sábado, 24 de setembro de 2016

Ef 3.14-19 As dimensões do amor de Deus


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Introdução:

Este é mais um trecho da segunda oração de Paulo em Efésios, que começa no vs. 14 descreve o conteúdo de sua oração. Ele se concentra num único ponto de onde surgem os demais desdobramentos: Paulo ora para que aqueles irmãos fossem fortalecidos interiormente.
Este deve ser o ponto central da espiritualidade. Nada é mais importante, urgente e necessário. Temos nos perdido em muitas elocubrações, mas a grande questão não é exterior, não vem de fora. Nos assistamos com as pressões do trabalho, a competição das pessoas, as circunstâncias históricas e politicas, entretanto, o coração é o ponto mais sério da vida.
Esta semana vi a seguinte afirmação: “Jesus resistiu à tentação no deserto, Adão sucumbiu às provocações no paraíso. Isto demonstra que o problema não é externo, e sim o coração”. Quando o ser interior está firme o sistema imunológico funciona corretamente, resistindo às bactérias e viris, enquanto o corpo frágil sucumbe à menor ameaça.  
O resultado do fortalecimento é a habitação plena de Cristo em nossa vida. Ele passa a habitar ricamente, não mais como hóspede ou visitante, nem mais com quartos reservados, mas tendo as chaves da casa, determinando o ritmo, hábitos, disposição dos móveis e dando transparência aos quartos outrora reservados, tomando conta de toda casa, mudando a mobília como quiser, e jogando fora o que ele não quiser, inclusive o computador.
A expressão “a fim de” dá ideia do que acontece. Desta forma, fortalecidos, passamos a “compreender o amor de Cristo”(Ef 3.18), que “excede todo o entendimento” (Ef 3.19). Como compreender aquilo que vai além da razão? O texto possui uma dialética interessante.

Compreender e Conhecer
O texto bíblico fala destes dois verbos  importantes em relação ao amor de Cristo.

Compreender – (Ef 3.18)

"Compreender" vem do grego Katalabesthai que significa "zeloso esforço de aprender". Não é prazer meramente intelectual, mas uma experiência prática, uma convivência de amor. Paulo fala aqui de quatro dimensões do amor de Deus. Einstein só descobriu a quarta dimensão no século XX. A Bíblia fala aqui de quatro dimensões, que são parte de uma figura cúbica que se movimenta. É perigoso literalizarmos este texto, pois trata-se de uma retórica ou hipérbole poética e o texto afirma que encontra-se acima de "toda compreensão".

Como é o amor de Cristo?

1. Largura (abrangência) - Toda humanidade: Judeus e gentios. A verdade bíblica é que “Deus amou o mundo” (Jo 3.16). Jesus desafiou seus discípulos a pregar a todas as etnias. “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16.15 “panta ta etnia”). O livro de apocalipse demonstra a universalidade da Igreja. Entre os capítulos 5-7 vemos sua largura. O texto fala de um povo redimido vindo de todas as tribos, povos e raças. No cap 5.9,11 são "milhares de milhares". Povos da China, Casaquistão, África, Brasil, Haiti.

2. Comprimento (tempo)  - Começando no Éden, indo até o fim (parousia), quando o Reino for entregue ao Pai (1 Co 15.24). Deus está operando para produzir o seu propósito. De Abel, até o último cristão, nunca houve nem haverá intervalo da operação poderosa e salvadora do Evangelho. É capaz de durar toda a eternidade. O Cordeiro foi morto na eternidade (Ap 13.8). “O amor de Cristo inclui todos os homens, de todos os tipos, em toda idade, em todo mundo”(Barclay). “Ele é tão longo como a eternidade” (Vaughan, 97).

3. Altura (procedência) - Vem do alto e desce ao mais baixo inferno. "Pregou aos espíritos em prisão" (1 Pe 3.19). o texto de Fp 2:9-11 declara que todo joelho se dobrará diante de Cristo. No céu, na terra, debaixo da terra. Inclui o universo inteiro, até levar-nos ao céu.

4. Profundidade (Extensão) - É profundo o suficiente para alcançar o pecador mais degradado e o ser humano mais destruído pelo diabo e pela carne. Não há pecado ou culpa maior que seu amor que seu amor não possa resgatar, em pecador, por mais grave que tenha sido seu delito, que tendo confessado, arrependido e largado a prática do mal, não possa ser incluido nesta salvação e salvo pelo sangue de Jesus.

Estas são as dimensões da cruz. Porém tais dimensões só poderão ser conhecidas comunitariamente. Por isto o texto diz: “a fim de poderdes compreender com todos os santos”. Não se tem ideia do amor de Cristo a não ser vivendo em comunhão. Não há chamado cristão para a individualidade, pois não se pode compreender o amor de Jesus a não ser vivendo em comunidade. Já viram alguém cheio do Espirito Santo sem considerar a igreja de Cristo? Muitos acham que é possível viver o cristianismo individualmente, mas a Bíblia não ensina isto. Apenas quando caminhamos com o corpo de Cristo, somos capazes de compreender, “com todo o povo de Deus”, o grande amor do Pai.

Existem, pelo menos, duas formas de você se aproximar de Deus:

Participação institucional – A igreja, enquanto instituição, tem sido muito questionada ultimamente. Muitos se declaram “believers, but not belongers”, pessoas dizem crer, mas não pertencer. Acreditam numa comunidade universal, mística, eterna, mas não creem numa igreja tangível, histórica, local. No entanto, não é isto que vemos nas Escrituras. A igreja era reconhecida como uma instituição, com sua hierarquia, ritos e sacramentos. Nesta instituição as pessoas convertidas eram “batizadas”(Mt 28.18-20), tornando-se uma eklesia (com número de membros – At 1.15) e estavam “todos reunidos num mesmo lugar”(At 2.1). Ali cresciam na doutrina dos apóstolos, recebiam instrução e nutrição e “perseveravam na comunhão” (At 2.42). muitos hoje decidiram desistir da comunhão. Com a igreja, participavam da ceia do Senhor (1 Co 11.23ss) e havia estrutura de presbitério que ordenava futuros obreiros (1 Tm 4.14). Por isto a exortação apostólica: “Não deixemos de congregar, como é costume de alguns” (Hb 10.25). John Wesley afirmou: “Deus desconhece religião solitária. Até mesmo para o céu, nenhum homem vai sozinho”.

Participação Orgânica – Devemos participar da igreja não apenas institucionalmente, mas como uma família, que revela historicamente o corpo de Cristo. Quando participo assim, sinto-me parte de algo místico, abrangente e profundo. Sou desafiado a trazer meus dons para o serviço, a cuidar, nutrir, abençoar e amar os outros. Não vivo distante, mas tenho um senso de pertencimento, sinto-me parte deste povo. Neste nível de participação, encontro a melhor forma de compreender o amor de Cristo. A Igreja é falha, muitas vezes distante do que deveria ser, mas apenas na comunhão dela podemos compreender o amor de Cristo.

Isto se dá quando se vive com o povo de Deus, "com todos os santos". A verdade não é apreendida por um indivíduo isoladamente, mas com vida de comunhão. Podemos ter percepções diferentes, mas nossos alvos são comuns. Em Ef 4.7 vemos que os membros do corpo só podem crescer na compreensão à medida que cada um usa seu dom em benefício dos outros.

Conhecer

Este é o segundo verbo que encontramos aqui. “O verbo grego conhecer, refere-se a um conhecimento alcançado pela experiência” (Vaugham, 96). Temos a promessa de não apenas compreender, mas também de “conhecer” o amor de Cristo.
Pela própria narrativa bíblica, é possível perceber que não se trata de um conhecimento filosófico, já que este amor não seria apreendido desta forma, uma vez que “excede todo entendimento”, isto é, esgota a razão, que não consegue penetrar esta dimensão maravilhosa do amor de Cristo.
Existe uma discussão teológica interessante sobre um cântico comunitário em nossas igrejas. Ele diz: “Eu nunca saberei o preço, que foi pago lá na cruz”. Alguns dizem: “é claro que podemos conhecer. É o preço de sangue”, mas outros argumentam: “O ato de Cristo foi tão excelso e sublime que de fato nunca seremos capazes de saber o preço, realmente”. De qualquer ângulo que você considere certamente encontrará boas razões teológicas, o texto bíblico afirma que “o amor de Cristo excede todo entendimento”. Como penetrar este tão grande mistério?
O alvo, portanto, é “conhecer como ele amou e ama, e experimentar seu amor em amá-lO e amar outros por amor a Ele” (Foulkes, 87).

Tomados de toda plenitude de Deus
Só existe uma forma de sermos tomados desta plenitude: Compreendendo e conhecendo seu amor, e isto se dá na medida que caminhamos com o povo de Deus. Só é possível ser tomado de toda plenitude quando nos relacionamos amorosa e zelosamente com aqueles que se encontram na mesma estrada de fé e espiritualidade, seguindo a Cristo, buscando a direção do Pai celestial, cuidando uns dos outros.

Conclusão:
Você conhece o amor de Cristo ?
O texto fala da necessidade de compreender e conhecer, mas intencionalmente nos coloca num aparente paradoxo: Como conhecer e compreender o que não pode ser conhecido, aquilo que "ultrapassa todo o entendimento".
Este é o paradoxo do amor de Deus.
Ele é alto, intransponível, profundo e acessível. Precisa ser conhecido e compreendido, mas ultrapassa toda a capacidade humana de lógica.
Isto me faz pensar na frase “tomado de toda plenitude de Deus”. Eu realmente não sou capaz de entender todo mistério, mas caminhando com pessoas que amam a Deus, celebrando a vida comunitária, participando institucional e misticamente deste corpo de Cristo, vou tendo a acesso a verdades, que provavelmente não serei capaz de elaborar racionalmente, mas que são tão claras, que sendo absorvido e envolvido por elas, serei capaz de percebê-las, com meus irmãos,  numa dimensão muito maior que minha mente seria capaz de elaborar.

Só desta forma, serei capaz de conhecer e compreender o amor de Jesus.

Rio, Gávea, Setembro de 90.

Anápolis, Refeito Setembro 2016

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Ef 3.17 “Assim habite Cristo”

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É muito importante aprender a orar, e uma das formas de se fazer isto é observando as orações dos homens de Deus na história. Gosto muito dos “Book of prayer” dos anglicanos ingleses. Que sensibilidade e profundidade havia em suas orações. Quando comparo suas orações com as minhas confesso que me sinto envergonhado da superficialidade das orações que faço.
Ler as orações de Paulo é um grande estimulo para a oração. Apenas na carta aos Efésios vemos duas de suas orações. Em Ef 1.15-19 ele descreve os temas de suas orações, e novamente o vemos orando em Ef 3.14-19. “Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai”. Havia uma causa, um objeto, um conteúdo das suas orações, e quando lemos estes textos vemos quão distante nossas orações encontram-se das orações bíblicas.
Paulo ora pelo “fortalecimento espiritual” do povo de Deus. Ele sabe que o grande problema espiritual não é o que fazem conosco, mas o que fazemos com aquilo que nos fazem. O problema não são os vírus e bactérias que povoam o ar que respiramos, mas se o sistema imunológico está em condições de lutar contra tais ameaças. O problema não é a circunstância, mas o coração; não como as coisas estão do lado de fora, mas como estão dentro. Por isto, Jesus antes de ordenar a tempestade que se acalme, dirige-se aos discípulos, fragilizados e temerosos, para dizer: “Não temas, crê somente!”
O centro da oração de Paulo não era a transformação política para que se tornasse mais favorável à igreja, mas para que a igreja pudesse estar forte diante da perseguição e oposição.
A verdade é que culpamos o que nos acontece, mas não consideramos quão frágil está o nosso coração para resistir. Os infectologistas tem se debruçado por séculos em busca de uma vacina para a malária, um mal que aflige tanto a raça humana. No dia em que encontrarem a solução, esta vacina permitirá que o próprio corpo crie os reagentes para combater esta devastadora enfermidade. Se o corpo tiver condições de reagir, a enfermidade perderá seu poder. Da mesma forma, se o coração estiver bem, seremos capazes de reagir às condições externas adversas.
O autor da música “sou feliz com Jesus”, a escreveu depois de perder toda sua família num naufrágio. Originalmente a música diz: “Está tudo bem com minha alma”. As circunstâncias não eram favoráveis, ele estava num momento de luto e dor, mas o coração estava seguro. Paulo ora para que o povo de Deus pudesse ser fortalecido mediante o Espirito no homem interior. Quando o ser interior está desordenado e confuso, qualquer vento externo nos ameaça.
Depois de orar por fortalecimento, ele diz: “E assim habite Cristo no vosso coração, pela fé” (Ef 3.17). Preste atenção no encadeamento das ideias. Ele ora por fortalecimento, para em seguida afirmar: “E assim...” Ele usa uma conjunção aditiva “e”, para demonstrar que as ideias estão interligadas. Quando o homem interior é fortalecido, Cristo passa a habitar, desta forma, em nosso coração.
O termo “habitar”, em grego e em português, abriga diversas ideias. Originalmente a palavra que Paulo usa é habitar, mas que poderia ser acrescentado o termo “ricamente”, fala de alguém que permite que Jesus tenha liberdade, soberania e controle de sua casa, que tem a chave e pode fazer as alterações e mudanças necessárias para o bom andamento da mesma.
É muito fácil permitirmos que jesus habite em nossa casa, de outra forma.
Primeiro, pense na pessoa que é um Visitante numa determinada casa. Ela encontra-se ali por um breve tempo, seus movimentos são bem limitados. Ainda que seja bem recebida e tratada, possui quase nenhuma liberdade na casa. Sua estada é curta, e logo ela vai em embora. Em muitas vidas Cristo habita desta forma. Ele está ali, por um tempo, mas não tem liberdade de mudar os hábitos, a ordem dos móveis, os movimentos familiares.
Em segundo lugar podemos pensar no Roommate. Esta é uma expressão inglesa para pessoas que compartilham o mesmo espaço, pagam as contas de água, luz, internet, mas cada um vive na sua. Existem regras, limites, mas não necessariamente intimidade. É um tipo de república, na qual uma casa é alugada, mas a vida particular de cada um segue do jeito que se quiser. Há uma área e regras comuns, mas nada além disto.
Terceiro, podemos falar de um Convidado, ele é alguém que está passando uma temporada, eventualmente em razão de estudos ou trabalho. Um quarto é disponibilizado para ele, mas ele raramente toma refeição com a família, o tempo quase todo é gasto em trabalho ou estudo, e eventualmente sequer será encontrado. Ele tem a chave da casa, mas sabe que seu espaço é seu quarto. É apenas um convidado que amanhã volta para sua origem.
Em quarto lugar, podemos falar de alguém que recebe o outro por um tempo maior, a casa se torna disponível, mas existem alguns espaços não permitidos, sem acesso. Comparo isto a pessoas que compartimentalizam sua casa. Muitos recebem a Cristo desta forma, deixam claro até onde ele pode ir, existem áreas com reserva de domínio, nas quais Cristo não tem acesso.
Certa vez ouvi falar de um pastor, que amargurado contra a liderança de sua igreja local dizia: “Na minha casa tem um quarto no qual crio uma onça para comer presbíteros”. Não é muito difícil termos quartos nos quais guardamos desafetos, mágoas e dores são muito comuns e noutros onde cultivamos pecados de estimação.
Imagine o quarto da luxúria e da lasciva. Não queremos que Jesus tenha acesso a este lugar de “privacidade”. Alguns mantém o quarto da amargura e do ressentimento, nos quais abriga as tristezas e ódios contra ofensores e feridas abertas. São as “reservas” onde Cristo não pode penetrar. Outros ainda possuem o quarto da avareza, da forma como lida com dinheiro, existe ainda o quarto da duplicidade, vida esquizofrenizada, do tipo médico e monstro. As opções para este tipo de quartos de despejo, penumbras, mentira e desonestidade são quase ilimitados.
No entanto, a adoração no NT impõe alguns princípios:
A.      Cristo, sem reserva – Nada de exclusão, nem de discipulado sem senhorio. Muitos querem seguir a Cristo mas acreditando que podem impor as regras do discipulado. Acham que podem dizer para Deus como querem ser discípulos.
Neste caso, a regra é simples: Deixe Cristo entrar onde você não quer que ele entre! Quando você não quiser perdoar, por se sentir muito ofendido, diga a Jesus. “Estou temeroso de que você entre neste canto escuro da minha residência, mas o Senhor precisa lançar luz neste porão. Não quero perdoar, mas preciso querer perdoar”. Quando fazemos isto, deixamos que Cristo tenha liberdade de fazer as reformas e mudanças necessárias, liberdade de trocar os  móveis, de abrir novas janelas, fazer novos jardins, derrubar paredes.
Imagine uma pessoa com o quarto da luxúria, e que no seu mais profundo intimo, não quer abandonar suas tentações, mas é decide ser discípulo de Cristo, e agora o convida para intervir neste espaço arriscado de sua existência, pede a Jesus para que intervenha nesta área de sua vida. Afinal, Deus tanto executar em nós, tanto o querer (vontade), como pode realizar (ação) Ef 2.13), se ele pode trabalhar minha vontade, preciso urgentemente dele agindo em mim.
Desta forma, Cristo passa a habitar ricamente. Não como transeunte, nem visitante incômodo, ou hóspede. Ele mora na casa com todos os direitos.
B.      Cristo, sem fragmentação – Este é outro desafio. Ele pode agir em todas as áreas da casa, não em apenas algumas.
Existe uma distorção complicada na nossa teologia, que separa sagrado e profano, secular e espiritual. Achamos que algumas coisas tem a ver com Deus, mas outras, não necessariamente. Isto é um problema. Em quais áreas Deus deve agir?
Paulo afirma: “Quer comais, ou bebais, ou façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). Tudo deve ser feito para a glória de Deus! Até coisas simples como comer e beber. Desta forma, tudo se torna englobado: Namorar, ganhar dinheiro, desenvolver amizades, brincar, divertir, tudo deve ser sagrado, tudo tangenciado por Cristo.
Sempre corremos o grande risco de eleger determinadas áreas onde queremos dar acesso a Deus e outras onde acreditamos ser possível esconder.
Nada de deixar quartos fechados e escuros, que não permitam o acesso de Cristo. Talvez nestes lugares, mais obscuros, trancados, lugar da bagunça e caos, estejam as áreas mais urgentes de uma intervenção. Convide Jesus, mostre a confusão e vergonha, ore para que ele invada e jogue fora o lixo. Nada de espaços vedados à Cristo, nem quartos aos quais ele não tenha acesso, mesmo as gavetas mais bagunçadas, onde você guarda parafusos, elásticos, metais... deixe Jesus habitar os porões sombrios, as despensas desordenadas e mal iluminadas.
C.      Cristo, sem cosméticos – O Evangelho destrói as frágeis defesas que criamos para nos proteger da falsa integridade que precisamos diante de Deus. É a tola tentativa de costurar folhas de figueira para ocultar a nudez. Isto é próprio da raça humana. É adâmico.
No entanto, diante de Deus não se esconde nada de bom ou de ruim. Representações e teatralizações, em última instância, só enganam a nós mesmos. Deus não embarca nas tolas argumentações filosóficas que fazemos para nos justificar, como Adão, tolamente tentou diante de Deus. A mentira, ocultamento, duplicidade, não substituem a confissão e o quebrantamento.
Não há quartos secretos ou escuros demais nos quais possamos dizer a Deus: “No trespassing!”, nem há “reservas de domínio”. A Bíblia afirma que já chegou a hora, em que os verdadeiros adoradores do Pai o adorarão em espirito e em verdade. Maquiagem não resolve o problema, apenas a sinceridade vale.
Já viram aquela tola tentativa humana das pessoas dizerem às visitas: “Não reparem na bagunça da casa?” Será que isto realmente funciona? Para Deus, seria melhor se disséssemos: “Senhor, veja a bagunça e desordem desta casa, me ajude a organizar. Socorre-me!”
Quando meu filho era ainda adolescente, ao voltar para casa depois de um casamento afirmou: “Pai, não dá para começar namoro com uma garota em dia de festa”. Ele estava se referindo a amigas de escola que ficavam deslumbrantes quando passavam por uma boa maquiagem e uma boa boutique de roupas. Mas Deus não se impressiona com as roupas que usamos. Quando Moisés subiu ao monte para se encontrar com Deus, ao regressar, viu que seu rosto estava brilhando, e para conversar com os filhos de Israel, decidiu usar um véu. Os dias se passaram e o brilho esmaeceu, mas ele, ainda assim, continuou mantendo o véu por muitos anos, para que o povo de Deus ainda acreditasse que ele tinha o seu rosto brilhando. Paulo afirma que “não somos como Moisés”, pelo contrário, “onde está o espirito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co 3.17). Esta liberdade é para sermos autênticos, transparentes, sem quartos secretos, sem lugares reservados em nossa casa onde Jesus é proibido de entrar.
Conclusão:
Jesus disse à Igreja de Laodicéia: “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3.20). Este texto não é evangelístico como normalmente o pregamos, mas é o dono da igreja, Jesus, pedindo aos membros da igreja para poder entrar. A Igreja de Jesus pode facilmente rejeitá-lo e impedi-lo de entrar. Jesus está do lado de fora pedindo para entrar.
Não é muito difícil mantermos uma relação ambígua e ambivalente em relação ao Evangelho. Por isto Paulo ora para que a igreja de Éfeso fosse fortalecida de poder no ser interior, e assim, Cristo pudesse habitar ricamente em seus corações. Não mais como roommate, nem visitante, nem hóspede, mas tendo as chaves da casa na mão, e com liberdade de andar em cada compartimento, fazendo as necessárias mudanças e adequações, e assim transformando o ambiente em um local que glorificasse seu nome.

Que Deus nos abençoe!

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

2 Rs 5.20-27 A Anatomia da Cobiça


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Introdução:
Este texto nos conta a história de um jovem que nunca enfrentou grandes crises existenciais, até o dia em que se deparou com a mágica realidade de pessoas poderosas. Geazi viu seu mestre Eliseu recusar ofertas em dinheiro, depois da cura que aquele poderoso comandante sírio obteve de sua lepra. As cifras eram tão grandes que ele jamais poderia contabilizar. Apesar de admirar seu mestre e saber que ele era um homem de Deus, Geazi não podia entender a recusa. Justamente eles que viviam num estilo de vida tão pobre que as vezes não tinham sequer dinheiro para comer, nem para comprar um machado.
Este texto nos fala do perigo da cobiça, de querer ter coisas indevidas. Aurélio define cobiça como: “Desejo sôfrego, veemente, de bens materiais; avidez, cupidez. Ambição desmedida de riquezas”. Cobiça é uma obsessão por possuir coisas e a tentativa de dar valores a alma através de coisas externas: Reconhecimento público, admiração, respeito. Barão de Montesquieu afirmou que “um homem não é infeliz porque tem ambições, mas porque elas o devoram”, Sêneca, também afirmou que “pobre não é aquele que tem pouco, mas antes aquele que muito deseja”.

Geazi exemplifica bem a humanidade ávida em ter, possuir, adquirir.  
Ele era um rapaz simples, crente, seminarista anônimo, mas abrigava profundas ambições interiores: Projeção, status, conforto! Toda vez que via alguém com vestes festivais, roupas caras, dava um nó na sua garganta. Sua obsessão oculta foi alimentada, pelas fantasias e sonhos de sair daquela condição de carência. O vazio da alma, pensava ele, seria preenchido quando andasse como os nobres andavam.
Isto parece uma parábola clássica de muitos ainda hoje: Sonho do carrão, roupas de etiqueta, viagens caras, bons restaurantes, carros luxuosos, ambições secretas…
Geazi, rapaz crente e pobre, tinha o sonho de riqueza, e sendo pobre, achava que ter um talento de prata (15 Kg) seria a glória, a solução de todos as suas ambições, para os padrões de Naamã, acostumado com a riqueza, era até baixo, tanto que insistiu que ele levasse o dobro.
O problema de Geazi não era o desejo de querer crescer, seu problema e o nosso, é a cobiça. Se fosse preciso sacrificar valores da alma, mentir, usar artifícios para atingir as fantasias, sacrificaria, e foi isto que ele fez. Mentiu e sua ambição o domina tanto que transforma Deus em aliado na sua falcatrua. Sua cobiça não lhe possibilita ver sua loucura. Ele brinca com princípios, negocia valores, mente em nome de Deus.  Quão facilmente podemos enveredar por este caminho.
Ele foi, recebeu mais do que havia pedido, volta para casa tentando recuperar sua vida normal. No entanto, aquilo que ele fizera fora algo grave aos olhos de Deus. Ao se reencontrar com o profeta Eliseu, depois de todo artificio empregado, Este lhe pergunta:  Donde vens Geazi? Respondeu ele: Teu servo não foi a parte alguma. Porém ele lhe disse: Porventura, não fui contigo em espirito quando aquele homem voltou do seu carro, a encontrar-te? Era isto ocasião para tomares prata e para tomares vestes, olivais e vinhas, ovelhas e bois, servos e servas?” (2 Rs 5.25-26). Eliseu questiona suas ambições, e pelos bens listados podemos entender que era uma soma impressionante em dinheiro.

Colocando em perspectiva
Cobiça, nunca é positiva, contudo, a ambição pode ter um elemento positivo. A base do sistema capitalista encontra-se no desejo do ser humano em melhorar suas condições pessoais de vida. Esta é a base do calvinismo, que Marx Weber chamou de “O espírito protestante do capitalismo”. Nações com fundamento protestante são ricas, porque estudar e trabalhar, melhorar as condições sociais sempre foram encorajadas. Ao lermos o livro de Provérbios vemos que, em todo tempo, encoraja as ações do trabalho e produção e questiona a indolência e preguiça. Um dos fatores motivadores do trabalho é a ambição, o desejo de avançar, isto nos leva a entender que é possível atingir alvos e metas se nos esforçarmos.
Precisamos, porém, estabelecer diferença entre os termos ambição e cobiça. A ambição possui um lado positivo, quando nos esforçamos para ganhar mais, produzir mais, crescer na vida. O desejo de vida melhor, acesso a bens de consumo e conforto, estimula a produção. Talvez esta seja a causa do fracasso do comunismo: acreditar romanticamente que as pessoas produziriam sem o estímulo do salário, da competitividade. O capitalismo, por sua vez, facilmente desemboca em outros riscos, como a obsessão por acúmulos de bens, arrogância e pouca sensibilidade social. É bom lembrar que qualquer que seja o sistema, capitalista ou comunista, por terem sido elaborados por homens pecaminosos e caídos, estarão sempre reproduzindo as fraquezas de caráter do ser humano. Nunca é repetitivo lembrar o velho slogan de Schaeffer: “A diferença entre o capitalismo e o comunismo é uma só. No primeiro, o homem oprime o homem; no segundo, é o contrário”. Não existe sistema divino construído com bases humanistas.
Então, para que se coloque no devido lugar, a cobiça é a ambição deturpada, que se torna voraz e tende a consumir o coração. Por isto provérbios 1.19 afirma: “Tal é a sorte de todo ganancioso, e este espírito de ganancia tira a vida de quem o possui”.
Zuenir Ventura ainda faz outras diferenças de termos: “Ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é querer que o outro não tenha”.  
Ganância e cobiça são os lados escuros da ambição, e nem sempre é fácil fazer diferença entre elas. A pessoa eventualmente está sendo consumida pela sua cobiça, justificando-se na necessidade de ser mais proativa, diligente e trabalhadora. Esta capa de bons motivos pode ser profundamente traiçoeira.
Cobiça é obsessiva, desejo de ter mais, insaciabilidade, incapaz de se satisfazer. A cobiça escraviza: Não deixa o homem viver fora da relação com os desejos de amontoar e possuir.

Qual a base da cobiça?

Dois elementos são visíveis: Insatisfação interior e comparação com outros.

1. Insatisfação interior
Se o coração estiver vazio, certamente tentará preenchê-lo com coisas que julga poder dar significado. Podem ser bens, coisas materiais ou reconhecimento público. A pessoa passa a acreditar que é possível se encher com fama, popularidade ou aceitação dos outros. Isto porém é vicioso, torna-se uma droga, e vai precisar aumentar cada vez mais a dose para encontrar satisfação. A alma torna-se cada vez mais frustrada: Nem sempre você terá as coisas com as quais sonha, nem sempre terá o reconhecimento que espera, e nem mesmo a aceitação da qual se julga merecedor. Estas coisas são profundamente ilusórias.
Veja dois textos bíblicos que falam sobre a insaciabilidade da alma – “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam, sim, quatro que não dizem: Basta! Elas são a sepultura, a madre estéril, a terra, que se não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta!” (Pv 30.15). “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade Onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos?” (Ec 5.10-11)

O problema da alma humana é profundo e antigo. A Bíblia diz que “Deus pôs a eternidade no coração dos homem” (Ec 3.11).  Nada poderá encher o desejo pelo infinito a não ser com coisas eternas e infinitas. Nada pode preencher e dar sentido a alma, exceto o único que pode fazer isto. A sede humana, em ultima instância, não é por coisas, mas por valor, significado e sentido.
As ilusões da alma estarão sempre presentes, mas a verdade é que “Deus fez as coisas para a gente usar, as pessoas para a gente amar e ele mesmo para ser adorado. O problema é que amamos coisas, adoramos pessoas e instrumentalizamos Deus”. Rockfeller, que já chegou a ser considerado o homem mais rico de toda história humana, certa vez foi indagado por um repórter quanto dinheiro ele queria e, meio embaraçado respondeu: “Só um pouquinho a mais!”

2. Comparações
Outro aspecto que facilmente nos transforma em seres cobiçosos são as comparações. Nossa cultura é muito competitiva, e normalmente a cobiça acontece porque nos comparamos e nos sentimos inferiores. Cobiçamos coisas que dão status, porque os outros adquirem status através delas. Se você não tivesse parâmetros de comparação social, não sentiria falta das coisas. Além do mais pecaminosamente estimulamos competição entre os filhos. Sutilmente valorizamos virtudes e fracassos em relação ao outro. Isto acontece em relação a familiares, vizinhos e entre membros da Igreja. Por isto, “compramos coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar gente que não gostamos.

Perigos da cobiça

  1. Cobiça é condenada por Deus

É interessante observar que o décimo mandamento dado por Deus aos homens seja exatamente: “Não cobiçarás” (Ex  20.17). Simples e direto, não? Teria algum significado maior ser este o último dos mandamentos? Talvez possamos encontrar uma relação nisto. Observe que o ponto de partida de todos os mandamentos é “Não terás outros deuses diante de mim”. Este é o primeiro mandamento. Lutero afirma que se quebrarmos o primeiro mandamento, estaremos inclinados a quebrar todos os demais. Colocar Deus no centro nos livra dos outros pecados. Imagino que o resultado final, de quebrarmos o primeiro mandamento, será sempre uma vida sem sentido, cobiçando e desejando cada vez mais, porque Deus não se encontra no centro de nossas aspirações, desejos e motivos. Nos tornamos escravizados pelas ambições, ganâncias e cobiça da alma.

  1. Cobiça relativiza valores

Quando João Batista estava realizando seu ministério no Rio Jordão, muitas pessoas se dirigiram a ele para serem batizadas. Elas percebiam que faltava algo em seus corações e estavam buscando a Deus. Entre eles, vieram os cobradores de impostos: “Mestre, que havemos de fazer?” e João lhes respondeu: Não cobreis mais do que o estipulado” (Lc 3.13). Qual era a tentação central destes funcionários públicos? Ganância. A seguir, um grupo de soldados, perguntou “E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não deis denuncia falsa e contentai-vos com o vosso soldo” (Lc 3.14). Os soldados também tinham que lidar com a cobiça dos seus corações, que era a grande acusação que existia contra eles naqueles dias. Veja como a cobiça é um pecado recorrente nestes dois diferentes grupos.
Quem não está contente cria o “olho gordo”, e passa facilmente a negociar valores espirituais e morais para resolver o vazio do coração e ter mais. Moças se vendem por cobiça (incluindo aqui a necessidade de serem aceitas e apreciadas pelo seu corpo sensual, uma forma sutil de cobiça); homens sacrificam valores aprendidos e cultivados no altar da cobiça. Homens, por dinheiro e propina vendem sua moral, sacrificam o coração dos filhos e esposas, e perdem o respeito e a moral para satisfazer o vazio do coração que só Deus pode preencher.
Um clássico exemplo disto é o filme “proposta Indecente”, quando uma mulher decide vender seu corpo, com o apoio do marido, para resolver um problema financeiro que estavam enfrentando. A equação do homem que faz a aposta de que seria capaz de levar aquela mulher casada para uma aventura sexual pela bagatela de 1 milhão de dólares,  é bem simples e perversa: “Cada pessoa tem o seu valor”. Se tal afirmação possui alguma vertente verdadeira, permanece uma questão no ar: “qual é o meu preço? Por quanto me venderia?”. Não é cruel pensar nisto?

  1. Cobiça sacrifica a alma

Geazi tinha compulsão por poder e influência. Infelizmente suas tentações são para lá de atuais.
São constantes os casos de pessoas se vendendo. Jovens deslumbrados com o glamour, com o sucesso, dinheiro, sexo, poder. Empresários, se envolvendo em escandalosos negócios, maracutaias,  Políticos obcecados por dinheiro fácil, vivendo de forma insaciável, num frenesi por ter mais um pouco, receber mais.
O cobiçoso sacrifica lazer, família, saúde, igreja, espiritualidade, Deus, ignorando o custo de tudo isto. Comprometendo sua vida. Olha o que fez Geazi. Podemos até achar que estamos resolvendo o problema do coração, mas a cobiça traz graves consequências e tragédias.

Geazi adoeceu

Quando confrontado pelo profeta, Geazi tenta negar o fato. Uma mentira sempre atrai outras mentiras. É preciso manter a farsa que vai exigir uma sofisticação e aprofundamento no mal. Mas Deus não se impressiona com as manipulações e dramas que fazemos, e a confrontação é dura: “Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência, para sempre. Então, saiu de diante dele, leproso, branco com a neve”(2 Rs 5.27). O mal tem o poder de se apegar em nós, como uma nódoa, que lavanda alguma é capaz de limpar. Ele adoece. Quais os sintomas desta perversa enfermidade na geração atual?

Geazi adoeceu sua família
Esta foi a segunda consequência, que me parece ainda pior que a primeira, embora a segunda seja a consequência. “Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência, para sempre”. Não apenas ele sentiria os efeitos na sua pele, mas sua família também sofreria as consequências. A cobiça tem o poder de adoecer gerações inteiras, de atingir o coração dos filhos de tal forma que Deus se torna secundário e descartável.  Determinadas ambições, hoje tão caras a nós, se alcançadas, podem determinar a ruína dos netos que teremos. Muitas vezes a perda da referência de Deus e o distanciamento espiritual dos filhos estão ligados à sôfrega ambição e descomedida cobiça que tirou o nosso coração do centro do desejo de Deus. A cobiça de Geazi trouxe a lepra, curiosamente uma deformação grave no sistema nervoso, que impede as pessoas de terem sensibilidade sensorial e deforma a pessoa.

Como lidar com a cobiça?

  1. Pare de cobiçar e descubra o que Deus lhe deu – A verdade sobre a vida é que nascemos sem saber nada e morremos sem saber o que precisamos. Cobiça tira o contentamento, mantém o coração preso em coisas que não possuímos ao invés de celebrarmos aquilo que temos. Desenvolva gratidão.
Elizeu tinha a possibilidade de resolver o problema financeiro e de sua pobre escola de profeta com a quantia que lhe fora ofertada por Naamã, mas preferiu manter sua vida de dependência de Deus, de confiar na provisão do Eterno. Geazi, ao contrário, pensa que o vazio de sua alma seria preenchido com roupas caras, caso contrário, porque pediria as “vestes festivais” que só eram usadas em cerimônias de palácios? Tinha sonhos grandes, porque no ambiente no qual vivia, nunca poderia usar tais roupas.

  1. Aprenda a viver com contentamento: Somos uma geração insatisfeita. Reclamar, desdizer, murmurar, questionar a Deus é sempre algo que o coração tem propensão, mas o grande segredo da vida é “Aprender a viver contente em toda e qualquer situação”.
Como é importante refletir sobre este texto Bíblico, que Paulo escreve ao jovem Timóteo:
De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores (1 Tm 6.8-10). Anote este texto, leve para sua casa, considere estas verdades.

Conclusão:
Como Jesus lidou com as ofertas do diabo?

Satanás tentou a Jesus criando desejos, necessidades e tentando gerar cobiça em seu coração, como foi que nosso Senhor lidou com isto?

 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;  antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,  a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.5-11).

A vida de Jesus foi uma vida de esvaziamento, de desapego. Satanás ofereceu vaidade, poder, influência, conforto, mas nada disto o atraiu. Ele sabia que as ofertas do diabo são todas provocativas, mas todas levam à morte. Ele sabia onde se encontrava o embrião da queda: A solução rápida, projeção, reconhecimento humano, aclamação pública, mas para ele, o amor e a obediência ao Pai eram as coisas mais importantes. Jesus sabia que no dia do juízo, muitos olhos se encheriam de lágrimas ao considerar como sua vida poderia ter sido melhor se agisse de forma diferente.
Elizeu pergunta a Geazi: “Donde vens, Geazi? Respondeu ele: Teu servo não foi a parte alguma.  Porém ele lhe disse: Porventura, não fui contigo em espírito quando aquele homem voltou do seu carro, a encontrar-te? Era isto ocasião para tomares prata e para tomares vestes, olivais e vinhas, ovelhas e bois, servos e servas?” (2 Rs 5.25-26).
Geazi é agora chamado a prestar contas. Confessar. Ser honesto!
Jesus terminou sua história numa cruz, mas “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.10-11).
As ofertas do diabo não podem ser o nosso cardápio, porque sempre terminam em morte. Estar no caminho do Pai é muito mais eficiente e é neste caminho que devemos ser norteados.
certa vez afirmou:
Bertrand Russell escreveu: “É a ambição de possuir, mais do que qualquer outra coisa, que impede os homens de viverem de uma maneira livre e nobre.




Samuel Vieira
Anápolis, março 2010.

Refeito em Setembro 2016