segunda-feira, 19 de março de 2012

Gn 33.12-17 Sem atropelos!

Introdução:

Somos uma geração apressada. Temos urgência! Estamos sempre agitados, estressados e correndo... Jesus viu esta mesma atitude na vida de Marta: “Marta, Marta, andas agitada e inquieta com muitas coisas; um só é necessária. Maria escolheu a melhor parte” (Lc 10.39).
Este texto nos fala da percepção de Jacó. Ele estava voltando depois de muitos anos vivendo em outra terra, para se reencontrar com seu irmão. A última vez que se viram, Jacó o tinha trapaceado e Esaú chegou a pensar em matá-lo, mas os anos trouxeram maturidade, e Esaú parecia já ter resolvido seu problema no coração, embora Jacó estivesse assustado.
Esaú queria acompanhar Jacó, mas este se recusou. Ele percebeu que seus ritmos eram diferentes. Ele estava com crianças e animais, Esaú estava acompanhado de um bando de homens, não dava para andar junto. Apesar da insistência de Esaú, Jacó conseguiu convencê-lo de que andar juntos não seria possível e agradeceu a gentileza, por entender que estavam em um compasso diferente.
Precisamos aprender a respeitar o ritmo de nossa mente, saúde, família, filhos e mesmo dos bens que possuímos. Tenho a sensação de que não estamos conseguindo fazer isto muito bem.

Este texto nos ensina algumas lições muito importantes:
1. Precisamos andar no nosso ritmo, e não no que os outros sugerem para nós– Isto só é possível quando consideramos que muito da agitação que temos, nos é imposta por pessoas influentes de nosso circulo de relacionamento.
É o caso de Esaú. Ele desejava o melhor para Jacó, não queria prejudicar, mas ajudar e apoiar, mas se este atendesse seu convite seria complicado. Os seus ritmos eram complicados.
Existem muitos de nós que estamos estressados porque queremos andar no ritmo dos outros, de pessoas que nos impõem um estilo de vida que não queremos ter e que não conseguimos ter. pessoas de influência no nosso circulo de relacionamento, impõem condições que se tornam um peso para nossa vida. Precisamos dizer: Preciso ir mais devagar, assim não dá!
Certo pastor foi procurado por uma mulher pedindo atendimento naquela noite. Ele olhou na sua agenda e disse que não poderia estar com ela: Ele havia combinado com sua esposa de irem ao cinema. À noite, estavam andando no Shopping quando encontraram aquela mulher que, naquela manhã pedira aconselhamento, e esta vendo-o disse: “Uai pastor, o senhor não me disse que tinha compromisso hoje?” E ele respondeu: “Eu havia marcado com minha esposa, e estou aqui cuidando dela para que ela não tenha que buscar aconselhamento...”

2. Precisamos andar mais lentamente por causa de nossos filhos: Jacó diz a Esaú: “Estes meninos são tenros”. (Gn 33.14). Se ao menos percebêssemos quão frágeis são nossos filhos, iríamos mais devagar.
Não dá para amadurecer à força. Muitas empresas colhem tomates e bananas ainda verdes, porque não estraguem na viagem, e quando chegam aos depósitos, eles aplicam CO2 para que eles amadureçam à força. O resultado é que nunca ficam tão saudáveis e gostosos como quando amadurecem naturalmente.
Pais muitas vezes, querendo imprimir maior velocidade aos filhos, atropelam processos, expondo-os a situações nas quais eles ainda não tem maturidade nem capacidade de escolha. Não vemos quão frágeis eles são. É preciso criar uma rotina de atividades, de vida, rituais, ter tempo para andar juntos, fazer leituras, jogos, brincar de futebol, pescar, ir para a fazenda juntos.
O grande desafio nosso é que, justamente na época que nossos filhos mais precisam de nós, é quando estamos mais produtivos no mercado de trabalho: Na infância e na adolescência. Na nossa tresloucada os deixamos para trás ou os atropelamos com nossas agendas sobrecarregadas.
James Dobson afirma que: “tempo é moeda emocional”. Funciona da seguinte forma: criadas cujos pais caminham nos seus ritmos, ensinando-os, verão seus filhos crescendo de forma equilibrada e amorosa. Nossos filhos estão em processo de formação espiritual e emocional, precisamos ir no compasso deles, andando devagar mas de forma segura. É isto que Jacó está falando para Esaú.

3. Precisamos andar no nosso rítmo, porque podemos perder o que temos. Jacó afirma o seguinte: “Estes meninos são tenros, e tenho comigo ovelhas e vacas de leites; se forçadas a caminhar demais um só dia, morrerão todos os rebanhos” (Gn 33.14). Jacó percebe que correria, no seu caso, significaria perda de coisas valiosas, como a sua economia.
Existe um ditado popular que afirma: “Quem tem pressa come cru!”. Se você plantar eucalipto, a colheita será rápida, mas carvalhos levam décadas para se formar. Assim é o caráter. O senso de urgência pode destruir o que temos adquirido. Muitas vezes, ir devagar e sempre é a melhor forma de se conquistar e preservar bens. Ambição exagerada muitas vezes é a causa de falência financeira. Seu rebanho corre risco... seus bens correm risco...
Algum afirmou que “fanático é aquele que, ao ver-se perdido, imprime maior velocidade à sua caminhada”. A vida não é de 100 mts raso, mas uma maratona. Por ser uma longa corrida temos que ir devagar e sempre. “Não te impacientes, certamente isto acabará mal” (Sl 37.5).

4. Precisamos ir devagar, porque precisamos educar nossa família – O texto nos ensina algumas coisas importantes que Jacó via em relação á sua família.

a. Educação efetiva só se dá quando nossos filhos são guiados didaticamente – “Eu seguirei, guiando-os” (Gn 33.14). Eu sei que eles precisam de orientação, por isto não posso ir na frente e eles atrás. Não posso atropelar seus pequenos passos. Eles precisam ser orientados e só se faz isto, caminhando lado a lado com eles. Não existe caminho fácil, cada dia é uma batalha a ser conquistada, até que Jesus vai se moldando na vida de nossos filhos. Precisamos guiá-los, orientá-los, mostrar-lhes as trilhas.

b. Educação não é um ato isolado, mas um processo de vida - “Eu seguirei, guiando-os pouco a pouco” (Gn 33.14). Outro ditado popular nos ensina o seguinte: “comida de um dia não engorda cachorro”. Formação de caráter, atitudes, comportamentos, são moldados dia a dia, pouco a pouco, através da imitação e companheirismo. Nossos filhos vão seguindo nossas pegadas. Rick Warren afirma que “caráter é a soma total de seus hábitos”.


c. Educação precisa seguir um compasso natural das coisas. “Eu seguirei, guiando-os pouco a pouco, no passo do gado” (Gn 33.14). Jacó percebia que a natureza possui ciclos, o animal tem um ritmo e a vida segue este ritmo natural. É neste compasso que precisamos caminhar. Queremos atalhos, o jeitinho, a solução imediata, mas Deus se interessa mais pela estabilidade que pela velocidade.

5. Precisamos ir no compasso natural, mas sabendo onde queremos chegar – Jacó afirma que seguiriam “Até chegar em Seir” (Gn 33.14). Era neste lugar que eles gostariam de chegar.
Onde você quer chegar com seus filhos? “Não apresse o rio, ele corre sozinho”. A vida não tem este senso de urgência, mas tem propósito. Você sabe onde quer chegar? Em qual lugar você deseja construir sua casa? O cronograma de Deus raramente coincide com o nosso, por isto quase sempre estamos apressados, mas Deus não.
Rick Warren afirma: “Enquanto nos preocupamos em crescer rapidamente, Deus se preocupa em que cresçamos fortes. Deus vê a nossa vida desde a eternidade e para a eternidade; então, nunca está com pressa” (Vida com propósitos, pg 188).

Conclusão Jesus e os seus discípulos – Durante três anos, Jesus pacientemente treinou, liderou, mentoriou um grupo de seguidores. Ele não demonstrou pressa, embora às vezes se mostrasse impaciente com a incredulidade e incapacidade de ver as coisas do ponto de vista de Deus. Ele sabia que a visão do Reino de Deus estava sendo solidificada em seus corações, e por isto pacientemente os orientava nesta missao;
Jesus e o discipulado – Ainda hoje ele espera que seus seguidores aprendam da sua vida. Discipulado leva tempo. Alguém já disse que todo cristão deveria escrever na sua testa, de forma bem visível: “Seja paciente comigo, Deus ainda não me completou”. Dia a dia precisamos nos arrepender dos pecados, buscar orientação de Deus, aprender de sua Palavra.
Jesus e o processo do discipulado – Ele sabe que por levar tempo, precisamos continuar firmados nos mesmos princípios recebidos para que deles não nos desviemos. Na grande comissão ele disse que deveríamos fazer discípulos de todas as nações, isto exige tempo e perseverança, eles deveriam ser batizados e inseridos numa comunidade, mas deveriam continuar o processo. “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado!”. Continuamos no aprendizado, pouco a pouco, no “ritmo do gado”, como afirmou Jacó!

At 20.24 The Bucket List

“Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para testemunhar o Evangelho da graça de Deus” (At 20.24).

Introdução:Em 1987, recebi um honroso convite do Rev. Adail para ser o seu pastor auxiliar e aqui estive nesta igreja por dois abençoados anos. Sempre afirmei de forma aberta e pública, dois coisas que me aconteceram aqui:

(a)- Aprendi a benção de ter uma igreja que cuida e ama seus pastores. Sara e eu fomos abraçados e acolhidos por esta comunidade de uma forma como nunca havíamos experimentado no ministério. O cuidado do Ministério de Comunhão, de Clara Virginia com a minha esposa e com meus filhos são memoráveis. Lembro-me que com os meus 29 anos, escrevi uma pastoral para agradecer a igreja, que expressava meu espanto pela amorável acolhida. Eu queria terminar a mesma dizendo: “Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval!”, frase esta que o Rev. Adail, sabiamente, me desaconselhou a colocar.

(b)- Ao lado do Rev. Adail, aprendi a pastorear, no pouco que pude receber dele. Sempre ficamos encantados com a forma serena e firme com que conciliava as muitas exigências pastorais, que vão de administração, pregação, ofícios sacerdotais e proféticos. Muito obrigado REv. Adail.

Existem, porém, duas coisas nas quais vocês não podem confiar quando falamos de Rev. Adail:
a. Ele é vascaíno – Isto depõe contra ele... Não deveria ter contado, né Reverendo? Dizem que o cartão de credito do Clube de Regatas Vasco da Gama, é atualmente o mais procurado, porque dizem, não vence nunca!

b. Em segundo lugar, ele tem um grave problema quando se trata de seguir ordens médicas: Em 1988, Ele teve um ano muito pesado com problemas de saúde. Uma de suas cirurgias foi algo dantesco, teve que movimentar toda a pele da face, para fazer uma cirurgia. A igreja estava muito preocupada com seu estado de saúde, tratando-o como um valioso objeto de cristal, então, membros do conselho, incluindo o Dr. Darcy Alvim (que também não é de confiança...), foram com ele numa viagem de descanso para Ubatuba. Todo o esquema era montado para protegê-lo, ele não podia bater a cabeça. Então, cuidadosamente ele entrou na água, quando uma onda que desconhecia as ordens médicas, resolveu pregar uma peça, e quando vimos, o Rev. Adail estava lá praia, levando um caixote: pernas e braços se confundiam. Resultado? De lá para cá, pelo que me consta, ele nunca mais teve um problema sério de saúde...

Voltemos ao texto:
Existe um filme que, se você ainda não assistiu, precisa vê-lo. “The Bucket List” (antes de partir), estrelado por Morgam Freeman e Jack Nickolson. Uma maravilhosa lição de vida. Ela fala de duas pessoas que se encontram no hospital, diagnosticados com graves enfermidades. E ali, se tornam amigos e fazem uma lista de coisas que eles gostariam de fazer antes de morrer. Uma lista de pequenas e agradáveis coisas.

Hoje gostaria de falar, de algumas coisas que não podemos considerar na vida:

1. O maior de nossos pecados – Qual pecado geralmente consideramos o maior em nós? Numa moral sexista, a tendência é achar que desvios sexuais e tentações nesta área sejam o grande problema. Com o passar dos tempos tenho descoberto que o maior pecado é o da incredulidade.

Este foi o pecado que Jesus mais percebeu em seus discípulos:
 “O geração incrédula, até quando vos sofrerei?” (Lc 9.19)
 “Não temas, crê somente!”
 “Homem de pequena fé, porque duvidaste?” (Mt 14.21)
Lutero sempre se referia “ao pecado detrás de todos os pecados”.
Ele afirmava que a quebra do primeiro mandamento, “Não terás outros deuses diante de mim!”, estava por detrás de todos os outros pecados, já que sempre temos a tendência de encontrar substitutos para Deus e desenvolver uma atitude idolátrica em relação a Deus, substituindo por outras coisas.
Considere, por exemplo, sua ansiedade. Por que você fica ansioso? Por causa da incredulidade! As promessas de Deus não entram em nosso coração. Por causa da incredulidade não confiamos na direção, soberania e providencia amorosa de Deus para nossa vida, e por isto ficamos perturbados. Ansiedade é pecaminosa: Revela nossa incredulidade.
Pense na ira. Por que ficamos irados? Ira é um pecado de superfície. ela revela a nossa frustração com aquilo que não conseguimos elaborar bem e explode em formas de sintomas.
Nosso maior pecado é a incredulidade. “Oh néscios e tardos em crer em tudo quanto os profetas vos disseram” (Jo 21).
Paulo ancora sua vida numa forte convicção sobre Deus e seu chamado. “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” (At 20.24). ele revela que o segredo de seu ministério e da vitalidade de sua alma encontrava-se no Senhor. Só uma fé robusta pode gerar grandeza e segurança.

2. O Maior risco da existência – Qual é o maior risco que corremos? Para mim, trata-se da amargura. Podemos envelhecer com graça e celebração, ou com amargura, azedume e desistência. A vida facilmente pode nos transformar em seres amargos e nos fazer ranzinzas e ranhetas. As contradições, paradoxos, ambigüidades, traumas, dores, frustrações e tragédias, podem nos transformar em pessoas mau humoradas como o personagem Zangado, dos sete anões, que aprendemos nas fábulas infantis.
Quando isto acontece, passamos a lidar com a vida na base da bronca. Tudo é pesado e tenso! Facilmente nos tornamos cínicos e céticos.
Neste ponto, o apóstolo Paulo está se despedindo dos queridos presbíteros da igreja em Mileto. Há um clima de suspense e dor. Depois de informar os irmãos do que estava acontecendo, ele ajoelha-se e ora com todos eles. Assim lemos no texto: “Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam” (At 20.37).
Este homem nos mostra que o apóstolo, já marcado por lutas, ainda mantém o coracao terno e amoroso. Acima de tudo, ele não perdeu a dimensão mística de sua alma. Oração, joelho no chão, afetividade, compartilhar a alma, chorar juntos, abraçar e beijar fazia parte dos afetos de sua existência. O tempo não lhe tornou amargo. Envelhece com celebração e jubilo, com gratidão e encantamento com as coisas de Deus.
Tenho dito a muitos colegas de ministério sobre o perigo da amargura. E isto se aplica a todos nós: “Aconteça o que acontecer, preserve o seu coração da amargura”. As pessoas podem fazer o que quiserem com você, mas você não pode permitir que elas determinem o que você fará com aquilo que lhe fizeram. Chegar no final da vida mal resolvido e achando que a igreja lhe deve, amigos lhe devem, a vida lhe deve, ou Deus lhe deve algo – é sempre trágico! Afinal de contas, ninguém lhe deve nada.
O Sl 23.6 afirma: “Bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo sempre”. Precisamos ter a graça de Deus para envelhecermos com bondade e misericórdia. Abaixo o mau humor! Chega de gente mal resolvida e angustiada.
Este, para mim, é o maior risco da existência!

3. O maior de todos os perigos: Ser desqualificado por Deus!
Paulo diz em 1 Co 9.27: “mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.
O maior perigo de todos é chegar no final da vida, e na hora do encontro com nosso Deus, ouvir a frase que Jesus disse em relação aos falsos profetas, que apresentavam um currículo admirável de realizações: “Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós os que praticais a iniqüidade”.
Estas pessoas aparentemente tinham credenciais para se apresentar diante de Deus, que incluía grandes obras religiosas, mas Jesus lhes dirá: “Nunca vos conheci!”
Trabalhamos na obra, mas não somos conhecidos nem conhecemos o senhor da obra.
Claudio Pinto foi uma ovelha minha nos Estados Unidos, especializando em limpar casas depois de incêndios, e de colocar cerâmica em pisos. Por causa da qualidade de seu serviço, era contratado para obras caras. Certo dia recebeu a incubencia de colocar cerâmica numa mansão em Brookline, MA. Com a ordem explicita de que não deixasse ninguém entrar na casa durante o seu trabalho. Certo dia, viu um senhor passeando na beira da piscina, e como não o conhecia, resolveu transmitir as ordens recebidas. Para sua surpresa era o dono da casa, que lhe disse: “Nice to meet you. My name is Steven Spielberg!”. Ele tentou se desculpar, mas o homem lhe disse que ele estava certo. E ele voltou ao seu trabalho. Ao retornar para sua casa, contou o acontecido. Ao relatar o nome desta famosa pessoa, sua esposa, que era cinéfila, ficou boquiaberta, porque o marido não conhecia Spielberg.
Este é um bom exemplo de pessoas que trabalham mas não conhecem o dono da obra. Podemos caminhar muito próximo a Deus, sem nunca conhecer o Deus que anunciamos. Este é o maior perigo de todos os perigos.
Paulo afirma no texto: “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério”. Nada é mais importante que receber o aplauso dos céus.
Certo garoto, de 12 anos de idade, por causa da sua performance no violino, foi convidado a tocar numa apresentação de gala. O teatro estava lotado, e ele se saiu muito bem. Todos o aplaudiam, quando de repente, aquele garoto deixou o palco para chorar. O apresentador foi atrás dele e perguntou o que tinha acontecido, e ele lhe falou: “você viu aquele homem assentado no banco da frente? Ele não me aplaudiu”. E o apresentador lhe falou: “E daí? Todos os demais estão te aplaudindo”. Então ele disse: “Você sabe quem é aquele homem? Ele é meu professor de violino”.
Todos podem estar nos aplaudindo, mas se não tivermos o aplauso dos céus, corremos um serio risco no coração.

Este texto revela:
O maior de nossos pecados é a incredulidade. Paulo afirma que, porque cria no ministério, pregava sempre o evangelho da graça. Sua fé determinava seu ministério e seu estilo de vida. Portanto Keep on your foundation!

Ensina também que o maior risco da existência, é envelhecer sem gratidão, sem afeição, perdendo a dimensão mística da fé pura e simples do evangelho. Tornando-nos “justos amargurados”. Paulo encontra-se aqui, afetivamente, orando com seus presbíteros, encontrando a dimensão da sua alma com o criador, enfrentando oposições com graça, oração e contentamento. A ternura presente na sua vida. Portanto Keep on your affections!

Vimos também que o maior de todos os perigos é o de sermos desqualificado por Deus!
Paulo sabia que o que valia mesmo, era receber aplauso dos céus. “Em nada considero a minha vida, contanto que complete a minha carreira e o meu ministério”. Chegar no final da vida e ouvir o sim de Deus. “Muito bem servo bom e fiel, foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei”. Portanto, Keep on your spirituality!

Que Deus nos abençoe!!!
Igreja Presbiteriana de Brasília
Jubileu de ouro Rev. Adail Sandoval
18 de março 2012.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Gal 2.16-21 e Jó 25.1-6 Não mais vivo Eu!

Introdução:O texto de Ló acima, suscita a antiga e fundamental questão da salvação espiritual do homem: “Como o homem pode ser justificado, ou encontrado justo, diante de um Deus santo?”
A carta aos Gálatas é chamada a carta da Liberdade cristã. Provavelmente ela foi a primeira de todas as epistolas a serem escritas, e sua data gira em torno de 60 d.C., Isto nos impressiona, por vermos como aquela comunidade, apenas 25 anos depois da ascensão de Cristo aos céus, já estava perdendo completamente as referências da autentica mensagem da salvação. Paulo afirma que eles estavam passando para “outro evangelho”, que na verdade é o anti-evangelho, já que não existe “outro”.
Ela também trata da questão da justificação. Termo este que aparece 3 x na leitura, apenas nos vs. 16 e 17. Paulo também esta avaliando a questão da salvação. Como o homem pode se salvar?

Seis enunciados são feitos neste texto sobre este assunto:
a. A insuficiência do zelo religioso – Paulo afirma isto em Gl 1.14. Ele afirma que era zeloso da tradição de seus pais, mas agora está reconhecendo que tal zelo era incapaz de justificá-lo diante de Deus.
i. Em Mt 16.6 Jesus adverte seus discípulos quanto ao fermento dos fariseus e saduceus. O que significa isto? Trata-se da justiça própria que poderia contaminar a simples mensagem da salvação, como estava fazendo com os irmãos da Galácia.
ii. Em Rm 10.1-3 Paulo afirma que os judeus tinham zelo, porém não com entendimento. Por que? Porque desprezaram a justiça que vem de Deus e resolveram construir sua própria justiça. O zelo se tornou oposto à proposta de Deus feita em Cristo.

b. O fascínio da lei – O apóstolo faz uma pergunta curiosa: “Quem vos fascinou a vós outros?” (Gl 3.1). Ele percebe que a igreja da Galácia estava ficando impressionada com alguma outra coisa além do evangelho. O velho padrão da lei: “faço, portanto tenho méritos e sou aceito”, estava retornando ao coração daqueles irmãos que haviam salvos pela pregação da cruz.
Paulo afirma que eles estavam passando para “outro evangelho”, ou para o anti-evangelho, já que não existe substituto para o Evangelho de nosso Senhor.
Certa mulher afirmou que não gostava desta idéia da graça. Seu problema era simples: “Quer dizer então que não posso exigir nada de Deus?”. Ora, a lei nos faz entender que, uma vez que faço, determino o que Deus fará. Ele passa a me dever. No entanto, a graça afirma que Deus não lhe deve nada. Tudo é feito pela sua graça abundante, nada por mérito. A lei traz ao nosso coração um senso de poder e conquista. Nos sentimos “Heman”, o personagem do desenho animado que diz: “Eu tenho a força!”.

c. A inoperância da tradição – Paulo afirma que antes era “extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 1.14). Ele se firmava na força de sua história familiar e religiosa.
Paulo afirma que Cefas era “coluna” da igreja de Jerusalém. No entanto, esta pompa não lhe sustentou no evangelho, antes facilmente se afastou, e “não procedia corretamente segundo a verdade do evangelho” (Gl 2.14). Por ter se distanciado do pensamento de Deus, tornou-se dissimulado a ponto de viver de representações para conseguir aplauso da ala mais conservadora da igreja. Paulo repreende a Pedro face a face, por tal comportamento (Gl 2.11-13).
Lutero, em 1520, afirmou o seguinte: “Não estamos isentos de fazer boas obras, mas de confiar nelas. Isto é a loucura de buscar justificação pelas obras”.

d. Estratégias humanas são falíveis – (Gl 2.2) Paulo, como bom obreiro, fez alguns planos, estabeleceu algumas metas para sua vida, descobrindo posteriormente, que apesar de todas elas parecerem tao bem estruturadas, ele havia seguido na direção errada.
O mesmo se dá em relação á nossa fé. Temos um software em nossa alma que funciona com o padrão da lei. Por isto Paulo precisa agora relembrar aqueles irmãos destas verdades: “Quero saber apenas isto de vós: recebestes o Espírito pela sobras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.2).
O que era essencial era lembrar que “o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 2.16). Qualquer outra estratégia é falível.
A grande tentação dos irmãos de Gálatas era acrescentar algum novo elemento ao evangelho. Quais seriam os elementos a acrescentar ao evangelho para dar validade? Muitas atitudes são atraentes, outras se parecem muito espirituais, mas elas não te levam ao Evangelho (Col 2.20-23) Os grupos normalmente nos constrangem (vs.3) mas temos que continuar firme no fundamento do evangelho.

e. O perigo da reputação humana – Outra verdade que este texto nos ensina é como facilmente deixamos o evangelho para recebermos aplauso dos homens. Paulo se assusta ao ver que “até barnabé se deixou levar pela dissimulação dos irmãos” (Gl 2.13). Isto o entristece porque Barnabé havia sido o seu discipulador.
Se olharmos para as pessoas e não para Cristo, ficamos obcecados pelos aplausos, mas o que precisamos mesmo é o aplauso dos céus. “Assim falamos, não para agradar a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. Também jamais andamos buscando a glória de homens, nem de vós, nem de outros” (1 Ts 2.4-6).

A verdade é que a lei precisa ser questionada constantemente pelo Evangelho. Paulo viu que os irmãos não estavam agindo de acordo com o Evangelho. Portanto, não são apenas os descrentes que rejeitam a graça de Deus, mas o povo de Deus também o faz. O problema: Se eu me esquecer da essência do Evangelho, isto é, Cristo morreu por mim ( e nada mais pode ser acrescentado a isto) transformo Cristo em ministro do pecado (2.17) e ignoro o poder de sua morte (2.21).

Conclusão: O que realmente importa?
1. Morrer em Cristo – Paulo afirma que fora “crucificado com Cristo” (Gl 2.19). Isto implica que ele morreu naquela cruz. Isto o fazia desistir de seus esforços. Ele confiava apenas na suficiência de Cristo conquistada na cruz. Seus direitos e suas vestes eram as de Jesus.
2. Viver por Cristo – “Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim”. Em outra passagem afirma que esmurrava seu corpo para que não viesse a ser desqualificado (1 Co 9.27). Ele sabia que isto implicava que não poderia deixar de se lembrar que Cristo o havia amado de uma forma tão profunda, e como gratidão, viveria por Cristo.
3. Fazer para Cristo – O grande problema do homem natural é que ao fazer as coisas, ele o faz para auto-promoção. Não está interessado em glorificar a Deus, mas em auto glorificar-se. Não podemos construir sob outro fundamento. A tentação da justiça própria me faz ministro da iniqüidade (Gl 2.18).

Samuel Vieira
Congresso Sinodal da SAF – 2ª Ig. Presb. Taguatinga
10 Março 2012

Mc 9.42-48 Radicalize!

Introdução:Estas exortações do texto são tão graves, que na história da igreja cristã, alguns homens, levando a Bíblia ao literalismo, provocaram atos de auto castração. Existem casos famosos de
O que este texto quer nos ensinar?
Quais os princípios que Jesus queria ensinar aos seus discípulos?
Qual seu efeito e prática para nossas vidas hoje em dia?

O texto nos fala de escândalos:
Em outro texto Jesus adverte seus discípulos: “É inevitável que venham os escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vem!” (Lc 17.1).

O significado do termo “pequeninos crentes” (Mc 9.42) talvez fosse uma referência a adolescentes e crianças que seguiam a Jesus, encantados com seu carisma. Estatisticamente, a maioria das conversões acontece na adolescência e na pré-adolescência.
Jesus ensina que devemos ter muito cuidado para não sermos “pedra de tropeço” em nosso testemunho, para que pessoas não se escandalizem com nosso comportamento e se desviem do caminho do Senhor.

Jesus descreve o escândalo de forma muito grave no texto. Precisamos ser radicais conosco quando o assunto se volta para os escândalos. Afinal, porque o escândalo é tão pernicioso?

1. Escândalos atingem profundamente as novas gerações – Provoca assim um efeito cascata. Igrejas, cujos pastores se divorciaram ou cairam em adultério, aumentaram consideravelmente o número de divórcios e adultérios na comunidade.
A lógica é simples: “Se o pastor pode, porque não eu?”
O escândalo fragiliza a fé, enfraquece as convicções e levantam dúvidas sobre a autenticidade da mensagem. O efeito de determinados escândalos pode ser devastador, conheci igrejas que deixaram de existir depois que descobrirem que seus líderes ou pastores tinham vida dupla.
Talvez tenha sido esta razão de Jesus estar se referindo aos “pequeninos crentes”.
Filhos de famílias religiosas, mas com moral duvidosa e escandalosa, tornam-se superficiais na sua fé, quando não a desprezam por completo. Por causa dos escândalos, passam a menosprezar a fé. Jogam fora o bebê com a água suja.
Pais que geram escândalos, danificam, algumas vezes de forma inseparável, a possibilidade de uma fé autêntica nos seus filhos. Conheço filhos de pastores, que cresceram na igreja, mas que hoje olham com desprezo e nojo a igreja na qual seus pais foram líderes. Eles rejeitam esta fé de “aparência”.

2. Escândalos enfraquecem a mensagem do Evangelho - Pessoas que se frustram por causa de pecados da liderança, encontram dificuldade em construir uma fé simples, sem suspeita.
A partir do momento em que estes incidentes acontecem, as pessoas passam a olhar para nossa fé com desconfiança, e a se entregar sem reservas, trazendo seus dons, tempo e tesouro para a obra de Deus. Como colocar recursos e a própria vida, quando o projeto não é digno de confiança?
Nos últimos anos antes de sua morte, o papa João Paulo II foi alvo de uma intensa pressão internacional devido às denúncias sobre casos de abuso sexual contra crianças por parte de religiosos em várias partes do mundo, principalmente, nos Estados Unidos. O caso mais famoso envolvia padres da Arquidiocese de Boston, debaixo da orientação do Cardeal Law. Mas, mesmo com provas e, inclusive, com a confissão de culpa de alguns sacerdotes, o Vaticano adotou uma posição leve, enfurecendo as vítimas de abuso sexual. Por isto, apenas em Boston, na década de 1990-2000, 40 paróquias católicas fecharam suas portas, por falta de fiéis. Como você acha que aquelas crianças, hoje adultos, e suas famílias, vão encarar a igreja. Isto acontece tanto na Igreja católica quanto na protestante. “É inevitável que venham os escândalos, mas ai daquele por intermédio de quem ele vier”. Se você fosse parente de uma destas vitimas, mesmo que fosse um católico praticante, como você acha que se relacionaria com a igreja? Não haveria forte suspeição presente?
Por isto temo pela geração atual, que tem sido tão explorada por pregadores carismáticos e corruptos, que são capazes de energizar uma platéia, mas vivem na opulência e ostentação, mercadejando assim a Palavra de Deus. Temos atualmente no Brasil 4 milhões de pessoas que se auto intitulam “evangélicos não praticantes”, são pessoas cansadas da fé, da igreja, dos pastores, e muito disto está associado aos constantes escândalos nos quais a liderança evangélica se envolve.

3. Escândalos ferem as pessoas que são envolvidas – Igrejas, famílias, esposa (o), filhos. Já viram a conseqüência dos escândalos na vida emocional de filhos de pessoas que são flagradas em atitudes grosseiras? Enorme confusão, frustração e depressão para os filhos. Vergonha para os familiares e para a igreja.
Acompanhei o caso de uma garota, filha de um pai que tinha provocado escândalo num grosseiro adultério, e tempos depois a filha, resolveu se juntar com o namorado. Quando o pai resolveu questionar o rapaz, a filha interceptou e disse: “Não é ele quem não quer se casar. Sou eu!”. Quando ouvi este relato, a primeira impressão que me veio à mente é que esta jovem queria ferir o seu pai. Era uma forma de ira introvertida.

4. Escândalos trazem muito sofrimento ao coração do que a prática – Aquilo que começa com certo glamour, como um atalho fácil, revela-se com o tempo como um atoleiro de proporções inimagináveis. Quantos pastores e líderes que caíram, se enfurnaram na dor e na vergonha, perdendo o respeito da sociedade e da família, não tendo coragem de encarar Deus, a família e os filhos.
Certo presbítero teve uma queda moral. Ao voltar para a igreja, um diácono que ficaram indignado com a atitude daquele homem, disse-lhe na porta da igreja: “Como o Senhor tem coragem de ainda vir a igreja, depois de tudo que fez?”. Felizmente aquele homem soube responder biblicamente dizendo: “Porque Jesus afirmou que os sãos não precisam de médicos, e sim os pecadores. Como eu estou doente espiritualmente, preciso da palavra de Deus e da comunidade para me restaurar”.
Depois do seu adultério, Davi vê sua família fragmentando-se e não soube como lidar com os conflitos que enfrentava dentro de sua própria casa, talvez se sentisse sem autoridade depois de tudo quanto havia feito...
Por isto a Bíblia afirma: “É inevitável que venham os escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vem!” (Lc 17.1). Ai do homem que prática o escândalo! Vergonha, tristeza e confusão vem para sua alma. Neste caso só resta o choro e a dor, para que venha quebrantamento e Deus conserte os cacos que restaram. Ele é amoroso e perdoador suficiente para fazer isto!

5. Escândalos ferem o coração de Deus – Pecados atingem o céu, maculam a Santidade deste Deus puro. Ao pecarmos, estamos crucificando novamente a Cristo. Estamos ferindo e traindo sua graça e bondade. Jesus certa vez disse aos seus discípulos: “Oh geração incrédula! Até quando estarei convosco, até quando vos sofrerei?” (Mc 9.19)
Os nossos pecados fazem diferença entre nós e nosso Deus e fazem com que nossas orações sejam interrompidas. Deus sempre se entristece com nossos desatinos. Paulo recomenda: “Não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fomos selados”. (Ef 4.30)

6. Escândalos trazem severo juízo de Deus -
Jesus afirma que o juízo de Deus é muito grave para quem prática escândalos. “Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço numa grande pedra de moinho, e fosse lançado ao mar” (Mc 9.42). Além disto, seus efeitos são eternos. Por 3 vezes aparece referência ao inferno como o lugar onde não morre o verme e o fogo jamais se apaga. O termo inferno, “Geena”, ou "Geena de fogo" é descrito por Jesus como lugar da punição futura. Existe uma corrente, mesmo no cristianismo, que acredita que não haverá juízo, nem condenação alguma, afinal, Deus não é bom? Esquecem-se que Deus também é justo, e que ele vai julgar o mundo com equidade, como afirma o salmista.
Eu não sei se você acredita ou não no inferno. No entanto, isto não importa! Jesus acreditava e ensinava sobre isto e nisto acreditamos. Se você crê ou não no inferno, não é isto que vai dizer se ele é real ou não, assim como, se você crer ou não em Deus, não é isto que fará com que ele exista ou não...
O termo “inferno”, “Geena”, que aparece aqui, geograficamente é uma referência ao vale do Hinom, Sul de Jerusalém, onde o lixo e os animais mortos da cidade eram jogados e queimados. Símbolo para descrever o perverso e sua destruição futura. Quando Josias derrotou os infiéis, ele profanou o vale, lançando ali os ossos dos infiéis mortos, e isto é considerado uma das piores profanações entre os Hebreus. Desde então, o lugar tornou-se uma espécie de monturo, onde sempre havia um lixo queimando e lançando fumaça. Daí vem o termo Geena. Além do mais, no alto de Tofete do Vale de Hinom, os pais faziam passar seus filhos pelo fogo em sacrifício ao deus Moloque. Acaz e Manasses praticavam essas abominações, 2 Cr 28.3; 33.6. Inferno ou Geena é lugar de juízo, e não queremos partilhar desta condenação, pelo contrário, queremos desfrutar da benção de Deus.
Escândalo traz juízo severo. Inferno é descrito como local onde a dor não é abrandada. A parábola do Rico e Lazaro, nos mostra o rico dizendo: “Manda a Lazaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.24). O inferno foi criado originalmente para o diabo e seus anjos, mas é um local tão triste e sem esperança, que mesmo os demônios não querem habitar lá, preferindo continuar na terra (MC 5.10).
A realidade do escândalo:

Nenhuma comunidade está isenta de se chocar com a atitude escandalosa de um líder ou outro, seja na área financeira, familiar, sexual. Vivemos numa comunidade de pessoas pecadoras.
Um dos melhores amigos que tive era possuidor de uma voz invejável, cantor lírico, diácono de uma das igrejas que pastoreei, e superintendente da Escola dominical. Tínhamos muita alegria na sua presença pela sua atitude franca e simpática quando recebemos a denúncia de seu estilo bizarro e pecaminoso de viver. Ao ser confrontado, rejeitou a disciplina, passou a hostilizar a igreja e a mim e aquelas atitude causou muita dor à sua igreja fiel, à igreja e a sua filha pré-adolescente. Afastou-se da igreja, tornando-se critico, até que, dois anos depois, Deus lhe traz arrependimento, ele reconhece seu pecado, restaura sua vida e retorna à comunhão da igreja, morrendo tempos depois, de forma muito precoce, mas firme no Senhor.
Homens causam escândalos! Nós podemos tomar atitudes pecaminosas e escandalizar a igreja de Cristo e o mundo. Membros de igreja, infelizmente, são capazes de tomar atitude que até o mundo questiona. Paulo fala de um irmão, em 1 Co 5, que vivia um estilo de vida que nem o mundo, com seu estilo de ser, praticava.

Como se prevenir do escândalo?
A. Reconheça que você é susceptível – Muitas pessoas caem porque não admitem a possibilidade de se envolverem num escândalo. Acham que possuem proteção nestas áreas. Nosso coração é enganoso, diz a Bíblia, e demasiadamente corrupto. Quem o conhecerá? Numa entrevista com 243 líderes cristãos que caíram, dois sintomas estavam presentes: (a)- Haviam se descuidado da vida devocional. O tempo com Deus, a oração, e a leitura da Bíblia estavam relegados nas suas vidas; (b) Não acreditavam que isto pudesse acontecer com elas. Achavam que estavam imunes às tentações.
Esta falsa segurança retira de nós a vigilância. Não sem razão Jesus nos ensinar a “vigiar e orar para não cair em tentação”. Estes são os dois elementos que nos protegem. Oração e atenção. Muitas vezes ficamos desatentos e nos tornamos vulneráveis. Relaxamos na nossa atitude de prudência e atenção. O elemento surpresa é uma das maiores estratégias numa batalha.
Fique alerta! “Aquele que está em pé, veja que não caia!”
“Vigiai e orai”. Jesus não pede para que apenas oremos, mas para que também vigiemos. Vigilância se refere ao necessário estado de alerta que precisamos desenvolver. Tentação, é inicialmente é como uma folha num plácido tanque cheio de água no quintal, quando retiramos a rolha que não deixa a água descer. No início a folha apenas tem um leve estremecimento, depois entra em uma espiral complexa e perigosa, e se torna forte e irresistível. Cuidado. Vigiai!

B. Mantenha vida de devoção – Tentações são como vírus: atingem facilmente as pessoas que estão vulneráveis. Pessoas fragilizadas, displicentes e negligentes com Deus, tropeçam mais facilmente. A oração traz proteção espiritual para nossas almas e nos mantém em estado de alerta. Através de nossa caminhada com Deus, criamos uma capa de proteção para nossa vida.
Em Ef. 6.10-12 ao lermos cuidadosamente o texto, vemos como ele possui uma sequência que precisamos observar:
Ef. 6.10: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força de seu poder...”
Ef 6.11- “Revesti-vos de toda armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”.
Ef. 6.12: “Porque a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso”.

C. Radicalize! Arranque seus olhos, corte seus pés e sua mão, e tudo aquilo que pode te levar à queda- Este é o princípio sugerido por Jesus: “Se tua mão te faz tropeçar; corta-a”... “Se teu pé te faz tropeçar, corta-o”... “Se teu olho te faz tropeçar, arranca-o”.
Este princípio não é muito difícil de entender, embora não seja fácil de praticar. Existem áreas de nossa vida que são zonas de tensão. Precisamos radicalizar com estas coisas.
Conheci alguém que toda vez que ouvia determinadas músicas, era conduzida à depressão. Então tomou uma decisão radical: quebrou os discos que lhe faziam mal. Na hora fui tentando a dizer que não era necessário ser tão radical, mas ai me lembrei da forma como Jesus fala destas coisas. “Se tua mão te faz tropeçar; corta-a”...
Outra pessoa, facilmente exagerava na bebida, e em todos eventos sociais bebia muito. Tomou a decisão, por causa do reino de Deus, de não colocar sequer uma gota de álcool na boca e retirou todos os vinhos de sua casa. “Se teu pé te faz tropeçar, corta-o”. O álcool está roubando suas forcas? Radicalize!
Outro percebeu que a internet estava causando um problema muito sério no seu relacionamento com a esposa, ele era facilmente levado a fantasiar. Então radicalizou: “Computador fica na sala de casa, e só uso em horários definidos e curtos, para responder e-mails. Não surfo mais na web”. “Se teu olho te faz tropeçar, arranca-o”.
Um casal de namorados, vendo que seu namoro estava correndo perigo, decidiu não mais namorar sozinho em casa. Só se encontrariam quando a família estivesse presente. “Se tua mão te faz tropeçar; corta-a”...
Jesus Cristo falou sobre três classes de eunucos,: “Pois há eunucos que nasceram tais da madre de sua mãe, e há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens, e há eunucos que se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Dê lugar a isso aquele que pode dar lugar a isso.” (Mt 19.12), Aqueles que “se fizeram eunucos” são os que decidem concentrar-se mais no serviço de Deus. Esses “eunucos” não são pessoas que se castraram fisicamente ou que foram emasculadas; antes, permanecem voluntariamente no estado de solteiro para servir a Deus.
O que te faz tropeçar?
Suas mãos? O que ela faz?
Seus pés? Por onde anda?
Seus olhos? O que ele anda vendo?
Para não provocar escândalos, radicalize!


Conclusão: Melhor morrer que escandalizar.O que Jesus afirma é que é melhor morrer que causar escândalo. Não podemos ficar flertando com o pecado, negociando com o inimigo, domesticando o diabo. É melhor entrar maneta no céu, pulando com uma perna só, sem um dos olhos, que estando sem nenhuma mutilação, irmos para o inferno.
Que Deus nos dê a graça, pelo poder do seu Espírito, de nos mantermos firmes em dias maus, e sermos considerados fieis por aquele que nos arregimentou.
Certamente este sermão é duro! No entanto, esta é a palavra de Jesus!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Mc 9.38-41 Intolerância Religiosa

Introdução:Sempre tivemos todas imagináveis intolerâncias na história da humanidade. A mais comum delas é religiosa, mas encontramos ainda:
 Ideológica/partidária e política; raciais (conflitos étnicos e tribais); No seculo XX vimos o perigo quer tais ideologias trazem: Fascismo, Nazismo, Totalitarismo da esquerda e da direita, comunismo.
 Sexuais (incluindo ai a desvalorização da mulher, a intolerância por preferências sexuais, etc). Em cada uma delas surgem inquisições, cassações e perseguições, incluindo a morte.
 Racial: que envolve as guerras tribais e conflitos étnicos como os que se passaram na Servia (anos 1980) marcados por brutais faxinas étnicas. Arianismo que desembocou no trágico surgimento do fascismo.
Na área religiosa houve grandes conflitos entre:
 Católicos e judeus
 Católicos e protestantes – principalmente na Irlanda. No Brasil templos evangélicos foram destruídos pelo obscurantismo e símbolos católicos igualmente foram alvo de zombaria, etc.
 Islamismo e cristianismo – Não se trata de um caso recente de conflito, mas se arrasta desde as cruzadas religiosas.
Recentemente (2011-2012), temos acompanhado o caso do Pr. Youssef, do Irã, que por causa de suas convicções religiosas tem sido mantido preso e foi condenado ä morte. Qual é o seu crime? Crer e pensar de forma diferente.

Neste texto vemos a atitude dos discípulos sendo questionada por Jesus. Encontraram um grupo que não andava com eles, e que expulsavam demônios em nome de Jesus, e o proibiram, “porque não seguia conosco” (Mc 9.38) e Jesus os admoesta a não agirem desta forma. Ao agir assim, resolveu formular a tese diferente dos islâmicos que dizem: “matar um infiel garante galardão no céu”. Por isto, uma das práticas espirituais do islamismo tem sido o Jihad, que é o extermínio daqueles que discordam do Alcorão e do Profeta Maomé. Jesus estabelece as relações com os grupos diferentes.

Como lidar com as diferenças entre grupos, denominações e pessoas que diferem do nosso ponto de vista?

1. Aprenda a respeitar as diferenças – Jesus afirma que o fato de alguém não estar fazendo parte do nosso grupo, não significa que devemos excluí-los. Este principio teria sido uma benção historicamente para os cristãos se fosse praticado.
Acolhei o que é débil na fé, não, porém, para discutir opinião. Um crê que de tudo pode comer, o fraco come legumes”(Rm 14.1).
Racismo, intolerância, segregacionismo, exclusivismo, não são coisas com a quais nascemos, mas é um aprendizado. Se colocarmos crianças de diversas culturas e línguas, de cor e sexo juntas, elas vão conviver naturalmente, sem nenhum julgamento ou preconceito, mas na medida em que vamos fazendo leituras, nós as tornamos arrogantes, petulantes e com sentimento de superioridade. O ódio aos judeus, aos negros, aos bruxos, aos protestantes, são coisas ensinadas pelos pais.
O artigo que reproduzo abaixo, foi publicado no Jornal Contexto, da cidade de Anápolis-GO, que narra meu encontro com D. Helder Câmara:
Em 1992, fiz uma viagem complicada a Recife para apoiar um amigo que se encontrava numa constrangedora situação. Não foi uma viagem muito agradável e tive que fazê-la em caráter de urgência.
Nestes três dias em que ali estive, andei ao seu lado, tentando ajudá-lo a alinhavar opções no quadro tenebroso em que se metera.Numa destas manhãs, passamos próximo à paróquia onde D. Hélder Câmara exercia seu sacerdócio. Naquela época ele era arcebispo de Olinda e Recife. Perguntei ao meu amigo se seria possível passar por lá e tentar conversar com ele. Não tínhamos entrevista marcada, e por isto seria muito remota a possibilidade deste encontro, além do mais, ele vivia constantemente atendendo convites para preleções no Brasil e na Europa.
D. Hélder foi um dos maiores defensores dos direitos humanos durante a ditadura militar, encabeçou a edição do livro “Brasil, nunca mais” e tornou-se um dos bastiões de defesa daqueles que, por causa de uma visão ideológica diferente, eram opositores do governo. Ele era um homem de hábitos simples e morava num quartinho da sacristia no Recife, apesar de ser um personagem badalado em todos os círculos oficiais por onde passava.
Na secretaria fomos indagados se tínhamos entrevista marcada e respondi que não, afirmei que era pastor presbiteriano e surpreendentemente, cinco minutos depois estávamos trocando experiências com este homem notável. Disse-lhe que o que me impulsionara a este encontro fora o desejo de expressar minha admiração pela sua luta pela cidadania e democracia do Brasil. Ele afirmou estar surpreso com a visita de um pastor, e que não se
lembrava de acontecimento semelhante em sua vida. Contou-nos ainda, que quando criança, vindo do obscurantismo rançoso e interiorano da religiosidade de então, ouviu o pároco recomendar às crianças que não passassem sequer na calçada de uma igreja protestante. Ao chegar em casa, contou isto à sua mãe que disse: “Você não deve nada a ninguém. Nós precisamos aprender a respeitar as diferenças e convicções dos outros, portanto, nunca faça isto!”, e esta palavra de sua mãe o orientou pelo resto da vida.
Foi uma visita breve, agradável e marcante. Ficamos ali uns 15 minutos e fomos embora, afinal, éramos intrusos na sua agenda já tão carregada. Contudo, aquele encontro certamente tornou-se um evento a ser lembrado na minha história. Não precisamos concordar com todos os pontos de vista, mas podemos permitir a todos o direito
de pensar. Este homem ensinou um pouco disto ao Brasil.

Em Mc 9.30 vemos que os discípulos estavam hostilizando aqueles que não andavam com eles. Vemos ainda esta atitude em igrejas evangélicas que se acham detentoras do Espírito Santo. Se não estiver “debaixo da visão”, ou dentro da estrutura profética ou cobertura de determinado apóstolo ou patriarca, não pode ter a benção. Os judeus também se julgavam donos de Yahweh, reduzindo-o a um Deus tribal, Deus de um determinado clã, mas a Palavra de Deus nos mostra o que aconteceu com eles por causa deste fechamento. Este exclusivismo tem caráter sectário, trazendo uma mentalidade de seitas.
Jesus ensina seus discípulos a aprender a respeitar as diferenças, a não julgar e discriminar só porque determinado grupo não se alia conosco ou não anda conosco.

2. Aprenda a respeitar opiniões divergentes, mas não negocie valores e princípios de sua fé – Vivemos dias complicados, porque a palavra chave tem sido inclusivismo e tolerância.
O problema da tolerância, porém, pode nos levar a outras dimensões: “Devemos concordar com tudo? Até com aquilo que não creio?”.
Um dos bons princípios que aprendi sobre este assunto diz o seguinte: “Posso não concordar com teu pensamento, mas defendo até o ultimo instante, o direito de você pensar”.
Recentemente tivemos muito a questão dos homossexualismo, o texto original da PL 125, apresentado pela Senadora Marta Suplicy chegava ao ponto de afirmar que qualquer pregador poderia ser processado, se falasse alguma coisa contra a questão homossexual. Ora, todos nós precisamos respeitar as pessoas, independentemente da sua cor, opção sexual, raça, gênero, mas isto não significa que devemos concordar com seu ponto de vista. Tratar com respeito, não significa concordar. Por esta razão, alguns grupos evangélicos nos EUA tem falado que, em nosso tempo presente, precisamos a ser intolerantes, no sentido de que vamos dizer o que pensamos.
“Cada um tenha opinião bem definida na sua própria cabeça” (Rm 14.5).
O problema não é ser radical. Por preguiça ou por inconstância, temos concordado com conceitos diabólicos só para parecermos agradáveis a determinadas pessoas.

3. Você não precisa e nem pode concordar com tudo e com todos, mas aprenda a amar a todos, mesmo aqueles contra os quais você discorda veementemente – Você não está julgando a pessoa, mas sua opinião.
Converteu-se um rapaz em nossa igreja no Rio, que trabalhava numa multinacional, a Michellin. Um dia, seu supervisor chegou perto dele e de um colega e lhes disse: Estamos transferindo ambos para outro setor e vocês deverão trabalhar juntos, mas como eu sei que protestantes não amam os espíritas, queria lhes pedir que vocês deixassem suas divergências de parte, para que o trabalho de vocês não fosse prejudicado. Aquele rapaz retrucou e disse: “Quem falou que não amamos os espíritas? Eu amo muito os espíritas”. Naquele final de semana, aquele colega lhe disse que gostaria de visitar nossa igreja...
Ao se apresentar diante da Dieta de Worms, na presença do Imperador Carlos V, Lutero fez sua defesa afirmando que se pudessem provar pelas escrituras que ele laborava em erro em rejeitaria seu ponto de vista, caso contrário, se firmaria nas suas declarações, já que não é licito agir contra a consciência de ninguém.
Um antigo princípio da Reforma dizia o seguinte: “Nas coisas essenciais, unidade; nas secundarias, liberdade; mas acima de tudo, Amor!”

Aplicações práticas:

A. Solidifique suas convicções numa clara cosmovisão cristã. Aprenda a ter uma mente bíblica. Você realmente sabe o que a bíblia ensina acerca das controvérsias éticas e religiosas? Você tem um bom fundamento para sua fé?
Em Ef. 4.14 lemos: “Para que não sejamos mais, como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo o vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astucia com que induzem ao erro”. Você sabe o que Deus pensa sobre os assuntos mais controvertidos que tem sido discutidos hoje em dia? Guerras, aborto, ecologia, namoro, jogos de azar, finanças, divorcio, sexo antes do casamento, drogas?
Firme sua mente nas verdades de Deus. Eva titubeou nas suas convicções e Satanás incrustou em sua mente uma enorme dúvida, que trouxe serias conseqüências não apenas para si mesma, mas para toda raça humana.
Temos sido muito superficiais e ingênuos na nossa analise, por isto a Palavra de Deus recomenda: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).
Qual é a regra de fé e prática para nossas vidas? Por que você deve fazer isto e não aquilo? Você está convencido das verdades do Evangelho? Se você não se convencer que as verdades do Evangelho, ao serem levadas às últimas conseqüências, sempre se mostrarão absolutamente coerentes, você nunca será um bom cristão.

B. Entenda que errar no pensamento Deus é errar na missão que Deus tem para sua vida. O que você crê, determina o que você faz. Ética precede teologia (ou filosofia de vida). O discípulo de Cristo deve aprender a pensar como Cristo pensa, seguir seus ensinamentos, ter a visão de Cristo.
Somos orientados pela palavra de Deus ou pelos nossos sentimentos (pensamentos, idéias?). Biblical or feeling oriented?

C. Considere o modelo de Jesus – Ele aprendeu a lidar com diferentes. Em Mt 11.19 ele é chamado de “amigo de pecadores”. Enfrentou corajosamente as barreiras criadas pelos homens.
Barreira cultural: dialogava com publicanos, samaritanos e gentios;
Barreira Sexual: Dialogou com prostitutas e mulheres de conduta duvidosa.
Barreira religiosa: Tocou leprosos, mulher hemorrágica e mortos.
Por que?
Sabia da necessidade humana de aceitação. Jesus não concordava com o erro da mulher samaritana, nem com a atitude da adultera, mas aprendeu a amar e a acolhê-las. Viveu na fronteira entre a santidade de Deus e o acolhimento aos pecadores, sem negociar verdades divinas.
Ainda hoje, esta é a atitude de Jesus. Ele nos acolhe, não para continuarmos pensando e agindo como agimos, mas para entendermos o seu pensamento e considerar que existe uma nova proposta de benção para sua vida. Ao amar os divergentes, ele calça as sandálias daquele que pensa de forma divergente, e traduz o sentido mais profundo de sua missão e encarnação na história humana.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Mc 9.2-8 A Transfiguração

Introdução:
Este é um texto que se identifica muito com nossa geração pós-moderna, ainda que os cristãos estejam cada vez mais se distanciando de suas verdades e promessas.
Este texto também se constituiu num enorme desafio pratico ao meu coração. Este “monte” ao qual precisamos eventualmente subir e experimentar as glorias celestiais.
Este texto é atual porque atinge esta dimensão zen e mística, que esta geração busca encontrar.
Livros que fazem sucesso em nossos dias e vendem milhões estão identificados com este tema:
O monge e o Executivo, James Hunter, Ed. Sextante
Comer, rezar e amar (Elizabeth Gilbert)

Recentemente a capa da Isto É (Jan, 2012) trouxe estampada a fotografia de João de Deus, um místico aqui de Abadiânia que tem atraído pessoas de muitos lugares do mundo em busca de cura e respostas espirituais.

Cidades inteiras crescem em torno deste boom e turismo esotérico. Alto Paraíso-GO tem recebido uma enorme quantidade de pessoas que acreditam que ela será a única cidade protegida na catástrofe prevista pelos Maias para 2012. Um número grande de pessoas saem de grandes cidades para morar em Abadiânia-GO, alguns com nível superior, e até mesmo estrangeiros, para morar nesta cidade. Pirenópolis-GO (em nível menor), é uma destas cidades que vivem em torno do turismo ecológico. O mundo anseia pelo Sagrado, pelo Sobrenatural e místico, ainda que tantas vezes por caminhos tão contrários ao Evangelho.

Ao mesmo tempo, os cristãos oram cada vez menos. Estatísticas mostram que pastores americanos gastam, em media, 3 minutos por dia em oração. Temos uma espiritualidade com face pública, denominacional e religiosa, que trata muito deste adensamento da alma na presença de Deus. Temos uma tradição muito forte na apologética e no sectarismo, mas pequeno na área meditativa.

Jesus convida neste texto, seus discípulos, a deixarem a correria do dia e irem ao monte, em direção ao sobrenatural. Lamento muito quando as pessoas tratam deste monte de forma literal, já que o monte em si, não é a dimensão sagrada, mas este precioso tempo com Deus.
Um antigo hino diz assim:
Preciosas são as horas, na presença de Jesus,
Comunhão deliciosa, de minha alma com a luz
Os cuidados deste mundo, não me podem abalar,
Pois é Ele o meu auxilio, quando o tentador chegar.

O que aprendemos deste texto?

1. Jesus convida seus discípulos a uma dimensão de solitude e encontro com Deus – “Seis dias depois, tomou Jesus, consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte a um alto monte”. Jesus percebe a necessidade da alma de seus discípulos e os leva a uma experiência noutra dimensão espiritual. A experiência do monte se dá, neste tempo no qual saímos da urgência da agenda e das obrigatoriedades ordinárias da vida.
Infelizmente encontramos cada vez mais espiritualidade do barulho, e não da solitude. Poucos querem penetrar esta dimensão da presença de Deus. Oramos cada vez mais no contexto do barulho, mas não somos capazes de descansar nos braços do amado mestre.
Este é a mesma experiência que vemos Jacó passando, quando no Vale de Jaboque, em Gn 32, se vê confrontado e ameaçado, diante da presença de Deus.
Jesus ensinou este segredo particular aos discípulos: “Tu, quando orarás, entra no teu quarto, fecha a porta do teu quarto, e em secreto falarás ao teu Pai, que re recompensará”. Existe um lugar do silencio da alma, do encontro com o Senhor, do qual facilmente nos distanciamos.
Ezequiel, o profeta, é convidado por Deus a adentrar simbolicamente estas águas que nascem do trono, e na medida em que ele caminha, vai sendo envolvido por estas águas, que inicialmente batiam nos artelhos, e no final estava absorvendo toda sua vida. Estas maravilhosas águas, que apontam para a comunhão com Deus, trazem cura e refrigério: “Onde chegam estas águas, tornarão saudáveis as do mar, e tudo viverá por onde passe este rio” (Ez 47.9).

2. No Monte recebemos ministração de amor – “Ao entrarem na nuvem”, ou “A seguir, veio uma nuvem que os envolveu” (Mc 9.7). Ali os discípulos ouvem a declaração de amor que o Pai faz ao Seu Filho. “Este é o meu filho amado; a ele ouvi” (Mc 9.7). O texto correlato diz: “Em quem me comprazo”.
Ouvir de Deus a declaração de que somos amados é algo extremamente terapêutico e transformador. Em geral nos sentimos como órfãos, que possuem duas reações clássicas: Vítima ou Tirano. Precisamos ouvir a voz de Deus de que somos amados. “Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim, porque o vosso nome está arrolado nos céus”. (Lc 10.20).
Não é difícil encontrarmos cristãos sem consciência de identidade. Não sabem se realmente são filhos de Deus, experimentam frio, abandono e solidão, porque ainda não ouvirem a doce voz do Pai lhes dizendo que são amados. Sofrem crises de relacionamentos significativos. São órfãos.

3. A experiência no monte aproxima céus e terra – “Apareceu-lhes Elias, com Moisés, e estavam falando com Jesus” (Mc 9.4). Vemos aqui, pessoas históricas se identificam com a Eternidade. Espiritualidade, humanidade e sobrenaturalidade fazem parte de um mesmo pacote. De repente, temos a sensação de Jacó em Berseba: “Quão temível é este lugar! É a casa de Deus, a porta dos céus”. (Gn 28.17).
Em geral separamos os céus e terra. Jesus procurava demonstrar que a eternidade e historicidade estão se mesclando em todo tempo. A Bíblia nos mostra anjos caminhando entre os homens, comendo com os homens, entrando na prisão com os mesmos, e assim por diante. O céu não parece uma realidade tão distinta como em geral imaginamos.

4. O Monte nos capacita a enfrentar o diabo – É interessante perceber no texto bíblico, que a primeira experiência que os discípulos terão depois deste arrebatamento será um encontro com uma pessoa sendo atacada pelo diabo.
Precisamos subir ao monte, porque no vale encontraremos:
A. Disputas teológicas – quando os discípulos descem do vale com Jesus, encontram seus colegas discutindo com os religiosos. O que eles estariam falando?
B. Famílias Fragmentadas – Vemos aqui um lar sendo destruído pela ação do diabo, e os discípulos incapazes de resolver o problema. Crianças e adolescentes sendo atingidos em cheio pelo mal, pais desesperados e impotentes.
C. Manifestações demoníacas – encontraremos não apenas os rastros de destruição que ele provoca, mas teremos que confrontá-lo pessoalmente.
O monte nos capacita a lidar com esta dura e cruel realidade: Da glória para a confrontação. No monte somos ministrados para ministrarmos àqueles que sofrem nos vales.
As vezes, lidar com a dor humana é tão desesperador que temos a mesma tentação que estes três apóstolos de Jesus tiveram, de fazer tendas e não sair mais do monte. Historicamente isto já aconteceu diversas vezes. No entanto, é bom entender que Deus não chamou seus discípulos para fazer tendas no monte, mas ir ao monte e depois descer. Há o grande risco de rompimentos históricos e de uma encarnação com a historicidade quando temos que lidar com a dor de forma nua.

Conclusão:Vivemos dias de solidão existencial e espiritual, falta-nos um caminhar até o monte, onde Deus mesmo será experimentado. Nossa orfandade e dor está relacionada à perda da referência divina em nossa história. Temos sido duros, inflexíveis, perfeccionistas (tiranos) ou nos sentimos rejeitados, abandonados e desconectados (vitimas).
Nestas horas Jesus nos convida a subir ao monte, irmos de encontro com Deus.
Como está sua busca? Seu encontro com Deus?