domingo, 29 de setembro de 2013

Gn 20 A Velha natureza nunca morre!




Introdução:
Este texto é inquietante! Não sei se você o leu atentamente, mas vale a pena dar uma lida cuidadosa. Algumas questões intrigantes surgem neste texto. 
No trágico evento da destruição de Sodoma e Gomorra, vemos como Abraão gozava de intimidade com Deus, a ponto dele vir conversar com ele e comunicar o que estava para fazer.  Provavelmente, logo após aquela hecatombe, abalado viaja para o território de Negev e passa a morar em Cades e Sur, junto com os amalequitas. Ray Stedman afirma que se trata dos “palestinos atuais”, povo que teria saído do meio dos Egípcios, e que morava na fronteira com Canaã.
Ali Abraão apresenta Sara como sua irmã, e Abimeleque a toma como mulher (Gn20:1-2). Um antigo ditado em inglês afirma o seguinte: “Old habits die hard!” (Antigos hábitos custam morrer). A Bíblia, porém, afirma, que o maior problema nosso não são antigos hábitos (comportamentos, atitudes), mas a velha natureza (essência, o ser). Ali estava o velho Abraão, 30 anos atrás, lidando com sua natureza distorcida de Deus, apesar de ter sido um amigo tão próximo do Senhor.
O que aprendemos com este incidente?
1. Velhos hábitos são duros de morrer. Pecados antigos e reincidentes são sempre uma ameaça à nossa trajetória de fé.
Cada um possui o seu “calcanhar de Aquiles”. Um dos pecados de Abraão foi a fraqueza de caráter diante das ameaças. A primeira coisa que ele fez entre os amalequitas foi mentir sobre sua esposa. Ele diz que ela era sua irmã, exatamente como 30 anos atrás. Sara provavelmente ainda era uma mulher charmosa. Ray Stedman afirma que a palavra que sintetiza o capítulo 20 é "relapso." Isto lhe parece familiar? A mesma antiga atitude volta a se manifestar.
Quais são seus pecados de estimação?
Mentiras, duplicidade?
Malandragem, desonestidade?
Lascívia, luxúria?
Agressividade, ira, cólera?
Amargura, ressentimento, mau humor?
Futilidade, conforto, bem estar?
Auto-comiseracao, vitimismo?
Vícios: drogas, bebidas, pornografia?
Pecados do espírito: Orgulho, vaidade, soberba, superioridade moral ou espiritual?
O de Abraão é sua covardia. Usa sua mulher como escudo sempre que pode. Era ótimo crente, mas péssimo marido.
Velhos hábitos são difíceis de serem exterminados! A natureza velha nunca more! Por isto Paulo nos exorta: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza carnal” (Ef 4), e “a carne milita contra o espírito e o espírito contra a carne” (Gl 5). Porque nossa natureza adâmica nunca morre, somos capazes de fazer coisas piores do que já fizemos. Abraão sempre foi um covarde e isto já tinha se tornado claro 30 anos antes, continua escondendo-se atrás de sua esposa, sujeitando-a à vergonha e desonra para proteger sua pele. Ali estava sua velha natureza agindo novamente.
Esta velha natureza adâmica vem conosco desde o nascimento, ela perverte e torce as coisas para que não sejam como Deus queria que fosse. Existe algo em nós sobre a velha natureza, a carne, que é hábil para simular falsas atitudes de justiça e piedade. A justiça própria sempre demanda louvor pessoal, um desejo de ser admirado e atrair a atenção de outros. Seja qual for a direção, este é o caminho da carne, esta coisa velha e feia dentro de nós, que jamais pode agradar a Deus.
Por isto a Palavra nos tenta mostrar que tudo que vem da velha natureza e não através de Cristo é sem valor, não interessa como isto pareça aos olhos dos outros. Se o fundamento é o meu ego, sempre buscará a auto promoção e não a glória Deus. O meu Eu está no centro. “Fazei, pois, morrer, a vossa natureza carnal”. Qualquer dependência do Eu, sempre resulta no tipo de experiência de Abraão.  Depois de 30 anos caminhando com Deus, deixa de depender de Deus e faz as coisas do seu jeito, demonstrando a mesma velha natureza de muitos anos atrás. A velha natureza só perde sua força quando andamos no Espírito. “Andai no Espírito, e jamais satisfarei os desejos da carne” (Gl 5.16)
2. Pecado nos desautoriza e envergonha

Deus veio a Abimeleque em sonho e o repreendeu, "Você vai morrer, porque a mulher que mandou buscar é casada" (Gn 20.3). Isto talvez não assustaria ninguém hoje, mas causou uma profunda reação em Abimeque: “Senhor, eu estou inocente! Será que ainda assim vais destruir a mim e ao meu povo?(Gn 20.4). Abraão havia dito que ela era sua irmã. Ele estava inocente quanto a isto. Então Deus afirma que sabia disto, e por isto veio lhe advertir para não pecar contra ele. Mas o advertiu que se não a devolvesse, morreria (Gn 20.3-7).
Aqui encontramos um homem cometendo um grave pecado, e Deus o parando. Esta é a revelação de como Deus vê o pecado de tomar a mulher de outro homem. Ele adverte um homem pagão, que reconhece que sua atitude é errada. Quando a gente entende que mesmo uma pessoa pagã reconhece que sua atitude é errada, entendemos quão longe temos ido das verdades de Deus em nossos dias.
Mas o centro do pensamento aqui se volta agora para Abraão. Em seguida o vemos sendo confrontado por Abimeleque. “O que você tem feito para nós?”(Gn 20.8-13). Como cristão você já passou por esta constrangedora repreensão de um pagão? Certa mulher cristã, teve uma gravidez indesejada, e diante de muitos problemas com seu marido e seu casamento indo de mal a pior, foi uma mulher não evangélica que a repreendeu: “Você não pode fazer isto. Você é uma mulher de Deus”. Já vi isto acontecer com um líder cristão sendo censurado no mundo secular por atitudes errôneas e espúrias quanto aos seus negócios. Será que vamos precisar aprender lições de gente sem Deus sobre nossos comportamentos questionáveis? Abraão passa uma enorme vergonha aqui neste texto. Ele era um homem idoso, não precisava passar uma vergonha desta. Abimeleque, com razão, foi duríssimo com Abraão.
3. Precisamos ser abençoados para abençoar –
E orando Abraão, sarou Deus Abimeleque...” (20.17). Esta é a benção da graça. Mesmo quebrado e envergonhado, Deus o chama para orar. Deus repreende Abraão e cura Abimeleque. Abimeleque fora mais nobre que Abraão. Talvez você já tenha visto não-cristãos que são cultos, bem-educados, moral elevada até mesmo para alguns cristãos. Talvez o cristão seja fofoqueiro, irritante, auto centrado e de péssimo temperamento. Mas Deus, depois de repreendê-lo, chama Abraão para orar pelo rei.
Isto me leva a pensar que Deus não está preocupado com minha reputação, mas com minha restauração. Reputação é externa, feita para louvor do ego, para as pessoas apreciarem e admirarem, mesmo quando estamos quebrados e desautorizados. Deus deseja restaurar Abraão, e usa um homem pagão para confrontá-lo pela sua atitude pusilânime. Abraão tinha sua vida em Deus, um coração regenerado, uma nova natureza. Quando ele se arrepende, é perdoado e se torna um instrumento de Deus para abençoar outros e restaurar Abimeleque. Somente quando Abraão orou ele foi curado.
Deve ter sido assustador para Abimeleque a visão que teve. Deus afirmou: “Ele é profeta, e orará para que não morra!” (Gn 20.7). Ele deve então ter pensado: “Se o profeta age assim... imagina o resto do povo...” Isto parece descrever o que normalmente fazemos na força da carne. Deus coloca novamente Abraão para ser um instrumento de sua benção. Ele corrige seus erros e o leva para uma vida de plenitude e benção, não apenas para si mesmo, mas para os outros.
Conclusão:
Certa vez estava com minha alma muito atribulada. Não me recordo o que aconteceu, mas me recordo que estava me sentindo péssimo. Estava triste, sem vontade e ânimo para orar, ansioso com as coisas que tinha que lidar, quando fui procurado por um rapaz da igreja, igualmente quebrado e triste, e que veio para receber a oração do seu pastor. Naquela orou pensei comigo: “Hoje não Senhor!”. Então ousei dizer que estava também péssimo, e que faríamos o seguinte: Ele quebrado, oraria por mim, para que eu, quebrado, orasse por ele. E foi o que fizemos. Ambos desanimados, mas orando e pedindo a Deus sua misericórdia e benção.
Foi isto que Deus fez com Abraão. O repreendeu através de um homem ímpio, o colocou diante de seu pecado, não protegeu sua reputação, mas o curou e disse: “Agora ore pelos amalequitas e por Abimeleque!”. Deus nos chamou para sermos bençãos para a sociedade e as pessoas que se encontram próximas a nós. Precisamos entender como Deus leva a sério o seu chamado e vocação para nossas vidas. Ele quer abençoar o mundo através de nós. Quando Abraão terminou de orar, Deus curou a família de Abimeleque.



domingo, 22 de setembro de 2013

AP. 12 A MULHER E O DRAGÃO





Introdução:

A soberania de Deus foi declarada nas Sete Trombetas, sendo um fato já consumado, conforme nos relata a Sétima Trombeta, contudo, isto não significa que a luta findou. Lembre-se que a declaração da soberania de Deus é feita de forma categórica, no capítulo 11, no meio do livro, mas isto não significa que todas as batalhas findaram, como vimos no texto anterior. Na verdade, a soberania de Deus é declarada em todo o texto de Apocalipse.

Para vários comentaristas, o cap. 12 é uma espécie de intersecção e divisão do livro

João passa a relatar a história do conflito entre a soberania de Deus e a luta de Satanás em ocupar este lugar. Com símbolos apocalípticos, João descreve agora o nascimento do Messias. Conquanto a figura da mulher seja controvertida, a figura do Filho não pode ser interpretada de outra forma, senão Jesus, por causa da declaração insofismável do vs. 5 “Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações, com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até o seu trono”. Esta é uma profecia messiânica, relatada em vários textos. Sl. 2; 11:15 e Dn.7:13,14

Agora entramos no mistério da mulher, da criança e do dragão.

A mulher nos leva novamente à pluralidade de sentidos:
A mulher traz a tona o antigo conflito profetizado em Gênesis da luta entre Eva e a Serpente, sobre a vitória da sua posteridade contra a serpente.
O que significa a Mulher? Para muitos trata-se de Maria, mãe de Jesus. Embora Maria tenha dado à luz a Jesus, o resto da descrição profética que vemos neste texto, não se aplica a Maria, mãe de Jesus. O texto relata que esta mulher fugiu para o deserto por 1260 dias, e esta profecia não se aplica a Maria, sim a Israel, como nação.
Para outros, trata-se da Igreja, porém, a mulher, de forma alguma pode ser a Igreja. Esta interpretação polissêmica é complicada “Não é a Igreja que dá nascimento à criança, pelo contrário, é ela que deriva desta”. [12] Foi Cristo, pela sua vida, morte e ressurreição, e depois enviando seu Espírito Santo que criou sua igreja, por outro lado, a igreja nunca é tratada na Bíblia como mãe, mas sempre como a virgem, a noiva adornada.
Outra hipótese, mais razoável hermeneuticamente, aponta para Israel. Isto está de acordo com várias profecias. R. H. Charles, ao discutir a identificação da Mulher, lembra que nos escritos vétero-testamentários, muitas vezes a comunidade teocrática é descrita em termos da mulher com dores de parto. Is.26:17; Mq. 4:10; Is.66:7. Para ele, isto revela messianicamente a chegada do libertador prometido ao povo de Israel.
A profecia de Is.66:7 diz que Sião está com dores de parto, isto é, alguma coisa está sendo gerada no útero desta nação, algo novo deve surgir dentro dela. Existe uma grande expectativa do que virá. Existe um povo engravidado de uma criança, conceito ainda muito vago obviamente pelos escribas e profetas, que indagavam, inquiriam e anelavam por esta salvação que viria, mas sem ter conhecimento da realidade final a que Deus se referia. Era uma revelação parcial que Deus na sua sabedoria, preferiu manter em silêncio até que seu Filho viesse à terra. I Pd. 1:10-12
Paulo parece nos dar a chave hermenêutica quando relata que “A Jerusalém lá de cima é livre, a qual é a nossa mãe”. Gl. 4:26 Jerusalém foi a mãe do povo de Israel e do povo do Messias na terra. “Seus filhos são o povo de Deus histórico na terra[13]. Gl. 4:26
Outro aspecto a observado é o conflito do dragão também com a “descendência da mulher” vs. 17 isto nos leva a ter uma visão mais ampla desta mulher.
A mulher está vestida de sol, expressão de sua glória e exaltação, e tem debaixo de seus pés a luz, sinal de domínio, e tem uma coroa de doze estrelas, símbolo da vitória. Todas estas descrições simbólicas tentam realçar a glória celestial da mulher e a majestade de sua aparência.

O alvo do dragão:
A descrição que é feita de Satanás também é simbólica. A idéia da antiga serpente, nos faz lembrar da velha batalha travada no Éden. O diabo é muitas vezes descrito no VT com a conceitos mitológicos e monstros como o dragão e a serpente sinuosa, Is.27:1; o monstro marinho, Is. 51:9 O dragão também tem 7 cabeças e 10 chifres. As sete cabeças falam do grande poder do diabo e os 10 chifres falam de governos que estão subordinados ao controle de Satanás. Satanás é descrito 13 vezes como dragão no livro de apocalipse. Este dragão é uma criatura tão colossal que com um movimento da sua cauda pode tirar a terça parte das estrelas e lançá-las por terra. Não precisamos entender isto de forma literal, mas apenas entender o poder que ele possui, tipificados aqui nesta figura de linguagem.
A luta do dragão caminha na direção do extermínio da criança que vai nascer. O grande dragão vermelho está pronto para devorá-la, logo após o parto. Satanás vai fazer de tudo para destruir a criança que um dia há de destrui-lo. A antiga serpente precisa impedir completamente a encarnação, o nascimento desta criança. Existe uma questão muito importante aqui: Por que existe tanta oposição ao nascimento desta criança?
A encarnação de Cristo, sua historicidade e humanidade, ocupa um lugar central no plano da redenção estabelecido por Deus. Todas as escrituras apontam para este grande evento. O nascimento deste menino tem espaço central na expectativa judaica. Seu nascimento é um turning point na história da humanidade e nos propósitos eternos de Deus. Por esta razão, o projeto de Deus é mantido em secreto. Paulo fala de Jesus como o mistério de Deus “desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas”. Ef.3:8-9
Assim como existe uma santa expectativa entre o povo de Deus e entre os seus anjos (I Pd.1:10-11) Existe também grande apreensão e temor no inferno. Tão logo este projeto se torna público e é anunciado, Satanás se opõe veemente ao advento. Eles sabem que se esta criança vier a existir tudo estará perdido para eles. A grande oposição do diabo é ao nascimento da criança. A encarnação é um fato dramático para o inferno, este é o grande mistério não revelado inteiramente aos profetas, que Deus haveria de vir ao mundo, não apenas através de seus mensageiros (os anjos), nem daqueles que falavam suas verdades (os profetas), mas através dele mesmo. Por esta razão João diz: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”. I Jo.3:8 É o fato da encarnação da criança que provoca o aparecimento do dragão com toda sua fúria: O dragão se coloca em frente à mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. Vs. 4  Ele sabe que aquela criança haveria de esmagar sua cabeça, e que havia vindo ao mundo, para destruir as obras do diabo.
Curiosamente, esta ação orquestrada do diabo contra o “recém nascido rei dos Judeus”, veio de forma palpável através dos poderes políticos, não através de uma intervenção sobrenatural ou em forma de batalhas cósmicas, mas num Ato Institucional, que não deixa de ser profundamente espiritual. Este decreto bárbaro de Herodes, mandando matar indiscriminada e cruelmente as crianças que viviam no perímetro urbano de Belém, revela o esforço do dragão em “devorar o filho quando nascesse”. Vs. 4  Ver Mt.2:16-18
O simbolismo do dragão, pronto a destruir a criança recém nascida traz a tona o início do conflito no mundo entre Deus e Satanás. “A tentativa de Satã de destruir o Messias logo de início frisa a natureza mortal e crítica do conflito. Satã conhece plenamente o que significa o nascimento iminente da criança. Sabe que com a vinda de Deus em carne, grandes forças se desencadearão, as quais lhe hão de reduzir o poder. Surge agora um conflito incessante no qual Satanás luta para preservar seu poder…Sua tentativa infrutífera se repetiu na crucificação de Cristo, quando o governo romano se coligou com os oficiais judaicos para levarem Jesus à morte. Sem dúvida, os fatos históricos são parte da inspiração que produz esta representação simbólica”. [14]

O ato de nascer o Messias é o grande ato de Deus contra toda tentativa de Satanás em exercer domínio sobre a terra. McDowell chama a atenção para o fato de ser este um conflito cósmico, que abrange todo o universo pois João o descreve com imagens apocalípticas falando dos poderes celestiais e sobrenaturais do tremendo conflito que inclui tanto o céu quanto a terra. Satã sofre derrota no céu, de onde é expulso (12:7-8); É derrotado na terra, por causa do sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho,  (12:11). Por isto, João descreve o céu em festa. (12:12).

Yancey faz uma análise curiosa deste texto:
“Apocalipse 12 puxa a cortina para nos dar um vislumbre do Natal como ele devia ter parecido em algum lugar bem longe além de Andrômeda: O Natal da perspectiva dos anjos. A narrativa difere radicalmente das histórias do nascimento nos Evangelhos. O Apocalipse não menciona os pastores e um rei infanticida; antes, descreve um dragão liderando uma feroz luta no céu. Uma mulher vestida de sol e usando um coroa de dozes estrelas grita com dores enquanto dá a luz. Subitamente o enorme dragão vermelho entra em cena, sua cauda varrendo um terço das estrelas do céu, e jogando-as à terra. Faminto, ele arma um bote diante da mulher, ansioso para devorar seu filho no momento em que este nascer. No último instante a criança é arrebatada para um lugar seguro, a mulher foge para o deserto, e toda uma guerra cósmica se inicia”. [15]
Visto pelo ângulo dos bastidores das esferas espirituais, esta passagem é dramática, dando-nos uma boa idéia do que aconteceu com  a chegada de Deus em forma humana, quando nosso pequeno planeta foi visitado pelo criador de todo universo.
A grande batalha de Satanás, descrita neste texto, é com a encarnação de Cristo. Existe aqui um conflito cósmico. A Bíblia não nos fala apenas de um mundo cheio de ações políticas, violência, lagos e estrelas, mas relata também um mundo espiritual, sinistro, repleto de entidades, anjos e ações sinistras, e naquela noite fria de Belém, estes dois mundos se tocaram de forma impressionante. “Deus que não conhece o antes ou o depois, entrou no tempo e no espaço. Deus que não conhece fronteiras, assumiu as limitações chocantes da pele de um nenê, as restrições sinistras da mortalidade”.[16]
Por que Satanás se opõe de forma tão veemente ao projeto de Deus de visitar o planeta terra em forma humana?

1. Porque, com a encarnação de Cristo, instaura-se um novo tempo na história da humanidade.
Existe aqui um momento decisivo dentro da história humana. G.K. Chesterton disse: “Único de todos os credos, o cristianismo acrescentou coragem às virtudes do Criador”. Naquela pequena vila de Belém, Deus se tornava humano, absolutamente igual às suas criaturas. O seu grande projeto e grande mistério se revela de forma surpreendente através de uma gravidez pouco conservadora gerada no útero de uma piedosa adolescente, e desembocaria no nascimento de uma criança frágil numa pequena e inexpressiva vila na Judéia. Ali, contudo, inicia o grande drama da redenção da raça humana, ali Deus desenvolve o seu projeto de restaurar todos aqueles que crêem, pela loucura de um insano gesto: A morte de seu filho Jesus.
Jesus entendia isto plenamente. Sua encarnação era o grande alvo de Deus para a raça humana. Um dia, numa aldeia chamada Cafarnaum, ele lê um texto messiânico em Isaías, fecha-o solenemente, e diante de uma pequena platéia atônita, afirma categoricamente que ele era o cumprimento daquelas profecias: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”. Lc. 4:21 Explicando seu ministério de confrontação dos poderes malignos afirma: “Se eu expulso demônios, o Reino de Deus é chegado”. Mt. 12:28
O Nascimento de Deus entre nós inaugura um novo tempo. O tempo da restauração, o tempo de salvação. Os apóstolos também entenderam isto: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Gl. 4:4

2. Porque com a vinda desta criança, inicia-se o tempo da confrontação e desmascaramento dos poderes das trevas –
O dragão se coloca em frente a mulher, para devorar o Filho quando nascesse. Temos aqui uma figura antológica. Todo o esforço de Satanás, neste momento é para sufocar o nascimento de Deus entre os homens. Porque com sua vinda, o poder das trevas é relativizado, seu domínio diminui e Deus realiza obra portentosa no meio de seu povo.
Existe um episódio do ministério de Jesus que é relatado nos três evangelhos sinóticos e que revela o que representou esta vinda do Filho de Deus para o diabo e seus anjos.  Trata-se do endemoniado gadareno. Curiosamente os textos nos mostram que a única ação de Jesus em Gadara foi a libertação deste homem que vivia numa situação de profunda opressão. Isto revela a compassividade de Jesus especialmente para aqueles que encontram-se presos nos laços destruidores dos demônios. Logo após a libertação daquele possesso, Jesus é expulso do lugar. Aquele homem era possesso, seu corpo e mente eram dominados pela ação destrutiva de uma legião de demônios. Quando Jesus encontra-se com o endemoniado, os demônios se curvam diante de Jesus, reconhecendo sua autoridade e poder e fazendo alguns pedidos estranhos que variam conforme a narrativa de cada um dos evangelistas, o que torna profunda rico a compreensão do que significou a encarnação do próprio Deus entre nós.
Em Mt. 8:29 os demônios gritam em desespero: “Que temos nós contigo, ó Filho de Deus, vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?” 8:29 Os demônios, diante da encarnação e ministério de Jesus, percebem que o julgamento já chegou com a vinda do Messias. Eles têm consciência do limite do seu destrutivo poder diante da autoridade de Jesus, e sabem que o julgamento deles já está determinado. A surpresa deles, contudo, focaliza-se na questão do tempo do julgamento. Eles questionam porque acreditavam que suas agendas  foram reduzidas no tempo, isto é, Jesus os atormenta “antes do tempo”.
Em Mc. 5:10, os demônios pedem para que Jesus não os mande para “fora do país”. Que país é este a que se refere esta legião? Os comentaristas se dividem. Uns crêem que esta legião falava de um território geo-político, conhecido humanamente como Gadara, e isto seria uma referência a “espíritos territoriais”, que se acham dentro de uma determinada província ou região, e que mantém o domínio naquele lugar. Outros crêem que esta legião estaria pedindo para que não fosse enviada para o lugar de onde vieram, o inferno. Este “país” ao qual se referem, seria a terra. Neste caso, os demônios não queriam voltar para o inferno, porque o inferno é um lugar tão ruim, que nem mesmo seus habitantes naturais, os demônios, querem morar nele.
Em Lucas 8:31 a narrativa segue a mesma idéia, mas Lucas usa um termo diferente. Os demônios rogam a Jesus, que não os mande “sair para o abismo. Uma referência ao lugar onde se acham encarcerados os espíritos malignos. Mais uma vez, temem retornar para o seu habitat.
A encarnação de Jesus, confronta os poderes das trevas. O ministério de Jesus é profundamente marcado pela expulsão de demônios. Jesus veio para amarrar o valente, para desfazer as obras de satanás, pelas quais ele mantém opresso e possesso milhares de vidas. À igreja de Cristo foi dada a mesma autoridade. A Igreja é uma agência divina com a autoridade para derrubar os portões do inferno. João, o apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo, sintetizou isto de forma profunda: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: Para destruir as obras do diabo”. I Jo. 3:8  Não é surpresa, portanto, que o dragão esteja tão desejo de destruir esta criança que nasce.

  1. O grande dragão deseja impedir o nascimento desta criança, porque ele veio para realizar a grande obra da redenção na cruz – A encarnação desemboca na cruz, e a cruz é o lugar onde Satanás terá sua cabeça esmagada.
Satanás, ao contrário do que pode parecer, tenta impedir a cruz. Isto se inicia logo na tentação de Jesus. No deserto, Satanás sugere a Jesus que pule do pináculo do templo, assim, os homens ficariam impressionados com o seu poder, e este gesto atrairia mais a atenção que três anos árduos de ministério numa região de miseráveis como a Galiléia, no meio dos pobres e desvalidos. O diabo sugere que Jesus tome o caminho mais curto. Não o caminho da cruz, mas o caminho da auto-glorificação. Tenta assim, fazer com que Jesus caia na armadilha de manipular o sagrado da vida humana,  de transformar, fazer milagres, não ter que passar por toda vergonha que o seu ministério público teria, com o enfrentamento da cruz. Satanás usa aqui o ideal de serviço a Deus de forma distorcida porque ele é especialista em perverter o sagrado, assim, sempre tenta mudar o milagre em charlatanismo. Tenta assim desviar Jesus de sua missão.
Talvez um dos momentos em que isto se torna mais claro seja quando Pedro, seu amigo íntimo, exatamente quando Jesus vivia seus momentos de maiores lutas existenciais se aproxima dele e lhe diz, de forma aparentemente tão solidária: “Tem compaixão de ti mesmo Senhor, isto de modo algum te acontecerá”, (Mt.16:21-23) e Jesus lhe responde de uma forma abrupta e que beira a grosseria: “Arreda de mim Satanás, tu não cogitas das coisas de Deus, mas sim das dos homens”. Por que será que Jesus responde desta forma a Pedro? É que Jesus via na palavra de Pedro, uma profunda manipulação demoníaca, Satanás se utiliza de um dos seus melhores amigos para lhe dar um dos conselhos mais sedutores, que era o de não ir para a cruz, mas ao mesmo tempo que distorcia sua vocação e propósito redentivos. Afinal, não fora exatamente este mesmo conselho que ele lhe dera no deserto? Fuja da cruz! Tome o atalho exercendo seus poderes excepcionais, e você será muito mais apreciado e bem sucedido que utilizando a cruz. Jesus rejeita estas sedutoras propostas do diabo.
A cruz é o lugar onde Deus, por meio de Jesus, de forma definitiva e cabal, realiza seu grande propósito de salvar aqueles que vierem a crer nele. Col.2:14-15 afirma: “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Além de realizar sua obra de resgate da humanidade, ele também triunfou dos principados e potestades, triunfando deles na cruz. Satanás tentava evitar que o filho nascesse, porque seu nascimento decretava de forma cabal, a destruição do diabo.
Em Gálatas 3:3 está escrito: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele mesmo, maldição em nosso lugar”. A cruz é o lugar onde a obra de Jesus se conclui, onde o diabo é exposto ao desprezo, e a obra de Deus prevalece sobre a humanidade. A cruz é o lugar de decisão. A cruz é ponto zênite da raça humana. Foi na cruz que ele retirou o escrito da dívida que era contra nós. Tira de nós o jugo, o peso de nossos pecados. Foi na cruz que ele nos trouxe a liberdade que nos condenava a morte, ao peso de nossos pecados e ao inferno. Mas foi também na cruz que triunfou sobre as potestades e sobre os principados, expondo-os ao desprezo. Ridicularizando de sua suposta força. Esta cruz é o lugar da graça de Deus para nós, humanos. Portanto, olhem para a cruz de Cristo. Ela é o ápice do projeto de Deus, e o zênite da existência humana.


  1. Satanás quer impedir que esta criança venha a nascer, porque a encarnação é o grande projeto de Deus
O nascimento desta criança é precedido de vários sinais majestosos: Todas as profecias vétero-testamentárias estavam engravidadas de um grande evento que Deus haveria de realizar no meio dos homens. (cerca de 600 profecias no Velho Testamento apontam para a vinda de Jesus); O cumprimento destas profecias incia-se com a experiência de Zacarias, o velho sacerdote, cujo revelação de Deus se dá num vácuo profético de 400 anos (desde Zacarias, até Mateus, não existe registro de que Deus falado a qualquer profeta), neste período chamado de intertestamentário. Na manifestação que Deus faz a Zacarias, este longo silêncio de Deus é quebrado.
O nascimento desta criança é também marcada por lutas cósmicas, e grandes sinais celestiais: A visão dos magos, a profecia de Ana e Simeão, a grande manifestação do coro celestial junto aos pastores de Belém. Todo cenário está pronto para esta grande e maravilhosa revelação que se dá na terra.
Este é o tempo do pleroma de Deus. “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”.  (Gl.4:4). Este é o momento esperado e que gerava ansiosa expectativa nos judeus piedosos, e em todos quantos aguardavam a vinda do Messias. Instaura-se uma nova ordem espiritual, uma Nova dispensação se estabelece. “Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira” (Hb.9:13).  Este é o tempo de uma Nova dispensação, a dispensação do Espírito de Deus, tempo de construir sua igreja, de ampliar os horizontes.

Conclusão:
Não conseguindo seu intento de devorar a criança, Satanás volta agora sua ira contra os  descendentes da mulher. “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar contra os restantes de sua descendência”. 12:17 Quem são estes descendentes da mulher? O texto se auto explica: “Os que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar”. (Ap.12:17). A ira do dragão contra a mulher, muda agora o foco e vai contra seus descendentes. Estritamente falando, quem são os descendentes de Israel? Os judeus. Mas Paulo explica a questão da seguinte forma: Os verdadeiros israelitas são aqueles que andam de conformidade com a regra do Evangelho, e se gloriam estritamente na cruz de Cristo, pois nem a circuncisão é alguma coisa, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. (Gl.6:14-16). Este é o Israel de Deus!
A grande batalha atual de Satanás é contra os “descendentes” desta linhagem espiritual, contra os que “guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus”. Por mais simpáticos que sejamos à causa judaica, não podemos nos esquecer que o importante é o testemunho de Jesus, sobre nossas vidas.
A Igreja é chamada por Deus, desde então, para ser uma agência de confrontação dos poderes das trevas. Tem sido, por esta razão, perseguida, espoliada mas, a despeito de toda a oposição, segue vitoriosa e triunfante. A batalha ainda não acabou, estamos ainda no meio da luta, mas a batalha já tem um vencedor.  “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro, e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da, não amaram a própria vida” (12:11)
              

Samuel Vieira
Medford, MA - 26/08/2000




[1] Para uma melhor compreensão deste conceito, do já e ainda não, que revela a tensão entre o reino presente e o futuro, recomendamos o fabuloso texto escrito por Stott. Ver Sttot, John - The contemporary christian, Downers Grove, IL., Intervarsity Press, 1992, The Now and the not yet, pg. 375-392
[2] Stott, 1992, pg. 377
[3] Ladd, 1980, pg. 120,121
[4] Ladd, 1980, pg. 121
[5] Packer, J.I - O conhecimento de Deus - São Paulo, Editora Mundo cristão, 1973, pg. 135
[6] Pink, A. W., The atributes of God, pg. 75
[7]  Confissão de Fé de Westminster, Cap. XXXIII, Do juízo final, Editora Cultura Cristã, 1994, pg. 159
[8] Ellul, 1978 - pg. 88,89
[9] Barclay, The revelation of John­ - 1961, pg. 89,90
[10] .Hendriksen, 1977 - pg. 159
[11] Ladd, 1980 - pg. 120
[12] Ellul, 1978, pg. 89
[13] Ladd, 1980, pg. 124
[14] McDowell Jr.,  E. A., - A soberania de Deus na história - A mensagem e significado do Apocalipse - Rio de Janeiro, Ed. Juerp, 2a. edição, 1976, pg. 112, 113.
[15] . Yancey, Philip – O Jesus que eu nunca conheci, São Paulo, Ed. Vida, 3a. ed. 2000, pg. 44-45
[16] . Yancey, Philip- 2000, pg. 47

Pv 5.18 O Grande Projeto





Introdução:
“Quando encontrar alguém e esse alguém fizer 
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida. 

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, 
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu. 

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo 
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês. 

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça: 
Algo do céu te mandou 
um presente divino : O AMOR”. 
(Carlos Drummond de Andrade)

Existem muitas comparações negativas para o casamento:
A. Casamento é um forte sitiado: Os que estão dentro querem entrar, os de fora querem sair.
B. Casamento é como uma piscina fria na qual uma pessoa cai dentro, e para atrair outros começa a chamá-los e dizer que a água não está fria.

Na verdade, o casamento é O Grande Projeto de Vida. Falhar neste projeto traz muitas dores e angústias.
Por que este projeto é assim tão especial?

  1. É grande por causa de sua Sacralidade  - Pv 5.21
    1. Nossos lares facilmente se esvaziam do conceito de Deus.
    2. Casamento é uma instituição divina: Ele mesmo percebeu a necessidade da solidão do homem e fez-lhe uma companheira. Celebrou o matrimônio. Não é projeto humano. Faz parte do design da criação.
    3. O Distanciamento de Deus faz-nos considerar o casamento como um evento qualquer, sem maiores conseqüências. Trocamos de parceiros sem entender a natureza dos votos que fazemos e a seriedade com que Deus trata o casamento.
    4. Encha a tua casa! Mt 12.43-45 nos ensina que precisamos expulsar obras malignas e ao mesmo tempo enchemos de ternura, celebração, alegria e sacralidade. Casa vazia é prenúncio de maldição. Estes eventos precisam ser sincrônicos e complementares: Esvaziar a casa do mal e enchê-la de Deus. São dois movimentos, e um não vai subsistir sem o outro.
    5. Aprenda a orar, ler a Palavra, cultuar a Deus. Forme grupos de estudos em sua casa, receba amigos, cante louvores a Deus. O povo de Israel  foi convidado por Deus para entrar na sua casa, colocar a marca do sangue nos umbrais da porta e partilhar juntos a ceia. Precisamos partilhar a vida de Deus com amigos e filhos. Nossa casa deve ser de fato uma casa de benção.

  1. É grande por ser um projeto de Intimidade -
    1. Este texto fala muito de intimidade do casal, e adverte seriamente contra a infidelidade. Os lares modernos sofrem muita pressão contra a infidelidade. Precisamos nos guardar um para o outro.
    2. Deus fez o homem para experimentar intimidade: “Estavam nus e não se envergonhavam” (Gn 2.16). trata-se de uma intimidade sexual e psicológica. Nos tornamos vulneráveis para conhecer a amar o outro.
    3. É necessário celebrar a intimidade, e rejeitar a invasão do estranho (a). “Sejam para ti e para ti somente, alegra-te com a mulher de tua mocidade”.
    4. A intimidade é celebrada (Pv 5.15-18): Sexualidade é rica, mas para aquele a quem assumimos o compromisso de cuidado. O convite lares ricos de sexualidade, mas privativo. “Por que derramar-se-iam para fora as tuas fontes? Sejam para ti, e para ti somente, e não para  estranho”. .

  1. É grande por ser um convite à Celebração  – “Alegra-te com a mulher da tua mocidade” e “embriaga-te com suas caricias”, são duas frases que nos levam a pensar no casamento como uma experiência de alegria e graça.
    1. Poucas coisas são tão devastadoras numa casa que o mau humor. “É melhor morar no canto do eirado, que com a mulher rixosa e intrigante”.
    2. Ellen Kreidman, terapeuta que lida com revitalização no casamento, escreveu o livro “O Beijo de 10 segundos”, afirmando que um dos grandes fatores de revitalização, entre outros, é capacidade de riso dentro de casa. A maioria dos lares tem perdido a capacidade de rir, de gargalhar, de celebrar. A]
    3. Li recentemente uma frase que dizia: “Abaixo o mau humor”. Nossos lares passam por uma crise de alegria, e estão muito austeros. Precisamos celebrar a vivência familiar, rindo de nossas incongruências e tolices, e aprendendo que falhamos, mas não podemos perder a capacidade de rir.
    4. Rir ainda é o melhor remédio:
                                                               i.      Amigos se aproximam quando temos alegria;
                                                             ii.      Filhos crescem com saúde emocional.
                                                           iii.      Deus é glorificado. A parábola de Jesus sobre o filho pródigo fala de um pai compassivo, misericordioso e festeiro: danças, churrasco, anel, roupas novas, etc.
                                                           iv.      Alegra-te com a mulher da tua mocidade!”. Temos conseguido gargalhar?

Conclusão:
Clarice Lispector estava correta quando escreveu:
“Não me lembro mais qual foi o nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser”.
Por ser um casamento o grande projeto da vida, somos convidados a tratá-lo com a sacralidade imputada por Deus, com a intimidade que um projeto a dois requer, e com a celebração tão necessária na caminhada de um homem com uma mulher.

Gn 19.1-22 FAMILIA: O grande negócio de Deus



 Introdução:


Existe uma cena marcante no filme “O advogado do diabo”, logo depois da morte da esposa deste advogado que prestava serviços a este estranho e maquiavélico empresário. Ele reclamou que o seu patrão (o diabo), havia sido a causa da morte de sua esposa, e o diabo então ironiza dele dizendo: “Eu sou o responsável pela morte de sua mulher? Não! Não fui eu quem o recomendei a voltar para sua casa e cuidar dela? Mas o que você fez? Estava impressionado com o poder e o dinheiro e não quis para sua vida. Você foi o responsável, não eu”.

Esta cena bem poderia ser aplicada à vida de Ló.
  1. Ló era um homem rico: tinha aprendido a ganhar dinheiro – Gn 13.5
  2. Ló era um homem justo (ou “bom” tradução BLH) e temente a Deus – (2 Pe 2.7-9).
  3. Ló era um homem envolvido com adoração a Deus – Gn 13.4
  4. Ló viu milagres e intervenções sobrenaturais de Deus na história – A gravidez de Sara (sua tia) Gn 21.1-7

Mas Ló cometeu alguns graves erros.
(1) Ló decidiu apenas pela imagem – (Gn 13.10) “Levantou Ló os olhos”. 
(2) Ló decidiu sua vida apenas por razões econômicas: “Viu as pastagens, como o jardim do Senhor” (13.10).
(3) Ló não considerou seu velho tio, que por razões naturais, tinha a prerrogativa de fazer escolhas.
(4) Ló fez um empreendimento sem considerar sua família  – (Gn 13.13).  
(5) Ló não levou em conta o critério de Deus – O que aquela cidade representava?

Por causa disto, Ló se perdeu e trouxe profundas trevas sobre sua família. Sua esposa, desorientada com o glamour e a opulência de Sodoma, olhou para trás, ficou estagnada e se transformou numa estatua de sal. Suas filhas, distanciadas do convívio com aquela cidade pagã, mas encharcadas dos valores da ímpia cidade, saíram levando consigo a cultura de promiscuidade, e praticaram incesto com o seu próprio pai.
A cultura de Sodoma era profundamente pervertida. Lutero afirmava que não conseguia ler este texto sem que isto lhe provocasse náuseas. O que aconteceu com Sodoma?

  1. Uma cidade que perdeu a noção de valores morais – (Gn 19.8; Gn 19.4; Sl 11.3)
  2. Uma cidade que perdeu o respeito pelo ser humano –(Gn 19.5)
  3. Uma cultura secularizada:
V       Perde a noção de Deus – (Gn 13.13)
V       Perde a capacidade de perceber a interação entre mundo natural e espiritual – (Gn 19.14) Quando Ló relatou aos seus genros que Sodoma e Gomorra seria destruída por sua maldade, os genros achavam que era uma piada de mal gosto de Ló. Eles “gracejaram dele”. O melhor exemplo de secularização é exatamente este: Não acreditamos que as coisas espirituais tenham qualquer efeito sobre nossas vidas.
V       A secularização afeta de forma direta nossa família. Todos foram atingidos pelo espírito pagão da cidade. Ló (indiretamente), suas filhas e sua esposa. Ló perdeu sua família nesta batalha.
V       A secularização traz graves conseqüências nas futuras gerações.
Æ      O procedimento das filhas de Ló. As filhas de Ló não possuem valores morais suficientes para suportar um ambiente hostil – Gn 19.30-38.
Æ      A conseqüência nas futuras gerações. Os Edomitas e Moabitas, fruto deste relacionamento incestuoso, tornou-se um povo com graves seqüelas espirituais e morais.
ø       Um povo marcado pela prostituição – (Nm 25.1ss)
ø       Um povo distanciado da promessa de Deus – (Is 15 e 16)
ø       Um povo aparentados dos filhos da promessa, mas alheios às promessas de Deus (Dt 2.19).
ø       Um povo que deixou de existir como nação – Desde o século VI a.C.
Æ      A secularização traz juízo: Sodoma e Gomorra foram destruídas.

Família é o grande negócio da vida de um homem. Nada é tão importante para nossa vida que a família. A família nos tempos de hoje, sofre profundas e graves crises.  
Ü      Perda da Sacralidade – As pessoas não vêem o casamento como algo sagrado, não se trata de uma aliança diante de Deus, mas de um contrato com clausulas, que podem ser rompidos a qualquer momento. Perdeu-se a idéia de algo espiritual.
Ü      Perda da Prioridade – Negocia-se filhos e família por um emprego melhor, por uma promoção, por uma proposta atraente. Família não é mais prioridade.
Por ser a família o grande negócio da vida de um homem, devemos considerar que um bom negócio a gente não trata com descaso ou desprezo.

Como fazer um bom negócio?
  1. Não tome decisões apenas pelo que seus olhos enxergam
  2. Não tome decisões apenas por razões econômicas
  3. Considere sua família no projeto de sua decisão - Considere o que significa isto para seus filhos e esposa. Família é o grande projeto de sua vida, não o seu dinheiro.
  4. Considere sua alma
  5. Considere Deus nas suas decisões-  É este o negócio de Deus para minha vida?

Agindo, como resposta à Palavra e a Deus.

  1. Considerando a possibilidade de estarmos na mesma situação existencial, qual deve ser nossa resposta?
  2. Quais efeitos as decisões que tenho tomado hoje trarão sobre minha família?
  3. Se você descobrisse hoje que Deus não existe, isto faria alguma diferença real para sua vida?
  4. Caso você descobrisse que Deus conhece você, que ele tem interesse por sua vida, e que ele ouve as suas orações, o que você lhe diria? Você admite a possibilidade de Deus fazer mudanças na sua história e na sua família?