segunda-feira, 20 de julho de 2015

Ec 7.29 O que aconteceu a raça humana?


(Ec 7.29)

“Eis o que tão somente achei, que Deus fez o homem reto,
mas ele se meteu em muitas astúcias”.


Introdução:

Você acha a vida complicada? As pessoas complicadas demais?
Uma das perguntas que sempre fazemos é como a raça humana chegou a este ponto? Chico Buarque chegou a afirmar: “Quem estava na direção deste continente quando ele capotou?”. Há na alma humana uma indagação sobre a vida em si mesmo. A vida é isto? Realmente nascemos para vier num universo desequilibrado e torto como este?
Francis Schaeffer tem este sentimento quando escreveu o livro: “O que aconteceu com a raça humana?”
A verdade é que vivemos num mundo caído.

Confusão social
De fato há algo errado com o nosso universo moral. Definitivamente, a vida que vivemos não é aquilo que Deus queria para nós. Apenas no Século XX, tivemos duas grandes guerras mundiais. Estima-se que 5 a 6 milhões de judeus foram exterminados num genocídio sem precedentes em termos de crueldade e barbaridade. Embora mais desconhecido, estima-se também que cerca de 18 a 25 milhões de jovens russos perderam sua vidas em batalhas, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Isto é, uma geração inteira de jovens de um país.
Estamos recordando (e não celebrando, porque não há o que comemorar), os 150 anos da Batalha do Riachuelo, quando os países aliados: Brasil, Argentina e Uruguai, massacraram o Paraguai, governado por Francisco Solano Lopes, um general megalomaníaco que queria dominar o Uruguai, Argentina e Rio Grande do Sul, anexando-o ao seu país. Ele invadiu primeiramente o Mato Grosso, e vendo que não houve resistência, resolveu ampliar seus domínios pelo Rio Grande do Sul, mas para isto tinha que passar pela Argentina, que pediu ajuda ao Brasil, e com o Uruguai formaram a tríplice aliança (1864). A Batalha do Riachuelo foi em 1865, quando aconteceu também praticamente o fim da guerra. A carnificina e o massacre foram tão grandes, que 60% da população do Paraguai foi exterminada em 6 anos. Quando o General Lopes viu que iria perder a batalha, porque não tinha mais soldados, resolveu colocar crianças de 10-12 anos no fronte, que foram exterminadas completamente. A arrogância deste militar, associada à atitude dos países aliados de queriam extirpar o mal pela raiz, deixou um rastro de sangue e dores inimagináveis. Até hoje o Paraguai não se recuperou desta atitude insana de seu general e da reação sanguinolenta de seus países vizinhos.
Estas histórias mostram um pouco o nível de desequilíbrio e disfuncionalidade presentes na raça humana. E ficamos realmente com a pergunta: “O que aconteceu à raça humana?” Este mundo foi criado para ser um campo de batalhas?

Confusão nas famílias
A história das famílias demonstra bem a tragédia humana.
São traições, desenganos, ódios, abusos de toda espécie, fatos inenarráveis. Felizmente não existe um big brother para tornar público a caminhada de mentiras, farsas e dores. Toda história familiar é permeada de abusos, absurdos e contradições. Família é uma fonte de contradição. Felizmente preferimos contar histórias de pessoas bem sucedidas e não dos descompassos que nossa etiologia familiar construiu.

Confusão no coração
Outro aspecto a ser considerado é o nosso coração
O mesmo acontece quando olharmos para dentro de nós mesmos: Confusão, medo, depressão, infidelidade, fantasias não confessadas, doenças variadas e estranhas. Vivemos atormentados pelos fantasmas da alma. Eventualmente eu e minha esposa conversamos sobre uma pessoa ou outra e comentamos sobre quão complicada é a sua alma, e a Sara Maria sempre retorna com um jargão: “E quem não é?”

Quando olhamos para fora, para as pessoas, nos tornamos cínicos, vemos o desespero, ansiedade, ganância, manipulação, controle, luta pelo poder, falta de fé, desânimo. Quando Jesus olhou as multidões, a Bíblia diz que ele se compadeceu das pessoas porque eram “como ovelhas sem pastor”. Sabe o que é uma ovelha sem pastor? Não tem segurança, não tem norte, não tem alimento, é presa fácil de lobos vorazes. Este é o retrato da raça humana caída e longe de Deus.

Se olhamos para fora nos tornamos cínicos
Se olhamos para dentro, ficamos desanimados
O que aconteceu com a raça humana?

Como chegamos a este ponto?
Em Ec 7.29 lemos:
“Eis o que tão somente achei: Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.
O que o texto mostra é que a raça humana não foi feita, originalmente, para ser o que é. No design da criação não era este o projeto de Deus. O homem não foi feito errado, mas ele se complicou. Ele perdeu o propósito para o qual foi designado. A raça humana se perdeu na sua trajetória. O homem foi feito reto, mas ele enfiou os seus pés em laços e armadilhas, e se tornou presa de si mesmo, suas decisões e atitudes equivocadas.
Larry Coy parece ter esta mesma percepção quando afirma: “A vida é essencialmente simples, mas nós a complicamos com os nossos pecados”. A vida não é complicada, a vida é simples, mas o fato é que nós falhamos. Aliás, a palavra grega para pecado é hamartia, que significa, errar o alvo. O ser humano desviou-se do projeto original, resolveu construir sua história fora da vontade de Deus. Paulo diz que “...tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm 1.21). Construíram uma vida fora de Deus, esqueceram-se de Deus e fizeram suas rotas confusas. Erraram o alvo.
Gostei muito de uma afirmação de C. S. Lewis quando falava sobre a possível existência de vida fora da terra, e faz um comentário capcioso : “Rezemos para que a raça humana jamais escape da terra para que não espalhe sua iniquidade em outros lugares”.

O texto de Eclesiastes afirma que o homem se meteu em muitas astúcias. A situação atual da raça humana decorre de escolhas morais erradas.

No Princípio

A Bíblia afirma que ao criar o homem, o fez para ser sua imagem e semelhança. No projeto original vemos o homem interagindo com o seu criador. A Bíblia afirma que Deus vinha na viração do dia para conversar com Adão. Não havia confusão em seu coração, vivia uma vida de simplicidade. Ele e a mulher viviam no paraíso, e ali experimentaram a paz que o ser humano desfruta ao viver ao lado de Deus.
No entanto, as sugestões da serpente os atraíram. Seduzidos pelas tentadores propostas doa diabo, homem e mulher cedem aos seus argumentos, e agora, outros elementos assustadores interpenetram seus corações. Conheceram o mal, tocaram no mal, seus olhos foram abertos apenas para compreender que havia algo errado em si mesmos, mas não podiam mais escapar desta realidade. Medo de Deus, culpa, acusação, defesa, fazem parte agora de suas vidas. O orgulho, a vaidade, a soberba, a ambição, a desobediência trouxeram uma completa desarmonia na existência humana.
A situação ficou tão confusa que o profeta Jeremias posteriormente analisa assim a condição da raça humana: “Enganoso é o coração mais que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 9.27). Paulo também argumenta: “Não há quem entenda, quem busque a Deus.todos se extraviaram e a uma se fizeram inúteis” (Rm 3.9-12).  A Bíblia afirma que mesmo as boas intenções redundam no maior fracasso: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.20). “Mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou!  Quem me livrará o corpo desta morte?” (Rm 7.24). A alma, contraditória e ambígua, vive dilemas sem fim. Há uma batalha civil dentro de nós. Descobrimos o inimigo e ele é um de nós.
“Eis o que tão somente achei,
que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

O Segredo da vida

O problema da humanidade é sua a incapacidade de escolher o bem. As intenções não são suficientes. “O bem que eu quero fazer, não faço.. o mal reside em mim”. A fonte do ser está contaminada, é um problema na raiz humana, as motivações estão contaminadas. Podemos fazer as coisas mais espirituais com a motivação mais carnal. “O bem que eu quero fazer não faço, mas o mal que não quero, este eu pratico”.
Jesus afirma para Nicodemos que o ser humano precisa de algo que vai além de sua capacidade interior. Ele precisa de um Novo nascimento, uma obra do Espírito na sua vida, caso contrário, vai continuar fazendo escolhas erradas. Deus fez o homem reto, mas ele se complicou. Esta tem sido a historia da raça humana. Suas escolhas equivocadas. Seu desejo de ser igual a Deus, sua autonomia. Jesus afirma: “Se alguém não nascer de novo, não pode entrar no reino de Deus”. Precisamos de um poder e capacitação, que apenas o Espírito de Deus é capaz de dar.
Jesus tenta explicar isto para Nicodemos, citando um evento enigmático do Antigo Testamento:“Porque assim como Moisés levantou a serpente no deserto, importa que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3.14-15).
Vamos lembrar o que aconteceu neste evento.
O povo de Israel havia pecado contra Deus. Serpentes abrasadoras e venenosas vinham do deserto e picavam as pessoas. O veneno era letal. Milhares de pessoas estavam sendo infectadas e não havia remédio para uma peçonha de tal magnitude, não havia soro antiofídico que resolvesse. Deus então ordena que Moisés faça uma serpente de bronze e a coloque num mastro, e todos que fitassem aquela serpente, seriam curados.
Relato estranho, não é mesmo? O que este texto quer dizer? Porque Jesus o menciona?
Este acontecimento no deserto, simboliza, tipifica, aponta para outro evento igualmente marcante que se daria na história muitos anos depois. O Filho de Deus é colocado numa cruz, e naquela cruz, todos os que o contemplam, podem ser curados. O sangue de Jesus, o Filho de Deus, tem poder para extirpar o dano que a serpente causaria em nossas vidas. Ao olharmos e contemplarmos Jesus, somos curados.
Satanás inoculou na raça humana um veneno letal. Precisamos de antídotos que quebrem a eficácia deste veneno que passa pelas nossas veias, mas nada parece solucionar. As motivações, intenções, moral, comportamento, tudo o que fazemos é insuficiente. À semelhança do filme matrix, estamos com um vírus mortal, o corpo não consegue criar reagentes suficientemente fortes para combater esta peçonha. Precisamos de um reagente, um remédio eficaz, para quebrar o poder do veneno, e somente a cruz pode ser a solução e providenciar esta cura.
Somente a obra de Cristo pode pode realizar isto em nós.
Estamos presos nas próprias artimanhas e astúcias que criamos. Precisamos olhar para a cruz, esta é a única opção. Só o sangue de Cristo pode nos restaurar. Estamos letalmente contaminados e feridos, apenas a obra de Jesus pode nos fazer voltar ao propósito original para o qual fomos feitos.

Encontrando o Segredo para uma vida de liberdade:

Como um pássaro preso pelo laço dos passarinheiros, assim os laços de iniquidade, de escolhas morais erradas, da vida que tentamos viver sem considerar Deus, nos complica cada vez mais. Muitos imaginam que ser cristão é aderir a determinados comportamentos e fazer determinadas afirmações do credo, ter convicções, códigos e rituais religiosos, mas a Bíblia nos ensina que apenas um relacionamento vital de Jesus conosco, pode nos resgatar. Precisamos comer de sua carne, e beber do seu sangue. Sua vida em nossa vida. A vida de Jesus em nós.
Gosto muito de uma afirmação recorrente no Antigo Testamento. Deus dizia constantemente ao povo: “Eu sou o Deus que vos santifica”. No Novo Testamento, Jesus afirma que ele nos daria o seu Espírito, que não nos deixaria órfão, e este Espírito nos guiaria a toda verdade, geraria emulações interiores na alma, nos inclinaria a Deus. Este Espírito Santo gera santidade, desejos de Deus. Jesus nos lava, nos purifica, nos torna novas criaturas. Muda nosso DNA. Conversão é a esta maravilhosa obra da cruz sendo aplicada ao ser humano, que se meteu em muitas astúcias, que perdeu a referência de Deus, e está perdido nos seus delitos.
Certo jovem, de vida atrapalhada e confusa, cometeu uma série de equívocos, e sua vida virou uma desordem, como geralmente a raça humana faz. Vendo-se perdido, procurou a Deus e as pessoas da igreja. Ao entrar no discipulado bíblico, foi desafiado a se render a Cristo. Ele disse que iria consertar sua vida, antes de vir a Jesus. A pessoa que estudava a Bíblia com ela disse o seguinte: “Você vai consertar sua vida para depois vir a Jesus? Até hoje você tem tentado e não tem conseguido. Deixa Jesus dirigir sua vida”.
Entendendo esta grande verdade espiritual, os Puritanos afirmavam “Cada vez que você olhar para dentro de você, olhe dez vezes para a cruz!”

Somente a cruz tem o remédio para reparar o estrago do mal que fizemos. Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias. 

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