segunda-feira, 20 de julho de 2015

Jr 1.1-12 O Chamado Profético



Introdução:

Poucos profetas exemplificam melhor a vida de um homem de Deus que Jeremias. Ele viveu dias de grande frieza espiritual, apostasia, alternância de poder. Viu reis morrendo em guerra, conspiração e tomada de poder, ele mesmo foi algumas vezes acusado de conspiração, ameaçado de morte, preso e espancado, mas a convicção do chamado de Deus nunca se perdeu na sua vida.
Nestes primeiros versículos deste livro profético, observamos aspectos valiosos sobre o chamado para a obra profética.

1.       O chamado profético faz parte do projeto soberano e eterno de Deus – “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci... e te consagrei” (Jr 1.5).
Antes de mais nada, não tem a ver com capacitação intelectual, nem qualificações pessoais, carisma, poder de persuasão ou temperamento atraente, mas com o propósito de chama de Deus. “Deus não chama os capacitados, mas capacita os chamados”. Quando ele chama alguém, ele dá condições para o chamado, mesmo quando seus escolhidos se pareçam escória humana aos sábios e poderosos.
"O chamado vocacional é a legitimização necessária para o minitério de um profeta. Outorga a certeza da eleição divina para essa missão (1.6), mas o soberano Deus não aceita um "não" como resposta! Sua timidez seria superada, pois Deus o tornará forte (1.18; 6.27; 15.20). Deus também promete que estará com Jeremias e o protegerá de seus inimigos (1.8,19). A função de Jeremias (1.9) se baseia nas palavras de Moisés (Dt 18.18) sobre a promessa de revelações futuras por meio de profetas que proclamariam a Palavra de Deus" (Jonathan Luiz Hack, Jeremias: Um Panorama Teológico, in Fides reformata Vol XX, N. 1, 2015, pg 17).

2.       O chamado profético gera temor – “Então, lhe disse eu: ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança.” (Jr 1.6).
Não é o primeiro e nem será o último a ter um sentimento de medo, diante da compreensão do chamado. Jeremias se sente enfraquecido e assustado. Ele olha para seu tamanho e o compara com o tamanho do chamado. Percebe que sua mensagem é muito maior que o mensageiro, e a tarefa maior que a do obreiro. E treme!
Talvez Jeremias tivesse um pouco de timidez, ou dificuldade para se expressar em público. Ele se sente uma criança assustada diante de pessoas grandes (Jr 1.6). Sabe que não é um projeto de adrenalina. Muitos profetas foram impopulares e não poucos tiveram suas cabeças decepadas.

3.       O chamado profético tem um duplo desafio – “Mas o Senhor me disse: Não digas: não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás”.” (Jr 1.7).

O desafio é duplo:
a.       Ir, a quem Deus enviar;
b.      Falar, a quem Deus mandar.

Ir a quem Deus enviar
Profeta não escolhe seu público, nem determina seu campo, mas é designado para onde Deus quer que ele vá. Um dos princípios da missiologia é que Deus antecede o missionário no campo. É bom saber isto, e é isto que sustenta a tarefa do obreiro. Ele precisa ter consciência de que Deus o enviou para aquele campo, e isto é bastante.
Determinados campos são duros, árduos e inóspitos. O desafio é muito grande. São centros urbanos marcados pela violência, oposição, ameaça; são regiões distantes onde há pouco recurso, difícil acesso. A verdade é que existem muitos campos sem obreiros e muitos obreiros sem campo. Mas Jesus disse que deveríamos rogar ao Pai que enviasse obreiros para a seara. Ele não falou que havia falta de campos, mas falta de obreiros.
Aquele que tem senso da vocação profética, deveria perguntar se está disposto a ir onde o Senhor da seara enviar.
O profeta Jonas é um exemplo negativo do que estamos falando.
Ele não tinha crise de vocação profética, mas tinha crise etnocêntrica. Seu problema é que ele não queria ir a qualquer lugar, ele possuía uma geografia definida no coração. Antes de ser enviado a Ninive, já havia recebido outras mensagens de Deus e fora fiel na sua tarefa, no entanto, ao ser designado para pastorear a primeira igreja presbiteriana de Ninive, ele se assustou com a tarefa, recuou, e preferiu desobedecer. Seu problema não foi a mensagem (conteúdo), mas a tarefa para missionar em campos fora de sua predileção.
Deus diz a Jeremias que ele deveria estar pronto a ir “a todos a quem eu te enviar” (Jr 1.7). Será que estamos prontos para tal tarefa?

Falar, o que Deus mandar
Este é outro aspecto que faz parte do duplo desafio profético. Falar o que Deus mandar.
Profeta eram chamados no Antigo Testamento de “bocas de Deus”. Eles eram o arauto das notícias dos céus. E nem sempre tais notícias eram agradáveis.
Dois riscos devem ser evitados: falar o que eu gosto de falar e falar o que as pessoas gostam de ouvir.
No primeiro, é necessário reconhecer que há temas pesados. O próprio jesus ouviu a reclamação de alguns de seus discípulos que lhe disseram: “Duro é este discurso, quem o pode ouvir?” (Jo 6.60), e por isto o abandonaram.
Lembro-me que resolvi pregar expositivamente todo o livro de Romanos, mas me esqueci da complexidade do capitulo 9, dos decretus horribilis. Ele é composto de uma mensagem forte sobre predestinação, tema pesado para um domingo a noite. Confesso que hesitei, mas tive o seguinte pensamento: eu não posso deixar de pregar aquilo que Deus queria comunicar aos homens. E assim preguei o texto bíblico, mostrando a seriedade e a benção de sermos chamados por Deus.
Ultimamente tenho dito à igreja que eu não me preocupo quando tenho que dizer coisas duras, porque eu trabalho no ministério de comunicação, que fica no primeiro andar. Deus está no segundo andar, o ministério da justiça, mas eu foi comissionado para o andar de baixo. Portanto, minha tarefa é apenas comunicar o que o alto comando ordena. Afinal, “O que se espera do despenseiro, e]é que ele seja achado fiel” (1 Co 4.2).
Despenseiro é aquele que tem a responsabilidade do almoxarifado, ele tem acesso aos depósitos do rei. Ele deve distribuir as provisões com fidelidade. É isto que seu senhor espera dele. Por isto Paulo afirma aos presbíteros de Éfeso: “Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27).
No segundo, não devemos falar apenas o que as pessoas querem ouvir, mas sim o que Deus mandar.
Temos tido pregadores falando de temas politicamente corretos, e por isto se tornando ambíguos na comunicação da mensagem. Isto o faz ser inseguro e tímido, ter medo de declarar: “Assim diz o Senhor!”, porque fala com insegurança. Muitos temas exigem um veredito e devemos nos preocupar em honrar a Deus, mesmo que venhamos a desagradar as pessoas.
Na exortação de Paulo a Timóteo, Paulo afirma: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não; corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá empo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.2-4).
Deus afirma a Jeremias: “A todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto eu te mandar, falarás”. O chamado profético inclui estes dois elementos: disposição para ir onde e a quem o Senhor enviar; e a disposição para falar tudo quanto Deus mandar.
4.       O chamado profético está firmado na unção profética – “Depois, estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e o Senhor me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras” (Jr 1.9).
Para o exercício da vocação é necessário chamado e unção. O chamado é esta impulsão profunda de Deus no coração; a unção é a graça especial para realização deste chamado. Um aspecto está ligado ao outro.
Deus toca a boca de Jeremias. De sua boca deveria sair a palavra, repleta de esperança e denuncia, proclamação e juízo. Ela deveria estar interpenetrada da unção, para sua efetividade. Não se tratava de mero conteúdo, mas palavra acompanhada como fogo. É fácil falar e pregar, mas apenas o toque de Deus no lábio do mensageiro seria capaz de efetuar os propósitos divinos de sua palavra para a história.
Esta unção é necessária porque a palavra tem dois objetivos: um negativo e outro positivo. A palavra tem um efeito dialético: Arrancar e derrubar; destruir e arruinar; edificar e plantar.

A mensagem não age em apenas uma direção: ela constrói e destrói. Assim como o sol que derrete a cera e endurece o barro. A palavra vai atingir pessoas desanimadas, e trazer animo e alento; vai penetrar em corações desesperançados e trazer graça e segurança, mas ao mesmo tempo vai atingir aqueles que estão se sentindo seguro, tendo falsa impressão de bem estar, e desestruturá-los. Ela segue na direção dos soberbos e denuncia. A Palavra tem poder de arrancar e derrubar; destruir e arruinar; edificar e plantar.
Paulo afirma que o Evangelho traz o aroma de vida para vida e cheiro de morte para morte (2 Co 2.15-16). O que significam tais palavras? Quando pregamos fielmente a Palavra, muitos serão salvos por a aceitarem, e serão libertos da opressão do diabo e resgatados do inferno e da condenação, enquanto outros, ao ouvirem a mensagem, resistirão à mesma, se oporão, e não darão crédito à verdade para salvação. Então, ao rejeitarem a verdade, tornam-se ainda mais culpados, porque tendo a oportunidade de acatarem a salvação, eles a recusam, trazendo sobre si mesmo, mais condenação.
Apesar do desejo de Deus de que todos se convertam e sejam salvos, muitas vezes a Palavra se torna denúncia. No dia do juízo final, aqueles que rejeitaram a palavra da salvação serão julgados por desprezarem e rejeitarem esta grande salvação (Hb 2.3).
Então, a mensagem arranca ou edifica, destrói ou constrói. Traz aroma de vida para vida, e cheiro de morte para a morte.

Conclusão

Quando Deus conclui o chamado profético de Jeremias, ele lhe dá a visão da vara de amendoeira. Esta árvore é bem conhecida na Galiléia, porque é a primeira a dar sinal da primavera, é a primeira a brotar. É um anúncio de que a primavera está chegando. Ela é fiel no seu anúncio, e as pessoas se alegravam porque o inverno estava acabando.

Deus está afirma: “Viste bem, porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” (Jr 1.12).

Esta era a garantia que Jeremias precisava.
Nenhuma palavra de Deus vai se perder, nenhuma vai cair no esquecimento. “Se ele prometeu, ele há de cumprir, e se ele falou, é certo que fará”. Passarão os céus e a terra, mas a minha Palavra não há de passar”. O que Deus falou, isto se dará. Se não acontecer, é porque não foi Deus quem falou.
Tal é a natureza da mensagem que anunciamos. A ciência muda, um alimento que hoje causa males amanhã será um santo remédio; uma determinada receita de hoje pode ser uma droga amanhã. Os homens mudam conceitos e valores. Mas a palavra de Deus não muda.
Antes de iniciar sua tarefa profética, Jeremias precisava saber que Deus vela sobre sua palavra. Talvez poucas coisas hoje sejam tão necessárias para os pregadores, que a convicção de que a Palavra de Deus não voltará vazia, e que não cairá nem um i, nem um til, sem que tudo se cumpra. Vivemos dias de insegurança, instabilidade e questionamentos. Não podemos deixar de ter esta santa convicção de que estamos lidando com coisas profundas e sérias.

Aleluia!

Ec 7.29 O que aconteceu a raça humana?


(Ec 7.29)

“Eis o que tão somente achei, que Deus fez o homem reto,
mas ele se meteu em muitas astúcias”.


Introdução:

Você acha a vida complicada? As pessoas complicadas demais?
Uma das perguntas que sempre fazemos é como a raça humana chegou a este ponto? Chico Buarque chegou a afirmar: “Quem estava na direção deste continente quando ele capotou?”. Há na alma humana uma indagação sobre a vida em si mesmo. A vida é isto? Realmente nascemos para vier num universo desequilibrado e torto como este?
Francis Schaeffer tem este sentimento quando escreveu o livro: “O que aconteceu com a raça humana?”
A verdade é que vivemos num mundo caído.

Confusão social
De fato há algo errado com o nosso universo moral. Definitivamente, a vida que vivemos não é aquilo que Deus queria para nós. Apenas no Século XX, tivemos duas grandes guerras mundiais. Estima-se que 5 a 6 milhões de judeus foram exterminados num genocídio sem precedentes em termos de crueldade e barbaridade. Embora mais desconhecido, estima-se também que cerca de 18 a 25 milhões de jovens russos perderam sua vidas em batalhas, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Isto é, uma geração inteira de jovens de um país.
Estamos recordando (e não celebrando, porque não há o que comemorar), os 150 anos da Batalha do Riachuelo, quando os países aliados: Brasil, Argentina e Uruguai, massacraram o Paraguai, governado por Francisco Solano Lopes, um general megalomaníaco que queria dominar o Uruguai, Argentina e Rio Grande do Sul, anexando-o ao seu país. Ele invadiu primeiramente o Mato Grosso, e vendo que não houve resistência, resolveu ampliar seus domínios pelo Rio Grande do Sul, mas para isto tinha que passar pela Argentina, que pediu ajuda ao Brasil, e com o Uruguai formaram a tríplice aliança (1864). A Batalha do Riachuelo foi em 1865, quando aconteceu também praticamente o fim da guerra. A carnificina e o massacre foram tão grandes, que 60% da população do Paraguai foi exterminada em 6 anos. Quando o General Lopes viu que iria perder a batalha, porque não tinha mais soldados, resolveu colocar crianças de 10-12 anos no fronte, que foram exterminadas completamente. A arrogância deste militar, associada à atitude dos países aliados de queriam extirpar o mal pela raiz, deixou um rastro de sangue e dores inimagináveis. Até hoje o Paraguai não se recuperou desta atitude insana de seu general e da reação sanguinolenta de seus países vizinhos.
Estas histórias mostram um pouco o nível de desequilíbrio e disfuncionalidade presentes na raça humana. E ficamos realmente com a pergunta: “O que aconteceu à raça humana?” Este mundo foi criado para ser um campo de batalhas?

Confusão nas famílias
A história das famílias demonstra bem a tragédia humana.
São traições, desenganos, ódios, abusos de toda espécie, fatos inenarráveis. Felizmente não existe um big brother para tornar público a caminhada de mentiras, farsas e dores. Toda história familiar é permeada de abusos, absurdos e contradições. Família é uma fonte de contradição. Felizmente preferimos contar histórias de pessoas bem sucedidas e não dos descompassos que nossa etiologia familiar construiu.

Confusão no coração
Outro aspecto a ser considerado é o nosso coração
O mesmo acontece quando olharmos para dentro de nós mesmos: Confusão, medo, depressão, infidelidade, fantasias não confessadas, doenças variadas e estranhas. Vivemos atormentados pelos fantasmas da alma. Eventualmente eu e minha esposa conversamos sobre uma pessoa ou outra e comentamos sobre quão complicada é a sua alma, e a Sara Maria sempre retorna com um jargão: “E quem não é?”

Quando olhamos para fora, para as pessoas, nos tornamos cínicos, vemos o desespero, ansiedade, ganância, manipulação, controle, luta pelo poder, falta de fé, desânimo. Quando Jesus olhou as multidões, a Bíblia diz que ele se compadeceu das pessoas porque eram “como ovelhas sem pastor”. Sabe o que é uma ovelha sem pastor? Não tem segurança, não tem norte, não tem alimento, é presa fácil de lobos vorazes. Este é o retrato da raça humana caída e longe de Deus.

Se olhamos para fora nos tornamos cínicos
Se olhamos para dentro, ficamos desanimados
O que aconteceu com a raça humana?

Como chegamos a este ponto?
Em Ec 7.29 lemos:
“Eis o que tão somente achei: Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.
O que o texto mostra é que a raça humana não foi feita, originalmente, para ser o que é. No design da criação não era este o projeto de Deus. O homem não foi feito errado, mas ele se complicou. Ele perdeu o propósito para o qual foi designado. A raça humana se perdeu na sua trajetória. O homem foi feito reto, mas ele enfiou os seus pés em laços e armadilhas, e se tornou presa de si mesmo, suas decisões e atitudes equivocadas.
Larry Coy parece ter esta mesma percepção quando afirma: “A vida é essencialmente simples, mas nós a complicamos com os nossos pecados”. A vida não é complicada, a vida é simples, mas o fato é que nós falhamos. Aliás, a palavra grega para pecado é hamartia, que significa, errar o alvo. O ser humano desviou-se do projeto original, resolveu construir sua história fora da vontade de Deus. Paulo diz que “...tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm 1.21). Construíram uma vida fora de Deus, esqueceram-se de Deus e fizeram suas rotas confusas. Erraram o alvo.
Gostei muito de uma afirmação de C. S. Lewis quando falava sobre a possível existência de vida fora da terra, e faz um comentário capcioso : “Rezemos para que a raça humana jamais escape da terra para que não espalhe sua iniquidade em outros lugares”.

O texto de Eclesiastes afirma que o homem se meteu em muitas astúcias. A situação atual da raça humana decorre de escolhas morais erradas.

No Princípio

A Bíblia afirma que ao criar o homem, o fez para ser sua imagem e semelhança. No projeto original vemos o homem interagindo com o seu criador. A Bíblia afirma que Deus vinha na viração do dia para conversar com Adão. Não havia confusão em seu coração, vivia uma vida de simplicidade. Ele e a mulher viviam no paraíso, e ali experimentaram a paz que o ser humano desfruta ao viver ao lado de Deus.
No entanto, as sugestões da serpente os atraíram. Seduzidos pelas tentadores propostas doa diabo, homem e mulher cedem aos seus argumentos, e agora, outros elementos assustadores interpenetram seus corações. Conheceram o mal, tocaram no mal, seus olhos foram abertos apenas para compreender que havia algo errado em si mesmos, mas não podiam mais escapar desta realidade. Medo de Deus, culpa, acusação, defesa, fazem parte agora de suas vidas. O orgulho, a vaidade, a soberba, a ambição, a desobediência trouxeram uma completa desarmonia na existência humana.
A situação ficou tão confusa que o profeta Jeremias posteriormente analisa assim a condição da raça humana: “Enganoso é o coração mais que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 9.27). Paulo também argumenta: “Não há quem entenda, quem busque a Deus.todos se extraviaram e a uma se fizeram inúteis” (Rm 3.9-12).  A Bíblia afirma que mesmo as boas intenções redundam no maior fracasso: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.20). “Mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou!  Quem me livrará o corpo desta morte?” (Rm 7.24). A alma, contraditória e ambígua, vive dilemas sem fim. Há uma batalha civil dentro de nós. Descobrimos o inimigo e ele é um de nós.
“Eis o que tão somente achei,
que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

O Segredo da vida

O problema da humanidade é sua a incapacidade de escolher o bem. As intenções não são suficientes. “O bem que eu quero fazer, não faço.. o mal reside em mim”. A fonte do ser está contaminada, é um problema na raiz humana, as motivações estão contaminadas. Podemos fazer as coisas mais espirituais com a motivação mais carnal. “O bem que eu quero fazer não faço, mas o mal que não quero, este eu pratico”.
Jesus afirma para Nicodemos que o ser humano precisa de algo que vai além de sua capacidade interior. Ele precisa de um Novo nascimento, uma obra do Espírito na sua vida, caso contrário, vai continuar fazendo escolhas erradas. Deus fez o homem reto, mas ele se complicou. Esta tem sido a historia da raça humana. Suas escolhas equivocadas. Seu desejo de ser igual a Deus, sua autonomia. Jesus afirma: “Se alguém não nascer de novo, não pode entrar no reino de Deus”. Precisamos de um poder e capacitação, que apenas o Espírito de Deus é capaz de dar.
Jesus tenta explicar isto para Nicodemos, citando um evento enigmático do Antigo Testamento:“Porque assim como Moisés levantou a serpente no deserto, importa que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3.14-15).
Vamos lembrar o que aconteceu neste evento.
O povo de Israel havia pecado contra Deus. Serpentes abrasadoras e venenosas vinham do deserto e picavam as pessoas. O veneno era letal. Milhares de pessoas estavam sendo infectadas e não havia remédio para uma peçonha de tal magnitude, não havia soro antiofídico que resolvesse. Deus então ordena que Moisés faça uma serpente de bronze e a coloque num mastro, e todos que fitassem aquela serpente, seriam curados.
Relato estranho, não é mesmo? O que este texto quer dizer? Porque Jesus o menciona?
Este acontecimento no deserto, simboliza, tipifica, aponta para outro evento igualmente marcante que se daria na história muitos anos depois. O Filho de Deus é colocado numa cruz, e naquela cruz, todos os que o contemplam, podem ser curados. O sangue de Jesus, o Filho de Deus, tem poder para extirpar o dano que a serpente causaria em nossas vidas. Ao olharmos e contemplarmos Jesus, somos curados.
Satanás inoculou na raça humana um veneno letal. Precisamos de antídotos que quebrem a eficácia deste veneno que passa pelas nossas veias, mas nada parece solucionar. As motivações, intenções, moral, comportamento, tudo o que fazemos é insuficiente. À semelhança do filme matrix, estamos com um vírus mortal, o corpo não consegue criar reagentes suficientemente fortes para combater esta peçonha. Precisamos de um reagente, um remédio eficaz, para quebrar o poder do veneno, e somente a cruz pode ser a solução e providenciar esta cura.
Somente a obra de Cristo pode pode realizar isto em nós.
Estamos presos nas próprias artimanhas e astúcias que criamos. Precisamos olhar para a cruz, esta é a única opção. Só o sangue de Cristo pode nos restaurar. Estamos letalmente contaminados e feridos, apenas a obra de Jesus pode nos fazer voltar ao propósito original para o qual fomos feitos.

Encontrando o Segredo para uma vida de liberdade:

Como um pássaro preso pelo laço dos passarinheiros, assim os laços de iniquidade, de escolhas morais erradas, da vida que tentamos viver sem considerar Deus, nos complica cada vez mais. Muitos imaginam que ser cristão é aderir a determinados comportamentos e fazer determinadas afirmações do credo, ter convicções, códigos e rituais religiosos, mas a Bíblia nos ensina que apenas um relacionamento vital de Jesus conosco, pode nos resgatar. Precisamos comer de sua carne, e beber do seu sangue. Sua vida em nossa vida. A vida de Jesus em nós.
Gosto muito de uma afirmação recorrente no Antigo Testamento. Deus dizia constantemente ao povo: “Eu sou o Deus que vos santifica”. No Novo Testamento, Jesus afirma que ele nos daria o seu Espírito, que não nos deixaria órfão, e este Espírito nos guiaria a toda verdade, geraria emulações interiores na alma, nos inclinaria a Deus. Este Espírito Santo gera santidade, desejos de Deus. Jesus nos lava, nos purifica, nos torna novas criaturas. Muda nosso DNA. Conversão é a esta maravilhosa obra da cruz sendo aplicada ao ser humano, que se meteu em muitas astúcias, que perdeu a referência de Deus, e está perdido nos seus delitos.
Certo jovem, de vida atrapalhada e confusa, cometeu uma série de equívocos, e sua vida virou uma desordem, como geralmente a raça humana faz. Vendo-se perdido, procurou a Deus e as pessoas da igreja. Ao entrar no discipulado bíblico, foi desafiado a se render a Cristo. Ele disse que iria consertar sua vida, antes de vir a Jesus. A pessoa que estudava a Bíblia com ela disse o seguinte: “Você vai consertar sua vida para depois vir a Jesus? Até hoje você tem tentado e não tem conseguido. Deixa Jesus dirigir sua vida”.
Entendendo esta grande verdade espiritual, os Puritanos afirmavam “Cada vez que você olhar para dentro de você, olhe dez vezes para a cruz!”

Somente a cruz tem o remédio para reparar o estrago do mal que fizemos. Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Ec 1.1-2 Vaidade!



"Meu Deus, como o mundo sempre foi vasto e eu vou morrer um dia. E até morrer vou viver apenas momentos? não porque momentos sejam poucos, mas porque momentos raras matam de amor pela raridade... será que vou ter que viver a vida inteira à espera de que o domingo passe? e ela, a faxineira, que mora na raiz da serra e acorda as 4 da madrugada para começar o trabalho de manhã na Zona sul, de onde volta tarde para raiz da Serra, a tempo de acordar as 4 da manhã e começar o trabalho na zona sul, de onde. - Eu vou te contar o meu segredo mortal: viver não é uma arte. Mentiram os que disseram isto"
(Clarice Lispector: A descoberta do mundo, Ed. Rocco, rio 1999, pg 232).


Introdução:
A palavra-chave em Eclesiastes é "vaidade" (Hebhel), e parece ser o leitmotiv da obra (35 vezes). A vaidade não se refere ao uso de adereços e de roupas frisadas, antes refere-se ao vazio, a insustentável leveza da existência humana. A vida não tem nada concreto que a sustente. A palavra "hebhel" significa literalmente "bolha de sabão" (algo que brilha, mas é efêmero), ou vapor, brisa. "Vaidade de vaidades" e a forma como o superlativo hebraico se expressa. A vida torna-se desta forma "desproposital", um "correr atrás do vento" (9 vezes).  A expressão "debaixo do sol" é outra frase recorrente (28 vezes). Para o pregador, a morte tem mais sentido que a vida (Ec 7.1). Vaidade refere-se ao vazio (nihilismo) da existência humana. Por ser assim, a única saída lúcida seria o hedonismo (2.23,24), que desemboca por sua vez no vazio que o epicurismo inexoravelmente aponta (2.3,12 e 9.7). A existência torna-se um peso, cheia de dores (2.23), aflições e calamidades.

Apenas em Ec 1.2, a palavra "hebhel" se repete 5 vezes, dando a entender o seu valor no texto. "Vapor", "alento", "bolha de sabão", não fala de supérfluo e sim do vazio da existência humana. Tudo é vazio. Haroldo de Campos o traduz para o português como "névoa-nada".

O autor de Eclesiastes aponta para alguns tipos de vaidades:
1. A vaidade da vida – Ec.1.1-11
2. A vaidade das conquistas – Ec 2.1-10
3.  A vaidade das riquezas – Ec 5.1-11
4. A Vaidade do trabalho

1. A vaidade da vida – Ec.1.1-11

De l.1-11 o texto nos mostra o vazio das coisas.  As coisas acontecem, mas tudo é sem sentido, sem nenhum proveito (yitron); tudo se move, mas nenhuma mudança ocorre. A única oposição a esta tensão encontra-se em Ec 12.13, no qual revela que Elohim não está sobre estas limitações. Hengstenberg afirma que no princípio tudo era muito bom, glorioso é esta síntese do koheleth pode expressar apenas um ponto de transição.
Nesta perícope vemos:

  1. A Ausência de propósitos – “Bolha de sabão”.
ü  História cíclica, sem objetividade – Pensamento de Hegel: “Se a história nos ensina alguma coisa nos ensina que não nos ensina nada”. (Ec 1.9; Ec 3.15).
ü  O princípio do eterno retorno de Nieztsche – Citado por Milan Kundera em “a insustentável leveza do ser”.
ü  “Tudo o que é sólido se desmancha no ar”. Falta “sustância na vida....
ü  O mito de Sísifo – (Albert Camus escritor argelino).

  1. A Rotina -  Ec 1.4-8
A vida é uma mera repetição de ideias e atitudes. Nada há novo. “O que foi é o que há de ser, e o que se fez, isto se tornará a fazer. Nada há, pois, novo, debaixo do sol”.
Veja a semelhança desta sua afirmação com o poema monotonia de Chico Buarque:
“Todo o dia ela faz tudo sempre igual,
Me sacode as 6 hs da manhã
Me sorri com sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

2. A vaidade das riquezas – Ec 5.10-12

a.       Percebe que dinheiro nunca satisfaz a alma – “Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta”. O homem mais rico da história, Rockefeller, ao ser indagado quanto dinheiro a mais ele queria, respondeu cinicamente: Só um pouquinho a mais”.
§  Percebe que quem ama o ganho aumenta os consumidores – Ec 5.11 Às vezes os consumidores aproveitam mais que os donos. “é melhor ser amigo do rei que ser rei”, amigo do dono da chácara, do dono da lancha.
                                                                                       i.      Percebe que o ato de possuir, muitas vezes é apenas para ver com seus olhos, sem poder desfrutar (Ec 5.11). Nada mais. O conquistador muçulmano Saladino fez o mesmo, ao conquistar Jerusalém, e quando alguém lhe perguntou qual o significado de Jerusalém, respondeu: Tudo! Parece, em seguida, falar com ironia: Nada!
b.       Percebe que a ambição pode ser sua destruição – “A fartura não o deixa dormir” (Ec 5.12). Veja como esta ideia tem similaridades com Pv 1.19 “Tal é a sorte de todo ganancioso, e o espírito de ganância tira a vida de quem o possui

3. A vaidade das conquistas – Ec 2.4-11

Salomão teve muitas conquistas, registradas pormenorizadamente aqui neste texto, mas a conclusão dele é que “Ele se alegrava com sua fadigas, e tudo era correr atrás do vento”, assim como o famoso personagem de Ibsen, Peer Gynt, que depois de tantas conquistas e aventuras, retorna à casa de sua origem par constatar que sua vida fora como uma cebola, só tinha casca.


4. A Vaidade do trabalho – 2.18-26

Salomão desenvolve uma visão bem pessimista do trabalho. O trabalho se torna rotina, fadiga e punição de Deus.
a. Associa trabalho à fadiga – (Ec 2.19) Não vê no trabalho realização
b. Associa trabalho à punição de Deus – (Ec 2.26) Trabalho é aflição, não benção.
c. Não vê sentido no que faz: Resultado: Automatismo e desgosto. Sua A vida e todas as suas formas de realização se perdem se não estão identificadas com Deus –(Ec 2.25).

Conclusão:
O que dá consistência à vida? (Ec 2.25; 12.13)

Não são conquistas, riquezas, trabalho. Todas estas coisas podem ser boas, mas “separado de Deus, quem pode alegrar-se?”.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Ec 3.9-15 O Homem e eternidade


“Deus pôs a eternidade no coração do homem” (Ec 3.9-15)


Introdução:


Se no estudo anterior, o autor considera a tempo com suas variações de humor e situações distintas, agora ele se volta para refletir sobre a vida adentrando os portais da eternidade. Esta declaração acima é clássica e muito conhecida. Apesar de não gostarmos de falar sobre a eternidade, a verdade é que, como afirmou C.S.Lewis: “Tudo que não é eterno é eternamente inútil”, e portanto “Se encontro em mim um desejo que nenhuma experiência desse mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é a de que fui criado para um outro mundo". Teillard Chardin afirma que não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, mas seres espirituais vivendo uma experiência humana.

Esta afirmação nos leva a tirar algumas conclusões:


1. Não há cultura ou civilização, pois remota que seja, que não tenha senso de divindade – Isto nos leva a pensar que o homem foi feito para a Eternidade – 

Pensadores como Jung, tem trabalhado o conceito de arquétipos e inconsciente coletivo. Ele afirma que existe na alma humana, certos pressupostos filogenéticos, que agem inconscientemente na humanidade. O conceito de Deus é um destes. 
Paulo afirma: “Porque os atributos de Deus, assim como o seu poder e a sua eterna divindade, são claramente reconhecidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isto indesculpáveis” (Rm 1.20). A geração da modernidade proclamou a “morte de Deus” (Nietzsche). Voltaire chegou a afirmar que a Bíblia seria dentro de poucos anos, um livro ultrapassado e encostado em museu ou nas velha livrarias. Por ironia do destino, sua casa posteriormente se transformou numa influente Imprensa Bíblica. 
Não fomos feitos para a morte, mas para a vida - Não fomos feitos apenas para viver de forma transitória e temporal, a vida que agora desfrutamos é apenas uma passagem. Somos peregrinos e forasteiros, habitando a temporalidade. 
Somos temporais aguardando a eternidade, e eternos habitando um curto espaço de tempo da história. Daqui a 100 anos, pouco vai interessar se você foi rico ou pobre. Pouca ou nenhuma memória haverá de ti, o que você fez, seus amores, dores e paixões. 
A morte é um “acidente de percurso”. O homem não foi feito para morrer. Deus o advertiu que a desobediência o mataria, “No dia em dele comerdes, certamente morrereis”, mas o homem preferiu ouvir a serpente. “É certo que não morrereis” e assim a morte entrou no mundo. Por ser anti-natural, a Bíblia afirma que “O último inimigo a ser destruído é a morte” (1 Co 15.26). Morte é “inimiga”, um chiste, uma invasora. Entrou no mundo de Deus de forma clandestina, através do viés da independência humana. Por isto a morte sempre agride, e por mais que a esperemos, ela é sempre uma violência. 
A grande verdade é que nesta curta temporada da nossa existência, precisamos lembrar das palavras de Heráclito: “Tudo flui, nada permanece”. "Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana..."
Quando estava perto de morrer, Steve Jobs confidenciou a seu biografo Walter Isaacson, (Biografia de Steve Jobs): “Sobre acreditar em Deus sou mais ou menos meio a meio. Durante a maior parte de minha vida achei que deve haver algo mais na nossa existência do que aquilo que vemos. Gosto de pensar que alguma coisa sobrevive quando morremos. É estranho pensar que a gente acumula tanta experiência, talvez um pouco de sabedoria, e tudo simplesmente desaparece. Por isso quero realmente acreditar que alguma coisa sobrevive, que talvez nossa consciência perdure. Mas por outro lado, talvez seja apenas como um botão: liga.Desliga. Clique! E a gente já era! Talvez seja por isso que eu jamais gostei de colocar botões liga.desliga nos aparelhos Apple”. 


2. O homem tem anseio pelo Eterno – “Deus pôs a eternidade no coração do homem” (Ec 3.11). Você foi criado para ir além da matéria, por isto o homem abriga em seu coração este senso de vazio e incompletude. Esta noção da eternidade faz parte do inconsciente coletivo da raça humana, sendo um dos arquétipos na concepção Jungiana. A única sociedade que insistiu em negar Deus e a eternidade foi a Moderna. Todas as religiões primitivas construíram seus templos e altares, fizeram seus cultos e deuses, mas o homem moderno resolveu decretar a morte de Deus (Nietzsche). O novo movimento da história, que se convencionou chamar de Pós-Modernidade, retoma esta espiritualização dos processos espirituais em formas muitas vezes estranhas, com o resgate das religiões orientais, novas formas e adoração baseadas em antigos modelos religiosos. 

Riobaldo, o herói de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, em sua luta para ter fé, dizia que algum "norteado" tem de existir no mundo. "Se não, a vida fica sendo sempre o confuso dessa doideira que é". Os que possuem convicções religiosas consolam-se imaginando não a desordem, mas uma ordem misteriosa, mesmo quando esta parece misteriosa. "Creio porque é absurdo", dizia Tertuliano. A ausência de significado e compreensão do eterno, deixa um rastro de desespero. Quem não tem fé fica só com a desordem e o caos. “Pertencem, inexoravelmente, à condição humana as perdas e o luto. Todos somos submetidos à férrea lei da entropia: tudo vai lentamente se desgastando; o corpo enfraquece, os anos deixam marcas, as doenças vão nos tirando irrefreavelmente nosso capital vital. Essa é a lei da vida que inclui a morte” (Leonardo Boff, teólogo e professor).

Deus pôs a eternidade no coração do homem. 


3. Jesus veio nos orientar sobre eternidade – Sua vida foi sempre vivida na dimensão da sobrenaturalidade. 

A. Sua ressurreição foi uma declaração de vitória sobre a morte – 
Na 1 Carta aos Coríntios, lemos o seguinte: “Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.53-57). 
A Bíblia, na verdade, faz aqui uma sátira da morte. “Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”. Aguilhão é o ferrão usado para cutucar o boi. O texto nos diz que a morte, antes da ressurreição de Cristo, era uma espécie de esporão para ferir as pessoas, mas que depois da obra de Cristo seu poder foi desmistificado e minimizado. 

B. A ressurreição de Cristo foi o anúncio de um novo tempo – “Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20). Primícias são os primeiros frutos de uma colheita, apontando para a realidade de que o tempo do júbilo está chegando. O lavrador vivia o ano todo cultivando a terra, e quando as primícias surgiam, era o sinal de que o tempo da espera havia enfim chegado. 
É interessante notar, que a ressurreição de Cristo foi diferente de todas as demais ressurreições que vemos na Bíblia. O Filho da viúva de Naim foi ressuscitado por Jesus, mas voltou a morrer. Lázaro, da mesma forma. Mas Jesus não “voltou” da morte, mas “passou” pela morte. Ele nunca mais morreria. Sua vitória sobre a morte anuncia um novo tempo para o povo de Deus. 
A ressurreição de Cristo destruiu o poder da morte – A ressurreição de Cristo ainda teve outra implicação: Retirou da morte o poder que ela tinha de nos fustigar e nos manter debaixo do pavor da eternidade. “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2.14-15). A morte era um instrumento de opressão, mas com a vitória de Cristo ela perdeu seu poder sua efetividade de nos apavorar. 

C. O poder da morte foi relativizado, somos convidados a experimentar a presente vida com contentamento e alegria – 

                  i. Aprender a desfrutar da criação de Deus – “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo” (Ec 3.11). A vida possui vários ciclos, como vimos no texto anterior. Há tempo para chorar, e tempo de rir, tempo de plantar e tempo de colher, tempo de ajuntar e tempo de espalhar. Precisamos aprender a desfrutar de cada uma destas estações da vida. Nossa infância, juventude, namoro, casamento, chegada dos filhos, netos, velhice, etc. “Este é o dia que o Senhor nos fez, regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. 

                ii. Aprender a desfrutar do trabalho – O autor de Eclesiastes nos faz pensar nas oportunidades que temos quando produzimos com as nossas mãos. O trabalho não é apenas aflição, mas traz também suas recompensas. 

               iii. Porque a Eternidade é uma realidade, devemos adentrar o mistério da vida – “Deus pôs a eternidade no coração do homem”. Para que? Para penetrar no mistério da vida. A vida não é só materialidade e concretude, a vida também é imaterial e espiritual. Mesmo que o homem não possa “descobrir as obra que Deus fez desde o princípio até o fim” (Ec 3.11). 
Na trajetória da vida, existem muitos mistérios. Muitas questões jamais serão respondidas. O universo e a ciência possuem enigmas indecifráveis. “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Nunca iremos entender determinados aspectos da criação. Nunca conseguiremos explicar porque uma criança morre tão cedo, porque homens ímpios e injustos parecem prosperar e se dar bem na vida, enquanto pessoas respeitáveis e honoráveis parecem enfrentar tantas lutas. 
Quando lidamos com o inominável, duas conseqüências devem surgir:

a)- Assombro e Admiração – Ao passarmos por momentos em que não somos capazes de responder as questões da vida, devemos nos silenciar. Às vezes tentamos responder o irrespondível, o indecifrável, o mistério. Certa pessoa me perguntou porque seu filho de 18 anos tinha morrido num acidente de carro, eu disse que não sabia. Em silencio a abracei, deixando que sua dor e nossas lagrimas pudessem ser compartilhadas, sem que tentássemos explicar o acontecido. Os amigos de Jó que tentaram explicar o mistério do sofrimento que ele enfrentava, foram chamados de “consoladores molestos” (Jó 16.2). 

b)- Temor e suspense – Ao lidar com a eternidade, com a limitação humana, podemos nos tornar revoltados e nos rebelarmos contra Deus, ou podemos buscar o mistério que envolve tais situações. O autor deste texto afirma: “...Isto faz Deus para que os homens temam diante dele” (Ec 3.14). “Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo...” (Mário Quintana). O mistério nos faz silenciar e dá maior reverência à vida. 
Ruben Alves afirma: “A proximidade da morte ilumina a vida. Aqueles que contemplam a morte nos olhos vêem melhor, porque ela tem o poder de apagar do cenário tudo aquilo que não é essencial.[1]


4. Por causa da eternidade em nossa alma, precisamos responder a este dilema do Eterno – 


A verdade é que você não pode fugir do senso do Eterno. Mario Vargas Llosa, conhecido escrito latino americano afirmou certa vez: “Eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, existem”. 
Dr. Billy Graham esteve numa campanha evangelística  na Rússia . Apesar do governo ser marxista, fruto do materialismo dialético, querendo dar sinal de abertura, o governo russo surpreendentemente, permitiu. Ele foi ainda tratado com muito respeito pelo então primeiro ministro Gorbachev, e depois de um jantar que lhe foi oferecido, sua esposa, Raissa Gorbachev, pediu uma entrevista particular com o pastor, e lhe disse: “Fui criada num sistema ateu, nunca participei de nenhum ato religioso, em nossa casa jamais tivemos um tempo para pensar nas coisas eternas ou orar, mas eu não consigo explicar porque estou com este vazio no meu coração, este sentimento de vazio espiritual”. 
Você precisa tratar desta questão m seu coração. Ou você caminha para a eternidade com confiança, segurança e esperança; ou com medo, incerto e desespero. 
Certa vez Paulo e Silas foram açoitados por pregar o evangelho em Filipos. No meio de um terremoto, o carcereiro se desesperou ante a possibilidade dos presos fugirem, mas Paulo lhe tranquilizou dizendo que todos estavam ali dentro. Diante deste senso espiritual, o carcereiro veio tremendo e lhe fez a pergunta, que talvez seja a mais essencial, urgente e necessária na vida: “Senhores, que farei para ser salvo?”. E Paulo respondeu: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”. 

Não precisamos passar o resto de nossa vida incerto e inseguro. Jesus percebeu esta insegurança nos seus discípulos e lhes afirmou: “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim; na casa do meu pai há muitas moradas, se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.1-4). Jesus não fala em termos de possibilidades ou talvez, mas em termos de segurança. Creia em mim. Não estou prometendo com bases em falsas premissas. Estou falando de coisas verdadeiras e firmes. “Na casa do meu Pai há muitas moradas”. 
Não precisamos viver eternamente angustiados e atormentados com medo da morte. Jesus veio nos dar vida eterna (1 Jo 5.12,13). 


Conclusão: 

Deus pôs a eternidade no coração do homem. 
Esta perspectiva além vida é indissociável de nossa transitoriedade. Fora de Deus, tudo é vaidade, bolha de sabão, falta de sentido, mas com Deus, tudo isto se transforma. Cito mais uma vez Ruben Alves: “Á medida que envelhecemos compreendemos que tudo é espuma. Essa visão tem um efeito tranqüilizador. Pense na praia ao final do dia, arrasada pela violência dos homens. Vem a noite, a solidão. Sobe a maré. Pela manhã a praia é uma pele lisa, sem nenhuma cicatriz. Toda loucura humana foi esquecida. Pois assim é a vida: tudo será esquecido, não vale a pena nos afligirmos, tudo é espuma”[2] 
Você não pode caminhar para a eternidade, sem claras convicções e uma segurança confiança do que o espera. Jesus prometeu que iria preparar morada para os seus. Não é esta uma promessa maravilhosa?




[1].  Alves, Ruben - Morte, ed. Papirus, Campinas, ano 2000, pg. 8
[2] Alves, op. Cit., 2000, pg. 42

terça-feira, 7 de julho de 2015

Ec 11 O projeto de Semeadura



Introdução:

Este texto é um dos textos mais profícuos quando se trata de projeto de vida, semeadura e sonhos. Ele fala da importância de semear.
Um antigo ditado diz: “Semeia um desejo e recolherás uma ação.
Semeia uma ação e recolherás um hábito.
Semeia um hábito e recolherás um caráter.
Semeia um caráter e recolherás um destino.
(Autor desconhecido)

Ele nos fala de várias lições preciosas sobre o projeto de semear.

1.       Semear é um projeto de fé – “Lança o teu pão sobre as águas, e depois de muitos dias o acharás” (Ec 11.1). Esta frase pode parecer estranha, mas acredita-se que esta era uma das formas que se semeava no Egito, quando acontecia as cheias do Rio Nilo. As pessoas jogavam suas sementes na água, que ao secar, virava lama e as sementes começavam a germinar com muito viço.
O apóstolo Paulo afirma: “Ora, aquele que dá semente ao que semeia, e pão para alimento, e também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça” (2 Co 9.10). É importante considerar que Deus dá a semente, não para comer, mas para semear; e dá pão, para nosso alimento. Há muitas pessoas comendo não apenas o pao, mas devorando a semente. Sua ambição, sua gula, o leva a não se arriscar, mas reter. Você precisa crer na eficácia da semente, no poder da multiplicação. Generosidade financeira com pessoas, sua igreja local, projetos sociais ou missionários é um projeto de fé, você o lança a um “fundo perdido”, não tem como ter o controle sobre isto, mas você crê que depois de muitos dias você o achará. Sua semente vai nascer, as flores se abrirão e os frutos aparecerão.
As sementes lançadas no Reino de Deus sempre trazem colheitas surpreendentes e abundantes, nesta vida e na vida eterna.

2.       Semear é um projeto de risco - – “Lança o teu pão sobre as águas” (Ec 11.1). Que garantia teremos de que tais sementes não se perderão? Que encontrarão o solo apropriado, que não serão devoradas pelos pássaros? Esta semente vai descer o rio e vai frutificar, esta é a nossa expectativa, mas não há garantias.
Apesar desta verdade tão clara e elementar, grandes colheitas são resultantes de grandes plantações. O lavrador sabe que colocar a semente no chão é arriscado, mas ele não tem dúvidas em agir desta forma. Por causa desta atitude, milhões de pessoas podem se alimentar. Há risco, mas há expectativa. “Depois de muitos dias o acharás”.

3.       Semear é um projeto de inteligência - ... depois de muitos dias o acharás” (Ec 11.1). a agricultura é uma das áreas que mais gera lucro aos produtores. As possibilidades da vida são imensas. A terra, aliada à soberania e provisão de Deus, ao poder inerente à semente, gera dividendos grandes e abundantes.
O homem tolo ou ignorante, não planta. Sua inteligência não é grande o suficiente para perceber o potencial presente na semeadura. Deus sempre encoraja seu povo a semear com fé, abundantemente. “Aquilo que o homem semear, certamente colherá”. Pessoas que semeiam vão encontrar lá na frente, colheita abundante.
Calvino ensinava aos protestantes em Genebra, um princípio básico de economia doméstica. Ele afirmava que deveriam viver com 80% de seus ganhos. 10% deveria ser empregado em investimentos sábios e perenes e os outros 10% deveriam ser investido na obra do Senhor. Este é um princípio das Escrituras que nos ensinam que vamos viver abundantemente com 90%, enquanto que, 100% não serão suficientes. Há verdade é que “quem não semeia, não colhe”.
Em Eclesiastes 10.18 lemos: “Pela muita preguiça desaba o teto, e pela frouxidão das mãos goteja a casa”. Semear é um processo inteligente, porque não sabemos que mal sobreviverá à terra (Ec 11.2). Então, vamos semear.

4.       Semear é um projeto a longo prazo - ... depois de muitos dias o acharás” (Ec 11.1). Não espere semear e colher no outro dia. A semente precisa nascer, crescer, dar frutos, e isto é um processo lento. Um antigo provérbio espanhol afirmava que “sempre passam meses entre semear e recolher a semente”.
Quando o povo de Deus é exilado na Babilônia, Deus lhes ordena a construir casas, dar seus filhos em casamento, e plantar árvores (Jr 29.4-7). Quem já viveu em fazenda sabe que plantar árvores é diferente de plantar horta. Um pé de alface, um tomate, um pepino, produzem com relativa rapidez, mas um pé de manga e jabuticaba levam mais de 10 anos para começar a frutificar. É necessário dar tempo ao tempo. No entanto, quando semeia, encontrará esta semente germinada, lá adiante.

5.       Semear é um projeto que abençoa outras vidas – “Reparte com sete, e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra” (Ec 11.2). Existe um efeito multiplicador e abençoador no ato da generosidade. Boas sementes vão abençoando todos ao redor.
O Apóstolo Paulo afirma: “Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus” (2 Co 9.12). Quando ministramos aos outros gestos de generosidade, isto traz alívio ao sofrimento do que pouco possui, supre a necessidade das pessoas, e traz muita glória ao nome de Deus. Um ditado antigo afirma: “Faça pelos outros sem pensar em retribuição, todos nós deveríamos plantar algumas árvores sob cujas sombras nunca nos assentaremos”.

6.       Semear deve ser um projeto ininterrupto – “Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec 11.6)
No processo de espalhar sementes e fazer o bem, muitas vezes nos cansamos, desanimamos e nos frustramos. A colheita não vem como esperávamos, e eventualmente paramos de semear, por nos fatigamos. Neste texto aprendemos que devemos continuar semeando, sem desanimar. “Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão”.
Paulo afirma: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58). Noutro lugar exorta: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9).
Nem sempre o semeador está encorajado. Desanimo, frustração, desencorajamento, depressão, desilusão brotam facilmente. Mas é necessário perseverar. Continuar semeando a boa semente, porque “quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126.6).

Conclusão

Este texto nos encoraja a semear.
Lança a semente, ponha a mão no arado. “Quem somente observa o vento, nunca colherá”.
Vivemos dias maus, e facilmente perdemos o foco do projeto de espalhar sementes. Por isto, aposentamos os instrumentos de trabalho. Comemos as sementes, temos medo de perdê-las, que não venham a frutificar, ou temos preguiça de plantar.
Você tem semeado? Lançado sementes? Qual tem sido a qualidade de tua semente?
O profeta Oseias afirma que o povo de Deus havia semeado ventos e colhido tormentas, por isto, diz ele: “Não haverá colheita, a erva não dará farinha; e se a der, comê-la-ão os estrangeiros” (Os 8.7). Por isto a Palavra de Deus nos exorta a semear em justiça.

A grande semeadura de Cristo
O Profeta Isaías fala profeticamente da obra de Cristo, cerca de 700 anos antes de sua vinda. Fala que a semente que ele plantaria seria sua própria vida doada pela humanidade. “...derramou sua alma na morte, foi contado com os transgressores, contudo levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53.13). Sua semeadura foi sacrificial, mas ele sabia do poder da semente: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito. O meu servo, o justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si” (Is 53.11).
O profeta afirma que ele antecipava os frutos: Vidas resgatadas do poder do pecado, das mãos do diabo, libertas das trevas e da ignorância espiritual, sua vida gerando vida. Assim foi a sua obra na cruz, trazendo perdão dos pecados, pagando o preço de nossa vida. Ele semeou sua própria carne para justificar seus filhos, e ficou satisfeito.

Assim também hoje, muitos dos que semeiam em justiça, bondade e generosidade, ficarão satisfeitos quando olhar a colheita e perceber como a semeadura da bondade e do amor glorifica a Deus.

Conclusão:
Johnny Appleseed foi um legendário americano que plantou árvores nos USA. Muitos pensam que Johnny Appleseed foi uma ficção, mas ele era uma pessoa real, nascido em Leominster, Massachusetts em 26 Setembro de 1774. Seu nome era John Chapman, mas ele foi chamado Johnny Appleseed por causa de seu amor por plantação de árvores de maçãs. Ele se transformou num homem que plantava maças por todos os lados que ia. Seu propósito era espalhar árvores, que alimentassem centenas e milhares de pessoas. Fez isto de força incansável e se tornou uma lenda na cultura americana. Muitas pessoas foram abençoadas com sua semeadura.
Jesus fez o mesmo com sua vida. Ele a entregou para que tivéssemos vida. Ele vos deu vida quando estávamos mortos em vossos delitos e pecados. Os apóstolos resumiram a vida de Jesus dizendo que ele andou entre nós fazendo o bem.
Quando olhamos para a vida de Jesus, somos desafiados a semear.

Semeia Sempre
No campo do mundo tu es um semeador.
Não podes fugir à responsabilidade de semear. Não digas que o solo é áspero, que chove frequentemente, que o sol queima ou que a semente não serve. Não é tua função julgar a terá e o tempo. Tua missão é semear.
A semente é abundante! Um pensamento, um sorriso, uma promessa de alento, um aperto de mão, um conselho, um pouco de água, são semente que germinam facilmente.
Não semeies, porém, descuidadamente, como quem cumpre uma missão desagradável! Semeia com interesse, com amor, com atenção, como quem encontra nisso o motivo central de sua felicidade.
E ao semear não penses: quanto me darão? Quanto demorará a colheita? Recorda que não semeias para enriquecer aguardando o ganho multiplicado; semeias porque não podes estar inativo, porque não podes viver sem dar, porque não podes servir a Deus sem servir os demais!
És dono de ti mesmo, da vida e do universo! Tua semente, pois não cairá no vazio. Sem esperar recompensa, receberás recompensa; sem esperar riquezas enriquecerás; sem pensar em colheita, teus bens se multiplicarão. E tudo, porque semeias num Reino onde dar é receber, onde perder a vida é encontrá-la, onde gastar servindo é aumentar.
Semeia sempre em todo terreno, em todo tempo, a boa semente, com  amor, com interesse, como se estivesse semeando o próprio coração...
Sê pois, um semeador!

Autor desconhecido.