos pelo nosso fracasso: Meus pais me devem, a sociedade me deve, a igreja, e até mesmo Deus. Acusamos as pessoas de não termos oportunidades, os outros são responsáveis. Pessoas assim não crescem. Exigem cada vez mais atenção, a alma não se satisfazem, encontram-se vazias.

Tiranos
Fazem o movimento reverso em relação ao papel de vitima, mas a rotação é a mesma. Giram em torno de si mesmos. Anseiam por valor e significado. Tornam-se autoritários em relação aos outros, insistem para que todos fazem seus desejos, tornam-se mimados e exigentes, cheios de razão.

Em ambos os casos, o coração ainda está vazio.
Falta uma identidade vital com o pai. Falta-nos a compreensão de que somos filhos.

Como vive um filho?
Antes de mais nada, um filho não precisa provar nada.
Quem não é filho, cria uma relação de escravidão. Talvez seja esta a ideia central de Paulo na carta aos Romanos ao afirmar: "porque não recebestes o espírito de escravidão" (Rm 8.15). Paulo tenta trazer à mente do povo de Deus, que sua relação com Deus agora em Cristo, é totalmente diferenciada. Não mais escravos, mas filhos.
Embora vivendo com Deus, nem sempre o vemos como Pai. Muitas vezes Deus se parece mais com alguém punitivo, que exige uma cota diária de tarefas a serem preenchidas, e que pode nos castigar e retirar alguns privilégios se não fizermos exatamente o que ele espera. Esta mentalidade que se fundamenta na funcionalidade, contudo, não é a de um Pai com um filho, mas de um servo com seu senhor.

Em segundo lugar, quem não é filho, vive numa insegurança marcante.  
Em Romanos lemos: "porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes, outra vez, atemorizados" (Rm 8.15). É bom grifar a palavra "atemorizados". Quem já passou por situações de ameaça e medo, sabe do que estou falando. A Bíblia fala que "no amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor" (1 Jo 4.18). Amor e medo, são exclusivos. Se nossa relação com Deus é fundamentada no medo, algo muito grave ronda nossa espiritualidade. O medo produz tormento, e no medo não crescermos em maturidade, já que quem teme não é aperfeiçoado no amor.

O resultado de viver como filho é descanso e paz.
Paulo afirma que recebemos o Espírito de adoção (Rm 8.15), isto é, uma nova mentalidade é colocada em nós, não mais de escravo, mas filho. Este é o espírito de adoção. Podemos encontrar intimidade e aconchego, chamando o Deus Todo Poderoso de "Paizinho" (Abba Pai) (Rm 8.15; Gl 4.6). Por meio da adoção, nos é dado acesso direto à presença do Pai (Gl 4.7) e ainda recebemos herança na família de Deus (Rm 8.17). Além disto, João afirma que "Ainda não se manifestou o que havemos de ser" (1 Jo 3.2). Isto é, o que sabemos já é grandioso, mas existe muita coisa  maravilhosa que ainda não nos é dado conhecer.
Um texto do profeta Isaías veio ao meu coração quando pensava nesta relação de segurança como filho de Deus: “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança a vossa forca, mas não o quisestes. Antes dizeis: Não, sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores” (Is 30.15-16). Deus está convidando o povo para entender esta relação de um Pai, em quem podem confiar. Filho confia no caráter do seu Pai e ao confiar, encontram segurança, sossego e serenidade.

O tronco da rejeição
O problema básica do ser humano, a raiz do problema é o seu sentimento de orfandade. Ele gera, insegurança, medo, ansiedade, stress e ira. Para compensar todo este abandono existencial, nos entupimos de shopping, sexualidade distorcida, pornografia, droga, desejo de sucesso, trabalho excessivo. A compulsão inicial se torna vício, mas o maior problema não é ainda o vício, mas a fonte do vício. Pior que a ira, é a raiz da ira ou sua fonte. Por que vivemos irados e zangados? Ira é um pecado de superfície, como estudamos anteriormente.

Orfandade e suspeita
O órfão possui um núcleo básico de desconfiança na sua relação com o pai. Ele não conhece sua identidade. Quem sou eu? De onde vim? Sou realmente amado? Por isto as perguntas se tornam muito graves: O que Deus quer comigo? Por que ele permite que estas coisas aconteçam comigo? E estas perguntas vem sempre carregadas de muito medo, ressentimento e raiva.

Jesus e sua identidade de filho amado
Uma das coisas mais subversivas que temos no Evangelho é o conceito de Deus como Pai. Jesus agride seus ouvintes, religiosos formais, ao chamar Deus de “paizinho”. Como ele se atreve a tanto?
A verdade é que o órfão não consegue viver a dimensão de intimidade, ele tem sempre medo do julgamento e da rejeição, mas o filho vivencia intimidade e liberdade.
Paulo afirma que por recebermos o espírito de adoção, podemos afirmar, "Aba, Pai" (Rm 8.15). O termo "Aba" não é hebraico, mas aramaico. Era uma forma carinhosa e íntima de se referir ao pais, mas uma linguagem própria de crianças que estão começando a andar e a falar. É o equivalente ao nosso termo "paizinho". Esta visão de Pai era escandalosa para os judeus ortodoxos. Como é que podem chamar Deus de "paizinho"?
Jesus possui uma identidade clara de filho amado. Por duas vezes Deus Pai declara publicamente sua relação de afeto com ele: “Este é o meu filho amado”. A primeira vez logo após seu batismo no Jordão; a segunda na transfiguração (Mt 4.17; 17.5). Deus reafirma sua relação afetiva, de forma significativa: “Em quem me comprazo”. Uma expressão que mostra que Deus sente prazer nele. Pai e Filho, identificados. Este sentimento de filho amado, sustenta Jesus em todo seu ministério e lhe dá condições de ir para a cruz e morrer pelos nossos pecados.
Não é sem razão que, antes da tentação, Jesus ouve esta declaração do Pai, porque logo depois ele é levado ao deserto, e a primeira coisa que Satanás coloca em cheque é a sua condição de filho amado: “Se és filho de Deus!” Esta insinuação é sutil, mas poderosa. Isto acontece conosco quando nossa identidade não é clara diante. Se você não souber de sua posição diante de Deus, não entender que você é um filho amado, a primeira tentação ou crise, sua fé não sobrevive. O Filho de Deus  está sendo tentado, mas sua identidade de filho não sofre uma crise por causa da angustiante situação. Na cruz a tentação da filiação novamente é colocada em cheque, “Se és Deus, desça desta cruz”. Jesus não se sente pressionado para provar nada. Ele é filho amado, querido, o Pai sente nele prazer e ele se contenta com a intimidade com o Pai

 

Resultado Prático:

Ser filho, também traz responsabilidades


A grande responsabilidade é viver no status de filho. “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”. (Ef 5.1). Por isto Jesus afirmou: "Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai" (Mt 5.48). Somos convidados a viver este novo estilo de vida, identidade de filho.
O que nos motiva a querer ser imitador de Deus? Nossa identidade de filho. O desejo de santidade tem a ver com a compreensão de quem é o nosso pai. Meu pai não vai me rejeitar, nem desertar, se eu não corresponder, mas eu quero imitá-lo, porque me sinto amado

Conclusão:
Algum tempo atrás, tive acesso a um material maravilhoso que faz uma relação entre órfãos e filhos, e achei interessantíssimo. Gostaria de compartilhar o mesmo. É interessante que, na medida em que estas coisas são ditas, você faça uma reflexão sobre sua própria vida.

Como vive um órfão?
Sente-se só: Falta uma intimidade vital com Deus; Tem um de sentimento vacuidade. É muito preocupado consigo mesmo. Vive ansioso com necessidades sentidas: amigos, dinheiro, etc; “Eu estou sózinho e ninguém se importa”., Nunca está bem. Tem uma vida baseada no fracasso/sucesso. Quer parecer bom a todo custo, é orientado para a performance. Sente-se condenado, culpado e indigno diante de Deus e dos outros. Tem uma fé frágil, muito medo e nenhuma habilidade para confiar em Deus. “Eu tenho que consertar isto”.                                                          
Trabalha com um forte senso de obrigação, trabalhar duro, e sempre vive esgotado. É rebelde diante de Deus e dos outros, frequentemente é frio e de coração duro. É defensivo, não consegue ouvir, vive debaixo do escudo da justiça própria, virtualmente tentando provar sua capacidade  a todo custo. Precisa estar sempre correto, salvo e seguro, nunca fracassa. É defensivo e incapaz de tolerar críticas, só consegue viver com elogios.
É auto confiante, mas desencorajado, derrotado, e sem o poder do Espírito Santo. Eu vou lhes mostrar!”. “Vejam o estrago que vou fazer”... “Onde os outros falharem…” (O poder da vontade). Murmurador e sem gratidão diante de Deus e dos outros; precisa humilhar os outros, demonstra um espírito amargo e crítico. Um expert em demonstrar o que está errado; sempre insatisfeito com alguma coisa.                                          
Fofoqueiro (gosta de confessar o pecado dos outros); precisa estar sempre criticando alguém para se sentir seguro. Sente-se um competente analista das fraquezas dos outros, ele tem o “dom do discernimento”. Está sempre se comparando. Seus sentimentos variam do orgulho à depressão. (dependendo de quão mau ou bom os outros parecem ser). Não tem poder para derrotar a carne; não obtém vitória num nível profundo, sobre seus “pecados da carne”, embora tenha perdido o sentimento de ser um “grande” pecador”. (Rm. 8:19),                                            
Quase não ora. Oração é seu “último recurso”; quando tudo o mais falha…ora frequentemente em público, raramente na vida privada. As promessas de poder espiritual e alegria contidas na Bíblia zombam dele. “O que aconteceu com toda alegria?” Está sempre orgulhando-se de si mesmo, apontando para suas conquistas com medo de que alguém possa superá-los (Gl. 6:14). Está inconscientemente construindo um “recorde” de boas obras que precisa ser anunciado e defendido. É auto centrado; “Se eles vissem as coisas da  forma como eu vejo!”. Tem uma profunda necessidade de estar no controle de toda situação, sua e dos outros.                   
Busca satisfação em outras coisas além de Jesus. Fundamenta-se nos seus ídolos (posição e posses), e apenas através destas coisas sente-se valorizado, reconhecido e justificado. Tem pouco desejo de compartilhar o evangelho (desde que sua vida cristã é tão miserável); quando o faz, tende a ser motivado por um senso de obrigação ou dever, não amor.                                                                             


Como vive um fiho?
Tem uma segurança crescente de que “Deus é realmente meu amado Pai celestial.”(1 Jo 4.16). Confia no Pai e tem uma confiança que cresce dia a dia no amor Paterno, vive livre de preocupação. (Mt 6.25ss). Aprende a viver numa consciência diária e que sua vida é uma sociedade com Deus. Não se sente amedrontado. Sente-se amado, perdoado e totalmente aceito porque reconhece que os méritos de Cristo o cobrem realmente.
Confia diariamente no soberano plano de Deus para sua vida, sabendo que este plano é sábio, amoroso e o melhor. Oração é seu primeiro recurso. “Vou perguntar primeiramente ao meu Pai, meu paizinho".  Tem a coragem de ser submisso, tem um coração quebrado e contrito. (Sl.51:17).
É aberto a crítica, uma vez que ele conscientemente está firmado na perfeição de Cristo. Não na sua própria. É aberto para examinar seus motivos mais profundos. É capaz de se arriscar, mesmo fracassar; desde sua justiça está em Cristo, ele não precisa ter uma boa performance para se orgulhar dela, se proteger ou se defender. Está confiado em Cristo e encorajado nEle. Porque o Espírito Santo está trabalhando. Confia cada vez menos em si mesmo e cada vez mais no Espírito Santo (diariamente confia na proteção de Deus).
Confia no Santo Espírito para guiar sua palavra para adoração, edificação, gratidão e encorajamento (Ef 4.29, etc.) Não é cego para o que é errado, mas prefere focalizar no que é bom e amável. (Fp 4.8). É capaz de livremente confessar suas faltas aos outros; não se sente o dono da razão. Não tem sempre que estar certo. Reconhece que está frequentemente errado, tem profundo desejo de crescer. Está firmemente fundamentado em Cristo. sua justiça não está fundamentada em ação humana. (Fp 3.9). Como ele confia em Cristo, está cada vez mais obtendo vitória sobre a carne. Tem consciência de ser um “grande pecador”. Oração é uma parte vital do seu dia, oração não é limitada ao “momento devocional”, tem prazer em falar com o Pai (I Ts 5.16-18).

As promessas de poder e alegria são sempre experimentadas por ele (Rm15.13). Descobre que Jesus é mais e mais o tema de sua conversa. Orgulha-se de sua fraqueza (2 Co12.9,10). A justiça de Cristo é seu “recorde”, ele está completamente firmado em Cristo.  (1 Co 1.28). Tem sido controlado por Cristo; ministra no poder do Espírito Santo - não na força de sua carne. Cristo é sua comida e bebida. Deus realmente satisfaz sua alma! “Não há outro em quem eu me compraza na terra!” (Sl 73.25). Tem um profundo desejo de ver o perdido vindo ao conhecimento de Jesus, reparte o Evangelho aos outros, mesmo quando não é pressionado por um (bom) programa.