domingo, 22 de janeiro de 2017

1 Pe 4.1-7 Paixões




Introdução:

O apóstolo Pedro estava muito preocupado com a igreja que ele pastoreava. Ela era perseguida por causa de Jesus, mas além da pressão espiritual, havia outro aspecto igualmente difícil: A decadência moral da sociedade e a pressão que esta cultura impunha sobre aqueles que se convertiam.
Nós sempre pensamos que nos tempos antigos os homens eram moralmente melhores do que hoje, mas a verdade é que basta um pouco de estudo sobre a história da humanidade para percebermos que a moral, os costumes, a ética, o padrão de vida era igualmente podre. Certamente a moral era mais legalista e as pessoas não queriam se expor tanto, mas o quadro não muda. O coração do homem é pecador, e totalmente corrupto. Sua irresistível atração para o mal é trágica.
Os reis e suas cortes eram devassas na sua essência e os caprichos, luxúrias e orgias, eram comuns. A ética da guerra, em algumas culturas era assustadora. Estupros, abuso de poder, violência, eram comuns naqueles dias, como é ainda hoje, e a vida valia muito pouco. Podemos falar que a raça humana progrediu na pesquisa,  ciência, tecnologia, riqueza e conforto, mas não podemos dizer o mesmo quanto a moral que era e é igualmente decadente. Espiritualmente o homem continua sendo o mesmo.

Por várias vezes o  apóstolo Pedro fala das “paixões” que estavam presentes naquela cultura.

Como filhos da obediência não vos amoldeis às paixões que
tínheis anteriormente na vossa ignorância”
(1 Pe 1.14)
Exorto-vos... a vos absterdes das paixões carnais”
(1 Pe 2.11)
Não vivais de acordo com as paixões dos homens”
(1 Pe 4.2)
“...especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas
paixões e menosprezam qualquer governo
(2 Pe 2.10)
“tendo em conta, antes de tudo, que nos últimos dias, virão
escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões”
(2 Pe 3.3)

O apóstolo Pedro estava preocupado, não apenas em como a igreja iria se comportar diante da perseguição explícita por causa do evangelho, mas também como ela reagiria à pressão para que abandonassem o estilo de vida de discipulado e seguidores de Cristo. Ele percebeu o poder do pecado e da cultura que cercava e dominava a cultura como um todo.
Neste texto, mais uma vez ele convoca a igreja a uma vida de piedade e santidade, e a fugir das “paixões dos homens” (1 Pe 4.2).
O problema da paixão é que ela é uma doença, uma febre, cria desejos ardentes e intensos na pessoa. A palavra “patologia” que hoje adotamos vem do grego “pathos”, e é esta palavra que é traduzida para o português como paixão.

Já viram uma pessoa apaixonada?
Ela perde o senso do ridículo...
Ela menospreza os valores que sempre defendeu...
Ela desconsidera Deus nas suas decisões...
Ela destrói sua família
Ela perde a capacidade de julgar corretamente os fatos e a situação.
O problema da paixão, como disse Adam Smith, é que “todas as paixões se justificam a si mesmas”. Este é exatamente o problema. Sempre se encontrará alguma coisa para explicar o sentimento, o desejo e o impulso latente na experiência da paixão.

Tente falar com um adolescente apaixonado sobre o sentimento febril que o domina?
O mesmo acontece com uma pessoa madura ou idosa.
Já vi pastores perdendo o ministério por causa de uma paixão. Eles sabem que o que estão fazendo é contra a palavra de Deus, contradiz tudo o que ensinaram (e criam), mas ainda assim deixam tudo para trás para seguirem seus instintos e desejos. E ainda são capazes de justificar psicológica, e eventualmente, teologicamente, o seu sentimento.

Pv 9.13 faz uma afirmação clássica sobre a paixão: “A loucura é mulher apaixonada. Ela é ignorante e não sabe coisa alguma”. A Bíblia compara a paixão à loucura. Não é assim mesmo?
Já viram uma pessoa apaixonada?
Você já se apaixonou?
A Bíblia relata o caso de Amnon, o sucessor do trono de Davi, que por causa de uma paixão febril, estuprou sua irmã Tamar (2 Rs 13), e posteriormente perdeu a vida por causa deste incidente. A Bíblia narra que ele chegou a adoecer por causa do desejo que desenvolveu por sua própria irmã, e numa situação previamente preparada, ele teve sexo forçado com ela. Aquilo o tirou do trono, o expôs a uma situação de vergonha em Israel e tirou sua vida.

A paixão pode ser propulsora de um grande amor, mas quando se desloca, é capaz de trágicas consequências.
Paixão, entretanto, possui outro elemento sutil. Ela não é só direcionada a uma pessoa, mas a um objeto ou a uma prática. Considere uma sexualidade mal direcionada? Uma tara é sempre um “pathos”, tornando-se uma obsessão por prática sexual, pornografia, um caso. As pessoas podem se apaixonar pela glória, pela imagem, pelo luxo, pelo dinheiro, e passam a negociar tudo para atingir seus objetivos. Ética e paixão geralmente são opostas. A pessoa apaixonada não considera se aquilo é certo ou errado, ou mesmo que o faça, encontrará dificuldade em se contrapor e lutar contra seus impulsos, só mesmo a graça de Deus pode libertar aqueles que encontram-se dominados pelo fogo da paixão.
Pedro exorta a igreja a não viver de acordo com as paixões dos homens (1 Pe 4.2). Paixões  fazem parte da natureza humana, é um traço comum da raça adâmica.

Neste texto aprendemos alguns princípios importantes.
Qual é a base da pureza moral?
Como não vivermos impulsionados pela paixão?

Como vencer a força da paixão?
1.     Precisamos nos inspirar na vida de Cristo: “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento” (1 Pe 4.1).
Como agiu Jesus?
Ele lutou contra seus impulsos.
A bíblia afirma que ele foi tentado em todas as coisas, mas sem pecado. Apesar de sua divindade, suas tentações não eram representações. Ele é 100% humano. As tentações do deserto foram contra o desejo de conforto, sua necessidade fisiológica de satisfazer sua fome, a possibilidade de um reconhecimento imediato por meio de um milagre portentoso saltando do templo e a tentação do poder, quando Satanás lhe disse que lhe daria todos os reinos da terra, se ele, prostrado, o adorasse.
É interessante a afirmação do texto: “tendo Cristo sofrido na carne”. Resistir à tentação pode gerar dores. É deixar de fazer aquilo que o seu instinto natural e carnal pede. Quando Caim estava na crise contra seu irmão, Deus o procura para instrui-lo quanto aos seus sentimentos. “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.5). Resistir à tentação é rejeitar o próprio desejo, que parece ser tão amigo nosso, mas que na verdade conspira contra nós.
Precisamos nos inspirar em Jesus, no seu estilo de vida, na sua atitude quanto às receitas fáceis e mentirosas do diabo, e os desejos da própria carne humana.

2.     Precisamos entender as forças que conspiram contra a pureza moral.
Pedro reconhece pelo menos duas:
A. As paixões carnais - “…já não vivais de acordo com as paixões dos homens”. (1 Pe 4.2)

As paixões são sempre uma ameaça.
Quando alguém está dominado pela paixão, não consegue ver com clareza.
O problema das paixões carnais é que elas conspiram contra a santidade e contra Deus.
É interessante a afirmação de 1 Pe 4.1: “pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado”. Para deixar o pecado é necessário sofrer na carne. O apóstolo está falando de paixão.
A carne querendo controlar, mas precisa ser controlada.
Paulo afirma em 2 Tm 2.22: “Fugi das paixões da mocidade”. Para vencer as paixões, não podemos simplesmente pensar que teremos força para enfrentá-la. A recomendação é fugir daquilo que ameaça. Não fique perto da tentação, nem tente justificá-la. Ela é uma ameaça real. Fuja dela.

B.   A pressão Social“difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão”.(1 Pe 4.4).

Pedro afirma que quando fazemos aquilo que é santo e puro, isto pode gerar uma atitude de “estranheza”. As pessoas podem desprezá-lo ou criticá-lo por fazer o que é certo. A nossa cultura está tão acostumada ao pecado, que agir de forma diferente pode gerar este estranho sentimento. As pessoas podem dizer: “Por que você não faz assim?” ou, “Que é isto que você está fazendo. Deixa de ser tolo”. O problema não é fazer o que é errado, o problema será se não agirmos com uma ética pecaminosa.
Dá para entender?
Se você participa de um grupo no whats up que não é cristão, logo perceberá o nível da linguagem e das informações que chegarão a você. Se você discordar, eles estranharão e questionarão você. Se você não fala palavrão, não ri das piadas grotescas, nem dos vídeos sugestivos e maliciosos, eles cobrarão de você. As pessoas acham estranho um comportamento correto.
No jornal “O Globo” de 21 de Jan 2017, li a seguinte manchete: “Ateus saem do armário”, seguido pela declaração de uma mulher famosa que dizia: “Quero ter a liberdade de dizer que sou ateia”. Na hora me veio à mente. Qualquer pessoa pode dizer o que quiser, ser imoral, falar palavrão, criticar a fé, questionar a Deus, e não haverá muita censura, mas se você discordar de um comportamento devasso ou de um comentário picante ou blasfemo no seu facebook, você será o inconveniente. As pessoas “estranham” tal comportamento.
Isto tem a ver com pressão social, com cultura.
Os Guiness chama a atenção para a cultura no artigo: “Cuidado com a jiboia”, afirmando que  esta cobra hipnotiza suas presas e quando percebem que estão em perigo, já é muito tarde. Ele afirma que este é o poder da cultura. De envolver as pessoas, de não permitirem que saiam da caixa de estrutura de pensamento e nem discordem. Poucos consideramos o fato de que existe uma “ditadura intelectual”, nos meios onde costumeiramente dizem ter um pensamento liberal e eclético. A verdade é que não há. O sistema educacional conspira contra Deus, contra sua palavra e contra a verdade de Deus. 

  1. Uma compreensão clara do processo de deterioração resultante do pecado Este é o terceiro caminho para se vencer as forças da paixão.

a.    Pecado nos leva a fazer aquilo que os gentios escolhem fazer“executado a vontade dos gentios”. (4.3)
“...porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias  (1 Pe 4.3,4).
No vs 2 Pedro fala de viver “segundo a vontade de Deus”, e no vs 3 ele faz um contraponto com “a vontade dos gentios”. Em determinado tempo da vida, precisamos escolher se queremos fazer a vontade de Deus ou a vontade das pessoas. As propostas seguirão caminhos diametralmente opostos. A vontade de Deus não se coaduna com a vontade da carne e da sociedade.

b.    Pecado gera decadência: dissolução; concupiscência (desejo estragado); borracheiras (degradação moral, corrupção); orgias (imoralidade e perversão sexual), bebedices; detestáveis idolatrias. Tudo isto gera um processo de destruição da alma e da dignidade humana.

Luiz Souza, define assim a palavra “borracheira”: “tradução da palavra grega OINOFLYGÍAIS, que significa literalmente “bebedor de vinho”, já que é formada de dois vocábulos gregos: OINOS (vinho) e Fluo (deixar correr um corrente de palavras). Por que se traduz por “borracheira” ou “borrachice”. Portanto, trata-se da atitude daqueles que bebem e começam a falar bobagem e desatinos.
O dicionário a traduz por “bebedeira, embriaguez, asneira, disparate”.
Tudo isto nos mostra como a paixão pode ser destrutiva ao ser humano. Ela gera corrupção e deterioração do caráter.

  1. Entendendo que devassidão moral traz juízo de Deus – “os quais hão de prestar contas àquele que é, competente para julgar vivos e mortos” (1 Pe 4.5).

O apóstolo Paulo afirma: “Não vos enganeis; de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Não se iluda! Deus há de julgar todas as coisas. Em dias de moral tão “flexível” a doutrina do juízo de Deus precisa ser entendida pelo seu povo. Precisamos temer a Deus, e fugir do pecado que afronta o nosso Pai celeste.
O pecado fere a glória de Deus.
Quase sempre condenamos o pecado com base na moral social, mas o evangelho nos exorta a santidade porque o pecado é uma afronta ao Deus santo. Pecado é tão sério que Deus providenciou um antidoto eficaz contra ele: o sangue de seu filho. A morte de Cristo é o remédio providenciado por Deus para nos restaurar a comunhão com ele.

Conclusão:
Que armas são efetivas para vencer as paixões?
1.     Nossa união com Cristo: “tendo Cristo sofrido na carne…” (1 Pe.4.1). “o sofrimento e morte de Jesus conquistou o pecado e nos fez penetrar na sua vida ressurreta”[1] Jesus carregou sobre si nossos pecados em seu corpo, para que, tendo morrido para o pecado, vivamos para a justiça (Rm 6.8-12). Nunca confie na sua carne (Fp 3.2-11)

Cristo assumiu o meu julgamento. Ele foi feito justiça em meu lugar. Ele me representou diante do Pai pagando a dívida que era minha. Tal é a gravidade do juízo de Deus contra o pecado humano. O Deus santo precisa aplicar sua justiça contra o mal, e Jesus veio para assumir o nosso lugar.

2.     Uma nova atitude mental “armai-vos também vós do mesmo pensamento”. (1 Pe 4.1) Desta forma, entendendo o propósito de Jesus e sua vitória sobre o pecado, somos motivados a viver em santidade.

Esta arma tem a ver com o preparo mental. A mente deve estar aparelhada.

Quando Paulo fala da armadura do cristão contra os principados e potestades em Ef 6, ele diz que devemos tomar o capacete da salvação (Ef 6.17). Isto é proteção para a cabeça, lugar estratégico para o ataque do inimigo. O campo da batalha espiritual é a mente. Se sua forma de pensar for atingida, você corre sério risco espiritual. Se você não estiver convencido intelectualmente que o evangelho é coerente e lógico, você nunca será um bom cristão. Você estará constantemente questionando a Bíblia e os pressupostos de Deus.
Nossos pensamentos são bombardeados de ideias anti cristãs. Toda escola secular e professor ímpio estará constantemente colocando na mente dos nossos filhos a cosmovisão pagã. Precisamos nos armar do mesmo sentimento de Cristo. Ele sabia das artimanhas e propostas que o diabo lhe faria. Ele soube responder a todas elas com a Palavra de Deus na mente. Era como se ele dissesse a Satanás. “Você não me engana com suas propostas. Existe a proposta de Deus, e eu quero andar pelo que diz a Palavra”. Por esta razão, todas as propostas do diabo são combatidas com a Palavra de Deus.

Paulo afirma quem 2 Co 10.4-5: “Porque as armas de nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”.
O alvo do discipulado cristão é tornar cativo todo pensamento à obediência de Cristo.
Nossa forma de pensar precisa se submeter à cosmovisão cristã.
Como Deus pensa?
O que nos ensina Cristo?
O que aprendemos nas Escrituras Sagradas?



[1] . Stott, John R. W. – The Message of first peter – Bible Speaks Today – Downers Grove, Il. Ingter Varsity Press, 1988.pg. 170

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Salmo 116.12 Que darei ao Senhor?




Introdução:

O Salmista faz uma pergunta estranha e extremamente provocativa: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?”
O que o ser humano pode dar a Deus, por toda sua bondade?
O Profeta Miquéias encara de frente esta questão: “Sendo assim, com que eu devo me apresentar diante do SENHOR e como me curvarei perante Elohim, Deus exaltado? Deveria eu oferecer holocaustos, sacrifícios queimados, de bezerros de um ano? Yahweh se agradaria com milhares de carneiros, com dez mil ribeiros de azeite? Devo oferecer meu primogênito, meu filho mais velho, fruto do meu corpo, como sacrifício para pagar os meus pecados e as minhas malignidades? (Mq 6.6-7)

O que Deus requer de nós?

A resposta a esta pergunta pode ser melhor compreendida a partir da visão que cada um desenvolve de Deus. Dependendo do conceito, as respostas poderão variar consideravelmente.
Alguns exemplos:
Nos tempos dos juízes e reis em Israel, havia uma deusa chamada “Astarote”, que exigia que seus adoradores praticassem a prostituição cultual. Por isto havia oficialmente um grupo de prostitutas no templo disponíveis para manter relações com os homens durante o período da adoração.
Outro deus citado várias vezes na Bíblia foi Moloque, que exigia sacrifícios de crianças que deveriam ser jogadas vivas numa fornalha de fogo ardente. Os primogênitos eram consagrados pelos pais no altar. Nos dias de Salomão, ele ergueu um templo a esta divindade para agradar uma de suas esposas.
No Brasil, os deuses da macumba e outras religiões animistas, exigem sacrifícios de animais, como oferenda para aplacar a ira sua ou das entidades.
Os terroristas que explodiram o World Trade Center em N York no dia 11 de Setembro de 2001, criam que ao terminar a chacina suicida, Allah, o Deus islâmico os estaria esperando na eternidade com um grupo de virgens que lhes seriam oferecidas porque praticarem o Jihad.

A Montanha do Sexo
Gunung Kemukus é uma montanha em Java, a principal ilha da Indonésia, que a cada 35 dias recebe muçulmanos de todo o país para participar de um ritual insólito. O evento acontece em uma data auspiciosa segundo o ciclo Wetonan, que sobrepõe os cinco dias do antigo calendário javanês ao sete dias do calendário moderno (7x5=35). Quando a escuridão cai no misterioso local, os peregrinos acendem velas e se sentam em esteiras ao redor das sagradas árvores dewadaru e das raízes retorcidas de enormes figueiras. Os peregrinos acreditam, assim, que se cometerem adultério nesse local serão "abençoados com boa sorte", explica Seoparno, que estudou o ritual durante 30 anos. Por isso, Gunung Kemukus é também conhecida como a "montanha do sexo". As noites mais concorridas podem reunir até 8 mil peregrinos. "A maioria é dona de pequenos negócios. Eles esperam que, se completarem o ritual, suas vendas vão melhorar, vão ganhar muito dinheiro e terão muito sucesso"
Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2017/01/09
O que podemos dar a Deus, por todos os seus benefícios?
Depende do conceito que temos de Deus. Deuses diferentes fazem diferentes exigências.

O que o Deus da Bíblia pede de seus adoradores?
Antes de mais nada, precisamos entender que o Deus da Bíblia é um Deus doador. Jesus afirma: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”(Jo 3.16). Deus amou. Deus deu. Ele ofereceu livremente seu filho para a humanidade. A base de sua doação é seu amor.

O Salmista parece entender muito bem esta questão. Veja as respostas que ele dá:

1.     Vou receber o que ele deu – “Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor” (Sl 116.13). Esta é a resposta imediata à pergunta que ele mesmo suscita. “Que darei ao Senhor?” e sua resposta imediata é “tomarei o cálice da salvação”.
Pode parecer anacrônico, mas o que realmente poderemos dar a Deus?
Será que poderemos acrescentar mais riqueza à sua riqueza? Ou glória à sua glória? Deus será mais Deus se eu lhe trouxer algo ou lhe der algo? Parece que não. A resposta do texto está ligada à alteridade e relacionamento. Eu vou receber de Deus o que ele me deu.
Quando o apóstolo João escreve seu belíssimo texto na abertura do Evangelho,  falando do Verbo de Deus que se fez carne e assumiu a pele humana, tornando-se homem, ele afirma com pesar: “Veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem em seu nome” (J0 1.11, 12). O que os homens fizeram com a oferta de salvação e bondade de Deus? Eles rejeitaram sua oferta, eles menosprezaram o seu filho.
A recusa à doação de Deus, é o pecado imperdoável na Bíblia. A rejeição eterna e perene da oferta que Deus faz de seu filho, implica em condenação eterna. Esta é a blasfêmia contra o Espirito Santo, a recusa eterna do Filho.
Certa vez Jesus surpreendeu os homens quando lhe perguntaram: “Que faremos para realizar as obras de Deus?” (Jo 6.28), respondendo: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.29). A grande resposta ao amor de Deus é a aceitação daquilo que ele fez por nós. Receber o Filho de Deus é a maior resposta de amor. Recusar o Filho, a maior ofensa.

Eu não quero suas flores...
Imagine que você resolva dar um buquê de flores a alguém amado. Qual seria a maior ofensa a este ato tão nobre? Não seria o fato da pessoa tomá-la com raiva, rejeitá-las e afirmar que não quer as flores que você lhe traz? O que você sentiria se alguém pegasse aquelas flores e as jogasse no chão, ou colocasse no meio da rua sem qualquer consideração e virasse as costas e fosse embora?
Muitas vezes é assim que agimos em relação a Deus.
Nós recusamos a sua salvação...
Nós não recebemos a oferta espontânea, livre e gratuita que Deus fez de seu filho.

E fácil relacionar com um ser que lhe ama? Sim e não!
Normalmente nos relacionamentos com as pessoas na base da troca, da retribuição. Mas sabe o que nos muda? O amor. Ouvimos: “quem não vem pelo amor, vem pela dor”, frase que não é Bíblica, mas o que não consideramos é a declaração maravilhosa de que somos transformados pela bondade de Deus: “Ou desprezas a riqueza de sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4).  A verdadeira transformação acontece para aqueles que experimentam a bondade de Deus. O amor de Deus.

O poderoso efeito do amor...
Um sacerdote católico no interior enfrentava um sério problema na sua paróquia. Um grupo de garotos estava vandalizando a igreja, jogando pedras e quebrando as vidraças. O Padre chama o policial, que confronta e ameaça os meninos, e a atitude muda por um determinado tempo, mas depois volta a acontecer. Então ele resolve se aproximar do menino que supostamente era o líder do grupo, e aos poucos vai se tornando seu amigo. Aos poucos a amizade e o respeito é desenvolvido entre eles, e isto transforma o coração da criança, e ela mesma se dispõe, sem que nenhuma condição fosse imposta, a se tornar parceiro na luta contra o vandalismo.
Existe uma antiga discussão na pedagogia e sistemas de educação. O que é mais eficaz: O reforço positivo ou o negativo? Encorajamento ou punição? Estudos demonstram que os dois recursos, quando aplicados corretamente, podem ajudar no processo educacional, mas definitivamente o reforço positivo traz benefícios duráveis, porque lida com o coração, com a confiança, com a auto estima, enquanto o reforço negativo lida com a culpa, o medo e a punição.
Por isto Deus quer nada menos que tudo o que somos. Mente, afetos, relacionamento. O Deus bíblico, está sempre pedindo o coração de seus adoradores, o centro de suas vidas: “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos” (Pv 23.26). A exigência de Deus é alta. Ele quer aquilo que dirige a vida, porque ele sabe que onde estiver o  coração, ali estará o tesouro.

Relacionamentos manipulativos
Nós não gostamos de relacionamentos manipulativos. Deus não quer se relacionar conosco numa base de troca, como pessoas que se relacionam com ele por causa dos benefícios materiais por estarem do seu lado, ou por causa do medo da punição. Muitas vezes até o suposto e falso arrependimento, é uma espécie de “delação premiada”, que só confessar para ganhar o favor do Eterno, e não por estar realmente contrito. Este falso arrependimento existe apenas para fugir da pena, e isentar-se da condenação. Qual de nós gostaria de ter um relacionamento com alguém que supostamente se arrepende, mas que na verdade usa suas lágrimas para manipular com atitudes de falsa piedade malandra e mascarada?
Toda resposta que podemos dar a Deus deve ser resposta de gratidão e amor.

2.     Invocarei o nome do Senhor – Esta é a segunda resposta que o salmista dá à pergunta “Que darei ao Senhor?”. Ele afirma: “invocarei o nome do Senhor”. (Sl 116.13b).

Esta sua resposta indica desejo de relacionamento e amizade.
O salmista expressa o desejo de estar na presença de Deus.
Esta é a outra resposta bíblica: A entrega de si mesmo.
Para Deus, a única coisa relevante que você pode dar é você mesmo. Deus não quer seus bens, Deus não quer sacrifícios, nem o que você pode fazer para ele, mas Deus quer o seu amor, seu afeto e seu coração. Por isto ele convida: “Filho meu, dá-me o seu coração”!
Certa pessoa me procurou dizendo que gostaria de se filiar à igreja, mas estava com dificuldade com a questão da contribuição. Ela não concordava com a ideia de que Deus exigia contribuição de seus adoradores. Para seu espanto, concordei com ele. Ele contraargumentou: “Mas todos os pastores ensinam que devemos trazer dízimos e ofertas para Deus”. Eu disse que não se preocupasse com isto, porque Deus estava interessado em outra coisa: Ele me perguntou o que era, eu então afirmei que Deus estava interessado nele todo, e não apenas no dinheiro que ele poderia dar para a obra. Então afirmei: “Quando você der todo o seu ser, e consagrar tudo o que você é e tem ao Senhor, trazer generosamente suas ofertas e dízimos será a questão mais simples da sua adoração, afinal, dinheiro é questão do coração. Afinal, o bolso é o último a se converter, e o primeiro a esfriar”.

3.     Cumprirei os meus votos – Esta é a terceira resposta à pergunta: “Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?”. Ele agora respondeu: “Cumprirei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o seu povo”. (Sl 116.14).

Isto é obediência.
A obediência como fruto de gratidão, de resposta, de alteridade. Não uma resposta para obter, mas para expressar alegria por tudo que Deus já ofereceu.
É o sacrifício de gratidão.
No vs. 17 e 18 ele afirma: “Oferecer-te-ei sacrifícios de ações de graças, e invocarei o nome do Senhor. Cumprirei os meus votos ao Senhor na presença de todo o seu povo”.
Observaram a repetição do vs. 14?
Por duas vezes ele afirma que cumprirá os votos ao Senhor na presença de todos. Ele não apenas queria dizer muito obrigado a Deus, mas queria que o povo percebesse sua gratidão que deveria ser contagiante e atingir outras pessoas.
Se o texto fala de gratidão, torna-se clara que o fundamento é a graça, não a troca ou a barganha.
Ele não faria isto para que Deus lhe fizesse algo, ou se tornasse favorável. Deus já fizera. Ele queria fazer isto para agradecer. Este é o sacrifício de gratidão. Esta é a relação de adorador: Não barganha, culpa ou medo, mas afetividade e relacionamento.

Qual é o sacrifício que Deus deseja de nós?
Em Hb 13.16, o autor fala de sacrifícios com os quais Deus se compraz. A palavra “compraz” significa “ter prazer”. Que sacrifícios geram alegria no coração de Deus?
O autor fala do “Sacrifício de Louvor” (Hb 13.15)
Este é o outro sacrifício que agrada a Deus: sacrifício de louvor! Deus espera que corações e lábios verdadeiramente o adorem, que a vida seja para glorificar seu nome, e que, quer comamos ou bebamos façamos tudo para a glória de seu nome. É a atitude do adorador que encontra satisfação no coração de Deus, naquilo que Ele é.
O verdadeiro adorador oferece sacrifício de amor. Ele oferece o seu coração. Não possui agenda subjacente. Não é uma relação de troca, de barganha, de conveniência, mas fundamentada na pura gratidão a Deus, como teve o Rei Asa, que “tinha o coração totalmente entregue a Deus, todos os dias de sua vida”.  Este é o tipo de sacrifício de louvor que Deus espera de seus adoradores.
Cumprir os votos, nada mais é que obediência.
Eu quero fazer tudo que for necessário para honrar e glorificar a Deus. Minha submissão à Palavra, nada mais será que uma resposta de amor. Não uma resposta para obter, mas para expressar alegria por tudo que Deus já lhe ofereceu.

É o sacrifício do “muito obrigado!”