domingo, 22 de setembro de 2013

AP. 12 A MULHER E O DRAGÃO





Introdução:

A soberania de Deus foi declarada nas Sete Trombetas, sendo um fato já consumado, conforme nos relata a Sétima Trombeta, contudo, isto não significa que a luta findou. Lembre-se que a declaração da soberania de Deus é feita de forma categórica, no capítulo 11, no meio do livro, mas isto não significa que todas as batalhas findaram, como vimos no texto anterior. Na verdade, a soberania de Deus é declarada em todo o texto de Apocalipse.

Para vários comentaristas, o cap. 12 é uma espécie de intersecção e divisão do livro

João passa a relatar a história do conflito entre a soberania de Deus e a luta de Satanás em ocupar este lugar. Com símbolos apocalípticos, João descreve agora o nascimento do Messias. Conquanto a figura da mulher seja controvertida, a figura do Filho não pode ser interpretada de outra forma, senão Jesus, por causa da declaração insofismável do vs. 5 “Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações, com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até o seu trono”. Esta é uma profecia messiânica, relatada em vários textos. Sl. 2; 11:15 e Dn.7:13,14

Agora entramos no mistério da mulher, da criança e do dragão.

A mulher nos leva novamente à pluralidade de sentidos:
A mulher traz a tona o antigo conflito profetizado em Gênesis da luta entre Eva e a Serpente, sobre a vitória da sua posteridade contra a serpente.
O que significa a Mulher? Para muitos trata-se de Maria, mãe de Jesus. Embora Maria tenha dado à luz a Jesus, o resto da descrição profética que vemos neste texto, não se aplica a Maria, mãe de Jesus. O texto relata que esta mulher fugiu para o deserto por 1260 dias, e esta profecia não se aplica a Maria, sim a Israel, como nação.
Para outros, trata-se da Igreja, porém, a mulher, de forma alguma pode ser a Igreja. Esta interpretação polissêmica é complicada “Não é a Igreja que dá nascimento à criança, pelo contrário, é ela que deriva desta”. [12] Foi Cristo, pela sua vida, morte e ressurreição, e depois enviando seu Espírito Santo que criou sua igreja, por outro lado, a igreja nunca é tratada na Bíblia como mãe, mas sempre como a virgem, a noiva adornada.
Outra hipótese, mais razoável hermeneuticamente, aponta para Israel. Isto está de acordo com várias profecias. R. H. Charles, ao discutir a identificação da Mulher, lembra que nos escritos vétero-testamentários, muitas vezes a comunidade teocrática é descrita em termos da mulher com dores de parto. Is.26:17; Mq. 4:10; Is.66:7. Para ele, isto revela messianicamente a chegada do libertador prometido ao povo de Israel.
A profecia de Is.66:7 diz que Sião está com dores de parto, isto é, alguma coisa está sendo gerada no útero desta nação, algo novo deve surgir dentro dela. Existe uma grande expectativa do que virá. Existe um povo engravidado de uma criança, conceito ainda muito vago obviamente pelos escribas e profetas, que indagavam, inquiriam e anelavam por esta salvação que viria, mas sem ter conhecimento da realidade final a que Deus se referia. Era uma revelação parcial que Deus na sua sabedoria, preferiu manter em silêncio até que seu Filho viesse à terra. I Pd. 1:10-12
Paulo parece nos dar a chave hermenêutica quando relata que “A Jerusalém lá de cima é livre, a qual é a nossa mãe”. Gl. 4:26 Jerusalém foi a mãe do povo de Israel e do povo do Messias na terra. “Seus filhos são o povo de Deus histórico na terra[13]. Gl. 4:26
Outro aspecto a observado é o conflito do dragão também com a “descendência da mulher” vs. 17 isto nos leva a ter uma visão mais ampla desta mulher.
A mulher está vestida de sol, expressão de sua glória e exaltação, e tem debaixo de seus pés a luz, sinal de domínio, e tem uma coroa de doze estrelas, símbolo da vitória. Todas estas descrições simbólicas tentam realçar a glória celestial da mulher e a majestade de sua aparência.

O alvo do dragão:
A descrição que é feita de Satanás também é simbólica. A idéia da antiga serpente, nos faz lembrar da velha batalha travada no Éden. O diabo é muitas vezes descrito no VT com a conceitos mitológicos e monstros como o dragão e a serpente sinuosa, Is.27:1; o monstro marinho, Is. 51:9 O dragão também tem 7 cabeças e 10 chifres. As sete cabeças falam do grande poder do diabo e os 10 chifres falam de governos que estão subordinados ao controle de Satanás. Satanás é descrito 13 vezes como dragão no livro de apocalipse. Este dragão é uma criatura tão colossal que com um movimento da sua cauda pode tirar a terça parte das estrelas e lançá-las por terra. Não precisamos entender isto de forma literal, mas apenas entender o poder que ele possui, tipificados aqui nesta figura de linguagem.
A luta do dragão caminha na direção do extermínio da criança que vai nascer. O grande dragão vermelho está pronto para devorá-la, logo após o parto. Satanás vai fazer de tudo para destruir a criança que um dia há de destrui-lo. A antiga serpente precisa impedir completamente a encarnação, o nascimento desta criança. Existe uma questão muito importante aqui: Por que existe tanta oposição ao nascimento desta criança?
A encarnação de Cristo, sua historicidade e humanidade, ocupa um lugar central no plano da redenção estabelecido por Deus. Todas as escrituras apontam para este grande evento. O nascimento deste menino tem espaço central na expectativa judaica. Seu nascimento é um turning point na história da humanidade e nos propósitos eternos de Deus. Por esta razão, o projeto de Deus é mantido em secreto. Paulo fala de Jesus como o mistério de Deus “desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas”. Ef.3:8-9
Assim como existe uma santa expectativa entre o povo de Deus e entre os seus anjos (I Pd.1:10-11) Existe também grande apreensão e temor no inferno. Tão logo este projeto se torna público e é anunciado, Satanás se opõe veemente ao advento. Eles sabem que se esta criança vier a existir tudo estará perdido para eles. A grande oposição do diabo é ao nascimento da criança. A encarnação é um fato dramático para o inferno, este é o grande mistério não revelado inteiramente aos profetas, que Deus haveria de vir ao mundo, não apenas através de seus mensageiros (os anjos), nem daqueles que falavam suas verdades (os profetas), mas através dele mesmo. Por esta razão João diz: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”. I Jo.3:8 É o fato da encarnação da criança que provoca o aparecimento do dragão com toda sua fúria: O dragão se coloca em frente à mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. Vs. 4  Ele sabe que aquela criança haveria de esmagar sua cabeça, e que havia vindo ao mundo, para destruir as obras do diabo.
Curiosamente, esta ação orquestrada do diabo contra o “recém nascido rei dos Judeus”, veio de forma palpável através dos poderes políticos, não através de uma intervenção sobrenatural ou em forma de batalhas cósmicas, mas num Ato Institucional, que não deixa de ser profundamente espiritual. Este decreto bárbaro de Herodes, mandando matar indiscriminada e cruelmente as crianças que viviam no perímetro urbano de Belém, revela o esforço do dragão em “devorar o filho quando nascesse”. Vs. 4  Ver Mt.2:16-18
O simbolismo do dragão, pronto a destruir a criança recém nascida traz a tona o início do conflito no mundo entre Deus e Satanás. “A tentativa de Satã de destruir o Messias logo de início frisa a natureza mortal e crítica do conflito. Satã conhece plenamente o que significa o nascimento iminente da criança. Sabe que com a vinda de Deus em carne, grandes forças se desencadearão, as quais lhe hão de reduzir o poder. Surge agora um conflito incessante no qual Satanás luta para preservar seu poder…Sua tentativa infrutífera se repetiu na crucificação de Cristo, quando o governo romano se coligou com os oficiais judaicos para levarem Jesus à morte. Sem dúvida, os fatos históricos são parte da inspiração que produz esta representação simbólica”. [14]

O ato de nascer o Messias é o grande ato de Deus contra toda tentativa de Satanás em exercer domínio sobre a terra. McDowell chama a atenção para o fato de ser este um conflito cósmico, que abrange todo o universo pois João o descreve com imagens apocalípticas falando dos poderes celestiais e sobrenaturais do tremendo conflito que inclui tanto o céu quanto a terra. Satã sofre derrota no céu, de onde é expulso (12:7-8); É derrotado na terra, por causa do sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho,  (12:11). Por isto, João descreve o céu em festa. (12:12).

Yancey faz uma análise curiosa deste texto:
“Apocalipse 12 puxa a cortina para nos dar um vislumbre do Natal como ele devia ter parecido em algum lugar bem longe além de Andrômeda: O Natal da perspectiva dos anjos. A narrativa difere radicalmente das histórias do nascimento nos Evangelhos. O Apocalipse não menciona os pastores e um rei infanticida; antes, descreve um dragão liderando uma feroz luta no céu. Uma mulher vestida de sol e usando um coroa de dozes estrelas grita com dores enquanto dá a luz. Subitamente o enorme dragão vermelho entra em cena, sua cauda varrendo um terço das estrelas do céu, e jogando-as à terra. Faminto, ele arma um bote diante da mulher, ansioso para devorar seu filho no momento em que este nascer. No último instante a criança é arrebatada para um lugar seguro, a mulher foge para o deserto, e toda uma guerra cósmica se inicia”. [15]
Visto pelo ângulo dos bastidores das esferas espirituais, esta passagem é dramática, dando-nos uma boa idéia do que aconteceu com  a chegada de Deus em forma humana, quando nosso pequeno planeta foi visitado pelo criador de todo universo.
A grande batalha de Satanás, descrita neste texto, é com a encarnação de Cristo. Existe aqui um conflito cósmico. A Bíblia não nos fala apenas de um mundo cheio de ações políticas, violência, lagos e estrelas, mas relata também um mundo espiritual, sinistro, repleto de entidades, anjos e ações sinistras, e naquela noite fria de Belém, estes dois mundos se tocaram de forma impressionante. “Deus que não conhece o antes ou o depois, entrou no tempo e no espaço. Deus que não conhece fronteiras, assumiu as limitações chocantes da pele de um nenê, as restrições sinistras da mortalidade”.[16]
Por que Satanás se opõe de forma tão veemente ao projeto de Deus de visitar o planeta terra em forma humana?

1. Porque, com a encarnação de Cristo, instaura-se um novo tempo na história da humanidade.
Existe aqui um momento decisivo dentro da história humana. G.K. Chesterton disse: “Único de todos os credos, o cristianismo acrescentou coragem às virtudes do Criador”. Naquela pequena vila de Belém, Deus se tornava humano, absolutamente igual às suas criaturas. O seu grande projeto e grande mistério se revela de forma surpreendente através de uma gravidez pouco conservadora gerada no útero de uma piedosa adolescente, e desembocaria no nascimento de uma criança frágil numa pequena e inexpressiva vila na Judéia. Ali, contudo, inicia o grande drama da redenção da raça humana, ali Deus desenvolve o seu projeto de restaurar todos aqueles que crêem, pela loucura de um insano gesto: A morte de seu filho Jesus.
Jesus entendia isto plenamente. Sua encarnação era o grande alvo de Deus para a raça humana. Um dia, numa aldeia chamada Cafarnaum, ele lê um texto messiânico em Isaías, fecha-o solenemente, e diante de uma pequena platéia atônita, afirma categoricamente que ele era o cumprimento daquelas profecias: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”. Lc. 4:21 Explicando seu ministério de confrontação dos poderes malignos afirma: “Se eu expulso demônios, o Reino de Deus é chegado”. Mt. 12:28
O Nascimento de Deus entre nós inaugura um novo tempo. O tempo da restauração, o tempo de salvação. Os apóstolos também entenderam isto: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Gl. 4:4

2. Porque com a vinda desta criança, inicia-se o tempo da confrontação e desmascaramento dos poderes das trevas –
O dragão se coloca em frente a mulher, para devorar o Filho quando nascesse. Temos aqui uma figura antológica. Todo o esforço de Satanás, neste momento é para sufocar o nascimento de Deus entre os homens. Porque com sua vinda, o poder das trevas é relativizado, seu domínio diminui e Deus realiza obra portentosa no meio de seu povo.
Existe um episódio do ministério de Jesus que é relatado nos três evangelhos sinóticos e que revela o que representou esta vinda do Filho de Deus para o diabo e seus anjos.  Trata-se do endemoniado gadareno. Curiosamente os textos nos mostram que a única ação de Jesus em Gadara foi a libertação deste homem que vivia numa situação de profunda opressão. Isto revela a compassividade de Jesus especialmente para aqueles que encontram-se presos nos laços destruidores dos demônios. Logo após a libertação daquele possesso, Jesus é expulso do lugar. Aquele homem era possesso, seu corpo e mente eram dominados pela ação destrutiva de uma legião de demônios. Quando Jesus encontra-se com o endemoniado, os demônios se curvam diante de Jesus, reconhecendo sua autoridade e poder e fazendo alguns pedidos estranhos que variam conforme a narrativa de cada um dos evangelistas, o que torna profunda rico a compreensão do que significou a encarnação do próprio Deus entre nós.
Em Mt. 8:29 os demônios gritam em desespero: “Que temos nós contigo, ó Filho de Deus, vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?” 8:29 Os demônios, diante da encarnação e ministério de Jesus, percebem que o julgamento já chegou com a vinda do Messias. Eles têm consciência do limite do seu destrutivo poder diante da autoridade de Jesus, e sabem que o julgamento deles já está determinado. A surpresa deles, contudo, focaliza-se na questão do tempo do julgamento. Eles questionam porque acreditavam que suas agendas  foram reduzidas no tempo, isto é, Jesus os atormenta “antes do tempo”.
Em Mc. 5:10, os demônios pedem para que Jesus não os mande para “fora do país”. Que país é este a que se refere esta legião? Os comentaristas se dividem. Uns crêem que esta legião falava de um território geo-político, conhecido humanamente como Gadara, e isto seria uma referência a “espíritos territoriais”, que se acham dentro de uma determinada província ou região, e que mantém o domínio naquele lugar. Outros crêem que esta legião estaria pedindo para que não fosse enviada para o lugar de onde vieram, o inferno. Este “país” ao qual se referem, seria a terra. Neste caso, os demônios não queriam voltar para o inferno, porque o inferno é um lugar tão ruim, que nem mesmo seus habitantes naturais, os demônios, querem morar nele.
Em Lucas 8:31 a narrativa segue a mesma idéia, mas Lucas usa um termo diferente. Os demônios rogam a Jesus, que não os mande “sair para o abismo. Uma referência ao lugar onde se acham encarcerados os espíritos malignos. Mais uma vez, temem retornar para o seu habitat.
A encarnação de Jesus, confronta os poderes das trevas. O ministério de Jesus é profundamente marcado pela expulsão de demônios. Jesus veio para amarrar o valente, para desfazer as obras de satanás, pelas quais ele mantém opresso e possesso milhares de vidas. À igreja de Cristo foi dada a mesma autoridade. A Igreja é uma agência divina com a autoridade para derrubar os portões do inferno. João, o apóstolo, inspirado pelo Espírito Santo, sintetizou isto de forma profunda: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: Para destruir as obras do diabo”. I Jo. 3:8  Não é surpresa, portanto, que o dragão esteja tão desejo de destruir esta criança que nasce.

  1. O grande dragão deseja impedir o nascimento desta criança, porque ele veio para realizar a grande obra da redenção na cruz – A encarnação desemboca na cruz, e a cruz é o lugar onde Satanás terá sua cabeça esmagada.
Satanás, ao contrário do que pode parecer, tenta impedir a cruz. Isto se inicia logo na tentação de Jesus. No deserto, Satanás sugere a Jesus que pule do pináculo do templo, assim, os homens ficariam impressionados com o seu poder, e este gesto atrairia mais a atenção que três anos árduos de ministério numa região de miseráveis como a Galiléia, no meio dos pobres e desvalidos. O diabo sugere que Jesus tome o caminho mais curto. Não o caminho da cruz, mas o caminho da auto-glorificação. Tenta assim, fazer com que Jesus caia na armadilha de manipular o sagrado da vida humana,  de transformar, fazer milagres, não ter que passar por toda vergonha que o seu ministério público teria, com o enfrentamento da cruz. Satanás usa aqui o ideal de serviço a Deus de forma distorcida porque ele é especialista em perverter o sagrado, assim, sempre tenta mudar o milagre em charlatanismo. Tenta assim desviar Jesus de sua missão.
Talvez um dos momentos em que isto se torna mais claro seja quando Pedro, seu amigo íntimo, exatamente quando Jesus vivia seus momentos de maiores lutas existenciais se aproxima dele e lhe diz, de forma aparentemente tão solidária: “Tem compaixão de ti mesmo Senhor, isto de modo algum te acontecerá”, (Mt.16:21-23) e Jesus lhe responde de uma forma abrupta e que beira a grosseria: “Arreda de mim Satanás, tu não cogitas das coisas de Deus, mas sim das dos homens”. Por que será que Jesus responde desta forma a Pedro? É que Jesus via na palavra de Pedro, uma profunda manipulação demoníaca, Satanás se utiliza de um dos seus melhores amigos para lhe dar um dos conselhos mais sedutores, que era o de não ir para a cruz, mas ao mesmo tempo que distorcia sua vocação e propósito redentivos. Afinal, não fora exatamente este mesmo conselho que ele lhe dera no deserto? Fuja da cruz! Tome o atalho exercendo seus poderes excepcionais, e você será muito mais apreciado e bem sucedido que utilizando a cruz. Jesus rejeita estas sedutoras propostas do diabo.
A cruz é o lugar onde Deus, por meio de Jesus, de forma definitiva e cabal, realiza seu grande propósito de salvar aqueles que vierem a crer nele. Col.2:14-15 afirma: “Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. Além de realizar sua obra de resgate da humanidade, ele também triunfou dos principados e potestades, triunfando deles na cruz. Satanás tentava evitar que o filho nascesse, porque seu nascimento decretava de forma cabal, a destruição do diabo.
Em Gálatas 3:3 está escrito: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele mesmo, maldição em nosso lugar”. A cruz é o lugar onde a obra de Jesus se conclui, onde o diabo é exposto ao desprezo, e a obra de Deus prevalece sobre a humanidade. A cruz é o lugar de decisão. A cruz é ponto zênite da raça humana. Foi na cruz que ele retirou o escrito da dívida que era contra nós. Tira de nós o jugo, o peso de nossos pecados. Foi na cruz que ele nos trouxe a liberdade que nos condenava a morte, ao peso de nossos pecados e ao inferno. Mas foi também na cruz que triunfou sobre as potestades e sobre os principados, expondo-os ao desprezo. Ridicularizando de sua suposta força. Esta cruz é o lugar da graça de Deus para nós, humanos. Portanto, olhem para a cruz de Cristo. Ela é o ápice do projeto de Deus, e o zênite da existência humana.


  1. Satanás quer impedir que esta criança venha a nascer, porque a encarnação é o grande projeto de Deus
O nascimento desta criança é precedido de vários sinais majestosos: Todas as profecias vétero-testamentárias estavam engravidadas de um grande evento que Deus haveria de realizar no meio dos homens. (cerca de 600 profecias no Velho Testamento apontam para a vinda de Jesus); O cumprimento destas profecias incia-se com a experiência de Zacarias, o velho sacerdote, cujo revelação de Deus se dá num vácuo profético de 400 anos (desde Zacarias, até Mateus, não existe registro de que Deus falado a qualquer profeta), neste período chamado de intertestamentário. Na manifestação que Deus faz a Zacarias, este longo silêncio de Deus é quebrado.
O nascimento desta criança é também marcada por lutas cósmicas, e grandes sinais celestiais: A visão dos magos, a profecia de Ana e Simeão, a grande manifestação do coro celestial junto aos pastores de Belém. Todo cenário está pronto para esta grande e maravilhosa revelação que se dá na terra.
Este é o tempo do pleroma de Deus. “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”.  (Gl.4:4). Este é o momento esperado e que gerava ansiosa expectativa nos judeus piedosos, e em todos quantos aguardavam a vinda do Messias. Instaura-se uma nova ordem espiritual, uma Nova dispensação se estabelece. “Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira” (Hb.9:13).  Este é o tempo de uma Nova dispensação, a dispensação do Espírito de Deus, tempo de construir sua igreja, de ampliar os horizontes.

Conclusão:
Não conseguindo seu intento de devorar a criança, Satanás volta agora sua ira contra os  descendentes da mulher. “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar contra os restantes de sua descendência”. 12:17 Quem são estes descendentes da mulher? O texto se auto explica: “Os que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar”. (Ap.12:17). A ira do dragão contra a mulher, muda agora o foco e vai contra seus descendentes. Estritamente falando, quem são os descendentes de Israel? Os judeus. Mas Paulo explica a questão da seguinte forma: Os verdadeiros israelitas são aqueles que andam de conformidade com a regra do Evangelho, e se gloriam estritamente na cruz de Cristo, pois nem a circuncisão é alguma coisa, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. (Gl.6:14-16). Este é o Israel de Deus!
A grande batalha atual de Satanás é contra os “descendentes” desta linhagem espiritual, contra os que “guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus”. Por mais simpáticos que sejamos à causa judaica, não podemos nos esquecer que o importante é o testemunho de Jesus, sobre nossas vidas.
A Igreja é chamada por Deus, desde então, para ser uma agência de confrontação dos poderes das trevas. Tem sido, por esta razão, perseguida, espoliada mas, a despeito de toda a oposição, segue vitoriosa e triunfante. A batalha ainda não acabou, estamos ainda no meio da luta, mas a batalha já tem um vencedor.  “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro, e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da, não amaram a própria vida” (12:11)
              

Samuel Vieira
Medford, MA - 26/08/2000




[1] Para uma melhor compreensão deste conceito, do já e ainda não, que revela a tensão entre o reino presente e o futuro, recomendamos o fabuloso texto escrito por Stott. Ver Sttot, John - The contemporary christian, Downers Grove, IL., Intervarsity Press, 1992, The Now and the not yet, pg. 375-392
[2] Stott, 1992, pg. 377
[3] Ladd, 1980, pg. 120,121
[4] Ladd, 1980, pg. 121
[5] Packer, J.I - O conhecimento de Deus - São Paulo, Editora Mundo cristão, 1973, pg. 135
[6] Pink, A. W., The atributes of God, pg. 75
[7]  Confissão de Fé de Westminster, Cap. XXXIII, Do juízo final, Editora Cultura Cristã, 1994, pg. 159
[8] Ellul, 1978 - pg. 88,89
[9] Barclay, The revelation of John­ - 1961, pg. 89,90
[10] .Hendriksen, 1977 - pg. 159
[11] Ladd, 1980 - pg. 120
[12] Ellul, 1978, pg. 89
[13] Ladd, 1980, pg. 124
[14] McDowell Jr.,  E. A., - A soberania de Deus na história - A mensagem e significado do Apocalipse - Rio de Janeiro, Ed. Juerp, 2a. edição, 1976, pg. 112, 113.
[15] . Yancey, Philip – O Jesus que eu nunca conheci, São Paulo, Ed. Vida, 3a. ed. 2000, pg. 44-45
[16] . Yancey, Philip- 2000, pg. 47

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