domingo, 29 de setembro de 2013

Gn 20 A Velha natureza nunca morre!




Introdução:
Este texto é inquietante! Não sei se você o leu atentamente, mas vale a pena dar uma lida cuidadosa. Algumas questões intrigantes surgem neste texto. 
No trágico evento da destruição de Sodoma e Gomorra, vemos como Abraão gozava de intimidade com Deus, a ponto dele vir conversar com ele e comunicar o que estava para fazer.  Provavelmente, logo após aquela hecatombe, abalado viaja para o território de Negev e passa a morar em Cades e Sur, junto com os amalequitas. Ray Stedman afirma que se trata dos “palestinos atuais”, povo que teria saído do meio dos Egípcios, e que morava na fronteira com Canaã.
Ali Abraão apresenta Sara como sua irmã, e Abimeleque a toma como mulher (Gn20:1-2). Um antigo ditado em inglês afirma o seguinte: “Old habits die hard!” (Antigos hábitos custam morrer). A Bíblia, porém, afirma, que o maior problema nosso não são antigos hábitos (comportamentos, atitudes), mas a velha natureza (essência, o ser). Ali estava o velho Abraão, 30 anos atrás, lidando com sua natureza distorcida de Deus, apesar de ter sido um amigo tão próximo do Senhor.
O que aprendemos com este incidente?
1. Velhos hábitos são duros de morrer. Pecados antigos e reincidentes são sempre uma ameaça à nossa trajetória de fé.
Cada um possui o seu “calcanhar de Aquiles”. Um dos pecados de Abraão foi a fraqueza de caráter diante das ameaças. A primeira coisa que ele fez entre os amalequitas foi mentir sobre sua esposa. Ele diz que ela era sua irmã, exatamente como 30 anos atrás. Sara provavelmente ainda era uma mulher charmosa. Ray Stedman afirma que a palavra que sintetiza o capítulo 20 é "relapso." Isto lhe parece familiar? A mesma antiga atitude volta a se manifestar.
Quais são seus pecados de estimação?
Mentiras, duplicidade?
Malandragem, desonestidade?
Lascívia, luxúria?
Agressividade, ira, cólera?
Amargura, ressentimento, mau humor?
Futilidade, conforto, bem estar?
Auto-comiseracao, vitimismo?
Vícios: drogas, bebidas, pornografia?
Pecados do espírito: Orgulho, vaidade, soberba, superioridade moral ou espiritual?
O de Abraão é sua covardia. Usa sua mulher como escudo sempre que pode. Era ótimo crente, mas péssimo marido.
Velhos hábitos são difíceis de serem exterminados! A natureza velha nunca more! Por isto Paulo nos exorta: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza carnal” (Ef 4), e “a carne milita contra o espírito e o espírito contra a carne” (Gl 5). Porque nossa natureza adâmica nunca morre, somos capazes de fazer coisas piores do que já fizemos. Abraão sempre foi um covarde e isto já tinha se tornado claro 30 anos antes, continua escondendo-se atrás de sua esposa, sujeitando-a à vergonha e desonra para proteger sua pele. Ali estava sua velha natureza agindo novamente.
Esta velha natureza adâmica vem conosco desde o nascimento, ela perverte e torce as coisas para que não sejam como Deus queria que fosse. Existe algo em nós sobre a velha natureza, a carne, que é hábil para simular falsas atitudes de justiça e piedade. A justiça própria sempre demanda louvor pessoal, um desejo de ser admirado e atrair a atenção de outros. Seja qual for a direção, este é o caminho da carne, esta coisa velha e feia dentro de nós, que jamais pode agradar a Deus.
Por isto a Palavra nos tenta mostrar que tudo que vem da velha natureza e não através de Cristo é sem valor, não interessa como isto pareça aos olhos dos outros. Se o fundamento é o meu ego, sempre buscará a auto promoção e não a glória Deus. O meu Eu está no centro. “Fazei, pois, morrer, a vossa natureza carnal”. Qualquer dependência do Eu, sempre resulta no tipo de experiência de Abraão.  Depois de 30 anos caminhando com Deus, deixa de depender de Deus e faz as coisas do seu jeito, demonstrando a mesma velha natureza de muitos anos atrás. A velha natureza só perde sua força quando andamos no Espírito. “Andai no Espírito, e jamais satisfarei os desejos da carne” (Gl 5.16)
2. Pecado nos desautoriza e envergonha

Deus veio a Abimeleque em sonho e o repreendeu, "Você vai morrer, porque a mulher que mandou buscar é casada" (Gn 20.3). Isto talvez não assustaria ninguém hoje, mas causou uma profunda reação em Abimeque: “Senhor, eu estou inocente! Será que ainda assim vais destruir a mim e ao meu povo?(Gn 20.4). Abraão havia dito que ela era sua irmã. Ele estava inocente quanto a isto. Então Deus afirma que sabia disto, e por isto veio lhe advertir para não pecar contra ele. Mas o advertiu que se não a devolvesse, morreria (Gn 20.3-7).
Aqui encontramos um homem cometendo um grave pecado, e Deus o parando. Esta é a revelação de como Deus vê o pecado de tomar a mulher de outro homem. Ele adverte um homem pagão, que reconhece que sua atitude é errada. Quando a gente entende que mesmo uma pessoa pagã reconhece que sua atitude é errada, entendemos quão longe temos ido das verdades de Deus em nossos dias.
Mas o centro do pensamento aqui se volta agora para Abraão. Em seguida o vemos sendo confrontado por Abimeleque. “O que você tem feito para nós?”(Gn 20.8-13). Como cristão você já passou por esta constrangedora repreensão de um pagão? Certa mulher cristã, teve uma gravidez indesejada, e diante de muitos problemas com seu marido e seu casamento indo de mal a pior, foi uma mulher não evangélica que a repreendeu: “Você não pode fazer isto. Você é uma mulher de Deus”. Já vi isto acontecer com um líder cristão sendo censurado no mundo secular por atitudes errôneas e espúrias quanto aos seus negócios. Será que vamos precisar aprender lições de gente sem Deus sobre nossos comportamentos questionáveis? Abraão passa uma enorme vergonha aqui neste texto. Ele era um homem idoso, não precisava passar uma vergonha desta. Abimeleque, com razão, foi duríssimo com Abraão.
3. Precisamos ser abençoados para abençoar –
E orando Abraão, sarou Deus Abimeleque...” (20.17). Esta é a benção da graça. Mesmo quebrado e envergonhado, Deus o chama para orar. Deus repreende Abraão e cura Abimeleque. Abimeleque fora mais nobre que Abraão. Talvez você já tenha visto não-cristãos que são cultos, bem-educados, moral elevada até mesmo para alguns cristãos. Talvez o cristão seja fofoqueiro, irritante, auto centrado e de péssimo temperamento. Mas Deus, depois de repreendê-lo, chama Abraão para orar pelo rei.
Isto me leva a pensar que Deus não está preocupado com minha reputação, mas com minha restauração. Reputação é externa, feita para louvor do ego, para as pessoas apreciarem e admirarem, mesmo quando estamos quebrados e desautorizados. Deus deseja restaurar Abraão, e usa um homem pagão para confrontá-lo pela sua atitude pusilânime. Abraão tinha sua vida em Deus, um coração regenerado, uma nova natureza. Quando ele se arrepende, é perdoado e se torna um instrumento de Deus para abençoar outros e restaurar Abimeleque. Somente quando Abraão orou ele foi curado.
Deve ter sido assustador para Abimeleque a visão que teve. Deus afirmou: “Ele é profeta, e orará para que não morra!” (Gn 20.7). Ele deve então ter pensado: “Se o profeta age assim... imagina o resto do povo...” Isto parece descrever o que normalmente fazemos na força da carne. Deus coloca novamente Abraão para ser um instrumento de sua benção. Ele corrige seus erros e o leva para uma vida de plenitude e benção, não apenas para si mesmo, mas para os outros.
Conclusão:
Certa vez estava com minha alma muito atribulada. Não me recordo o que aconteceu, mas me recordo que estava me sentindo péssimo. Estava triste, sem vontade e ânimo para orar, ansioso com as coisas que tinha que lidar, quando fui procurado por um rapaz da igreja, igualmente quebrado e triste, e que veio para receber a oração do seu pastor. Naquela orou pensei comigo: “Hoje não Senhor!”. Então ousei dizer que estava também péssimo, e que faríamos o seguinte: Ele quebrado, oraria por mim, para que eu, quebrado, orasse por ele. E foi o que fizemos. Ambos desanimados, mas orando e pedindo a Deus sua misericórdia e benção.
Foi isto que Deus fez com Abraão. O repreendeu através de um homem ímpio, o colocou diante de seu pecado, não protegeu sua reputação, mas o curou e disse: “Agora ore pelos amalequitas e por Abimeleque!”. Deus nos chamou para sermos bençãos para a sociedade e as pessoas que se encontram próximas a nós. Precisamos entender como Deus leva a sério o seu chamado e vocação para nossas vidas. Ele quer abençoar o mundo através de nós. Quando Abraão terminou de orar, Deus curou a família de Abimeleque.



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