Introdução:
Esta seção que vai de
10:1-11:14 é uma espécie de interlúdio entre o toque da sexta e da sétima
trombeta. A sexta trombeta já tocou, mas a sétima trombeta só irá ressoar em
11:15. Soaram as seis trombetas e existe a expectativa da sétima. Aqui surge um
interlúdio, outra pausa, enquanto se aguarda o soar da última trombeta. Este
dramático intervalo que adia o soar da última trombeta apenas demonstra a
importância da mensagem a ser revelada, serve para estimular o interesse da
proclamação que ainda virá em 11:15.
O grande anjo:
O anjo surge envolto em
“nuvem”. Conforme Ladd aponta, nuvens são descritos na Bíblia como os veículos
com os quais os seres celestiais sobem ou descem. [1] (Sl. 104:3; Dn. 7:13; At. 1:9), neste caso, a
nuvem é a roupa do anjo.
O poderoso anjo que nos é
apresentado aqui como portador da mensagem é descrito como alguém que desce do
céu (10:1) isto implica que ele sai direto do trono de Deus, o centro do
universo, cf. descrito em Apocalipse cinco. Alguns sugerem que este anjo seria
o próprio Jesus, mas isto é impossível, pois este anjo “Jura por aquele que vive pelos séculos dos séculos” Ap. 10:6.
Embora este anjo tenha “o rosto como o sol e as pernas como colunas de fogo”, o
que se assemelha a descrição dada a Jesus em Ap. 1, isto não evidencia que o
anjo é Cristo, apenas revela sua glória angelical. Além do mais, Cristo nunca é
chamado de anjo no livro de Apocalipse. Aqui todos os anjos são sempre anjos.
Outro aspecto a ser considerado é que um anjo é mensageiro, ele não tem função
divina e não pode ser adorado.
Este anjo tem um emblema na
cabeça. “Arco-íris” é parte da glória do trono de Deus, segundo a descrição de
Ezequiel 1:28. O anjo tem ainda o rosto como o sol e a voz como de um leão,
tudo isto evidenciando sua autoridade, recebida do trono de Deus.
Este anjo segura um
“livrinho aberto”. (biblaridion, no
grego) Definitivamente este não é o mesmo livro que aparece em Ap. cinco. O
Livro é pequeno, isto contrasta com o “rolo maior” 5:1 A descrição de 5:1 é a
de um rolo que revela a história da humanidade e é um livro selado e fechado,
escrito por dentro e por fora. Naquele caso, apenas o Cordeiro podia abri-lo,
neste caso, o livro já vem aberto. Este “livrinho” aqui possui uma mensagem
legível, já que se encontra aberto, pode ser lido por todos. A sua mensagem é
de caráter oposto ao dos sete trovões, cuja mensagem não podia ser
transmitida.(10:4).
Este anjo é gigantesco. Seus
pés são como colunas de fogo. Põe o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a
terra. Qual é o significado do pé deste anjo sobre o mar e sobre a terra? Por que ruge como o leão e cuja mensagem tem
o poder de ressoar e agir como sete trovões? Sua mensagem é para o universo
inteiro e tem que ser ouvida por todos. Cada um dos trovões possui uma mensagem
diferente… O que simbolizam os sete trovões? Na concepção de McDowell, sugerem
ecos da ira de Deus, que tão fortemente impressionara o autor nas visões dos
quatro cavaleiros e das seis trombetas. [2]
No entanto, João é proibido de escrever o que ouviu. Apesar desta mensagem ter
sido apregoada com grande voz, ele não permite que João registre o que ouviu.
Existe aqui uma dialética entre a proclamação e o silêncio. “Guarda em segredo as coisas que os sete
trovões falaram e não as escrevas”. Apesar destas verdades terem sido
proclamadas, elas ainda devem se manter em segredo. “Isto designa o próprio
mistério da Palavra de Deus, ou de Deus, mistério que não pode ser revelado, e
que não há nenhuma utilidade em que seja conhecido pelos homens. Não se pode
esquecer que a Palavra só é revelada na medida em que for útil para o homem”. [3].
Este texto nos fala de um
livrinho aberto, cujo conteúdo não pode ser revelado. A mensagem precisa ser
devorada, isto é, assimilada pelo apóstolo, mas não pode ser anunciada, e
quando este literalmente a come, isto provoca uma reação visceral amarga, mas o
conteúdo deve permanecer em silêncio. “Guarde
em segredo as cousas que os sete trovões falaram, e não as escrevas” (10:4)
Isto reflete um movimento ambivalente, onde a necessidade de revelação, que
precisa ser proclamada, e o silêncio, que precisa ser ocultado coexistem nesta
dialética de abertura e fechamento.
Este texto, portanto, fala
dos mistérios de Deus. Um Deus que se oculta, cuja existência e desígnios não
podem ser esquadrinhados pela mente, lógica e raciocínios humanos, cujos
pensamentos são mais altos que nossos pensamentos e cujos caminhos são mais
altos que os nossos caminhos, e ao mesmo tempo se revela, alguém que se deixa
conhecer e provar: “Não se deixou ficar
sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações
frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria” At. 14:17.
Deus é ao mesmo tempo aquele que se oculta, não pode ser esquadrinhado pela
ciência e pela metodologia de pesquisa, não pode ser mensurável e nem encaixa
em qualquer método científico, mas é aquele que se deixa conhecer: “Habito num alto e santo lugar, mas habito
também com o contrito e abatido de espírito”. Is. 55:15
Provavelmente nenhum homem
tenha tocado nesta questão do mistério de Deus de forma tão chocante que o
filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard no seu livro temor e tremor. Na tentativa de descrever a angustiosa relação do
homem com os mistérios divinos, tenta penetrar a complexidade de Deus quando
este pede a Abraão que sacrifique seu próprio filho. Sua compreensão se torna
angustiante: “Fé, portanto, espera por toda esta vida, como observamos, pela
virtude do absurdo, não pela virtude do entendimento humano, de outra forma
seria sabedoria prática, não fé. Fé é, portanto, o que os gregos chamam de
loucura divina”.[4]
Embora não concordemos com
todas as conclusões da angustiante alma de Kierkegaard, nem o seu conceito de
fé como “salto no escuro”, contudo, ele reflete de forma profunda como a vida
tantas vezes é um emaranhado de questões sem respostas, e quão angustiante é,
tantas vezes, nossa fútil tentativa de desvendar os misteriosos e secretos
decretos de Deus. Muitos, na verdade, acabam perder a fé quando ficam tão
preocupados em ter respostas filosóficas a tantas questões não respondidas.
Este texto nos fala dos
mistérios divinos. Existem realidades que Deus revela a João, que ele precisa
anunciar, outras, porém, Deus lhe revela e ordena que sejam mantidas em segredo. Tais fatos,
por razões que somente Deus sabe, precisam ser mantidas em segredo (10:4).
Outro aspecto a ser mencionado é que este Deus tremendo e misterioso, ordena
que João tome o livro, não para lê-lo, mas para comê-lo. Não para ser objeto de
sua prédica, mas algo que seja assimilado ao seu organismo. O livrinho ali é
dado para comer, não para interpretar, muito menos para pregar. Sua reação no
organismo é ambígua e causa impacto distinto: Conquanto doce na boca, provoca
reações estranha nas vísceras do apóstolo.
O ser humano tem profunda
atração pelos mistérios, pelo oculto, pelo sobrenatural. Fica fascinado com o
incógnito, com o indecifrável, ansioso por desvendar o que jamais pode ser
revelado. Muitas vezes, por causa desta obsessão pelo sagrado e pelo oculto,
enveredam-se por caminhos perigosos e cheios de armadilhas. O que este texto
nos ensina sobre o mistério, ou os mistérios de Deus, é extremamente positivo
para nós que ansiamos por este misterium
tremendum. Vejamos algumas lições que podemos extrair do seu conteúdo:
1.
Os mistérios são gradualmente revelados, conforme a soberana vontade de
Deus – Deus
se reserva o direito de ocultar verdades para seus soberanos propósitos. “Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da
terra, porque ocultastes estas cousas aos sábios e instruídos e as revelaste
aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”. (Lc. 10:21).
Neste texto, dá ordem ao seu servo: “Guarda
em segredo” (10:4) A ordem no original é “sela”, mantenha seu conteúdo protegido. Ladd aponta que “em
escritos apocalípticos selar um livro implica em guardar segredo sobre o seu
conteúdo”.(Dn. 12:4; 5:1) Mistérios sobre a história da humanidade, sobre a
forma de ação de Deus, sob os processos da história e da vida, que se encontram
absolutamente selados por Deus, e que por mais que os estudemos e os
pesquisemos continuarão fechados e indecifráveis para cumprir os propósitos
divinos.
O termo “Mistério” na Bíblia, não possui o sentido
de algo místico ou secreto, mas refere-se ao propósito de Deus para a
humanidade. Em Rm. 16:25-26 mistério refere-se ao plano da redenção divina, a
princípio oculto na mente de Deus, posteriormente revelado a todos os que ouvem
a mensagem profética. Outro aspecto que deve ser salientado é que, nos planos
eternos de Deus, Ele resolve fazer segredo e ocultar dos homens determinadas
verdades, para mostrar-lhes sua limitação. “As
coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos
pertencem, a nós e aos nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as
palavras desta lei”. (Deut. 29:29).
Existem coisas que Deus quis
revelar, outras que ele deseja ocultar. Ellul vê nisto uma possibilidade de que
“contrariamente ao que pensam alguns teólogos atuais, o Deus Total não está
revelado no Evangelho”[5]
Paulo afirma que “agora vemos como em
espelho, obscuramente; então veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei como também sou
conhecido”. I Co. 13:12 Existem coisas que Deus em sua absoluta soberania
prefere manter em
segredo. São os mistérios que distinguem o Deus onisciente
dos homens cujo conhecimento é fragmentado, parcial e limitado. Só conseguimos
ver aquilo que Deus deseja que vejamos. Conhecemos em parte, nunca conhecemos o
todo. Não podemos nunca descrever todos os fatores e agentes que determinam a
história, presente ou futura. Quando Deus se silencia é melhor aguardar em
santa expectativa. Jó, no meio de seu sofrimento, sem entender a razão pela
qual as coisas estavam tão conturbadas, diz: “Tu ao homem puseste limites, além dos quais não passará”. É a linha fronteiriça estabelecida por Deus,
limitando o saber do homem. Esmagando sua soberba ciência e sua arrogância tão
acentuada.
Existem coisas que são
segredos e vão permanecer em segredo – mistérios de Deus que ele não quis
revelar aos homens. Os mistérios mostram o limite da raça humana, zonas
fronteiriças do entendimento do cosmo e da vida que não conseguimos
ultrapassar. “Deus coloca limites aos homens que eles não passarão...”
Clonagens, viagens a Marte, conquistas espaciais. Tais pesquisas são sempre
tremendas, mas resultam em muita soberba humana.
Uma
ilustração interessante nos ajuda a pensar sobre este assunto: Alguns
cientistas tiveram um diálogo com Deus e neste diálogo afirmaram que, com o
avanço da pesquisa Deus já se tornara desnecessário, pois eram capazes de
reproduzir quase todas as coisas. Deus então apanhou um pouco de terra, fez um
homem, lhe deu vida e disse: Façam isto!
Os homens abaixaram-se para apanhar a terra e Deus disse: “tsc... tsc..
não usem a minha terra, usem a terra que vocês criarem…
Contudo, o mais importante
mistério oculto por Deus foi o plano redentor de seu Filho na cruz. Pedro
afirma que “foi a respeito desta salvação
que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a
vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as
circunstancias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava,
ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre
as glórias que os seguiriam”. I Pd. 1:10-11 Certamente este mistério referido
aqui em Apocalipse tem a ver com a obra de Jesus e sua consumação, que está
para ser descortinada “nos dias” da sétima trombeta.
2.
Os mistérios de Deus serão revelados no tempo de Deus – (10:7) O anjo anuncia que
este é um tempo de mistério, (10:4) mas que haverá um tempo também de
revelação. 10:7 Este mistério será anunciado primeiramente aos seus profetas e
depois será descortinado aos homens. No devido tempo Deus há de levantar homens
preparados e escolhidos por ele, para proclamar suas verdades finais. São os
seus profetas, homens chamados com o mistério de ouvirem a voz de Deus para a
humanidade. Obviamente o conceito de “profecia” atualmente tem sido muito
esvaziado e empobrecido. Deve-se entender profecia no sentido do Novo
Testamento, como anúncio e proclamação de Jesus Cristo, revelação de quem é
Cristo e o seu mistério.[6]
Contudo,
existem muitos problemas que desafiam o homem e a tentativa de responde-las
quase sempre revelam ainda mais a arrogância e insensatez humana. Em fevereiro
de 2000, Deus me deu o privilégio de participar de uma conferência com Billy
Graham. Foi impressionante ver a fidelidade e ousadia deste homem de Deus
diante de uma platéia seleta da Universidade de Harvard, (Fevereiro 2000) Com
uma profunda clareza expôs o Evangelho afirmando que apesar de toda tecnologia
e pesquisa existem três problemas ainda insolúveis ao homem moderno:
i.
O
mistério do sofrimento – Apesar de todo avanço da pesquisa, não existe antídoto
contra a angústia humana, nem consolo humano para a perda de um ente querido.
Nem se consegue explicar porque gente simples e inocente sofre nas mãos de
algozes, nem porque uma criança padece de uma doença incurável.
ii.
O
problema da Morte – Apesar da secularização de nossa cultura, o homem ainda
luta com a questão do significado da vida, da razão de existir, e do propósito
supremo do ser humano. Apesar de muitos se declararem ateus, ainda lutam com os
fantasmas internos da alma e da sua relação com o criador.
iii. O problema do Mal – Ninguém
consegue entender a origem nem o porquê do mal que se revela em níveis cada vez
mais profundos. Numa época de conquistas espaciais e grandes pesquisas, ainda
não é possível explicar a etiologia da guerra, nem a razão porque uma pessoa
violenta a outra de forma tão cruel.
Esta limitação do ser humano
revela que a história não se encontra nas mãos dos homens, ele não tem a chave
da existência e não é capaz de revelar todas as nuances da existência humana.
Não basta ser um clone para reproduzir pessoas com características iguais.
Mesmo sendo possível clonar um ser humano, não é possível transformá-la em uma
máquina. As pessoas respondem ao seu meio, respondem a estímulos iguais de
formas diferentes, e respondem a estímulos diferentes de forma
particularizadas.
A Bíblia ainda nos revela
que muitos mistérios só serão descortinados, quando pudermos ter a visão do
todo. Por enquanto somos seres finitos, mortais, temporais, condicionados a
culturas e famílias diferenciadas e vemos todas as realidades apenas por
espelhos, obscuramente, como afirma o apóstolo Paulo. I Co. 13:10
3. A Palavra de Deus aprofunda
e revela o mistério - O livro que João deve tomar e comer surge aqui como algo enigmático.
“Comer” tem a idéia de apropriar-se, identificar-se de forma profunda. O
profeta deve assimilar sua mensagem, ele e sua mensagem precisam se tornar um.
No simbolismo de comer o livro existe a idéia de que o profeta tem que se
tornar a sua própria mensagem antes de entregá-la. Esta mesma experiência
acontece com Ezequiel. 2:29-3:3 Ezequiel ouve estas palavras: “Enche as tuas entranhas deste rolo que eu te
dou”. Neste caso, a identificação deveria ser tamanha que seria impossível
separar o profeta do conteúdo que ele deve anunciar. O texto revela um duplo
caráter do conteúdo deste livro e desta experiência para João: O Livro é doce
como o mel na sua boca e amargo no seu estômago. (10:9) O anjo o adverte que
isto lhe acontecerá. Ellul demonstra que há inúmeras explicações para este
duplo caráter, mas que todas se referem, sem dúvida, à Palavra de Deus:
i. Doce, receber a palavra;
amargo suportar o ministério profético;
ii. Doce o anúncio da salvação;
amargo o anúncio do julgamento;
iii. Doce o anúncio da eleição;
amargo o anúncio da perseguição;
iv. Doçura receber o testemunho
do Evangelho que demonstra a intensidade do amor de Deus e amargura pela vida a
que o “livro” nos exorta. A mensagem a princípio teria gosto de mel, mas quando
João entendesse o que ela significava, perceberia quão amarga poderia ser, suas
exigências eram profundas e suas implicações radicais. [7]
Ao comer o livro, o profeta
sofre convulsões, congestões e crises. A Palavra de Deus nem sempre é fácil de
ser digerida, muitas vezes provoca náuseas, reações viscerais. Nem sempre é
fácil digerir o livro (10:10) Ao assimilarmos a palavra, o preço a pagar nunca
é fácil, a perseguição e a oposição àqueles que resolvem segui-la é sempre
muito concreto. Doce ao paladar, mas amarga no estômago. Parece fácil de ser
assimilada, quando a provamos seu paladar é doce, a Lei do Senhor é perfeita e
restaura a alma. Quando, porém, ela começa a gerar transformações, exigir uma
resposta de obediência e discipulado, nem sempre o nosso organismo, nossas
entranhas, reagem de forma muito positiva.
4.
Os mistério de Deus se revelam no tempo de Deus – Este é o quarto aspecto a
ser considerado. No tempo estabelecido por Deus, sua verdade vai se tornando
cada vez mais clara e seus propósitos tornam-se conhecidos. O juramento que o
anjo faz é este: “Já não haverá demora”. 10:6
O fim está por vir, já não será mais adiado. O mistério do decreto de Deus com
relação à história da humanidade está inexoravelmente tendo o seu desfecho e
não haverá demora nem adiamento. Será “nos dias” em que a sétima trombeta
tocar. Não diz “na hora em que a sétima trombeta tocar”, mas “nos dias” da voz
do sétimo selo. Significa que a trombeta não será tocada por um só instante,
mas simboliza um período de tempo. Não haverá prorrogação de prazo. A
dispensação atual e a história da humanidade estão chegando ao seu fim e com
ele vem o julgamento de todas as coisas. Não haverá demora na revelação do
mistério completo de Deus e mistério tem a ver com os eventos históricos que
culminam no nascimento de Cristo.
Muitos ainda hoje vivem
vidas de completa negligência e descaso. Esta atitude é perigosa. São pessoas
que ainda continuam a dizer como diziam nos tempos apostólicos: “Onde está a promessa de sua vinda? Porque,
desde que os pais dormiram, as cousas permanecem como desde o princípio da
criação”. II Pd. 3:4 O tempo está estabelecido e não haverá mais
demora…Este é um aviso aos negligentes…aos procrastinadores, àqueles que
insistem em viver descuidadamente, adiando sua decisão…
5. Os mistérios de Deus são revelados através de seus servos. João recebe a ordem de
“ainda profetizar” (10:11) É necessário que a vontade de Deus continue sendo
revelada ao mundo. Seis trombetas já foram tocadas e existe ainda uma para ser
tocada, temos que recordar que a divisão da Bíblia em capítulos e versículos
foi uma invenção moderna e que nem sempre representa a unidade do pensamento do
autor. Em alguns casos, ao invés de ajudar a entender o texto, torna-o mais
difícil de ser compreendido.
A profecia deve continuar
como uma palavra de Deus ao mundo. Sua mensagem não pode parar… Existem muitos
povos, nações, línguas e reis que precisam ouvir o que Deus tem a dizer. O
profeta tem que profetizar… O ministério profético do povo deve continuar –
coma o livro! Profetiza! (10:11) Muitas vezes a tarefa do proclamador
é árdua, como veremos no capítulo 11 com a morte das duas testemunhas, mas a
mensagem precisa ser proclamada, a voz de Deus não pode se silenciar. Deus quer
que seu povo anuncie fielmente seus desígnios para todos os povos, línguas e
nações.
O que nos impulsiona ao
ministério da proclamação?
1.
A
compreensão de que ainda existem muitos para serem alcançados - O grande anjo
fala a João a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis que precisam
ouvir da palavra. A idéia do texto é que João deve falar para muitos povos
sobre o juízo que virá a respeito deles. “Ainda
profetizes a respeito de muitos
povos”. 10:11 Deus tem um plano global de alcance do evangelho. “Ide, e
pregai o Evangelho a toda criatura”.
2.
O fato de que a obra do Senhor ainda não está concluída - Apesar do
tempo já estar delimitado e de que “já não haverá demora”, não implica que
devamos cruzar as mãos e nos silenciar. Pelo contrário, porque o tempo não será
prorrogado, e porque ainda há esperança enquanto a última trombeta de Deus não
for ressoada, a palavra profética, que fala da obra de Cristo, seu plano na
cruz e sua mensagem de esperança e juízo não deve se silenciar. O atalaia não
pode se calar, caso contrário será acusado de negligência…É tempo de
proclamação! O grande anjo diz a João: “É necessário
que ainda profetizes”. (10:11).
Conclusão:
Muitos mistérios rondam a nossa
existência. Vivemos cercados de grandes questões filosóficas e científicas
ainda não resolvidas. Estes são os nossos limites. Grandes cientistas e
pesquisadores se calam perplexos diante destas limitações. Apesar das grandes
conquistas da medicina, o renomado médico não pode impedir que o vírus da Aids
se desenvolva e progrida no corpo de uma pessoa querida que foi contamiada.
Apesar de toda pesquisa, o sentido da vida ainda é para muitos uma incógnita.
No capítulo cinco, o
apóstolo chora ao perceber quão grande é o desafio hermenêutico da história.
Quem pode abrir o livro selado? João
ouve uma voz, consoladora e confortante. “Não chores; eis que o Leão da
tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os sete selos”. Quando
o Leão abre o livro, o mistério desaparece, o segredo se revela, o sentido da
vida é encontrado. Nele, os mistérios insondáveis são desfeitos, apesar de não
conhecermos todos os mistérios e toda ciência, sabemos o suficiente para que
nossa vida possa ser vivida em sua plena manifestação.
Que Deus nos abençoe!
[1] Ladd,
George - Apocaplipse, Introdução e comentário, São paulo, Ed. Mundo
Cristão, 1a. edição, 1980, pg. 104
[2] .
McDowell, E. A., - A soberania de Deus na história, pg. 94
[3] Ellul, Jacques - Apocalipse, arquitetura em movimento, São
Paulo, Paulinas, 1979, pg. 83
[4] .Soren Kierkegaard – Fear and trembling, New York, Doubleday
Anchor Books, 1954, pg. 10
[5] Ellul, id. Pg. 83
[6] Ellul, op. Cit. Pg. 83
[7]
idem pg. 83
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