domingo, 29 de março de 2015

At 8.9-25 Dentro, mas ainda fora




Introdução

Vivemos dias de muito movimento na igreja evangélica brasileira. Shows gospels, igrejas lotadas, grandes eventos evangélicos. Muitos já falaram em avivamento, mas o que acontece no Brasil, infelizmente, não pode ser definido desta forma. Avivamentos duram longos anos, tem impactos sociais imensos, e afetam consideravelmente as novas gerações. Podemos afirmar que muitas igrejas tiveram renovações espirituais, mas não avivamento – que não é algo local, nem de uma igreja apenas.
O lado negativo disto é o fato de que, cada vez temos igrejas com mais freqüência, e pessoas com menos compromisso com Jesus e com o Reino. São pessoas que se tornam apenas nominalmente evangélicas, eventualmente são batizadas na igreja, mas pouco conhecem de Jesus, e cujo compromisso espiritual é raso e superficial. É o discipulado barato no qual se referiu Dietrich Bonhoeffer.
O pr. José Pereira, num tom ainda um pouco mais sarcástico gosta de afirmar que “igreja grande é covil de malandro”, de gente que não quer compromisso algum com sua comunidade, quer assistir um bom culto, participar de um bom louvor, ouvir uma boa palavra, estar com pessoas interessantes, mas que não querem compromisso, não querem pagar o preço de seguir a Cristo.

Nos muitos anos de pastorado tenho visto algumas coisas interessantes.

  1. Vir à igreja não diz nada – Mas não vir à igreja diz muito. Muitas pessoas freqüentam igrejas, de forma religiosa e sistemática, mas será que realmente a Palavra de Deus está moldando suas vidas, seu caráter, sua ética? Ela pode freqüentar igreja por anos e não assumir compromisso algum com sua fé – nem mesmo batizar. Com a igreja local e com o reino de Deus, muito menos ainda. Por outro lado, se uma pessoa começa a se afastar da igreja, substituir as atividades de sua igreja local, desinteressar-se pela adoração, isto aponta para algo sério. A adoração, o culto ao Senhor, não tem muita importância na sua história.

  1. Entregar o dízimo, não diz nada – Não entregar, diz muito. Uma pessoa pode trazer seus dízimos, porque aprendeu a fazer isto com os pais, porque tem uma motivação de receber benção de Deus, porque acha interessante participar, mas o coração dela pode estar longe, sua alma distante do Senhor. Portanto, entregar, não diz nada. Por outro lado, não entregar, diz tudo. Demonstra como as coisas de Deus são desinteressantes para ele, revela que qualquer sacrifício que Deus exigir dele, ou reivindicação da Palavra para sua vida, não é interessante. Não dar demonstra que a autoridade da Palavra não é muito importante, que ele não confia muito nas promessas de provisão de Deus, e que ele não tem qualquer responsabilidade pelo sustento daquela comunidade na qual ele freqüenta e da qual ele faz parte. Não fazer, neste caso – é um fazer altamente revelador, e nocivo.

Neste texto de Atos 8, nos deparamos com a história de Simão, o Mago.
Este texto nos revela algumas coisas:

A. O poder do engano. Toda Samaria, uma vasta região, vivia sob o domínio de uma pessoa, que tinha certo acesso aos poderes espirituais e era temido por todos. Era uma grande região, e todos naquela região foram absorvidos pelo temor a este grande vulto espiritualizado. Era um macumbeiro poderoso, um feiticeiro com grandes poderes. As pessoas, diz a Bíblia, viviam enganadas por este homem e por estes poderes espirituais.
C.S. Lewis, no seu livro “A cadeira de prata” fala do poder da ilusão da rainha do submundo, que criava a impressão de que as coisas eram diferentes da realidade. Ela invertia os fatos, impressões, criava sensações que enganava as pessoas. Ainda hoje os poderes do submundo estão presentes em todas as culturas.

B. O poder do convencimento e da mentira.  Maus produtos podem ser vendidos por bons vendedores. Naqueles dias as pessoas criam ser verdadeiro o que não era, mas elas estavam convencidas e viviam debaixo deste espectro espiritual. Espiritualidade e filosofia falsa tem um enorme poder de convencimento, desde que você creia neles. A questão não é se são verdadeiros ou não, mas quanto de poder de convencimento, possuem. O apóstolo Paulo fala do mistério da iniqüidade, e que “o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira” (2 Ts 2.9). O mal e a mentira são muitas vezes demasiadamente convincentes.
Todo o povo de Samaria estava rendido a este homem. A mentira e o engano o convenceu de que ele era uma pessoa realmente muito poderosa espiritualmente.
Simão começa a participar da comunidade recém surgida em Samaria, se insere nela, sem ser dela, e sua participação tornou-se cada vez mais envolvente, ele convencia os apóstolos de que era crente e talvez ele mesmo estivesse convencido de que era um discípulo de cristo. Passa a circular com desenvoltura na igreja, mas não fazia parte do povo de Deus. Eis alguns sinais que revelam a sua falta de relação com a fé cristã:

1.       Simão interessa-se pouco por Deus e muito por prestígio pessoal: Suas motivações não eram corretas. Havia algo naquela comunidade que ele queria, que era o poder do Espírito Santo, mas ele ainda estava preso por laços de iniqüidade e não queria romper com estas estruturas do pecado. Para avaliar nossa espiritualidade cristã devemos sempre indagar sobre os motivos de nossa fé. Pergunte a si mesmo: “Tenho interesse pelas coisas de Deus? As coisas de Deus atraem meu coração?”

2.       Simão tem interesse pelo poder de Deus mas não pelo Deus do poder - Não existe nada mais inescrupuloso que “poder” nas mãos de quem não sabe lidar com ele. O povo brasileiro é “power-centered”. Aliás, a cultura hoje é assim, campo aberto para a ação de Lúcifer que se levantará nos últimos dias com muitos sinais de poder (Ap 13.13-15). O poder de Deus restaura, mas o de Satanás destrói. Preocupa-me a obsessão pelo poder, sem interessar pela fonte do poder. Simão apenas aderiu a algo que era um poder maior do que os que ele fazia através da ilusão, mas ele não percebeu que a fonte deste poder maior era que fazia diferença.

3.       Simão é tão acostumado a arte de iludir, que torna-se incapaz de perceber o sagrado nos acontecimentos que vê:  Tudo para ele é business, técnica. Ricardo Barbosa fala de um homem que começou a freqüentar sua comunidade em Brasília, e que era um homem que tinha muito prestigio financeiro, mas era um homem autoritário, arrogante e insensível nos seus negócios. Certo dia ele disse ao pastor que estava buscando poder, e o Ricardo lhe perguntou para que ele queria este poder. Para continuar sendo autoritário e trazer Deus para ser aliado de sua vida que achava que podia mandar e dominar sobre todos? Tem muito poder maligno travestido de espiritualidade cristã.

4.       Simão convive com o povo de Deus, mas nunca entende o que está acontecendo - Um líder de renomada instituição na América resolveu se aposentar, reuniu seu staff e apontou seu filho como seu sucessor no ministério, pedindo que orassem transferindo sua unção de pai. Um membro do staff ao ser indagado se isto de fato aconteceu, respondeu: “Que a unção saiu é fato, mas para onde ela foi ninguém sabe”. Reino de Deus não é técnica, alguns se acostumaram a determinados jargões, cacoetes, palavras mágicas e a espiritualidade é percebida a partir dai.

5.       Simão participa da Igreja, mas seu coração nunca deixou as velhas motivações para trás - Onde estava sua motivação: “Observando extasiado os sinais” (At 8.13).  Simão, o mágico era irresistivelmente atraído ao mágico. Tinha especial interesse pelas manifestações, os sinais o deixavam impressionado, e diante disto faz uma oferta aos apóstolos para receber tais poderes.

Como se voltar verdadeiramente para Deus -
a)       Não simular conversão. O que assusta nesta história é:
*         Simão muda externamente suas atitudes.  Anda com gente diferente, vai para a igreja, cria hábitos diferentes, age de forma diferente, mas não é diferente.
*         Dá impressão de conversão- “Acompanhava de perto” lit. “atendia constantemente”.
*         Batiza-se - Torna sua ligação oficial com a Igreja. Assume compromissos de fé.
*         A Igreja é incapaz de perceber que nada interior tinha acontecido. Seu coração era ainda o mesmo, nenhum toque real de Deus. Filipe, que era o pastor dele não teve percepção.

b)      Não assumir compromissos irresponsáveis - Batizar sem entender o discipulado, batizar sem seriedade. O batismo é sinal da ruptura com o passado e do ingresso na vida cristã. O fiel sabe que, em Jesus, morreu o antigo modo de viver e ressuscitou para uma nova vida, sabe que foi perdoado, agraciado, revestido do Espírito Santo. Batismo deve ser algo cheio de temor, deve arrancar lágrimas e emoções na alma.

c)       Não se perder em sinais externos – (At 8.13) Sinais são indicadores, apontam para algo, não são o alvo. Nosso foco  é Cristo. Jo 20.31 diz: “Estes sinais foram feitos para que creiais no Filho de Deus”. Há pessoas que se perdem nos sinais. Eles são importantes, necessários, mas não são o alvo último da fé cristã. Falsos profetas, espíritos demoníacos, falsos obreiros e Lúcifer fazem sinais. Aderir aos sinais de Deus não é, necessariamente uma adesão ao Deus dos sinais. Jesus já alertava aqueles que o seguiam, não por causa da Palavra, mas dos sinais: motivação errada.

d)      Entender o sentido da fé cristã: (At 8.20,21) Não usar o poder como instrumento para auto-promoção. Você não é convertido enquanto não recebe o Espírito Santo, pode estar ligado à Igreja, andando próximo ao pastor, ser batizado, mas se não receber o dom do Espírito, não há vida. Tem que nascer de novo.

ü       Simão concordou intelectual com o discipulado - “Abraçou a fé” (At 8.13). Admitiu determinadas realidades cristãs, sem se converter de fato.

ü       Simão cumpriu um programa de discipulado. “Seguia a Filipe de perto” – (At 8.13). Que discipulado fabuloso, aos pés de Filipe, um homem cheio do Espírito Santo.  Não perde um culto, participa dos programas de evangelização, está próximo ao pastor.

ü       Simão percebe fatos espirituais- Observou sinais, andou perto dos acontecimentos, mas aquilo não foi capaz de torná-lo um homem consciente do que era vida cristã

e)       Desenvolver genuíno temor a Deus – (At 8.22-24). A exortação de Filipe é direta:  “arrepende-te”. Mude sua mente: Conversão é antes de tudo uma mudança na forma de pensar, na visão das coisas de Deus, nas atitudes e na ética. Conversão é algo de dentro para fora, tem a ver com mudança de nossa mente e de valores.
O temor a Deus é essencial.
Brennan Manning afirma que foi visitar um velho sacerdote que lhe disse: “Nunca pedi riqueza, projeção, status, posição, aplausos, mas sempre orei a Deus para que eu jamais perdesse a capacidade de assombro”.
Em Atos lemos que na comunidade primitiva, em cada alma havia “temor”. Uma tradução mais antiga fala de “espanto”. A NIV (versão inglesa), afirma que em cada alma havia “awé”, uma interjeição que deve ser lida como “oh”. As pessoas percebiam que estavam diante do Sagrado, e esta espiritualidade contagiante os envolvia nos cultos, nos louvores, na celebração diária da vida.

Conclusão:

O tema que deu a este sermão foi: “Dentro, mas ainda do lado de fora”.
Tema é, certamente, uma das últimas coisas que brotam na preparação de um sermão.
Simão estava dentro da igreja, conhecia o linguajar dos crentes, participava da vida comunitária, viu os sinais, mas ainda estava do lado de fora.
Pedro e João o exortam a se “arrependerem”. Quando estamos nesta condição, só existe uma forma de quebrar este “fel de amargura e laço de iniqüidade”. Precisamos entender que nossa situação é desesperadora, a não ser que Deus tenha misericórdia de nós. Arrependimento significa que entendo a necessidade de mudar a trajetória da vida, o jeito com que faço as coisas, e voltar.
Para Simão, o arrependimento era a última e única chance.

E para nós?

terça-feira, 24 de março de 2015

Lc 17.3-5 Aumenta-nos a fé!




Introdução:

A tradição cristã elaborou o conceito dos sete pecados capitais, que são as atitudes humanas contrárias às leis divinas: orgulho, avareza, luxúria, gula, ira, inveja, preguiça. São chamados de capitais, porque deles originam-se os demais pecados, como um efeito cascata, são os matizes dos outros.

Apesar de não fazer parte deste conjunto de pecados, nenhum pecado foi censurado por Jesus mais que a incredulidade, o que nos leva a pensar que este é o pecado em maior evidencia que todos os demais pecados. Lutero falava do “pecado por detrás de todos os pecados”, que para ele era a idolatria, mas pela ênfase que Jesus deu aos seus discípulos sobre a necessidade de crerem, de dependerem de Deus para suas vidas, temos a convicção de que este é o pecado básico, capital. O ponto de partida de todos os demais.

Neste texto, mais uma vez Jesus fala da necessidade da fé. Numa circunstância até mesmo singular. Ele estava falando da necessidade de perdão.

Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe” (Lc 17.3). E os discípulos disseram: “Aumenta-nos a fé” (Lc 17.5). Eles entenderam que, para lidar até mesmo com coisas comuns como uma ofensa recebida repetidamente e mágoas sofridas, precisavam de fé. Para perdoar é necessário crer, receber de Deus a capacidade de crer que o seu ensinamento quanto a este assunto específico realmente deve ser seguido, de que não devemos vingar, mas deixar nas mãos daquele que afirma que retribuirá.

Isto se aplica a todas as áreas de nossas vidas.

Precisamos de fé para sermos salvos, libertos, e para confiarmos na sua provisão e cuidado. Sem fé a espiritualidade cristã torna-se deficiente e frágil. Precisamos de fé.

Duewel escreveu o valioso livro “Avalie a sua vida” (São Paulo, Ed. Candeia, 1996) no qual fala de várias áreas que precisamos considerar na nossa caminhada com Deus, como a alegria, intercessão, humildade, obediência. Um dos tópicos que ele afirma ser urgentemente considerada na nossa caminhada cristã, é a fé (Cap. 9: Avalie sua vida pela fé, pg 81).

Para Duewel, “a essência da vida cristã é a fé. Somos salvos pela fé na expiação de Cristo mediante a graça surpreendente de Deus (Ef 2.8). somos justificados pela fé e temos acesso a Deus pela fé (Rm 5.1-2). Somos purificados pela fé (At 15.9), santificados pela fé (At 26.18). vivemos pela fé (Gl 3.11). Cristo habita em nosso coração pela fé (Ef 3.17).  Aproximamo-nos de Deus com liberdade e confiança pela fé (Ef 3.12)”.

A verdade é que Cristo avaliou seus discípulos pela fé.
Cinco vezes ele disse: “Homens de pouca fé!”
Três vezes falou da falta de fé.
Algumas vezes indagou: “Como é que não tendes fé?” (Mc 4.40) e,
“Onde está a vossa fé?” (Lc 8.25).
Esta parece ser a maior decepção de Cristo com seus discípulos, pois ele percebia que lhes faltava a capacidade de crer. Por isto os exortava a terem fé em Deus (Mc 11.22). Os discípulos entenderam tanto a necessidade de crerem pedem a Jesus que lhes aumente a fé. Não seria esta a oração que deveríamos fazer hoje?
Aumenta-nos a fé...

Duewel chama a atenção para o fato de que a Bíblia fala de pouca fé, nenhuma fé, fé morta, fé fraca, fé deficiente, fé inútil e até mesmo de fé vã, mas fala também da sincera, grande fé, fé santa, preciosa, crescente e completa.

A fé traz resultados maravilhosos:.
                Nos protege como um escudo – Ef 6.16
                Nos sustenta como uma couraça – 1 Ts 5.8
                A fé é a vitória que vence o mundo – 1 Jo 5.4
Duas vezes a bíblia nos sugere que busquemos a fé – 1 Tm 6.11; 2 Tm 2.22, por que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6)

Nem sempre é fácil avaliar a fé na vida espiritual.
Recentemente uma mulher me encontrou num restaurante, ela não é de nossa comunidade, mas já me ouviu pregando e me disse: “Pastor, você que é um homem de fé, ore por minha irmã”. Fiquei me perguntando sobre o critério dela para avaliar a minha fé, já que, particularmente me sinto tão fraco. Como saber se alguém tem fé? A fé muitas vezes é medida com mais exatidão pela serenidade interior que uma pessoa demonstra diante das situações nas quais ela não tem controle e mesmo diante de realidades nas quais as evidencias externas das respostas de Deus não são perceptíveis.

Duewel fala de algumas formas para avaliarmos nossa fé:

1.     Avalie sua fé pela profundidade da sua confiança – Fé e confiança são teologicamente inseparáveis. Uma fé bíblica sem fé é inexistente. Fé é confiança de que Deus está no controle do presente e do futuro. Jó faz uma citação estranha no meio de sua crise. “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15, IBB). “Avalie sua fé pela sua segurança confiante de que seu Pai é bom demais para esquecer-se de você, sábio demais para cometer um erro, amoroso demais para permitir que você seja magoado ou venha a perder no final e poderoso demais para ser derrotado”.
O Dr. A. B. Simpson quando pregava na Irlanda, afirmou em um de seus sermões que permanecer em Jesus é dizer minuto a minuto: “Tenho Jesus para isto!”. Ao enfrentarmos oposição e medo, podemos dizer: “Tenho Jesus para isto!”. Diante da doença e do luto, dizer: “Tenho Jesus para isto!”. Quando as circunstâncias forem de ansiedade e tristeza, “Tenho Jesus para isto!”. Quando o culto terminou, a pianista que tocou no culto da igreja recebeu a triste noticia da morte de sua mãe, e afirmou confiadamente: “É para isto que tenho Jesus!”.

2.     Avalie sua fé pela obediência – Na Bíblia, fé e obediência sempre andam juntas. Fé sem ação é nula. A fé obedece porque Deus manda, mesmo quando não pode ver, quando os fatos apontam numa direção diferente, ou quando os outros não entendem. Deus disse a Moisés diante do Mar Vermelho: “Diga ao povo que marche!”. Moisés foi para a praia do Mar Vermelho e colocou o seu cajado na água e atravessaram o mar a pé enxuto.

3.     Avalie sua fé pela sua visão  - Pela capacidade de ver as coisas na perspectiva de Deus, a capacidade de olhar para o futuro. A fé obedece à luz do plano eterno de Deus. A fé é sustentada pela sua visão do amanhã de Deus. Avalie sua fé pela visão da fidelidade de Deus, pela sua visão da recompensa futura, pela emocionante grandeza da bondade de Deus, dos anjos invisíveis que o rodeiam (2 Rs 6.17). Avalie sua vida pela visão.

Maria José Elias afirmava que a fé é como um farol escuro de um carro na escuridão. O motorista não sabe o que vai aparecer depois do farol, mas ele caminha seguro. Quando o farol se aproxima à frente, novas perspectivas vão sendo mostradas, e assim as coisas vão se clareando. A luminosidade que temos não contempla todo o futuro, mas nos dá segurança suficiente para vermos o suficiente.

4.     Avalie sua fé pelo amor que substitui a amargura, pela alegria que substitui o desânimo e o desespero, pela vida que substitui as condições extremas, como a falência, o luto, a doença. Quanto mais você crer, mais o ambiente ao seu redor irá mudar. Você leva Deus em toda situação que entra, e as bençãos fluem dele. A fé não exige ver todo o caminho à frente, mas vive pelo maná que diariamente cai no deserto, em santa dependência de que se Deus não der, morreremos.

5.     Avalie sua fé pela capacidade de louvar, apesar das circunstâncias. A fé é realista, não é utópica e nem romântica. Não nega a dor, nem as aflições, mas ainda assim é capaz de louvar a Deus em qualquer situação. Ela pode estar sendo pressionada de todos os lados, mas se recusa a desesperar (2 Co 4.8). Pode estar com as costas sangrando mas à meia noite encontrar forças dar louvores a Deus. Ela é tão centrada em Deus que vive “apesar de”. Persevera apesar das ameaças, da fraqueza tira força. Avalie sua fé pela sua canção noturna.

6.     Avalie sua fé pela confiança na obra absoluta de Cristo para sua salvação – Certa vez perguntaram a Jesus: “Que faremos para realizar as obras de Deus?”, e Jesus respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado”(Jo 6.29).


Onde você tem colocado sua confiança para sua salvação? Na obra de Cristo ou nas suas obras? Naquilo que Cristo, o Cordeiro de Deus, fez por você, ou na sua performance? Precisamos pedir a Deus para aumentar a nossa fé, para crermos nele, e apenas nele, para nossa salvação.

 Conclusão:

O livro de Hebreus afirma que Cristo é o “Autor e consumador de nossa fé”. Ele não apenas a inicia, mas a leva a bom termo.
Precisamos de fé não apenas morrer, mas para viver.
 Jesus veio preparar seus discípulos não apenas para a vida eterna, mas para uma vida em abundância hoje.
Precisamos de ambas.
Não podemos caminhar sem convicções claras sobre a vida eterna, e nem podemos andar sem a graça de Deus para enfrentar as batalhas diárias da nossa breve vida.

“Aumenta-nos a fé”.


Precisamos para que a nossa vida seja dirigida pela confiança absoluta da fé, que nos solidifica em Cristo.



segunda-feira, 23 de março de 2015

1 Rs 18.1-16 Profissionais a serviço do Reino





Introdução:

Como pastores queremos integrar à liderança da igreja local, pessoas de caráter firmado e bons profissionais, com boa reputação e liderança externa para ocuparem cargos. Muitos destes homens possuem respeitabilidade, dão bom testemunho de sua fé, tem uma larga experiência empresarial e eventualmente ocupam altos cargos no governo. Nós os queremos por perto porque sabemos que a sabedoria e ponderação deles podem ajudar a caminhada da igreja, e com seus conselhos e experiência poderiam ajudar e  fortalecer as decisões que a igreja local precisa tomar. Infelizmente, porém, estou me deparando com uma situação curiosa. Muitos destes homens não dispõem de tempo para os trabalhos eclesiásticos. Pessoalmente já convidei alguns deles para se tornarem oficiais ou exercerem liderança de ministérios, pequenos grupos, alguns deles demonstram interesse até profundo, mas quando olham para suas agendas sabem que seria imprudente incluir mais alguma atividade nelas.
Ao convidá-los, tenho deixado claro que não gostaria de tirar de sua família, ou do seu tempo de lazer e descanso, para dar mais atividades. Sei que muitos deles dispõem de pouco tempo para estarem com filhos e esposas e não gostaria de pegar este tempo raro para que servissem às reuniões administrativas da igreja local.
Sei que cada um precisa cuidar de sua agenda, de estabelecer prioridades, que a mordomia do tempo é algo importante no discipulado cristão, que precisam de descanso, de tempo para adoração, vida comunitária e lazer, mas eventualmente alguns destes homens são colocados em funções de muito desafio e intensidade, envolvendo agendas de grandes multinacionais e cargos públicos, recursos do Estado, e todas estas funções tem a ver com o bem estar público, e alguns possuem muitos funcionários que dependem do bom andamento de sua empresa. As variáveis são tão grandes que, mesmo lutando para organizar a agenda, encontram dificuldades para dispor tempo para si mesmos e família e. Sabemos quão intensa tais atividades podem ser, quão perigosas e atraentes, e como é preciso repensar tudo isto, mas a verdade é que, pessoas de notório saber público e que se tornam referência social, são cada vez mais exigidas e é necessário uma enorme habilidade para dizer não.
Como eles não encontram agenda para as atividades eclesiásticas, a não ser os cultos dominicais e eventualmente a participação em um pequeno grupo, podemos equivocadamente pensar  que tais profissionais não estão servindo a Deus, já que não conseguem exercer ministérios nas igrejas locais. Mas quando olhamos para a Bíblia, vemos que grandes e respeitados modelos de vida piedosa eram homens que pouco tinham a ver com agenda eclesiástica, mas eram homens íntegros, tementes a Deus, de caráter público reconhecido com grandes desafios.

Obadias – um profissional a serviço do reino.
Este texto nos fala de um homem quase anônimo na Bíblia. Seu nome era Obadias (não confundir com o profeta Obadias, que tem um livro com o seu nome). Ele trabalhava num verdadeiro antro, dentro do palácio, como mordomo do rei Acabe que reinou sobre o reino do Norte por 22 anos (1 Rs 16.29). Foi ministro da fazenda de um dos mais perversos reis da Bíblia. Obadias estava ao seu lado e com temor a Deus, tentava reparar decisões perversas tomadas por ele e por sua esposa, Jezabel. Esta mulher, não era judia, mas filha de Etbaal, rei dos sidônios, descendente dos amonitas. Ela era macumbeira, adoradora de Baal, e fez um altar público em Samaria levando milhares de pessoas a se curvarem diante dele e se tornando adoradores deste deus pagão, usando sua influência política.
Se vocês acham difícil trabalhar debaixo de liderança corrupta e sistemas desumanos e anticristãos que se encontram por toda parte em nossos dias? Deveriam estudar um pouco mais o ambiente no qual Obadias trabalhava.

Como servir ao Senhor numa estrutura corrupta?
Obadias usou o seu cargo para proteger vidas.
A rainha Jezabel perseguiu frontalmente os profetas do Senhor e começou a exterminá-los de Samaria. Cada vez se tornava mais raro e difícil seguir o Deus de Israel. O povo de Deus, criado para sua glória, esta literalmente banindo todos aqueles que insistiam em seguir ao Deus vivo. Não havia mais homens piedosos nem profetas. Qualquer um que se levantasse dando testemunho da fé era executado, dentro de Israel.
O que fez Obadias?
No uso de sua função pública, ele simplesmente desobedeceu Jezabel e criou um sistema clandestino para proteger a vida dos homens de Deus. Ele escondeu 100 profetas, de cinqüenta  em cinqüenta em cavernas, e durante meses, talvez anos, levava pão e água para que não morressem de fome.
Obadias colocou seu cargo a serviço do reino de Deus.
Usou sua influência política, profissão e poder para glorificar a Deus, proteger os fracos e impotentes diante de um sistema perverso.
Como estamos precisando disto hoje em dia...
Apesar de seu temor a Deus, e talvez por isto, mesmo um rei ímpio como Acabe o quis por perto e o colocou como mordomo de seu reinado.
O texto relata a tarefa que lhe foi dada de procurar Elias. O rei saiu numa direção e ele foi para outra, e de repente, se encontra com o profeta. O diálogo é todo cheio de riscos, Obadias se sente temeroso quando Elias afirma que estava ali para se encontrar com o rei Acabe, afinal, Elias era uma persona non grata e o rei estava no encalço dele, inclusive fora das fronteiras de Israel. Já havia enviado delegações diplomáticas para países vizinhos, na esperança de encontrá-lo. Elias o tranqüiliza e Obadias retorna para dar o recado do profeta ao rei.

A vida de Obadias nos ensina algumas importantes lições:
1.     Trabalhar num sistema corrupto não nos isenta de vivermos uma vida de piedade e temor a Deus.
Não há possibilidades de ter um governo tão perverso quanto o de Acabe. Ele é referência de homem inescrupuloso, poderoso, que não hesita em tirar a vida de um homem e de sua família, apenas para ter o jardim de seu palácio expandido.
O texto mostra que o sistema judiciário era todo corrompido. As acusações eram frágeis demais, mas foram aceitas por uma liderança corrupta. Se vocês acham que o sistema brasileiro é ruim, é porque não conheceram este governo. Acabe e Jezabel eram capazes de coisas horripilantes.
Obadias servia a este governo, mas era um homem temente a Deus. Por duas vezes esta expressão aparece neste texto (1 Rs 18.3,12). Jezabel era inescrupulosa. Um dia, vendo triste o seu marido, soube que sua tristeza se dava porque queria ampliar os jardins do seu palácio e não podia, porque seu vizinho, Nabote, se recusava a vender a propriedade por ser uma herança familiar. Ela não teve dúvidas. Criou um tribunal de farsa e apedrejou o homem para ficar com sua terra.
Jezabel odiava a Elias e queria matá-lo (1 Rs 19.2). Por sua causa, Elias teve que fugir para o deserto de Berseba (1 Rs 19.3), uma região inóspita e distante do palácio. Jezabel dominava completamente seu pusilânime marido, que se permitia corromper pela mentira e engano. Ele não tinha coragem de confrontá-la.
Obadias surge neste contexto hostil.
Sua realidade não é diferente de muitos que estão trabalhando em estruturas podres de poder, e precisam manter sua integridade e não ceder às pressões e demandas de propinas e corrupção. Obadias decidiu proteger pessoas que estavam sendo massacradas. Sua operação foi de altíssimo risco. É impossível fazer isto sem ousadia. Em tempos de opressão e injustiça, pessoas ameaçadas serão poupadas porque existem homens e mulheres que não temem perder sua vida. 
2.     Podemos estar dentro de ambientes insuportáveis, e darmos sinais da vida e do Reino de Deus. São contextos hostis, que conspiram contra a vida, honradez, integridade, mas ainda assim homens se levantarão dispostos a dar sinais de Deus mesmo quando tudo parece dizer não, quando as trevas dominam. Aliás, isto significa ser sal da terra e luz do mundo. O sal penetra, diminui o poder da degradação, dá sabor; enquanto a luz aquece, orienta, traz vida.
Muitos homens de Deus foram colocados em situações desumanas, para serem o contraponto, para protegerem o pobre, a família, a honra e a moral. Não devemos nos assustar se o ambiente em que estamos está permeado das trevas. Pelo contrário, devemos orar a Deus e pedir que Ele nos capacite a sermos fonte de inspiração e conspiração contra as trevas e o diabo.
É impossível proteger os pobres e desamparados sem envolvimento pessoal e financeiro. Estas operações exigem recursos, não era nada fácil sustentar diariamente 100 homens, ainda que com água e pão. É impossível também demonstrar graça e misericórdia em tais ambientes sem sair da zona de conforto. Por que Obadias tinha que fazer isto? Ele tinha um algo cargo, sua vida estava tranqüila, este era problema dos outros. Mas Obadias não vê as coisas nesta perspectiva. Ele estava bem, mas ao seu redor reinava o caos. Deus precisava de homens com intrepidez para proteger aqueles que estavam sendo perseguidos.

Alguns exemplos de profissionais na Bíblia
A Bíblia fala de alguns profissionais, que foram colocados em contexto de muita pressão, em governos ímpios.

Neemias
Considere a vida de Neemias. (Ne 1:1-4; 2:1-5; 5:6-12; 6:15-16; 7:1-4). 
Que função ele exercia? Era por acaso um sacerdote, um pastor? Estava a serviço do templo? Não! Este homem exercia uma função absolutamente “secular”, ele era copeiro chefe de um dos maiores estadistas (se é que podemos dar este título a um tirano) dos seus dias. Artaxerxes I, rei da Pérsia (atual Irã) era um Imperador, cujo domínio tinha um largo alcance. Neemias tinha a função de provar o vinho antes de dá-lo ao rei. Muitos perigos e conspirações existiam contra estes ditadores, e a função de Neemias era experimentar o vinho na sua presença, e demonstrar que não estava envenenado. Depois de o beber, oferecia-o ao rei. Sua função era secular. Era um profissional que amava a Deus e exercia com zelo a função que lhe fora designada.


Daniel
Como vocês imaginam Daniel? Um clérigo? Vivia dentro da igreja, visitando crentes e aconselhando pessoas? Exercendo ministério de misericórdia nos hospitais? Não!
Sua função era política. Ele era conselheiro do rei. O mesmo poderoso rei que o havia levado ainda como adolescente para a Babilônia, percebeu nele “a sabedoria e o espírito dos deuses”, e o trouxe para perto de si. Daniel não era do tipo de “estar na igreja” (nem templo havia na Babilônia), mas era temente a Deus, o servia e o adorava costumeiramente. Todos os dias, colocava-se de joelhos por três vezes e buscava a direção de Deus para sua vida e orava pela restauração do seu povo.
Sua função pública era leiga. Seu trabalho era “secular”, mas o exercia com grande temor diante de Deus. Daniel testemunhou perante reis. Ir para a Babilônia foi uma tragédia pessoal mas na soberania divina, tornou-se uma parceria missionária. Nos sessenta anos da vida profissional de Daniel na corte de vários reis pagãos, Deus cumpre seus planos por meio do seu serviço exemplar. Como administrador e conselheiro, testemunhava fielmente sobre o fato de que "O Deus altíssimo domina sobre os reinos dos homens e coloca no poder a quem ele quer" (Dn 5.21 NVI).

 Missionários profissionais ou profissionais missionários
Na missiologia atual, surge uma grande discussão nos meios cristãos. Precisamos de profissionais missionários ou missionários profissionais. Acho esta discussão até certo ponto irrelevante porque precisamos de ambos. Chamados específicos fazem parte do projeto de Deus para o mundo, e é assim que devemos entender a vocação de cada um.

Missionários profissionais
São pessoas que se dedicam à obra missionária e vivem disto. Seu sustento e envio vem de igrejas locais, eles se preparam em seminários e institutos teológicos para serem obreiros, ordenados ou não, para uma determinada missão. Neste caso, as agências missionárias os enviam e dão o sustento. Cada vez mais esta realidade tem se tornado complexa. Muitos países das janelas 10/40, não aceitam a entrada de missionários nem dão visto a religiosos. Com toda oposição que existe a missionários e obreiros ao redor do mundo, fica cada vez mais evidente a necessidade de repensarmos a missiologia.

 Profissionais Missionários
Neste caso, são aqueles que não vão para seminários teológicos, mas se preparam em universidades ou se tornam técnicos em uma determinada área, e seguem para países fechados ao evangelho a fim de, com seu testemunho e presença, influenciar o pensamento e as pessoas ao seu redor. Eles não recebem salário de igrejas locais, embora muitas vezes a igreja entenda que eles possuem chamados específicos para isto, e os considerem seus missionários.

Alguns Exemplos
Duas filhas de meus contemporâneos no seminário encontram-se atualmente em países fechados ao evangelho, trabalhando como profissionais. Em um dos casos, seu marido mora na Arábia Saudita, trabalha numa empresa de Tecnologia de Informação, e ela usa esta oportunidade para fazer contactos com mulheres muçulmanas, promover encontros, reunião para tomarem chá, fazerem artesanatos. Ela não pode fazer proselitismo, mas a conversa acerca da pessoa de Cristo surge e nestas oportunidades ela fala do amor de Deus através de Cristo.

Libéria
A Convenção Batista da Libéria, país cristão na África Ocidental, tem convidado professores para ensinar no Ricks Institute, a única escola privada que oferece educação gratuita para o ensino fundamental. As principais carências são nas áreas de Geografia, História, Música, Inglês, Educação Física, Ciências Naturais e Matemática. É preciso ter inglês fluente. Não há missionários brasileiros no país.

Serra Leoa
Situado na África Ocidental, possui uma grande demanda de profissionais na área médica. Oftalmologistas são muito bem-vindos. Da mesma forma, precisa de obreiros que ajudem na implantação de um seminário em Freetown, capital serra-leonesa. Desejável inglês intermediário. Não há missionários brasileiros no país.
 Fonte:

Na verdade, este conceito de profissionais missionários é biblica.
Paulo era um profissional, fazedor de tendas. Usava seu trabalho como porta de entrada e diálogo com outras culturas. Por onde ele ia, abria o seu atelier e fazia reparos de tendas ou as construía.
Veja ainda este relato de Celso, historiador pagão do século 2
“Os que trabalham com lã, os sapateiros, os lavadeiros e os camponeses mais iletrados e rústicos fizeram mais pelo evangelho do que os bispos, apologistas e teólogos”. Esta afirmação não é apenas surpreendente, mas também sintetiza um dos maiores desafios para a igreja contemporânea: resgatar a dimensão sagrada do trabalho e devolver o protagonismo da fé cristã aos chamados leigos. O tempo dos missionários profissionais passou. Agora é hora dos profissionais missionários.
Fonte: http://ibab.com.br/…/forum-cristão-de-profissionais-online1/

Nepal
Há 60 anos não havia presença cristã reconhecida no Nepal. Em 1952, o rei hindu convidou profissionais para irem, trabalharem e contribuírem com o desenvolvimento do seu país em cinco áreas: educação, saúde, desenvolvimento comunitário, engenharia e ciência florestal. O rei foi muito claro em suas expectativas: os profissionais deveriam trabalhar em suas diferentes áreas, mas eram proibidos de qualquer atividade religiosa.
Dessa forma os cristãos passaram pela porta aberta e adentraram o país como profissionais missionários.
Qual a situação da igreja do nepalesa hoje?
De zero passou para mais de um milhão de cristãos. Como isso foi possível?!
Não existe qualquer lei no mundo que proíba alguém de fazer amizades, de ser um profissional do modo como Jesus seria e de responder à perguntas sobre sua própria fé. Com o testemunho de vida daqueles profissionais, o evangelho penetrou a cultura e se estabeleceu. Nasceu a igreja nacional, não condicionada ao formato ocidental.
Profissionais missionários são discípulos de Cristo que, chamados por Deus e comissionados pela sua igreja, usam seus dons, talentos e habilidades profissionais para servir ao Senhor em um contexto transcultural.
De que maneira você tem usado sua profissão para testemunhar de Cristo em sua própria cultura?
Que vantagens ou desvantagens um "fazedor de tendas" têm sobre um missionário tradicional?

Fonte: “De zero a 1 milhão - uma breve história do Nepal”.

Conclusão:
Pastoreio uma igreja que surgiu por causa da influência de um médico inglês, Dr. James Fanstone.
Logo após a conclusão do seu curso de medicina na Inglaterra, veio para o Brasil, de mudança para Anápolis, para construir um hospital. Este foi o primeiro hospital do Estado de Goiás,  Nem Brasília nem Goiânia existiam naquela época. Quando aqui chegaram os Fanstone foram viver numa casa alugada na Rua Desembargador Jayme. Naquela mesma casa iniciaram a evangelização, com a realização de cultos dominicais – o que tempos depois daria origem à Igreja Presbiteriana em Anápolis. A afluência de simpatizantes aumentou e alugaram uma sala para esse fim. Depois locaram uma casa maior, muito favorável ao plano de dar continuidade ao evangelismo, pois tinha um cômodo na frente adaptado para loja, com muitas prateleiras.
Dr Fanstone não veio para plantar uma igreja, nem foi enviado por uma missão ou sustentado por ela. Mas a sua presença em nossa cidade e em todo estado de Goiás, é um marco. Deus usou a vida deste homem que colocou sua profissão a serviço do reino.
No Brasil, atualmente, sempre surgem vagas de trabalho para enfermeiros, médicos, odontólogos, antropólogos, sociólogos, que estejam dispostos a trabalhar em tribos indígenas na área da saúde, contratados pelos órgãos governamentais que administram e cuidam da proteção aos índios. Lamentavelmente, tais instituições encontram-se na de pessoas ímpias, sem temor de Deus e atéias, que dificultam consideravelmente a entrada de missionários profissionais. Não seria o caso de repensarmos a estratégia?
Minha filha fez uma viagem a Coréia, para dar uma série de palestras para jovens que tinham interesse em estudar na Harvard e queria saber de algumas dicas sobre o assunto. No aeroporto de Seul ela teve um problema porque a pessoa que deveria buscá-la, não apareceu, e ela ficou desorientada num aeroporto de outro país, numa época em que os telefones celulares não eram tão acessíveis e não havia a facilidade de internet como temos hoje. Vendo seu desconforto, aproximou-se dela uma pessoa, que providencialmente era um pastor da Igreja Presbiteriana da Coréia, que se prontificou a ligar para o telefone de sua amiga, que na verdade estava atrasada, e logo chegaria. Enquanto sua amiga não chegava, ele falou do seu ministério na igreja. Eles tinham uma missão cujo propósito era investir na vida de pessoas cristãs, com excelente qualificação profissional, que estavam dispostas a fazerem um PhD e lecionarem em escolas seculares ao redor do mundo. Eles queriam tais pessoas que tivessem condições e preparo acadêmico, com uma clara cosmovisão cristã, para influenciarem o pensamento das novas gerações.

E você?
A igreja de cristo precisa urgentemente de profissionais, dentro ou fora de nosso país, que estejam dispostos a colocar sua profissão à serviço do reino, como fez Obadias.
Ele não era sacerdote.
Não estava ligado a uma agência missionária.
Não tinha qualquer preparo missionário.
Ele não trabalhava num ambiente propício para a justiça.
Ele era assessor de um rei cruel e injusto, servindo como mordomo.
Mas resolveu colocar sua vida em risco, e investir na construção do reino de Deus, na proteção dos oprimidos, em oposição ao sistema perverso.


E você, como está sua profissão e vocação em relação ao reino de Deus?