quinta-feira, 31 de março de 2016

Mt 16.21-23 Por que é necessária a cruz?



Falar da cruz é impopular.

Isto surpreendeu o Dr. John Stott quando foi convidado para escrever um tratado sobre a Cruz de Cristo, lançado pela IVP em 1986: “Nenhum livro sobre este tópico tem sido escrito por um autor evangélico, por quase meio século. É de impressionar que isto aconteça, principalmente se considerarmos que a cruz é a mensagem central das Escrituras Sagradas”. O último livro significativo que fora escrito, é um corajoso trabalho do Dr. Guillebaud’s, cujo título era: “Por que a cruz?” no qual ele faz três perguntas apologéticas importantes:

1. A cruz realmente traduz o pensamento cristão? Ela é compatível com o ensinamento de Jesus e de seus discípulos?

2. Ela é moralmente correta? Isto é, ela é compatível com a justiça?

3. Ela tem credibilidade? (Seria realmente compatível com problemas como a transferência da culpa nossa para Jesus?)

John Stott levanta afirma que existem cinco objeções à cruz:

1. Intelectual - Os filósofos de Atenas chamaram Paulo de tagarela (no grego, a palavra spermologos). Eles zombaram de Paulo quando ele falou da cruz e da ressurreição. Os judeus entendiam que era amaldiçoado por Deus todo aquele que fosse pendurado no madeiro. Ainda hoje, os homens afirmam que a cruz é primitiva, agressiva e imoral.

2. Religiosa: Em Corinto, os deuses Apolo e Afrodite, mão exigiam exclusividade na adoração. Ainda hoje as pessoas céticas apreciam a ideia do sincretismo.

3. Pessoal - A cruz mexe com orgulho humano. Afinal, ela afirma que você não é salvo por você mesmo, mas pela obra de Cristo. Isto incomoda nosso senso de justiça própria. Por isto, Jesus mexe com o nosso ego orgulhoso e torna-se a rocha de escândalo e pedra de tropeço. O evangelho diz que dependemos de Deus, e não de nós mesmos para a nossa salvação. 

4. Moral – A cruz apela ao arrependimento e a santidade. O verbo korintiazomai, que vem do grego, significa “praticar imoralidade”. Os sacrifícios à deusa Afrodite incluiam prostitutas cultuais, que estimulavam seus adoradores a praticarem orgia com os devotos. O mundo de hoje diz que o cristianismo é inimigo da liberdade pessoal.

5. Política – A cruz aponta para o senhorio de Jesus. Na época apostólica, os seguidores de Jesus questionavam a adoração a César e se recusavam a chamá-lo de Senhor, afinal, “Só Jesus é Senhor” (At 16.21, 17.7) e isto soava como subversão à ordem pública e aos poderes constituídos. Ameaça a César.

Neste texto vemos como a morte de Cristo perturbou os discípulos.
Quando Jesus decide falar abertamente sobre sua morte, “É necessário que o Filho do homem morra, e seja entregue as autoridades” (Mt 16.21), os discípulos reagiram. A ideia da morte contrariava todos os projetos que haviam construído em torno da pessoa de Cristo, o Messias. Pedro o chama à parte e veementemente afirma: “Tem compaixão de ti mesmo, isto de modo algum te acontecerá” (Mt 16.22)

É interessante a afirmação bíblica. “Era necessário morrer”. A cruz não era opcional, ou uma das alternativas, mas uma necessidade. A despeito de Schilebeeckxz afirmar que a cruz nunca foi propósito de Jesus, e que esta era sua segunda opção e que os discípulos só teriam entendido isto numa leitura pós-pascal, os Evangelhos sempre demonstram que a cruz era imperativa. Jesus disse: “Tenho um Batismo…e quanto me angustio até que ele aconteça” (Lc 12.50). 

Jesus surpreende Pedro ao afirmar: “Arreda de mim Satanás, tu não cogitas das coisas de Deus e sim das dos homens”. Por que Jesus é tão veemente neste episódio? 

Na verdade, Satanás tenta manipular Pedro, um dos seus melhores amigos, para desestimulá-lo à cruz. Esta havia sido sua sugestão na tentação do deserto, quando ele ofereceu a Jesus outros caminhos, como a glória e o reconhecimento público como substitutos da cruz. É de se imaginar que Pedro tenha levado um susto enorme quando Jesus fez esta repreensão, mas ele não repreendia a Pedro, antes a Satanás, que estava colocando na mente de Pedro pensamentos contrários ao proposito eterno de Deus. Certamente eu não gostaria de estar na pele de Pedro quando Jesus falou deste forma. Pedro havia sido advertido que Satanás estava de olho nele, e o havia requerido para peneirá-lo (Lc 22.31), então, quando Jesus fez tal afirmação, ele deve ter ficado chocado e considerado que as coisas não estavam fáceis para seu lado. Entretanto, Jesus expulsa Satanás que tentava manipular Pedro e ficou com Pedro. Na vida da igreja, muitas vezes quando alguém expressa uma opinião contrária, nós expulsamos a pessoa e ficamos com Satanás.

Jesus tenta demonstrar que a cruz era uma necessidade, mas os discípulos não estavam entendendo os motivos de sua morte. 

O evangelista Lucas afirma que Jesus tenta demonstrar isto aos discípulos desencorajados no caminho de Emaús: "convinha que o Filho do Homem fosse entregue às autoridades" (Lc 24.26,27). João afirma a mesma coisa: “Agora, está angustia a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este proposito vim para esta hora” (Jo 12.27).


Era necessário...



Por que era necessário?



1. A cruz era o cumprimento das profecias


As Escrituras fala do Antigo Testamento apontam para este sacrifício. Foi exatamente isto que Jesus tentou demonstrar aos discípulos, após a sua ressurreição, ao expor a Palavra: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc. 24:25-27). Quando os discípulos creram, a Bíblia afirma que “Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras: e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia” (Lc 24.44,45).

Os discípulos não queriam considerar esta verdade. Havia uma estrutura de pensamento acerca da figura do Messias, que os impedia a ver o propósito real de Deus na história. Para eles, o Messias seria político, libertador. Haveria de quebrar o jugo da opressão romana sobre eles, e seriam uma nação livre e poderosa. Mesmo quando Jesus já está retornando para o Pai, vemos esta concepção presente: “Será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1.6). O foco do olhar dos discípulos se voltava para a história, para uma dimensão política. Não conseguiam apreender o sentido espiritual de todos os acontecimentos. 


2. A morte foi necessária para expiação de pecados. Jesus cumpria de uma vez por todas as exigências da lei mosaica.


Todos os sacrifícios eram feitos com sangue, e em todos os atos de culto prestado ao Deus de Israel, havia exigências de sacrifício (Hb 9.22). Jesus assume esta dimensão tipológica e simbólica de todo pensamento bíblico, tornando-se o Cordeiro Pascal, de uma vez por todas, para que nunca mais houvesse necessidade de qualquer outra forma de sacrifício. Paulo afirma: “...Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1 Co 5.7). Era necessário que um sacrifício fosse substitutivo e expiatório fosse feito a favor dos pecadores. E um animal deveria ser morto para assumir o lugar do pecador. 

O que vemos na Bíblia: Cristo morreu em nosso lugar. O sacrifício era expiatório, vicário: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.4). Ele assumiu o nosso lugar. 

Não há outra forma de sermos justificados diante do Pai. Nossos atos são insuficientes, nossa justiça própria é insuficiente. Somente o sangue do Cordeiro é suficiente para nos apresentar puros diante do Pai. “Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo” Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele então, me disse: São estes os que vem da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Razão porque se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário” (Ap 7.13-15). 


3. A cruz satisfaz a ira divina


Deus é justo, e o pecado merece a ira divina, julgamento e punição. O pecado traz condenação e morte. “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). O mesmo princípio é afirmado em Ezequiel 2 "A alma que pecar, esta morrerá" (Ez 18.4). “Ao senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” (Is 53.10). Toda a ira de Deus contra a transgressão e injúria do pecado humano foi colocado em Cristo. Por isto, na cruz, Jesus sofre "o desamparo de Deus” “Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). O maior sofrimento que ele sentiu não foi físico, mas espiritual. Na cruz, ele assumiu nossa culpa. Nós deveríamos estar lá, mas ele tomou sobre si nossas iniquidades.

Portanto, a cruz tinha o objetivo de satisfazer a justiça divina e a lei de Deus. O Deus justo não poderia deixar de cumprir a sua palavra, afinal, o pecado merece a morte. A alma que pecar essa morrerá”. Vemos aí a gravidade do pecado. Lutero afirma: “A lei de Deus foi satisfeita pela perfeita obediência de Cristo em sua vida, assumindo nossa culpa”.

Jesus nos substitui. Assume nosso lugar.ele. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ao invés de jogar sua ira sobre nós, ele a colocou em seu filho. Como lemos: “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fossemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). E ainda: “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo o mundo, não imputando aos homens a sua transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2 Co 5.19).

Com sua morte Jesus assume nosso lugar e manifesta sua justiça, julgando nossos pecados. Na cruz, Jesus "cancela o escrito da dívida que estava contra nós, despojando principados e potestades". Deus estava demonstrando o profundo ódio que ele tem pelo pecado, e o profundo amor que devota ao pecador.

Vamos tentar ilustrar.
Havia numa cidade um justo juiz. Seu filho, porém, era rebelde e transgressor. Um dia, o filho foi finalmente apanhado num grave delito, preso e levado a julgamento. Diante do seu pai recebeu a sentença que constava de uma fiança que o filho não poderia pagar, e por isto, deveria ir para a cadeia. Nesta hora, depois de dar a sentença, desceu da tribuna e falou a todos. Ele deve pagar, porque apesar de ser meu filho, ele é culpado perante a lei. Ele não tem condições de pagar sua dívida, mas eu a quitarei para que ele tenha liberdade. 

Foi isto que Deus fez por nós. Nossa dívida era impagável. Ele a colocou sobre o seu filho que a pagou por nós. A expressão, “tudo está consumado”, significa literalmente: “Tudo está pago!” Ele me absolveu do meu débito e me declarou livre. 


Conclusão:


A cruz faz parte do grande plano de Deus para a humanidade. No seu discurso no dia do Pentecoste, Pedro afirma que Jesus morrera determinado conselho e presciência de Deus (At 2.23). esta era a vontade do Pai. (Jo 18.11). A cruz era uma opção de amor de Deus, não uma imposição dos homens -Em Mt 26.53 Jesus afirma que poderia ter se livrado disto, se quisesse. Não foi impotência nem falta de poder de Deus? Se necessário ele poderia requerer uma legião de anjos (Mt 26.53). Uma legião romana era composta de 6.000 homens. A Bíblia relata em 2 Rs 19.35, que apenas um anjo exterminou em uma guerra de 185.000 assírios. Os evangelhos fazem questão de acentuar que a cruz de Cristo era um fato inegociável. Ele precisava morrer. Isto pode parecer estranho aos nossos olhos, afinal, o homem mais perfeito, o melhor Filho que a humanidade produziu, termina seus dias sendo julgado num processo altamente questionável, e numa morte desumana.

A história de Jesus, porém, nunca termina na cruz. A cruz é veredito de contradição: Morte/vida. A cruz é lugar de sofrimento e dor. Jesus nos convida a ir além. Ir ao túmulo vazio, enxergar a vida plena de Deus.

Na ressurreição, aqueles que voltaram às redes, redirecionam suas vidas. Aqueles que voltaram para casa, retornam a Jerusalém. A tristeza desaparece porque este Cristo morto, ressurgiu dos mortos. Cumpriu sua missão e voltou para o Pai!

sexta-feira, 11 de março de 2016

Jo 18.1-8 As Questões de Pilatos



Introdução:


Todos lidamos com grandes questões do coração. Algumas filosóficas, outras teológicas, outras ainda de ordem emocional ou prática. Uma das mais devastadoras coisas que pode acontecer numa comunidade local é quando um pastor ou líder resolve usar a tribuna ou o microfone para publicar suas dúvidas, trazendo assim efeitos nefastos para a igreja de Cristo, gerando heresias e até mesmo apostasia.

Muitas das questões são privativas e se resolverão com o tempo, outras nos acompanham sem que cheguemos a uma conclusão plausível, e neste caso é bom aplicar o princípio de Dt 29.29: “As coisas reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos, e as ocultas pertencem a Deus”. Silenciar-se diante do mistério, ou mesmo do paradoxo da fé, pode ser uma atitude de humildade, momento propício para acolher o mistério de Deus e de forma madura e profunda lidar com tais questões.

Neste texto vemos um homem angustiado com suas questões. 

Ele faz seis perguntas, sendo que a segunda está ligada à quarta. Pilatos não tem resposta para elas, ou não aceita as respostas dadas. Não aceitar as respostas dadas por Cristo é um problema sério na humanidade. Eventualmente o problema do homem não é a falta de resposta, mas a não concordância com elas. Determinadas orientações dadas pela Palavra de Deus não são aceitas, não porque haja discordância intelectual quanto ao seu conteúdo, mas porque, ao aceitá-las, para sermos coerentes, mudanças éticas e de caráter precisarão ser adotadas e isto pode custar caro em termos de comodismo, conforto, bem estar, popularidade e reconhecimento público.

Jesus afirmou que muitas pessoas não o seguiram porque amaram mais a glória dos homens que a de Deus. O problema não era na sua essência, teológico ou filosófico, mas de ordem prática. Seguir a Cristo, muitas vezes na história, e até o dia de hoje, significa desprezo, exclusão social, oposição, zombaria e até mesmo a morte.

Eis as questões de Pilatos.


Primeira, “que acusação trazeis contra este homem?” (Jo 18.29).

Pilatos era o preposto do governo romano. Um procurador biônico, colocado ali na Judéia pelo Império. Ele era o juiz no pretório, podendo livrar ou condenar pessoas. Ali eram julgadas as causas públicas, problemas do Estado e motins. Ele tinha o poder público por detrás. Pilatos era o responsável em plenos direitos para julgar as causas.

No entanto, ele percebeu que a acusação contra Jesus era sem fundamentação jurídica. Por duas vezes afirma: “Não venho neste homem crime algum”. Percebeu logo que se tratava de questões religiosas das quais ele tinha pouco conhecimento. Ele podia, pela sua autoridade liberar Jesus contra o radicalismo religioso dos judeus, mas isto lhe custaria perda de apoio político e popular.


Quando a vida é decidida à base da aclamação pública, pode-se estar certo de que existe grave risco espiritual. É fácil trocar a glória de Deus pela glória dos homens. Saul perdeu seu reinado pois ficou com medo da reação dos seus subordinados: “Pequei, pois transgredi o mandamento do Senhor e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz ”(1 Sm 15.24).


Segunda questão: “És tu o rei dos judeus?” (Jo 18.33)


Esta segunda pergunta gira em torno da acusação dos judeus contra Cristo. Como afirmamos, esta pergunta deve ser associada à quarta questão: “Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei?” (Jo 18.37).

Na vs 23, Jesus leva Pilatos a pensar, porque ele usa o argumento de responder à pergunta com outra pergunta: “Vem de ti mesmo esta pergunta, ou to disseram a meu respeito?” (Jo 18.34). No vs 36 ele afirma: “respondeu Jesus: o meu reino não é desse mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36).

Na primeira resposta, Jesus inquieta a perturbada alma de Pilatos. No seu coração haviam graves e profundas questões em torno deste suposto Messias. Sendo preposto de Roma, tinha seus informantes e as notícias chegavam facilmente à sua tribuna. Ele ja devia ter ouvido dos feitos prodigiosos deste homem, das suas intervenções sobrenaturais, das curas e milagres, de suas palavras e enfrentamento. Pilatos poderia ter aquilo que poderíamos chamar de “fé antes da fé”. Este momento que antecede uma entrega genuína e radical da vida a Deus. Ao responder desta forma, Jesus toca no núcleo inquieto desta alma humana.

Na segunda resposta, Jesus deixa claro sua identidade: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo”. Ele afirma sua realeza. Não esconde mais quem ele é.

Quando Jesus faz uma afirmação tão radical, fico pensando naqueles que questionam a divindade de Cristo e sempre chego à clássica conclusão de Josh MacDowell: “Ou Jesus era um louco, ou um falastrão mentiroso, ou era Deus”. Suas afirmações sobre sua divindade são tão contundentes que devemos crer honestamente nisto, ou chegamos à conclusão de que Jesus era insano e louco.


Terceira Questão: “Que fizeste?” (Jo 18.35).


Esta pergunta tem a ver com a acusação que deveria ser imputada a Cristo. A não ser que o tribunal seja iníquo, nenhuma culpa pode ser atribuída a pessoas inocentes. As pessoas devem ser julgadas com base nos seus atos.

Pilatos quer encontrar o motivo da acusação. Na verdade, nem o povo sabia responder qual era o crime de Jesus, porque quando Pilatos indaga à multidão, ela se resume a gritar freneticamente: “Seja crucificado” (Lc 27.23).

Segundo o evangelista Lucas, esta pergunta de Pilatos é feita por três vezes (Lc 23.22). Finalmente vem o veredito conclusivo da boca de Pilatos: “Eu não acho nele crime algum” (Jo 19.4). Marcos também descreve: “Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás” (Mc 19.15).

Pilatos tem o típico e lamentável comportamento humano de saber o que é certo e fazer o errado, por conveniência ou preguiça. Pilatos cede, não porque estava convencido, mas por causa da pusilanimidade e fraqueza de caráter.

Sua atitude de omissão quanto à verdade, e de lavar suas mãos numa bacia, não o desculpava perante o tribunal de Deus, assim como, a atitude moderna de muitos que ouvem, concordam sobre Jesus, mas não tomam uma posição quanto a segui-lo. Tais pessoas não estarão isentas no tribunal de Deus, no dia do juízo.


Quarta Questão: “Que é a verdade?” (Jo 18.38). 


Esta é a mais filosófica de todas. Muitos gostariam de ouvir a resposta de Cristo, apesar dele já ter declarado: “Eu sou o caminho, a verdade e a vdia, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Esta pergunta é típica de pessoas que ao serem confrontadas com a verdade, tentam desviar o assunto.

Não foi assim que aconteceu com a mulher samaritana?

Quando Jesus a encontra e a confronta com a realidade de sua solidão, ética frouxa, vida desordenada, ela imediatamente levanta uma questão teológica: “nossos pais adoram neste monte, vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar” (Jo 4.20). Viram o que ela fez? Levantou uma questão para fugir da desafiadora tarefa de olhar com honestidade sua própria alma.

Não é assim ainda hoje?

Quantas vezes o evangelho começa a confrontar o coração do pecador, e ele vai se sentindo acuado e incomodado, então, ao invés de dizer: “Senhor, eu realmente necessito de sua graça, e me rendo”, prefere levantar uma questão para desviar a atenção.

É comum que pessoas façam isto, quando o Espírito Santo começa a trabalhar em suas vidas e confrontá-las, então elas levantam este tipo de pergunta: “Se foi Deus quem criou o mundo, o que ele fazia antes disto?”, e sentimos vontade de dizer a mesma coisa que Agostinho disse a um dos seus pupilos quando fez tal indagação: “Deus estava fazendo o inferno para colocar pessoas com perguntas cretinas iguais à sua”.

Foi isto que fez Pilatos

Ele pergunta: “O que é a verdade?” e imediatamente, “tendo dito isto, voltou aos judeus” (Jo 18.38). Pilatos não quer resposta, ele quer apenas perguntar. Tome cuidado com as questões de sua alma que se tornaram defesas no seu coração e estão impedindo que você tome uma posição genuína de conversão diante de Deus.


Quinta Questão: “Quereis, pois, que os solte o rei dos judeus?” (Jo 18.39).


Esta é a pergunta mais prática, e tem a ver com a grande indagação que explodiu no peito do próprio Pilatos. “Que farei, então, de Jesus chamado Cristo?” (Mt 26.22).

Aqui, chega-se a um momento crucial. O que faço com este Jesus. Esta é a pergunta que também nos inquieta. O que você faremos com este Jesus? Que resposta daremos a este Deus que exige de nós uma resposta de rendição?

A vida de Jesus é perturbadora, não apenas porque suscita questões filosóficas e teológicas, mas porque exige uma resposta direta, honesta e franca. Não dá para ouvir sobre Jesus, ter conhecimento sobre ele e não chegar a esta séria intersecção: O que faço com Jesus?

Pilatos resolveu manter a neutralidade. Opção mais segura. O problema é que, com Jesus não existe zona neutra. “Quem comigo não ajunta, espalha”. E ainda: “Aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do Pai”. Não existe este lugar seguro da indecisão, porque não decidir por Jesus é também uma decisão, isto é, a decisão de não decidir. Sua vida exige uma resposta.

A multidão resolveu rejeitar: “Crucifica-o, crucifica-o”. Ao dizer isto, fez a opção de suas vidas.

Conclusão:

Quais são as perguntas que tem brotado em seu coração?

Que respostas você tem dado a elas?

Você percebe seu coração evadindo-se de uma decisão radical, e tentando buscar a neutralidade como quis fazer Pilatos?

Não acha que está na hora de uma tomada de posição? É necessário decidir.

Esta é a hora da decisão. Portanto,

“Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração”. 

O que você fará diante destas realidades que ouviu sobre Jesus?





sábado, 5 de março de 2016

Ef 1.3-6 Bençãos que motivam o o louvor- I. Eleição


Introdução:

Este texto é denso no seu conteúdo, e não é sem razão que Calvino pregou 48 sermões apenas sobre ele em Genebra, começando em 1 de maio de 1558, e M. Lloyd Jones pregou 50 sermões em Westmister apenas neste texto, nos anos de 1954-55.

Paulo fala sobre bênçãos espirituais.

Somos uma geração que parece ter pouco interesse em coisas espirituais. Falamos pouco do céu, não gostamos de considerar bençãos espirituais. Igrejas lotam de pessoas interessadas em teologia da prosperidade, auto-ajuda, coisas imediatas como sucesso e prosperidade materiais. Será que há espaço em nosso coração para considerar as bênçãos de Deus?

No sermão anterior considerei que todas estas bençãos procedem de Deus, o Pai; e que nos são dadas “em Cristo”, quando temos um relacionamento pessoal com Jesus de Nazaré, e que são aplicadas pelo Espírito Santo. Estudamos também que tais bençãos se dão numa esfera descrita na carta aos Efésios como “regiões espirituais”, este lugar no qual Deus revela sua graça. Falamos ainda que precisamos responder com louvor a tais bençãos espirituais. É exatamente isto que vemos no texto de Efésios. Paulo está glorificando a Deus, adorando-o, embevecido pela maravilhosa comprensão do amor e da graça de Deus por sua vida.

Agora, queremos considerar algumas destas bençãos descritas nestes textos:

1. Eleição - (exelexato) - Somos especiais para Deus.

Esta doutrina afirma que Deus, e não o ser humano, inicia o processo da salvação. Tudo provém de Deus. Ele dá tanto o querer quanto o realizar. A Bíblia não fala dos seres humanos interessados em procurar Deus, mas descreve um Deus amando e vindo ao encontro de Deus. Paul Washer afirma o seguinte: “Eu não encontrei a Deus, ele me encontrou. O perdido era eu, e não ele”.

Poucas doutrinas são tão pouco pregadas e até mesmo rejeitadas na teologia moderna quanto a eleição. Alguns afirmam que não a aceitam porque é incompreensível, mas outras doutrinas como a da pessoa teantrópica de Cristo, isto é, como Jesus era 100% homem e 100% Deus, também são, bem como a doutrina da Trindade.

A bíblia não explica a doutrina da eleição, ela apenas a expõe. Não é porque a julgamos complexa que tenhamos que negá-la. É igualmente complexa a questão de Jonas sendo engolido por uma baleia, e a ressurreição de Cristo dentre os mortos, mas nem por isto a negamos. Como afirma Hodge: "A bíblia não esclarece o mistério da eleição, mas o declara enfaticamente. Não foi inventada por Agostinho de Hipona, nem por Calvino de Genebra".

A Bíblia nos ensina que a eleição é um ato soberano e exclusivo de Deus, realizado “antes da fundação do mundo” (Ef 1.3), ou "antes dos tempos eternos" e realizado “segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef 1.5), ou segundo “o conselho de sua vontade” (Ef 5.11) (no grego, eudokia). Deus escolheu fazer assim, segundo seu propósito e vontade. Portanto, “Não deveríamos diminuir o vulto da eleição procurando fazê-la ajustar-se ao livre-arbítrio, e nem deveríamos diminuir a importância do livre-arbítrio, procurando ajustá-lo à eleição” (Chapmann, Comentário de Efésios, pg. 534)

Considerações necessárias

1. A doutrina da eleição é uma revelação e não uma especulação humana; Devemos aceitá-la humildemente embora não a possamos entendê-la completamente. Não foi criada por homens, mas por Deus. Se você diz eu não a aceito, ou não concordo com ela, ela não deixa de ser verdadeira, porque não está condicionada ao seu humor ou à sua aprovação. Assim como, Deus não deixa de existir apenas porque você afirma que não crê nele.

2. A doutrina da eleição é um incentivo à santidade, e não uma desculpa para o pecado. Neste texto vemos que o propósito básico da eleição, sua finalidade é formar um povo “para sermos santos e irrepreensíveis em amor”(Ef 1.4), e a fim de sermos para louvor da sua glória” (Ef 1.12).

Nós pensamos que precisamos deixar de fazer certas coisas para sermos santos, mas a verdade é que somos santos e por isso não devemos praticá-la. A base de tudo é o chamado para sermos santos. Paulo afirma que "o amor a Cristo o constrangia. Ser puro ou querer a vida santa, tem muito a ver com nossa condição em relação a Deus. "A santidade é o propósito de nossa eleição" (John Stott). Em última análise, a evidência da eleição é uma vida santa. Eleição não é apenas para salvação, mas para a santidade de vida.

A Bíblia usa duas palavras: santos e irrepreensíveis, que descrevem a mesma coisa, mas sob diferentes aspectos. Ambas referem-se à santificação. M.L. Jones faz a seguinte diferença: "Santo, refere-se a um estado interior de pureza. O sangue de jesus aplicado ao coração humano. Irrepreensível (sem ser envergonhado) significa uma condição externa de pureza".

Quando a pessoa diz: Como seu eleito, posso viver uma vida de degradação moral, interna e externa, está afirmando exatamente o contrário daquilo que a eleição faz no ser humano. O propósito básico da eleição é nos fazer santos e irrepreensíveis perante Deus.

3. A doutrina da eleição é um estímulo à humildade e não um motivo para o orgulho. As razões de Deus nos escolher estão fundamentadas em três aspectos:

3.1. Seu amor – “Ele nos tem abençoado com toda sorte de bençãos espirituais” (Ef 1.3). Costumamos afirmar que a razão da eleição é o amor, mas nunca saberemos porque ele nos amou.

3.2. O sacrifício de Jesus - "Nos escolheu nEle" (Ef 1.4) . A posição dos pronomes é enfática. Deus colocou a nós e a Cristo juntos em sua mente.

3.3. Sua livre vontade “segundo o beneplácito de sua vontade”. Deus fez assim, porque quis fazer assim.

4. Eleição é a única garantia nossa que um dia estaremos com o Senhor. Deus me enxerga pelo crivo de Jesus. À semelhança do povo de Deus, quando estava no Egito, na terra de Gósen, o sinal do sangue na umbreira da porta era representativo para que o anjo do Senhor não entrasse. Estamos fundamentados não no que somos e fazemos, mas no que Deus fez em Cristo.

O plano da salvação foi realizado “antes da fundação do mundo”. As obras de Deus estavam concluídas desde à fundação do mundo. Pedro afirma que o sangue de Cristo foi conhecido, antes da fundação do mundo, porem, manifestado no fim dos tempos, por amos de nós (1 Pe 1.20). Na mente de Deus, todas as obras estão presentes, desde a eternidade. Eleição não é um processo histórico, mas eterno.

Conclusão:
O que significa, na prática, a eleição: Somos especiais para Deus. Somos nação santa, sacerdócio real, propriedade exclusiva do Senhor. Quando nos sentimos acuados, desanimados, tristes, ou acometidos por tragédias, devemos considerar o amor especial de Deus em nos amar de forma tão incondicional por Deus. Não estamos nas mãos das circunstâncias e acaso, mas nas mãos de um Deus santo, amoroso e bom.


Ef 1.3-14 Bençãos Espirituais

Este é um texto de adoração e louvor. A maioria dos comentaristas concorda que este 12 versículos compõem uma doxologia, que era um cântico comunitário, cantado pela igreja primitiva. John Stott afirma que no grego estes 12 vs. formam um parágrafo complexo, que possui uma unidade profundamente interligada, apresentando o plano divino da salvação e cada sentença deve ser lida cuidadosamente, porque cada uma destas afirmações abre um leque maravilhoso de reflexão sobre o plano de redenção e o projeto de Deus para a humanidade, que foi realizado em Cristo.

É um texto muito especial para os reformadores. Alguns deles gastaram longo tempo refletindo sobre os conceitos aqui presentes:

-Calvino (Genebra). Pregou 148 sermões na carta aos Efésios, começando dia primeiro de Maio de 1558.

-Martin Lloyd Jones, (Capela de Westminster, Londres) Pregou 50 sermões entre 1954-55 analisando a referida carta.

A síntese do texto é chamada de "A divina economia", já que discorre praticamente sobre todo o tema da redenção, por isto não podemos pensar irrefletidamente sobre este texto.

Esta perícope possui três linhas de pensamento:

1 De eternidade a eternidade, Deus opera todas as coisas dentro de um plano perfeito. Isto inclui o tempo presente, agonias e alegrias.

2 Tal propósito encontra-se dentro de uma economia trinitariana, as três pessoas da Trindade estão aqui presentes:

O Pai Planeja - (a fonte

O Filho executa

O Espírito Santo aplica (Selo - Ef 1.13).

3 O propósito de Deus em criar o homem: Exaltar a sua graça.

O texto inicia com uma adoração: "Bendito" (grego: eulogetos). Muitos afirmam que não gostam de textos doutrinários e teológicos, por serem acadêmicos e pouco prático. No entanto, o grande problema atual é a falta de entendimento e conhecimento espiritual. Quando não temos compreensão da obra de Cristo, nossa espiritualidade se torna superficial e vazia.

Louvor é reconhecimento, tem a ver com gratidão. Por que louvar a Deus? Isto só acontece quando temos razões claras.

M.L.Jones: "Louvor é realmente o objeto chefe de nossos atos públicos. Louvor não é repetir frases mecânicas. Não deveríamos vir à casa de Deus meramente para encontrar bençãos ou simplesmente ouvir sermões, mas adorar a Deus".

Por esta razão, louvor precisa estar fundamentado em algo sólido. existe uma grande necessidade de conhecermos o caráter e a obra de Deus, para podermos louvá-lo. quanto menos você souber de Deus, menos você o louvará. Por isto o apóstolo Paulo ora de forma tão profunda pela igreja (Ef 1.15-23). Quanto mais alicerçados estivermos na obra de Cristo, mais encantados estaremos com sua graça e mais genuine e profundo será nosso louvor. Se entendermos o privilégio deste grande chamado, certamente haverá louvor em nosso coração.

Por esta razão todo louvor deve ser feito, com espírito (emoção) e com a mente (inteligência), como nos ensina 1 Co 14.15, bem como com arte e júbilo (Sl 33.3).

Este texto nos fala das bençãos de Deus.

1 A fonte das bênçãos – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado”. (Ef 1.3). Deus é a fonte de todas as bençãos. Por isto o objeto do louvor bíblico é sempre a exaltação de Deus Pai.

2 A constância das bençãos - "Nos tem abençoado". O tempo da bençãos é atual e contínuo. Suas bençãos não tem fim, renovam-se cada manhã. Ele sempre nos tem abençoado. Mesmo que você não reconheça isto. Francis Shaeffer afirma que o maior dilema do ímpio é assentar-se à mesa tendo o alimento dado por Deus e não conseguir agradecê-lo por isto.

3 O tipo de bençãos : “toda sorte de bençãos espirituais”. A Bíblia é bem específica em demonstrar que a maior benção que temos não são materiais como a saúde, bens e dinheiro, que são temporais, mas as que tem implicações eternas. 

Estas bencaos espirituais são distintivas da nova aliança. É provável que haja aqui um contraste intencional com o AT, cujas bençãos eram notadamente materiais (Dt 28.1-14). Embora Jesus tenha promeitdo bençãos materiais como o sustento, a roupa, a comida (Mt 6.25-33), esta adição "espiritual" é fundamental. Hodge afirma que elas "são espirituais não apenas por pertencerem à alma, mas sim, por derivarem do Espírito Santo, cuja presença e influência são a grande benção outorgada por Cristo" (Hodge, pg. 28). As bençãos distintivas da nova aliança são espirituais, não materiais.

4 Como as recebemos? Em Cristo.
É importante observar que as recebemos "em Cristo", não "por Cristo". Qual a diferença? Elas acontecem quando temos um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Todas as grandes bençãos espirituais nos são outorgadas quando nascemos de novo, e Cristo vem morar em nosso coração, pelo Espírito Santo. É importante observar na Bíblia quantas vezes aparece a frase “em Cristo”. Observe apenas neste texto, quantas bençãos espirituais recebemos quando ele vive em nós.

-Em Cristo, ele nos escolheu antes da fundação do mundo (Ef 1.4).
-Fomos predestinados em amor, em Cristo (Ef 1.5)
-Fomos adotados por meio de Jesus (Ef 1.5)
-Por meio do seu sangue, temos a redenção (Ef 1.7).
-Quando cremos em Cristo, somos selados com o Espírito Santo (Ef 1.13-14)

5 Esfera das bençãos: "Nas regiões celestiais" (Ef 1.3). Nenhuma localização geográfica é subtendida. Esta expressão "regiões celestes" em Efésios aponta para vários sentidos.

-Esta é a esfera na qual os principados atuam (Ef 3.10; 6.12)
-Esta é a esfera do reinado supremo de Cristo (Ef 1.20; 2.6)
-Esta é a esfera em que Deus nos abençoa (Ef 1.3).

Conclusão:
Este texto nos induz a pensar de forma objetiva e prática. Se Deus tem tanta coisa maravilhosa, como podemos receber tais bençãos espirituais?

A Aceitando o presente que Ele tem dado- "tendo nele também crido” (Ef 1.13). Podemos ouvir a Palavra da verdade, o evangelho da salvação, mas não crermos. Por isto a Bíblia nos exorta a “não receber em vão a graça de Deus" (2 Co 6.1).
É possível ouvir o Evangelho com clareza, mas rejeitar sua oferta de amor e doação. Como na história do homem que por três anos frequentou regularmente uma igreja, mas nunca tomava uma decisão de assumir um compromisso com Cristo e se batizar. Um dia o pastor lhe perguntou porque, e ele disse que não cria em nada que o pastor dizia. E o pastor, sem entender, lhe perguntou porque ele ainda vinha a igreja se não cria em nada daquilo. O homem respondeu: “porque eu não creio, mas gosto de ouvir pregação de pessoas que realmente creem naquilo que pregam”.

O fato é que a fé do pregador, do seu amigo, seu cônjuge, não é suficiente para você. É necessário tomar uma posição firme com as verdades do Evangelho.

B Vivendo em atitude de louvor (Ef 1.3,6). O que Deus deseja e espera de nós? O vs. 12 afirma: “a fim de sermos para louvor da glória de sua graça, nós, os que de antemão esperamos em Cristo. Que resposta devo dar? Como responder à sua graça e por tamanha benção? Nada é tão fundamental quanto uma atitude de um coração grato, de verdadeiro adorador, que já foi impactado com a maravilhosa graça de Deus e se rendeu a ela.

O autor aos hebreus afirma: “por meio de Jesus, pois, ofereçamos sempre a Deus, sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15).

Todas religiões têm grande fascínio por sacrifícios. Parece que quanto mais sacrificial for a exigência de determinada religião, mais as pessoas se sentem prontas a um envolvimento. É como se fosse uma espécie de catarse: Grandes doações libertariam as pessoas de grandes culpas e as justificariam diante de Deus. A base de tais práticas é a justiça própria, mas fazem sentido no coração das pessoas: romarias, auto flagelação, auto punição, privações, auto punição, oferendas de animais, rituais secretos, etc.

Mas em Hb 13.15 ouvimos falar do sacrifício sacrifício de louvor. Este sim, agrada a Deus. Dr Russel Shedd afirma que tais sacrifícios são ações de graça” (Sl 37.4). É o tipo de relação que não possui uma agenda por trás. Não é uma relação de troca, de barganha, de conveniência, mas fundamentada na pura graça de Deus. Este é o sacrifício da gratidão, do muito obrigado, marcado pela compreensão da relação que o pecador, agora redimido, tem com aquele que morreu na cruz para perdoar seus pecados.