segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mc 5.18-20 Vai para tua casa!




Introdução:

O grande chamado de Cristo não é para segui-lo a despeito da família, mas segui-lo, reintegrando-se à família e trazendo redenção à família.
Neste texto, vemos o encontro de Jesus com o endemoninhado gadareno, que depois de ter vivido anos de profunda solidão e angústia, dominado por entidades espirituais, agora se vê libertado, e por razões óbvias, quer seguir de perto a Jesus, que lhe dá outra direção dizendo: Vai para tua casa!
É interessante perceber que por muitos anos, ele já estava distanciado de sua família. Retornar à sua casa de fato não parecia ser muito interessante. Um dos grandes problemas no processo de recuperação de alcoólatras e viciados em drogas é a fase quando, depois de passarem por recuperação em casas e clinicas, agora tem que voltar para o mesmo ambiente de outrora. O problema está no sistema, que adoecido evoca no dependente, os mesmos sentimentos de outrora, levando-o novamente à queda. O problema do viciado em drogas é sistêmico, envolvendo disfuncionalidades familiares, e o recuperando precisa de apoio e ambiente para crescimento.
Retornar à família, no caso deste endemoninhado, era complicado, porque certamente sua condição de possesso já era conhecido de muitos, causando certamente muito constrangimento a si mesmo, à família e amigos. No entanto, Jesus recomenda que ele volte para sua casa e seja reintegrado à família. O encontro com Cristo move o convertido à restauração do seu ambiente e de relacionamentos quebrados.

O que fazer novamente na sua casa? Por que voltar para casa se muito provavelmente este ambiente lhe seria hostil?

  1. Jesus quer restaurar os fundamentos – As bases precisam ser reconstruídas. Existe uma grande e grava lacuna na neurose familiar, muita dor e mágoa dentro das famílias. Nelson Rodrigues chegou a afirmar que “família, na melhor das hipóteses, serve apenas para sustentar a indústria farmacêutica e dar emprego a psiquiatras”. Jesus quer tratar disto, caso contrario, não faria qualquer sentido remetê-lo novamente às suas origens.
O apóstolo Pedro afirma que fomos libertos, não por prata nem por ouro, mas pelo precioso sangue do Cordeiro, do fútil procedimento que nossos pais nos legaram. Famílias possuem etiologias complicadas, dramas e tramas que nos marcam para o resto da vida se dão no ambiente familiar. São genealogias adoecidas, condicionamentos históricos, atitudes herdadas e comunicadas de pais para filhos, que se reproduzem nos netos, e apenas o sangue de Cristo por estancar estes movimentos malignos, que se sustentam e retroalimentam num ciclo interminável de competição, disputas, ódios e amarguras, criando o ambiente propício para que aflorem todas as formas de patologias emocionais e espirituais, permitindo que verdadeiros nichos luciféricos se manifestem na nossa história, gerando este processo de “endominhamento”, cuja raiz da palavra é sugestiva, já que se refere a ninho de entidades malignas, onde ovos de áspides e cobras são chocados.

  1. Jesus deseja que a sua mensagem de libertação seja conhecida através de sua vida – Vai para tua casa!”. Aquele rapaz seria agora o “garoto propaganda” de Deus, que é aquilo que acontece com todos que são transformados pelo poder do Evangelho. Paulo afirmava que os irmãos de Coríntios, eram a carta de Deus para que o mundo pudesse lê-la e conhecer quem era Deus.  Voltar para casa tinha a ver com a proclamavao dos feitos de Deus na história dos homens.
Aquela família, em cujo ambiente o maligno encontrou tanto húmus para florescer, precisava a agora conhecer o reverso destes eventos. “Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez” (Mc 5.19). A grande verdade é que existe um grande número de lares que nada sabem de Deus, que desconhecem o que Yahweh pode fazer, mas que já se especializou nos caminhos das trevas e do diabo.
Há um relato no livro de Reis que fala da cura de um comandante sírio chamada Naamã. Uma garota fora levada cativa para ser criada desta família rica, ali vivia sem direitos, sem nome, sem liberdade, mas um dia ouviu falar da situação de saúde de seu senhor, e ao ver o sofrimento daquela família declarou: “Ah se meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra” (2 Rs 5.3). Naamã tem um encontro com Elizeu, e desta forma é restaurado. Um pequeno testemunho de uma criança, anônima e escrava num país estranho, agora é a porta de salvação e cura para aquele homem.
Ainda hoje, milhões de lares vivem sem conhecimento de Deus, sem acesso ás verdades de Deus, sem contacto com a revelação das Escrituras, sem conhecimento de Jesus. Quando uma pessoa é transformada por Deus, muitos outros, ouvindo seu testemunho também encontrarão cura e libertação.
Por esta razão Jesus o envia para sua casa. A mesma situação familiar que desencadeara todo este processo de adoecimento, seria agora confrontada pelo testemunho poderoso e vigoroso deste homem que vivia dominado por forças malignas, mas agora, pelo poder de Jesus, pode assentar-se restaurado, são e em perfeito juízo. Processos malignos se alimentam de doenças familiares, passando de pai para filho, e trazendo muito sofrimento.

  1. Jesus quer gerar admiração através da compaixão – Vá e conte o que o Senhor lhe fez, e como teve compaixão de ti” (Mc 5.20)
Uma das coisas mais perdidas em nossa devoção tem sido a admiração. Em At 2.36 lemos que em cada alma dos cristãos primitivos havia “temor”, outra tradução diz “espanto”, que é uma variável da admiração. Precisamos recuperar esta capacidade de ficarmos boquiabertos pelas coisas de Deus. Ter “assombro”, assim como se sentiu Jacó diante da revelação de Deus: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28.16). O verbo “saber”, no hebraico é “Yadah”, que é o mesmo termo usado para relacionamento sexual. A Bíblia afirma que Adão, “conheceu” Eva, idéia de encontro, e a tradução para a declaração de Jacó poderia ser “na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não penetrava”.
O testemunho da restauração de vida daquele homem passa a ser razao de admiração, trazendo louvor a Deus. Toda aquela região conhecida por “Decápolis”, por ser um conjunto de dez cidades, ouve agora, estupefata, o que aconteceu àquele rapaz e Deus é glorificado nele, já que sua restauração e libertação foram notórias.
Jesus queria que seu testemunho causasse admiração aos outros, por isto ele precisava voltar para casa, para que aqueles que o conhecessem fossem impactados pela realidade maravilhosa de Deus que nele operara.

Conclusão:
“Voltar para casa” é uma ordem de Deus a todos àqueles que se desencontraram na vida, mas que eventualmente são impactados por Deus e transformados pelo seu poder.
Famílias ainda se constituem num enorme campo missionário. Lares precisam de Deus, porque na sua maioria ainda são controlados por forcas satânicas e espíritos de demônios.
“Vai para tua casa”, para abençoar, testemunhar, para que o testemunho do amor de Deus em sua vida, cause admiração e gere transformação em muitos que ainda se encontram oprimidos pelo diabo.  Por isto precisamos ir para casa.

  1. Vai para tua casa - Porque muitas famílias ainda estão pactuadas com obras malignas e dominadas por forças demoníacas e precisam de libertação;
  2. Vai para tua casa – Precisamos ir, entendendo que nossos lares são verdadeiros campos missionários. “Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve compaixão de ti”.
  3. Vai para tua casa – Para os teus, porque Jesus ordena redobrar atenção às famílias. Aquele homem está agradecido a Deus e impressionado por Jesus e quer segui-lo no ministério itinerante, mas Jesus o faz olhar em outra direção.

No filme, advogado do diabo, um ambicioso advogado entra numa esquema que lhe traz muito dinheiro e projeção, mas que eventualmente expõe sua mulher a um processo de desintegração psíquica, e quando ele percebe como havia se tornado um joguete nas mãos do diabo ele protesta e o diabo retruca: “Eu lhe mandei voltar par sua casa, mas você não quis. Seu sucesso, conquistas, ambição dominaram sua vida. Não fui eu quem destruiu sua casa, mas sua ambição. Sua mulher precisava de você, mas você decidiu ignorar isto por causa do sucesso e fama”.
A exortação de Cristo para cada um de nós hoje é “Vai para tua casa!”.

Ap 3.1-6 Morte em Vida!




Introdução:

No ano de 1999, um estranho acidente de avião abalou os Estados Unidos. Payne Stewart, campeão de golfe, homem respeitado, famoso e rico saiu de Orlando no seu jatinho particular para o centro do país. No vôo, o avião se desgovernou, indo cair no estado de Wisconsin. O acidente surpreendeu porque não houve nenhum alarde, nenhuma comunicação entre a torre e o piloto, nenhum registro negativo na caixa preta. Provavelmente um problema no sistema elétrico do avião causou a despressurização e seus passageiros morreram sem perceber. Antes do avião cair, vendo que eles estavam indo a uma direção não prevista no plano de vôo, e incapazes de se comunicar com o piloto, dois aviões da Força aérea americana foram designados para ver o que de errado estava acontecendo com aquele vôo, já que não havia resposta. Eles perceberam que o avião estava com os vidros embaçados, sinal de que alguma coisa errada acontecera dentro dele, no entanto, com o piloto automático, o avião voou até acabar o combustível. Antes do avião cair, porém, seus passageiros já tinham morrido por falta de ar. O avião continuava voando, mas não havia mais vida dentro dele.
Apesar da tragédia do acontecimento, esta é uma boa ilustração desta Igreja de Sardes. Ela tinha aparência de quem estava viva, continuava suas atividades litúrgicas, seus programas de culto, e até pensava que estava viva, mas o veredicto do Senhor Jesus é: “tens nome de que vives, e estás morto!”. Aquela igreja parecia viva, mas sua vida era aparente, na verdade ela estava morta interiormente. Ela pensava estar fazendo aquilo para o qual for a designada, mas, fazia uma falsa análise de si mesma. Era morta, mas pensava estar viva!
Qual é a base que Deus usa para avaliar esta igreja? Qual é a regra que ele usa para medi-la? Isto não sabemos, mas o seu veredicto é: Tens nome, mas estás morta!

Uma questão imediata veio a minha mente? Quando a igreja parece estar viva, mas está morta?

1.    Morte é, melhor definida, pela ausência de vida. Sabemos que alguém está morto, quando já não emite sinais de vida. Quais são os sinais mais óbvios: Ausência de batimentos cardíacos, temperatura do corpo, Ausência de respiração, do fôlego da vida, e embaçamento dos olhos (apatia). A pessoa é declarada morta, quando ela não apresenta sinais de vida.
Como discernir entre a igreja viva da igreja morta?  Calvino definia a igreja verdadeira pelos seguintes pontos:
i.      Pregação correta da Palavra de Deus;
ii.    Correta aplicação da disciplina;
iii.  Correta ministração dos sacramentos,
Quais são os critérios que Deus usa para avaliar sua igreja?  Para diagnosticar o nível espiritual de sua própria comunidade, de seu corpo?

2.    Muitas vezes definimos a vida da igreja pela estrutura da igreja, pelo poder da igreja, pelo dinheiro da igreja, pela capacidade administrativa da igreja. Sardes era uma cidade respeitável. Tinha sido capital do reino da Lídia (Séc. VI a.C.), e, posteriormente, um centro do governo persa. Nos dias de João, a cidade já se tornara pouco relevante. A sua localização, junto a um importante entroncamento de estradas, dinamizava a sua indústria e comércio de lã e tinturaria. A vida social de Sardes era acentuadamente luxuosa, dissoluta e secularizada. Seus habitantes eram orgulhosos, arrogantes, demasiadamente confiantes. Ao contrário de Tiatira, era uma igreja, provavelmente, com grande poder financeiro.
O problema desta igreja era a aparência. O que ela apresentava não correspondia à realidade. Apenas tinha nome! Estava praticamente morta (vv.1,2). Esta igreja é o retrato de muitas outras hoje que causam ótima impressão, mas cuja realidade espiritual é péssima. Tinha boa reputação, mas diante de Deus estava morta. Sardes era uma igreja tranqüila, não enfrentava os conflitos que Pérgamo e Tiatira enfrentavam, não era molestada nem pelos judeus nem pelos gentios, gozava uma aparente paz. “Paz de cemitério”[1]
O que se faz com o morto?  Morto precisa ser ressuscitado. Isto só acontece com avivamento espiritual. Um derramamento poderoso do Espírito Santo, uma nova consagração e intensidade de busca. Ellul chama a atenção para o fato de que apesar da morte certa, ela é ainda uma igreja… apesar de sua morte, há ainda uma realidade da Igreja que pode reviver.

Os imperativos da Igreja de Cristo: A Igreja tem quatro decisões a tomar, quatro compromissos a assumir de acordo com Jesus.

1.    Sê vigilante! – (Ap 3.2) Vigilância num contexto de morte é advertência. Traz a idéia de que as coisas estavam sendo feitas sem muito cuidado, sem muita atenção. Existem inimigos ao redor, existem setas apontadas contra a igreja. Ela precisa ser atenta, estar mais alerta, deixar de ser displicente e preguiçosa. Vigilância espiritual é fundamental. Muitos perdem sua vida porque se descuidam dos perigos e das ameaças que existem ao redor. A advertência de Jesus é séria quanto à falta de vigilância. “Se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti”. (Ap 3.3). Gente descuidada é sempre surpreendida. Ora pelo diabo, ora pelo Senhor!
Orar e vigiar são ordens rigorosas para a espera do Senhor. Estamos no fim dos tempos, e vigilância é essencial.
Assim como o relâmpago sai do Ocidente e se mostra no Oriente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem”. “Num instante, num abrir e fechar de olhos, a trombeta há de ressoar nos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, e depois nós os vivos, os que ficarmos, seremos juntamente arrebatados com ele, e estaremos para sempre com o Senhor”. Não dá para relaxar.
“Guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa!”. “Se não velares, virei a ti como ladrão, e não sabes em que hora venho a ti”.  Mt 24.43, 44
Esta igreja não tem ataque nem de fora nem de dentro. Não sofre nem por heresias, nem por perseguições externas. O problema desta igreja é sua preguiça, sua indisposição. Quando uma igreja perde a sua força vital, passa não ser nem sequer digna de ataque. Uma igreja viva está sempre sendo atacada. Uma igreja viva sempre gera reações de oposição.
“Sê vigilante! Nenhum mandamento aparece tão freqüentemente no Novo Testamento que o mandamento de estar alerta”.[2] É tempo de acordarmos do sono. Rm. 13:11 Existe um ditado que diz: “Eterna vigilância é o preço da liberdade!” Neste caso, eterna vigilância é o preço da salvação. A Bíblia nos adverte a sermos vigilantes contra:
i.      O diabo - I Pd. 5:8 “Sê vigilante, o diabo vosso adversário, rugindo como leão, procurando alguém para devorar!”. Existem sempre forças satânicas tentando seduzir a igreja de sua lealdade a Cristo.
ii.    As tentações - “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O Espírito na verdade é forte, mas a carne é fraca!” Mt. 26:41 Tentação aguarda o momento em que nos descuidamos para nos atingir. Um momento de paixão acontece quando relaxamos a dependência. Um tempo de grande autoconfiança pode redundar em ruína. Vida cristã deve ser sempre uma incessante vigilância contra tentação.
iii.  A vinda de nosso Senhor - Várias vezes a Bíblia repete para estarmos atentos quanto à volta do Senhor. “Vigiai, portanto, porque não sabeis a hora que o Senhor vem”. (Mt. 24:42) “Assim, pois, não durmamos, como os demais!”.  (I Ts. 5:6)  Nenhum homem sabe o dia nem a hora em que a eternidade invadirá o tempo para si. Agostinho disse: “O último dia é secreto, portanto, todo homem deve ser vigilante!”. O homem deve viver todo dia como se este fosse o último dia de sua vida!”.

2.    Consolida o resto que estava para morrer – (Ap 3.2) Não deixe que a chama que ainda fumega seja apagada. A ordem aqui é preservar o calor, preservar a graça, preservar e consolidar. A preservação implica em avançar, porque consolidar alguma coisa traz em si mesmo a idéia de avanço. O Reino de Deus não pode ser detido. E a ordem de Jesus à Igreja é para que a obra seja consolidada. Existe muita coisa ainda para ser feita, não dá para parar agora. Consolidar aqui também traz a idéia de corrigir os rumos: “Porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença de meu Deus”.

Lembra-te do que tens recebido e ouvido (Ap 3.3) Aqui vale a pensa salientar a importância da memória. As experiências significativas e intervenções de Deus na história precisam sempre estar se lembrando disto, trazendo isto à memória. “Quero trazer a memória o que pode me dar esperança… As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias se renovam a cada manhã”. (Lm 3.22-23) O momento de nossa conversão, uma experiência de revestimento espiritual, uma luta espiritual na qual vimos a intervenção de Deus, situações catastróficas que Deus mudou drasticamente em nossas vidas. Tudo isto precisa ser lembrado, arquivado e evocado em nossa memória Lembra-te! A nossa lembrança é o nosso passado atualizado.

4.    Arrepende-te – (Ap 3.3)  A mudança de direção. Alguma coisa está errada na rota da igreja, no rumo que ela vem assumindo, alguma coisa precisa mudar. Deus precisa restaurar sua igreja; Curiosamente existem aqui no texto, dois elementos complementares. De um lado o Senhor revela a sua igreja morta, condena e exorta. De outro ordena que seja vigilante. Que volte a viver! “O tema desta carta é: Tu estás morto, volta a vida…”[3] Neste caso, o imperativo no grego é um aoristo, que descreve uma ação definida. Na vida cristã deve existir um momento decisivo quando um homem resolve abandonar o velho caminho e iniciar uma nova jornada. Quando ele muda sua rota de vida e volta-se para Cristo. Toda pessoa deve se lembrar que o cristianismo não admite procrastinação, não se pode adiar uma decisão que deve ser feita agora.


Conclusão:
O que pode sustentar uma igreja diante de situações como estas?  “Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas”. (ap 3.4) A Igreja continua firme por estes “poucos”. Há nesta igreja um grupo de alguns homens, fiéis, como havia sempre, mesmo nas piores crises, um resto em Israel, e  a partir deste resto, tudo pode ser reconstruído, fortificado, edificado. “[4] Gente que no meio do comodismo continua inquieta, no meio da apatia continua vigilante, no meio da aparente morte, está repleta de vida. É gente que “não contaminou as suas vestiduras”.  3:4
Deus está procurando pacientemente estes poucos fiéis, e seus olhos estão colocados sobre eles. “Tenho em Israel sete mil que não se curvaram diante de Baal”. Deus disse a Elias quando ele estava desanimado. É sobre este grupo que Deus coloca toda sua experiência de que a igreja seja sustentada e mantida.

Três promessas para aqueles poucos que se mantém fiel:

1.    Serão vestidos de roupas brancas – (Ap 3.5) No VT os sacerdotes tinham que se apresentar diante de Deus com roupas limpas. Na parábola das festas de casamento, um homem foi encontrado com vestiduras sujas e foi jogado fora, impedido de participar das festividades por causa de roupas inapropriadas. Apocalipse fala muito destas vestes (Ap19.8). No mundo antigo, as roupas eram usadas para festas importantes e para celebrações de vitória. No dia em que os romanos celebravam uma vitória sobre outro povo, a cidade inteira se vestia de branco e a cidade era chamada de urbs candida que significa, a cidade de branco. Branca era a cor daqueles que obtinham vitória.

2.    Seus nomes serão mantidos no livro da Vida - (Ap 3.5) Desde Moisés este conceito sobre o livro da vida é expresso. Gn 32.32,33. Daniel fala que no juízo final todos aqueles que forem achados escritos no livro da vida serão salvos. Dn 12.1 e Apocalipse revelam que aqueles que não forem achados escritos no livro da vida serão lançados fora, no lago de fogo. (Ap 20.15)  Somente aqueles que forem achados escritos no livro da vida do Cordeiro poderão entrar na Nova Jerusalém (Ap 21.27).

3.    Jesus confessará seus nomes diante do Pai e de seus anjos - (Ap 3.5) Esta foi uma promessa dada por Jesus aos seus discípulos, que se alguém o confessasse diante dos homens, também Jesus os confessaria diante do Pai (Mt 10.32)  Neste caso, Jesus revela que cristianismo autêntico implica em confissão pública. Não existe cristão “agente secreto”. Não pode existir seguidor velado de Cristo. Vida cristã tem que ser assumida publicamente tem que ser escancarada.

Apesar de todas estas promessas Jesus faz uma afirmação séria: Estas coisas são para quem tem ouvidos! 3:6 “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”.  Você tem ouvidos para ouvir, ou seus ouvidos estão prestando atenção em outras coisas? Existe sensibilidade nos seus ouvidos para pensar, refletir e guardar o que o Espírito tem dito às igrejas?


[1] . Hendriksen, W., - Mas que vencedores, Grand Rapids, Michigan, 1975, pg. 83
[2] . Barclay, W., The revelation of John., Saint Andrew Press, Edinburgh, 2a. Impressão, 1962
[3]   Ellul, Jacques - Apocalipse: Arquitetura em movimento, S. Paulo, ed. Paulinas, 1979, pg. 151
[4] . Idem pg. 148,149

At 2.22-41 A Singularidade de Cristo






Introdução:

A pessoa de Cristo tem desafiado mentes e corações durante séculos. O que havia de especial neste homem? Qual é o seu diferencial em relação aos demais? Por que ele desperta tantas paixões e tantas oposições? Quem, afinal, era este Jesus de Nazaré? Esta é a grande questão que Ravi Zacharias suscita em seu livro: “God among gods”, ele que cresceu na Índia, numa cultura religiosa sincrética, na qual vários elementos religiosos de diversos matizes se juntam e convivem lado a lado. Quem afinal é este Jesus?
Apesar das tentativas do neo-modernismo, que tenta transformar todos os deuses em iguais, como vimos no filme As Aventuras de Pi, e como também gregos e romanos descreviam seu panteão sagrado, a pessoa de Cristo exige uma resposta diferenciada e singular.
Romanes no seu clássico Thoughts on Religion, afirmou: “Se apreciamos a grandeza de um homem pela influência que tenha exercido sobre a humanidade, não pode haver dúvidas, mesmo sob o ponto de vista secular que Jesus é o maior homem que jamais viveu”. Mas atribui-se a Napoleão Bonaparte uma das declarações mais estrondosas sobre Jesus: “Jesus Cristo foi mais que um homem. Alexandre, César, Carlos Magno e eu, fundamos grandes impérios, porém, de que dependeu a fundação deles? Da força!  Só Jesus fundou o Império sobre o amor, e até mesmo no dia de hoje, milhões estariam prontos a morrer por ele”.
Parece ser exatamente esta pergunta que Pedro tenta responder aos judeus, no seu Sermão do Pentecoste, quando ele tenta apontar as singularidades de Cristo. Em que ele diferenciava dos outros homens. Pedro então faz algumas afirmações importantes:

  1. Viveu como nenhum outro viveu – Esta parece ser a ênfase de seu sermão. Ele estava demonstrando que Jesus tinha vivido de forma diferente dos demais homens. "Israelitas, ouçam estas palavras: Jesus de Nazaré foi aprovado por Deus diante de vocês por meio de milagres, maravilhas e sinais, que Deus fez entre vocês por intermédio dele, como vocês mesmos sabem” (At 2.22). sua vida foi marcada por sinais e prodigios. Os discípulos eram constantemente surpreendidos por eventos. “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem”. Os soldados se surpreendem quando recebem ordem de buscar a Jesus e comecam a ouvir o que ele fala e retornam seu o “mandato de prisão” afirmando: “Ninguém jamais falou como este homem?”.
Seu discurso e sua palavra era carregada de significado. Falava “como quem tem autoridade”. O autor aos hebreus afirma que ele foi tentado em todas as coisas, mas permaneceu fiel. O autor de Atos sintetiza sua vida “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele (At 10.38).
Havia em Cristo uma absoluta coerência entre o que ele era e o que falava. Paulo o descreve como “a medida da varonilidade”. Ele é o homem perfeito, que Deus queria que fossemos. Sua singularidade está apresente em toda sua jornada e em todas as respostas e gestos que ele declara ou faz.

  1. Morreu como nenhum outro morreu – Sendo entregue pelo determinado designio e presciência de Deus” (At 2.23).
Sua morte, fazia parte de um projeto de Deus. Jesus tenta explicar isto aos seus discípulos, que não conseguiam entender do que ele falava (Mt 16.21). sua morte era um contrasenso, afinal o melhor dos homens é colocado numa cruz. Seu julgamento, uma farsa. Tendo sido absolvido por Pilatos, que tinha o poder de condená-lo ou não, o faz apenas por questões políticas, e para agradar a população que pede sua morte.
Jesus morre por aquilo que ele era: Declarou que era Deus, mas sua sentença não é judaica, mas romana, já que foi crucificado e não apedrejado.

  1. Ressuscitou como nenhum outro – A este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor” (At 2.24).
Todas as visitas que religiosos do mundo inteiro fazem aos sepulcros de seus líderes, eles sabem que seus restos mortais se encontram ali. Jesus, no entanto, tem o seu túmulo vazio. “Ele não está mais aqui, ressuscitou como havia dito” (Mc 16.6). Nem seus discípulos acreditam inicialmente, mas depois se tornam suas testemunhas:
    1. At 2.32: “Somos testemunhas”
    2. At 3.15: “Somos testemunhas”
    3. At 4.13,16: “Não podemos deixar de anunciar aquilo que temos visto”.
    4. At 2.24: “Ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte”.
Davi morreu e viu corrupção (At 2.29), no entanto, o mesmo Davi havia profetizado a respeito de Cristo: “Pois não permitirás que teu santo veja corrupção”.

  1. Exerce autoridade como nenhum outro – Esteja absolutamente certa, toda a casa de Israel , de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36).
  1. Ele tem autoridade sobre a morte – Paulo chega a ironizar a morte: “Onde está, ó morte, o seu aguilhâo? (1 Co 15.55).
  2. Ele tem autoridade sobre principados – “...e, despojando principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Col 2.15).  
  3. Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés (1 Co 15.57)
  4. Assentou-se à destra de Deus (At 15.33)
  5. Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36; Fp 2.8-11)
  6. Ele tem poder para salvar – “E não há salvacao em nenhum outro nome, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
  7. Há de julgar o mundo – “Estabelece os dias em que há de julgar vivos e mortos” (At 16.30-31).

Conclusão: Que faremos irmãos?

Diante destas evidências, surgem quatro grupos com diferentes respostas ao discurso de Pedro.
Neste texto vemos quatro grupos distintos. Ainda hoje estes mesmos grupos estão presentes quando falamos de uma resposta às coisas sagradas.

  1. Grupo Metodológico  – (At 2.8)  -  “Como pode ser isto ?”(At 2.8) É o grupo preocupado com o funcionamento, métodos, meios, e o mecanismo do pentecoste, do que com o pentecoste em si mesmo. A pergunta deste grupo é "como os ouvimos falar cada um em nossa própria língua materna” (At 1.8). Querem conhecer  a  engrenagem das ações de Deus, talvez por curiosidade.
Na cura do cego de nascença vemos este grupo presente: “Que te fez ele? Como  se abriram teus olhos?” (Jo 9.26). Eles não estão interessados por Jesus, mas querem saber o método. Querem encontrar o mecanismo de causa e efeito do evento.
O grupo da metodologia indaga duas vezes:
Como os ouvimos falar, cada um, em nossa língua materna?” (At 2.8)
Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas?”(At 2.11).

  1. Grupo filosófico – (At 2.8) –"O que quer isto dizer?”. Preocupação epistemológica. Querem interpretar o fato, o fenômeno em si, a essência e o significado do evento.
São pessoas especializadas em descobrir o “porque”, o significado filosófico último de uma experiência ou de um fato. Querem entender de forma epistemológica ou fenomenológica, a finalidade da graça sobrenatural. Entender a essência do fenômeno, estudar suas implicações temporais, seu conteúdo, mas nunca se deixam confrontar com o  poder do cristianismo mais puro e simples anunciado por Jesus, que se revela na experiência com o Espírito Santo de Deus.
É o grupo filosófico diante do evento do sagrado. É o grupo que quer analisar as experiências, que facilmente se tornam críticos da Bíblia, da Igreja, mas não se impressionam com aquilo que Deus está fazendo. Querem apenas saber o que é isto, ou “O que quer isto dizer?”.

  1. Grupo cínico – (At 2.13). Estão embriagados” (At 2.13) São pessoas que zombam das coisas sagradas. Fé e compromisso cristãos são interpretados como fanatismo, psicológicos ou místicos. Assim como temos a tendência de rirmos de uma bêbado que tropeça no meio da rio, tais pessoas riem de qualquer coisa que pareça espiritual. É um grupo que só avalia o que vê em termos de zombaria. Vê, mas desprestigia. 
Ao verem Jesus expelir demônios: "Ele expele demônios por Belzebú",  e Jesus responde: “Uma casa não pode subsistir se estiver dividida contra si". Festo ao ser confrontado com a verdade do discurso de Paulo, ridiculariza suas palavras: "As muitas letras te fazem delirar" (At 26.24). Diante do sobrenatural resolve fazer brincadeira, que ao ser confrontado zomba das coisas de Deus, que considera lixo aquilo que é precioso, despreza as verdades de Deus, e minimiza o amor de Cristo trazendo sobre si mesmos, severo julgamento.

  1. Grupo do quebrantamento –At 2.37: "Que faremos irmãos?"
É o grupo que se sente impactado com a ação do Espírito, e se abre para as mudanças que Deus deseja fazer. É o grupo que se deixa tocar pelo Espírito de Deus, se vê confrontado e vai em direção a Deus. Estas pessoas se aproximam de Deus, porque consideram fundamental o encontro, porque identificam nas manifestações sobrenaturais alguma coisa sublime, e não querem perder a benção. Este grupo é percebido no texto por causa de suas reações de "perplexidade" (2.6); e por ficarem "atônitos" diante do que experimentam (2.7).
São pessoas que, embora não tenha toda compreensão do que acontece, e nem consigam explicar se vêem diante do Sagrado e se quebranta.

Pedro dá três respostas diretas a este grupo interessado nas verdades de Deus:
  1. Arrependei-vos. É necessário mudança de mente e de trajeto de vida. Deus permite retorno (At 3.19-20). “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
  2. Batismo – Assumir publicamente sua fé. Enfrentar a realidade e declarar sem medo de ser execrado, ridicularizado ou zombado. Batismo é um sinal externo de algo que está acontecendo internamente. É pagar o preço de crer. Fé que não se assume, que não paga o preço, não é uma fé válida.
  3. Receber o dom do Espírito – Quando você recebe a Jesus no seu coração, o Espírito o dirige. Ele nos batiza com o Espírito Santo. Por isto o texto nos mostra este derramamento de Deus sobre nossas vidas.

"Que faremos irmãos?"

Esta é a pergunta que interessa. Esta é a resposta que precisamos dar a Deus. Este é o ponto de convergência para os prodigiosos sinais de Deus.
Que resposta você vai dar hoje?

Gn 13.1.13 Como tomar decisões?





Introdução:

Existe uma famosa estrada no Canadá, conhecida por ter poucas saídas e retornos. Numa determinada altura existe a seguinte placa: “Cuidado com a estrada que você vai tomar, você vai estar nela por mais de 60 Km”.
Todos nós temos que tomar decisões diárias em nossas vidas. Muitas destas decisões tem pouca implicação para a vida, porque se tratam de decisões cotidianas, sem maior impacto no futuro: “Que tipo de roupa vou usar?”, “Em qual restaurante vou comer?”, “Qual comida vou preparar hoje?” Todas estas decisões são meramente circunstanciais. Ouvi certa vez de um estudante de teologia que veio estudar na América do interior da África, e quando retornou lhe perguntaram sobre algumas de sua dificuldades em outro país e ele respondeu que era complicado “comprar batatas fritas” pela quantidade de opções que encontrava.
Certa vez fui comprar um óculo de graus e ao me deparar com o primeiro modelo decidi adquiri-lo, apesar da insistência do vendedor que queria me mostrar outros estilos. Cheguei à conclusão de que, qualquer outro óculos que olhasse a partir de então, só me causaria confusão. Gostei e comprei o primeiro que vi, sem querer olhar qualquer outro.
Contudo, temos muitas sérias decisões a tomar em nossa vida, e algumas delas são extremamente difíceis e com seriíssimas implicacoes.
                Com quem vou me casar?
                Quantos filhos teremos?
                Onde devo morar?
                Vou seguir a Cristo ou não (esta tem implicação eterna).
                Que profissão seguir?
As quantidades de decisões e opções são quase infinitas, e estas decisões são marcadas por algumas realidades:

1.   Toda decisão é traumática - Você não pode ter o melhor dos dois mundos. Toda decisão é uma “de-cisão”, implica em rupturas e cisões. Decisões às vezes são tão duras que alguns dizem: “Eu não vou decidir”. Só que ao dizer isto, já estão tomando a decisão “de não decidir”. O texto lido nos revela a experiência de Ló e Abraão diante da necessidade da tomada de uma decisão. Parentes e amigos com longo tempo de caminhada juntos, que compartilharam tristezas e desafios, leais um para o outro, mas que agora precisam se separar. A causa era positiva: ambos enriqueceram…Eles tinham de decidir entre o bom e o ótimo, que muitas vezes é mais difícil que entre o bem e o mal.

2.   Decisão é algo necessário: Decidir é direcionar a vida para algo que você deseja ou precisa. É não deixar que as coisas aconteçam sem objetivo, é planejar, sonhar, construir o futuro. Às vezes dizemos: “Vou deixar nas mãos do Senhor” (frase algumas vezes preguiçosa). No caso de Ló e Abraão, a separação era necessária, para preservar a amizade deles, e para que pudessem expandir seus negócios. Muitas vezes temos que decidir, e isto pode significar dor, expectativas não realizadas, etc. mas se você não sabe onde quer chegar, pode estar certo de que você não vai chegar a lugar algum.

3.   Nossas decisões afetam outros: Temos a tendência de achar que nossas decisões só tem a ver conosco, mas na maioria das vezes, elas atingem muitas outras pessoas. Pessoas relativistas, narcisistas e egoístas, que não consideram outros na sua história, ferem demais familiares e amigos. Quase nunca tomamos decisões apenas para nós mesmos. Em geral, sua família seus filhos, amigos e igreja são afetados, negativa ou positivamente por sua decisão. Você não é uma ilha…Um aspecto que muitos ignoram é que as decisões de hoje, tem implicações nos filhos e netos. Muitos recebem maravilhosos legados, heranças e doações, pela prudente atitude dos pais e avós. A Bíblia diz que “o homem de bens deixa herança para os filhos dos filhos” (Pv 13.22)

4.   Quem não toma decisão, deixa que os outros decidam por eles: Nestes casos, pessoas fortes do seu convívio, passam a tomar as decisões, George MacDonald afirma: “Tempo não planejado perde-se sobre a influência de pessoas de influência em meu universo de relações”. Pessoas fortes entram no seu mundo e fazem sua agenda e prioridades para elas. Earl Nightingale: “No momento que decidimos não tomar certas decisões, automaticamente nos colocamos nas mãos das circunstâncias.”

5.   Sua decisão determina seu futuro: Poucos param para você sobre isto. Uma decisão é como um pacote, você pode decidir o que quiser, mas não pode alterar as conseqüências da decisão que você tomou. J. Paul Sartre diz: “Eu sou a minha decisão”. A verdade é que você pode decidir sobre sua vida, mas não posso decidir sobre as conseqüências que tais decisões trarão. Decisões em si mesmas já trazem consigo as conseqüências. Você pode decidir continuar comendo a gordura da picanha, mas não pode impedir seus efeitos no colesterol... Uma mudança altera radicalmente sua história de vida e representa uma alteração profunda nos planos futuros.

Como tomar decisões:

Neste texto encontramos alguns elementos importantes sobre os critérios de seleção de Ló, e as conseqüências destas decisões. Isto nos traz algumas lições:

(1) - Não tome decisões apenas pelo que seus olhos enxergam – O texto diz:“Levantou Ló os olhos” (13..10). Sua decisão foi imediata. Ló, porém, não considerou as coisas mais sérias contidas na sua decisão e não processou as conseqüências mais profundas de sua atitude. Há muitos impressionados com imagem, performance, beleza, sem considerar o interior e os aspectos que não são perceptíveis aos olhos. Tomam decisões sem considerar as implicações mais profundas. Tomam decisões apenas com base emocional, mas o fato é que “Nem tudo que reluz é ouro”.

(2) Não tome decisões apenas por razões econômicas: Ló viu as pastagens, “como o jardim do Senhor” (Gn 13.10). Muitos tomam decisões apenas pelo salário imediato, pelas ofertas do mercado, pela possibilidade de rápida ascensão e ganho fácil, mas não consideram outras possibilidades de ganhos ou perdas espirituais, morais, e até mesmo financeiros. Precisamos considerar os ganhos da alma. “Melhor é pouco havendo paz, que a abundância e com ela a guerra”. Ló vê as boas terras, as boas oportunidades, as chances de prosperidade. Finanças muitas vezes tem se tornado o único critério de decisão do homem moderno, no entanto, este critério não é o mais sábio e cristão. Precisamos encontrar fatores motivacionais mais significativos.

(3) Considere sua família no projeto de sua decisão – Quando estamos diante de decisões e propostas recebidas, nem sempre paramos para pensar o que isto significa para os filhos, esposa, amigos e para a alma. Ló leva suas filhas para um antro, uma sociedade corrompida e que despreza os valores humanos e eternos. “Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor” (Gn 13.13). A consequência de sua decisão trouxe profundo impacto sobre sua família. Anos depois, influenciadas por aquela cultura demoníaca, suas filhas tomam decisões absurdas e se engravidam do próprio pai (Gn 19.30-38), e sua esposa não suporta a ruptura com a sociedade, e tem um surto fatal, tornando-se uma estátua de sal (Gn 19.26).   Toda sua família é afetada pela sua decisão tomada no passado. Precisamos sempre refletir no fato de que família é o grande projeto de sua vida, não o seu dinheiro. Por isto, antes de tomar qualquer decisão pergunte: Quais efeitos tal decisão trará sobre minha vida e família? Isto será bom para minha esposa e filhos?  Determinadas decisões expõem a família a constrangimentos e os levam à morte moral e espiritual.

(4) Considere Deus nas suas decisões- Ló ignorou por completa o que aquela cidade representava para Deus (Gn 13.13). Nunca podemos esquecer que o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. Muitas decisões não são tomadas tendo Deus como parâmetro, nem refletimos sobre sua vontade e nem pedimos sua orientação e o resultado é a destruição de nossa alma e de nossas vidas.
No filme, o Advogado do diabo, o jovem profissional destrói completamente sua casa, e o sofrimento de sua mulher é tão grande que ela se suicida. Quando Satanás é inquirido, ele zomba do rapaz e diz: “Eu não disse para você cuidar de sua família? No entanto, você estava fascinado demais com a reputação, fama, sucesso e dinheiro” Por isto, antes de tomar uma decisão pergunte:
Þ   Vou glorificar a Deus com esta minha decisão?
Þ   É isto que Deus espera de mim?
Þ   Deus está comigo nesta decisão?
Já vi pessoas dizendo: Ah, não vou orar porque já seu o resultado, eu sei que Deus não quer que eu vá para esta direção… a pergunta que fica é por que insistimos em caminhar por estradas que Deus não quer que caminhemos?

Cinco pistas importantes:
Diante de decisões pessoais, estabeleço cinco pistas práticas para minha vida:

1.   Oro a Deus buscando discernimento – A Bíblia diz: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tg 1.5). A realidade é que sempre precisamos de sabedoria de Deus para tomar decisões maduras, porque na maioria das vezes não conseguimos enxergar um palmo adiante do nariz, nada sabemos sobre o futuro. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”. Deus sabe o que é melhor para nossa vida, e só a oração submissa, e a graça de Deus podem nos livrar de equívocos, e incoerências que nos custarão caro, Deus nos livra do mal e conduz os nossos passos na direção que ele mesmo planejou para nós, ele nos exorta, dirige e ensina, ele abre nossa visão, e nos fala. Tempo de decisão é tempo de jejum e oração, tempo de silêncio e espera, até ver que direção o Senhor dará.

2.   Abro as Escrituras em busca de resposta - Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, podemos esperar que ele pode nos orientar por meio dela. Se estamos orando, tentando entender o caminho que devemos andar, devemos também abrir a palavra, com ansiosa expectativa, para ver como ele vai nos dirigir.
Certa ocasião estava orando por uma profunda e radical decisão de mudança em minha vida. Foi um período de muita busca, ansiedade, insegurança e medo, e no meio de minha confusão, buscando a orientação de Deus através da oração e da palavra, me deparei com o texto de Êxodo 33:12-14, quando Deus diz a Moisés: “A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso”. Ao ler este texto, não tive mais dúvidas, e meu coração encontrou a paz necessária para a decisão que deveria ser tomada.

3.   Busco conselho de pessoas-chaves. Se estou orando e lendo a palavra, devemos também compartilhar com pessoas de nosso círculo de amizade em quem percebemos sabedoria e maturidade, para que elas nos ajudem a discernir a vontade de Deus. A Bíblia afirma que “na multidão de conselheiros há sabedoria”. Portanto, ouvir pessoas respeitadas e tementes a Deus, ajuda-nos, em muito, a seguir na estrada correta.
Agora, preste atenção: Não devemos buscar conselho de pessoas que não amam ao Senhor, nem buscar gente fracassada para nos dar conselhos. Se é na área familiar, devemos conversar com aqueles cujo casamento é estável. Vejo muitas pessoas em crises relacionais, buscando conselho de pessoas que também estão estouradas nesta área. O que podemos esperar deste tipo e conselheiro?
Se a decisão que precisamos tomar é na área financeira, devemos buscar sabedoria de quem administra seus bens com prudência e equilíbrio, não de alguém que está quebrando financeiramente. Por isto precisamos de gente de bom senso e sábia, que Deus sempre coloca no nosso caminho.

4.   Observo as circunstâncias- Outro critério que precisamos adotar é de analisar se é a hora certa. Muitas oportunidades se abrem em nossas vidas, e eventualmente são para o melhor, mas nem sempre a hora é mais apropriada. Portanto, “quando Deus fecha as portas, não entre pela janela” (P.T Coleman), porque na verdade, “portas que se fecham são iguais as que se abrem, se abertas ou fechadas por Deus” (Josué Rodrigues).  Muitas vezes estamos num processo de decisão, e as portas começam a se fechar. Nestas horas, não se desespere, não vá com portas fechadas…Se Deus quer, ele abrirá portas e lhe mostrará a direção que você deve seguir.
Algumas perguntas nos orientam nestas horas:
Þ   Existe um clima emocional propício?
Þ   Estou no melhor momento para esta mudança?
Þ   Estou pessoalmente preparado para aceitar este desafio?
Þ   Estou disposto a pagar o preço?
Þ   Estou convencido que é a vontade de Deus?

5.   Presto atenção ao meu coração- Não despreza nunca o critério da paz. Em Col 3.15 lemos: “Seja a paz de Cristo, o árbitro em vossos corações”. Árbitro é aquele que julga, é o juiz nos lances controvertidos. Se estamos orando, lendo a palavra, ouvindo pessoas que respeitamos, avaliando os dados e as circunstâncias que temos diante de nós, precisamos de um último e importante aspecto: Deus precisa testificar aos nossos corações. Sem paz não dá para seguir adiante. Portanto, espere que a paz de Cristo venha e julgue. Não decida de forma intranqüila, nem com ansiedade e angústia. A paz é uma excelente companhia.

Conclusão:
Duas decisões, contudo, devem ser referencia para nossa vida:

1. A grande escolha -

Qualquer decisão que você tomar para esta vida, deve ser feita com prudência e cuidado, por causa das implicações que ela traz sobre sua vida e sobre sua geração. Existe, porém, uma decisão que é a grande escolha, porque ela tem implicações eternas, tem a ver com sua salvação, sua eternidade.
Certa vez Jesus afirmou: “Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mt 7.13,14). Nem sempre a melhor decisão é a mais fácil. Jesus é a jóia de grande valor e a vida eterna é a melhor escolha que você pode fazer. Portanto, decida seguir a Jesus, abra seu coração para recebê-lo em sua vida e receber o dom da vida eterna.
O profeta Elias teve que lidar com pessoas muito relutantes em seguir a Deus. Num momento decisivo de seu ministério, fez a seguinte declaração: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos: Se o Senhor é Deus, segui-o, se é Baal, segui-o. Porém o povo nada respondeu” (1 Rs 18.21). É interessante notar que “o povo nada respondeu”. Aquelas pessoas continuaram indecisas, e não assumiram uma posição espiritual em suas vidas. Este é um grave risco que podemos correr...
Noutro momento da história do povo de Deus, Josué afirmou: “Escolhei hoje a quem sirvais. Se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais: Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).
Jesus ensinou aos seus discípulos: "O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. "O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou" (Mt 13.44-46). . 
Optar pelo reino de Deus, é o melhor investimento de nossa vida, e isto nunca trará qualquer confusão para nossa vida.

2. A decisão de uma vida séria e comprometida com Deus – Neste caso, é outra grande decisão, de não querer pecar contra o Senhor, de não viver uma vida cristã pela metade, de assumir um compromisso de seriedade com as coisas de Deus. Por isto precisamos nos render a Deus e orar cotidianamente: “Livra-me, oh Deus, de pecar contra tua santidade, dá-me um desejo profundo de querer honrá-lo, glorificá-lo e agradá-lo em minha vida”. Esta é a decisão de não pecar contra Deus, de querer exaltá-lo em nossas vidas.
Quando Daniel foi levado cativo pelo rei da Babilônia, ele viveu dias muito pesados, já que seu país havia sido invadido e saqueado pelos invasores. Longe de sua terra, família, amigos, do templo, ele tinha todas as razões para nunca mais desejar viver, no entanto, o que a bíblia diz é que “Daniel resolveu, firmemente, não se contaminar com o vinho do rei e nem com seus manjares” (Dn 1.8). O que percebemos é que ele “decidiu” fazer isto. Esta é uma grande decisão que também devemos e podemos tomar.

Que Deus nos ajude!