segunda-feira, 6 de julho de 2015

Ec 9.1-12 O Que acontece depois da morte?



Introdução:

Existe uma enorme curiosidade sobre a vida depois da morte. O que acontece com o ser humano após esta vida? Caímos no esquecimento eterno? Não há vida depois da morte? Existe céu e inferno? Vamos para o purgatório? Existe reencarnação? Vamos dormir um tempo e depois ressuscitar? Existe a possibilidade do Aniquilacionanismo? morremos e tudo acaba, não há nada depois? Não há Deus, não há eternidade, não há vida depois da morte? Alguns defendem que os só os ímpios desaparecem, para estes não há memória, enquanto os justos vão para o céu, já que não existe inferno nem julgamento.  As teorias são tão amplas quanto às religiões e a imaginação dos intérpretes liberais.
Muitas pessoas creem na reencarnação.
Entre estes encontram-se os hinduístas, boa parte de religiões orientais e de orientação xintoísta, budista e os espíritas. Esta teoria não aparece em nenhuma parte da bíblia e que se contrapõe à ressurreição que a Bíblia ensina. As pessoas depois que morrem tornam-se espíritos que vivem vagando, procurando o momento de assumir um corpo de uma criança que vai nascer e se reencarnam, isto é, voltam novamente a viver em outro corpo. O processo de sua purificação se dá pelo carma, que é o sofrimento. Viver é sofrer. A Bíblia ensina claramente que “aos homens está ordenado viverem uma só vez, vindo depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Cristãos e judeus crêem na ressurreição dos mortos no juízo final, e tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, falam de céu e inferno. E nada mais.

Neste texto de Eclesiastes, Salomão reflete sobre a vida após a morte. De forma irônica e sarcástica, ele põe em cheque toda a formulação bíblica sobre a vida após a morte. Cinicamente questiona os pressupostos judaicos (e cristão) da vida após a morte.
Por que fez isto? Qual é a razão deste texto bíblico tão “destoante” se encontrar nas Escrituras?
Se você tem lido os demais sermões anteriormente escritos sobre Eclesiastes, já deve ter uma ideia clara da situação espiritual de Salomão quando escreveu este texto autobiográfico. O que aconteceu com este homem?

1.      Salomão perdeu a maravilhosa convicção ou segurança na eternidade “Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro” (Ec 9.1).
Na sua visão pessimista e carregada de dúvidas, o homem parte para o desconhecido e não existe nada que garanta e que lhe possa dar segurança. Ele não sabe se existe amor ou ódio depois da morte, e que tudo é uma eterna incógnita. “Tudo lhe está oculto no futuro”.
Veja como este texto é radicalmente oposto ao pensamento de Jesus:
Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar, e quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.1-3). Jesus queria dar certeza da vida depois da morte aos seus discípulos.
O apóstolo João estava convencido desta verdade ao escrever: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida eterna está em seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5.11-12). Definitivamente esta não é uma linguagem carregada de dúvida e insegurança, mas de convicção eterna. O Novo Testamento fala do céu e da esperança, em termos de certeza, nunca de insegurança quanto ao que virá. Não partimos para o desconhecido, partimos para as moradas celestiais, que Jesus foi preparar para seus discípulos.

2.      Salomão expressa dúvidas quanto ao conceito de justiça e juízo eternos - Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto o que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento” (Ec 9.2).
Por não ter conceito de um Deus de justiça sobre a história humana, ele passou a acreditar que o justo e o perverso tem o mesmo destino, mas não é este o pensamento bíblico, nem era isto que Jesus ensinava. Veja o seu ensinamento aos discípulos: “Virá o Senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 24.50). “E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.30) “E estes irão para o castigo eterno, porem os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46).
O pensamento do Antigo Testamento também é claro sobre este assunto:
No livro de Malaquias Deus está sendo questionado pelo seu povo que afirmava não haver juízo, nem justiça, nem diferença entre justo e injusto. Veja qual era o discurso daquelas pessoas: “Ora, pois, nós reputamos por felizes os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e escapam” (Ml 3.15), mas veja a resposta que Deus dá a este pensamento: “Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.18).

3.      Salomão perdeu sua esperança escatológica – Para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, tem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento” (Ec 9.4-6).
Por perder esta perspectiva de esperança eterna, defende a ideia de que depois da morte não há conhecimento, nem recompensa, mas apenas o esquecimento. Até mesmo o texto que gostamos de citar que é Eclesiastes 9.10: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais; não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10) está envolvido neste clima de ceticismo e desesperança que permeia o coração de Salomão.  
Esta visão encontra suporte nos demais textos das Escrituras? É correto afirmar que na eternidade, não há conhecimento, nem sabedoria alguma?

4.      Salomão perdeu a perspectiva da providência – Na sua narrativa, sugere que a história é uma série de acontecimentos fortuitos e despropositais. "...tudo depende do tempo e do acaso...” (Ec 9.11)
Esta é uma leitura bem humanista e secularizada. Os fatos não possuem objetividade e a vida é construída por acidentes, casualidades, ausência de intencionalidade, não há uma direção, não há um Deus sábio, poderoso e amoroso por detrás dos fatos, apenas um universo frio e silencioso, sem design ou inteligência. A vida acontece sem que se saiba porquê. Os homens são como peixes e passarinhos (Ec 9.12) e os laços do acaso prendem estes impotentes homens nas redes traiçoeiras do destino. Estamos vivendo ao deus-dará. De atropelo em atropelo, de acidente em acidente, a vida acontece sem um sentido, sem coerência. De repente, os filhos dos homens são massacrados pela calamidade desproposital que cai sobre eles, e morrem.

Riscos
Os riscos de viver sem convicções fundamentais e eternas são manifestos:
Primeiro, A vida perde o sentido: vida, morte, eventos, situações, nada apresenta coerência ou propósito.
Segundo, perde-se a esperança. Quando não existe qualquer fato que pode gerar expectativa além da tragédia, caminhamos para o nada, para o vácuo, para o além, para o vazio (nihilismo). A morte de um ateu é desesperadora, porque não existe outra possibilidade para quem não crê. As opções nestes casos se tornam claras: Esperança ou desesperança.
Terceiro, perde-se a consciência do Sobrenatural. Salomão não mais vislumbra Deus na vida. O acaso domina, o caos impera, os acidentes se repetem num indo e vindo infinito. Não há deus, não há providência.

Conclusão:
A Bíblia não deixa dúvidas sobre a vida eterna.
O profeta Daniel afirma: “nesse tempo... haverá angustia qual nunca houve... muitos dos dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e horror eterno” (Dn 12.1,2).
O apóstolo João declara: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (1 Jo 5.12).
O apóstolo Pedro diz: “...os quais hao de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos” (1 Pe 4.5).
O apóstolo Paulo diz: “Sabemos que, se a nossa casa terrestre se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5.1).

A Bíblia, por acaso, hesita nas suas afirmações de fé quanto ao futuro, à providência de Deus e à vida eterna? Ou não temos o sentimento expresso por Jacques Bossuet que diz: “O que é acaso em relação aos homens é desígnio em relação à Deus”, ou a conhecida declaração de Théophile Gautier: “O acaso é, talvez, o pseudônimo de Deus, quando não quer assinar”. Mesmo o ateu Voltaire, se deixa trair ao declarar: “Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a causa ignorada de um efeito conhecido”. 

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