Introdução:
Existe
uma enorme curiosidade sobre a vida depois da morte. O que acontece com o ser
humano após esta vida? Caímos no esquecimento eterno? Não há vida depois da
morte? Existe céu e inferno? Vamos para o purgatório? Existe reencarnação?
Vamos dormir um tempo e depois ressuscitar? Existe a possibilidade do Aniquilacionanismo?
morremos e tudo acaba, não há nada depois? Não há Deus, não há eternidade, não
há vida depois da morte? Alguns defendem que os só os ímpios desaparecem, para
estes não há memória, enquanto os justos vão para o céu, já que não existe
inferno nem julgamento. As teorias são tão
amplas quanto às religiões e a imaginação dos intérpretes liberais.
Muitas
pessoas creem na reencarnação.
Entre
estes encontram-se os hinduístas, boa parte de religiões orientais e de
orientação xintoísta, budista e os espíritas. Esta teoria não aparece em
nenhuma parte da bíblia e que se contrapõe à ressurreição que a Bíblia ensina.
As pessoas depois que morrem tornam-se espíritos que vivem vagando, procurando
o momento de assumir um corpo de uma criança que vai nascer e se reencarnam,
isto é, voltam novamente a viver em outro corpo. O processo de sua purificação
se dá pelo carma, que é o sofrimento. Viver é sofrer. A Bíblia ensina claramente
que “aos homens está ordenado viverem uma
só vez, vindo depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Cristãos e judeus crêem na
ressurreição dos mortos no juízo final, e tanto o Antigo quanto o Novo
Testamento, falam de céu e inferno. E nada mais.
Neste
texto de Eclesiastes, Salomão reflete sobre a vida após a morte. De forma
irônica e sarcástica, ele põe em cheque toda a formulação bíblica sobre a vida
após a morte. Cinicamente questiona os pressupostos judaicos (e cristão) da
vida após a morte.
Por
que fez isto? Qual é a razão deste texto bíblico tão “destoante” se encontrar
nas Escrituras?
Se
você tem lido os demais sermões anteriormente escritos sobre Eclesiastes, já
deve ter uma ideia clara da situação espiritual de Salomão quando escreveu este
texto autobiográfico. O que aconteceu com este homem?
1.
Salomão
perdeu a maravilhosa convicção ou segurança na eternidade “Deveras me apliquei a todas estas coisas
para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus
feitos estão nas mãos de Deus; e se é amor ou se é ódio que está à sua espera,
não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro” (Ec 9.1).
Na
sua visão pessimista e carregada de dúvidas, o homem parte para o desconhecido
e não existe nada que garanta e que lhe possa dar segurança. Ele não sabe se
existe amor ou ódio depois da morte, e que tudo é uma eterna incógnita. “Tudo lhe está oculto no futuro”.
Veja
como este texto é radicalmente oposto ao pensamento de Jesus:
“Não se turbe o vosso coração, credes em Deus,
crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fora,
eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar, e quando eu for, e vos
preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu
estou, estejais vós também” (Jo 14.1-3). Jesus queria dar certeza da vida depois da morte aos seus
discípulos.
O
apóstolo João estava convencido desta verdade ao escrever: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a
vida eterna; e esta vida eterna está em seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a
vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5.11-12).
Definitivamente esta não é uma linguagem carregada de dúvida e insegurança, mas
de convicção eterna. O Novo Testamento fala do céu e da esperança, em termos de
certeza, nunca de insegurança quanto ao que virá. Não partimos para o
desconhecido, partimos para as moradas celestiais, que Jesus foi preparar para
seus discípulos.
2.
Salomão expressa
dúvidas quanto ao conceito de justiça e juízo eternos - “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo
sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto o que
sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como
ao que teme o juramento” (Ec 9.2).
Por
não ter conceito de um Deus de justiça sobre a história humana, ele passou a
acreditar que o justo e o perverso tem o mesmo destino, mas não é este o
pensamento bíblico, nem era isto que Jesus ensinava. Veja o seu ensinamento aos
discípulos: “Virá o Senhor daquele servo
em dia em que não o espera e em hora que não sabe e castigá-lo-á, lançando-lhe
a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 24.50).
“E o servo inútil, lançai-o para fora,
nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.30) “E estes irão para o castigo eterno, porem os
justos, para a vida eterna” (Mt 25.46).
O
pensamento do Antigo Testamento também é claro sobre este assunto:
No
livro de Malaquias Deus está sendo questionado pelo seu povo que afirmava não
haver juízo, nem justiça, nem diferença entre justo e injusto. Veja qual era o
discurso daquelas pessoas: “Ora, pois,
nós reputamos por felizes os soberbos; também os que cometem impiedade
prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e escapam” (Ml 3.15), mas veja a
resposta que Deus dá a este pensamento: “Então,
vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus
e o que não o serve” (Ml 3.18).
3.
Salomão
perdeu sua esperança escatológica – “Para
aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do
que um leão morto. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não
sabem coisa nenhuma, tem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória
jaz no esquecimento” (Ec 9.4-6).
Por
perder esta perspectiva de esperança eterna, defende a ideia de que depois da
morte não há conhecimento, nem recompensa, mas apenas o esquecimento. Até mesmo
o texto que gostamos de citar que é Eclesiastes 9.10: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças,
porque no além, para onde tu vais; não há obra, nem projetos, nem conhecimento,
nem sabedoria alguma” (Ec 9.10) está envolvido neste clima de ceticismo e
desesperança que permeia o coração de Salomão.
Esta
visão encontra suporte nos demais textos das Escrituras? É correto afirmar que
na eternidade, não há conhecimento, nem sabedoria alguma?
4.
Salomão
perdeu a perspectiva da providência – Na sua narrativa, sugere que a
história é uma série de acontecimentos fortuitos e despropositais. "...tudo depende do tempo e do acaso...” (Ec
9.11)
Esta
é uma leitura bem humanista e secularizada. Os fatos não possuem objetividade e
a vida é construída por acidentes, casualidades, ausência de intencionalidade, não
há uma direção, não há um Deus sábio, poderoso e amoroso por detrás dos fatos,
apenas um universo frio e silencioso, sem design ou inteligência. A vida acontece
sem que se saiba porquê. Os homens são como peixes e passarinhos (Ec 9.12) e os
laços do acaso prendem estes impotentes homens nas redes traiçoeiras do
destino. Estamos vivendo ao deus-dará. De
atropelo em atropelo, de acidente em acidente, a vida acontece sem um sentido,
sem coerência. De repente, os filhos dos homens são massacrados pela calamidade
desproposital que cai sobre eles, e morrem.
Riscos
Os
riscos de viver sem convicções fundamentais e eternas são manifestos:
Primeiro, A vida perde o sentido: vida,
morte, eventos, situações, nada apresenta coerência ou propósito.
Segundo, perde-se a esperança. Quando não
existe qualquer fato que pode gerar expectativa além da tragédia, caminhamos
para o nada, para o vácuo, para o além, para o vazio (nihilismo). A morte de um ateu é desesperadora, porque não existe
outra possibilidade para quem não crê. As opções nestes casos se tornam claras:
Esperança ou desesperança.
Terceiro, perde-se a consciência do
Sobrenatural. Salomão não mais vislumbra Deus na vida. O acaso domina, o caos
impera, os acidentes se repetem num indo e vindo infinito. Não há deus, não há
providência.
Conclusão:
A
Bíblia não deixa dúvidas sobre a vida eterna.
O
profeta Daniel afirma: “nesse tempo...
haverá angustia qual nunca houve... muitos dos dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e horror eterno”
(Dn 12.1,2).
O
apóstolo João declara: “Aquele que tem o
Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (1 Jo
5.12).
O
apóstolo Pedro diz: “...os quais hao de
prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos” (1 Pe
4.5).
O
apóstolo Paulo diz: “Sabemos que, se a
nossa casa terrestre se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita
por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5.1).
A
Bíblia, por acaso, hesita nas suas afirmações de fé quanto ao futuro, à providência
de Deus e à vida eterna? Ou não temos o sentimento expresso por Jacques Bossuet
que diz: “O que é acaso em relação aos homens é desígnio em relação à Deus”, ou
a conhecida declaração de Théophile Gautier: “O acaso é, talvez, o pseudônimo de
Deus, quando não quer assinar”. Mesmo o ateu Voltaire, se deixa trair ao
declarar: “Aquilo a que chamamos acaso não é, não pode deixar de ser, senão a
causa ignorada de um efeito conhecido”.
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