segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Gl 6.9 E não nos cansemos de fazer o bem




Introdução:

É no mínimo curiosa a declaração deste texto: “Não nos cansemos de fazer o bem”. É possível se cansar de fazer o bem? Você já se sentiu cansado de fazer o bem alguma vez? Está cansado e frustrado por achar que o bem parece sucumbir diante das ameaças do mal e não ser vitorioso? Não lhe parece que pessoas bondosas são sempre massacradas, enquanto as arrogantes e perversas se dão bem?
Se você já sentiu assim ou tem se sentido assim, acho que você deveria considerar algumas verdades interessantes na Bíblia sobre o assunto.

A Necessidade de fazer o bem

Esta é uma das verdades mais constantes nas Escrituras. Talvez porque o bem pareça tão frágil na sua essência e o mal é tão concreto.

Alguns princípios devem ser aqui estabelecidos:

1.     Devemos fazer o bem porque o bem é bom – parece óbvio assim, mas muitas pessoas flertam com o mal por equivocadamente acreditarem que o mal não é assim tão maligno. No meio deste emaranhado de conceitos religiosos que temos hoje vemos até um tipo de declaração ingênuo que afirma que o mal nada mais é que uma sombra do bem, e que um precisa do outro para sobreviver, então, o mal não deve ser algo assim tão pernicioso. Os Mórmons, inclusive declaram que Jesus é irmão de Lúcifer. De essências diferentes, mas da mesma fonte. 

2.     Devemos perceber o bem como algo poderoso e não frágil – A Bíblia nos ensina: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12.21). Quando  leio este texto me pergunto: Será que o bem tem poder para vencer o mal? Você nunca achou o bem tão ingênuo, raquítico e frágil? No entanto, o nosso comandante, a quem devemos prestar obediência irrestrita afirma que o mal deve vencido pelo bem.

Paulo afirma: “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando sofismas”(2 Co 10.4-5). As armas do bem são incrivelmente fortes, elas destroem defesas e fortalezas, tiram o efeito do mal ao anular sofismas, raciocínios e lógicas interessantes mas falhas na sua essência. 

3.     O bem é ordenado na Bíblia – Ele deve ser praticado por aqueles que são discípulos de Cristo. Não somos das trevas, mas da luz.

 Na Bíblia, o bem segue até um direcionamento hierárquico:

ü  Fazer o bem aos de sua casa – A recomendação de Paulo na carta a Timóteo é severa: “Se alguém não tem cuidado dos seus, especialmente dos de sua própria casa, é pior do que o descrente e te negado a fé” (1 Tm 5.8). Se não atentarmos para as necessidades de filhos, pais, cônjuges e irmãos, negamos a fé, é apostasia! É impossível que um filho tenha posses e deixe seus pais passarem necessidades. É uma aberração teológica um filho crente maltratar seus pais e pais serem indiferentes e insensíveis aos seus filhos. 

ü  Cuidar dos domésticos da fé – A exortação de Gl 6.10: “Fazei o bem a todos, especialmente, aos domésticos da fé”. Nosso cuidado e amor deve ser manifesto a todos, mas de uma forma particular e direta, àqueles que amam o mesmo Deus, tem a mesma fé e comungam em nossa comunidade.

ü  Fazer o bem, sem discriminar – Na disciplina do bem, não devemos desconsiderar quem quer que seja, inclusive inimigos, ou aqueles que consideramos desprezíveis pelo seu estilo de vida ou opções religiosas e éticas. Não devemos deixar de fazer o bem porque uma pessoa é espírita, candomblé, macumba ou porque é alcoólatra, drogada, homossexual, prostituta, etc. O bem é bom e ordenado por Deus, devendo ser praticado em todos os níveis. Nosso comandante afirma que devemos vencer o mal com o bem – este é o nosso desafio.

 O Perigo do Cansaço

O texto bíblico afirma na sua integra: E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos se não desfalecermos” (Gl 6.9). Não parece interessante esta afirmação? Vamos colher se não desfalecermos. A prática do bem pode extenuar e gerar cansaço.

Uma das pessoas mais envolvidas no ministério de cuidado com pessoas necessitadas em nossa cidade possui um projeto que beneficia diretamente 350 crianças. Nossa igreja está sempre apoiando, preparando kits de natal, fazendo mutirão de saúde, fazendo kit escola para as crianças daquele projeto, e os desafios são enormes. Os recursos são sempre menores que as necessidades. Sempre se percebe que a necessidade é imensa e que o que se faz é ínfimo em comparação ao que é necessário fazer. Isto é frustrante. Muitas vezes, depois de anos de investimento em uma criança, percebe-se que na adolescência que ela envereda pela prostituição e garotos tornam-se joguetes nas mãos de traficantes. A oposição maligna, a resistência, a pobreza, a miséria, a promiscuidade facilmente exaurem a força de pessoas envolvidas em projetos assim. Recentemente um dos nossos presbíteros foi participar de um destes mutirões e voltou dizendo: “Precisamos apoiar muito esta irmã, porque eu sinto que ela está exausta”.

Vinicius de Morais afirmava que “O perdão também cansa de perdoar”.  O bem cansa. O mal é tenaz. Satanás não é criativo, mas é persistente, sagaz e mordaz.

Quando nos cansamos, deixamos de colher. O cansaço acontece por três razões principais:

A.    Achamos que o bem é impotente. Será que haverá vitória do bem?

O cântico “O Dia da Vitória”, dos vencedores por Cristo, mostra este desejo de ver o bem triunfando:  
Assim como a noite aguarda o sol,
Como a brisa sonha um dia soprar
Como a terra seca espera a chuva
Como o rio anseia pelo mar
Eu desejo tanto ver o dia chegar!
O Dia da Vitória em que virá meu Salvador
Sim, Jesus Cristo, o Senhor
Virá nas nuvens para me levar
Se tornará verdade tudo o que sempre sonhei
Tristezas eu não mais terei
E toda a lágrima do meu olhar
Ele enxugará!

Braços levantados, livres do mal
Igualdade e justiça haverá
Já não mais terá morte ou guerra
Novo céu e uma nova terra
Eu desejo tanto ver o dia chegar!
            B.    Achamos o bem frustrante

 Parece que o mal domina. Basta um pouco de fermento para levedar toda massa, no entanto, por mais que lutemos contra o mal, parece que ele está ali, forte, indestrutível, implacável. Investimos em vidas e o resultado parece pífio, gastamos tempo falando da verdade do Evangelho, e basta uma pitada de heresia para a pessoa se afastar dos caminhos do Senhor e se desgarrar do rebanho. Isto gera um enorme cansaço. Pastores, obreiros, missionários, projetos sociais, de repente nos vemos indagando se vale a pena lutar tanto.
Por isto o texto exorta: “Não nos cansemos de fazer o bem”. Devemos perseverar, continuar firmes, não esmorecer. “Certa é a colheita, a colheita tem de vir”.

C.    Somos atingidos pelos fatores de Stress 

Vemos isto claramente na vida do Rei Davi. Publiquei uma mensagem no meu blog sobre o assunto: Líderes fatigados, baseado em 2 Sm 21.15-22. Se quiser ler o texto na integra, encontra-se no seguinte endereço:

Davi foi um homem proativo, lutou muitas guerras e venceu muitas batalhas, mas com o passar do tempo, suas atividades se tornavam cada vez mais pesados, alguns sintomas de stress e esgotamento nervoso começaram a ser percebidos, e o esgotamento físico e mental aconteceu numa nova batalha com os filisteus, porque nesta batalha, “Davi ficou muito fatigado” (2 Sm 21.15). O que provocou este esgotamento em Davi, um líder quase imbatível e aparentemente incansável?

1   Fator Idade – Davi ainda não era muito idoso, mas já tinha vivido bem para seus dias, estava com cerca de 55 anos. Ele ainda tinha vigor para ir para a guerra, mas sua mobilidade, resistência e disposição não eram a mesma. Sua idade conspirava.
Líderes se cansam. A idade é um fator que não deve ser menosprezado. Quando somos jovens a energia parece inesgotável, mas com o tempo esbarramos na saúde e na própria capacidade do organismo de reagir, e com ele pode surgir abatimento e esgotamento.

2   Fator Mesmice – O Segundo motivo para gerar stress em Davi é o que chamo de “fator mesmice: Os mesmos problemas, as mesmas pessoas, as mesmas lutas, e quando você pensa que as coisas já avançaram um pouco, parecem estar no mesmo lugar, dando a impressão que o software errado não muda, o sistema é o mesmo, usando um interminável replay. Pessoas que aprendem sempre sem jamais chegar ao conhecimento da verdade – e como isto é cansativo.

3   . Fator Oposição - De acordo com o relato bíblico, um gigante filisteu quase matou Davi, deixando-o extenuado. Ataques dirigidos a líderes são comuns: Depressões, desânimo, apatia, desencorajamento, acusações do demônio e das pessoas, cobranças externas e internas, setas inflamadas do inimigo. O diabo é implacável e não tem misericórdia, suas armas são pesadas como a lança de Isbi-Benobe, o inimigo de Davi.

A Colheita do Bem

O texto que lido no início afirma que não devemos deixar de fazer o bem, porque colheremos se não desfalecermos. Quem planta precisa ter expectativa de colheita. Ninguém pega a semente, vai para o campo e semeia, pensando que não haverá colheita. Ao plantarmos está explícita a esperança da colheita.

A Bíblia nos fala de algumas leis da semeadura:

A.    Colhemos o que plantamos – “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará. Porque o que semeia para a a sua própria carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.7-8). Muitos querem colheita, mas não fazem semeadura.
No mundo psicológico fala-se muito hoje em depósitos emocionais. Autores como Wayne Cordeiro afirmam que se queremos saques, precisamos fazer depósitos. Não dá para sacar em uma conta sem crédito. Para Deus é assim também. Esta é a lei natural. Aquele que semeia para a carne, da carne colherá corrupção. O que semeia para o Espírito, colherá vida eterna. Ninguém semeia abacaxi esperando colher laranja. Precisamos lançar sementes de vida, de saúde, de paz, para que estas coisas retornem para nossas vidas. Numa pesquisa feita na cidade de Anápolis-GO, publicada no Jornal Contexto, (Setembro/2014), o delegado da cidade estimava que 95% dos assassinatos estavam relacionados à pessoas envolvidas em drogas, disputas de droga e familiares. Jesus afirmou quem lança mão da espada, da espada perecerá.

B.     Precisamos perseverar – Não há colheita se esmorecermos. “A seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”. Só colhe quem continua firme no projeto de semear a paz, o bem, o amor. Muitas vezes nos sentiremos desencorajados, frustrados e cansados, mas devemos continuar firmes.
"O segredo do sucesso é a constância do propósito." (Benjamim Disraeli). Em 1621, o navio espanhol “The Atocia”, afundou na região de Key West, Florida. Por 350 anos, repousou carregado de ouro, barras de prata, e artefatos no fundo do mar. Embora muitos o tivessem procurado, nada foi encontrado. Nos anos 80, porém, um aventureiro chamado Mel Fisher decidiu achá-la. Por 15 anos investiu nesta jornada cara e frustrante que parecia impossível, mas Fisher recusava a desistir. Seu lema era: “Hoje é o dia!”. Finalmente Fisher a encontrou com quase U$ 400 milhões em carregamentos e tesouros.

Conclusão:

Jesus é o nosso paradigma.

Em At 10.38 lemos que “Jesus andou entre nós, fazendo o bem”. Independentemente das circunstâncias e das pessoas ao seu redor, ele fazia o bem. Não era algo acidental e esporádico na sua vida, mas fazia parte daquilo que ele era.

O Profeta Isaías, ao falar do servo sofredor afirma: “Ele verá o fruto do seu penoso trabalho e ficará satisfeito” (Is 53.11). Seu trabalho seria penoso, mas sua obra seria consumada, trazendo grande alegria ao seu coração ao ver seu povo redimido. Fazer o bem, semear, pode ser uma árdua tarefa, mas quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo seus feixes (Sl 126.6).

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Jo 18.28-19.16 As Questões de Pilatos




Introdução:

Questões espirituais e filosóficas sempre surgem em nossos corações. Algumas vezes de forma branda, em outras, podem se transformar verdadeiros turbilhões de idéias que nos perturbam e atormentam. O mais complicado, é que “"Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas" (Luis Fernando Veríssimo). Vários homens da Bíblia passaram por grandes crises: Davi, Asafe, Jeremias, Habacuque, Jó. Este texto fala das questões relevantes e significativa que Pilatos levantou no seu encontro com Cristo.

Ao lermos os diálogos de Jesus e Pilatos, ficamos impressionados com a quantidade de perguntas que ele lhe dirige em tão pouco tempo. Nem sempre ele estava realmente interessado pela questão, noutras vezes fez a pergunta e a desprezou, mas suas questões surgem uma após a outra.

1.       Uma Questão Política – “És tu o rei dos Judeus?” (Jo 18.33). Considerando as acusações que faziam contra Jesus, os riscos envolvidos nesta questão, e seu ambiente de trabalho, não é de se estranhar que a primeira coisa que surge tenha a ver com um tema público; alem do mais, esta foi a acusação inicial que os judeus trouxeram, pois sabiam que se ela prevalecesse Jesus seria condenado. Esta pergunta é repetida de outra forma em 18.37: “Logo, tu és rei?”.

2.       Uma Questão Pragmática – “Que fizeste?” (Jo 18.35) Além de governador daquela província, Pilatos tinha ainda a obrigação de julgar as coisas que lhe eram trazidas. O direito de defesa foi instituído pelas leis romanas. Pilatos tenta arrancar alguma confissão e defesa, mas na verdade não estava interessado neste inquérito, pois já parecia ter o veredito se tratava de uma questão da intransigência religiosa judaica, e isto de fato não lhe interessava muito.

3.       Uma Questão filosófica – “Que é a verdade?” (Jo 18.38). Talvez a mais importante questão aqui levantada. Esta pergunta tem inquietado todo universo filosófico, desde Sócrates que afirmava que “a verdade é o que é”, até o pensamento dialético hegeliano que relativiza a verdade, afirmando que a verdade é subjetiva e que depende da perspectiva da pessoa que vê. Portanto, a verdade para um, pode não ser verdade para outro. “A” pode estar pensando de forma diferente de “B”, e mesmo que suas respostas sejam contraditórias, é possível que ambos estejam dizendo a verdade. Pessoalmente, gostaria muito de ouvir a resposta de Jesus, mas Pilatos, simplesmente levantou a questão e ignorou a resposta, dando de costas a Cristo.

4.       Uma Questão Ontológica – “Donde és tu?” (Jo 19.9). Ontologia é um ramo da filosofia que trata da questão do ser humano. Esta pergunta que Pilatos faz a Cristo, está ligada à sua identidade, origem e natureza. Muitas pessoas da época de Cristo e depois de Cristo, especialmente na patrística, especularam sobre sua origem. Jesus é de fato humano? É de fato divino? As grandes questões teológicas logo após a era apostólica, giravam em torno da discussão da pessoa de Cristo. Dois grandes concílios (Nicéia – 325 e Calcedônia, 491, giraram em torno da pessoa de Jesus). O gnosticismo afirmava que Jesus era apenas Deus, mas não humano; o Arianismo dizia que ele era humano, mas não Deus; O docetismo afirmava que Jesus parecia ser homem, mas era apenas aparência. Ele nunca deixara de ser inteiramente divino, apesar de ter aparência humana. Sua humanidade era aparente.

Diante das questões levantadas por Pilatos, podemos chegar às seguintes conclusões:

A.     Fazer perguntas certas não é suficiente para mudar nossa postura em relação a Cristo As pessoas podem indagar, perguntar, filosofar, conjecturar, estudar, refletir – mas tudo isto não ser suficiente para mexer com a alma humana. Alguns dos grandes tratados sobre Cristo foram feitos por homens eruditos, mas isto não os transformou espiritualmente.

Aqui vemos Pilatos. Indagando e inquirindo. Que resultados isto trouxe para sua alma? Nada! Era mero diletantismo filosófico. Depois de ouvir todas as coisas do próprio Cristo, seu coração ainda era tomado por uma atitude cética e distante. Nem mesmo o recado de sua esposa na hora do tribunal pedindo para que ele não se envolvesse com aquele homem justo, foi capaz de mudar a sentença e o coração de Pilatos. Sua esposa teve uma experiência carismática, ele soube disto, mas desconsiderou.

B.      Podemos questionar com intenções corretas e ainda assim fazer tudo errado – Depois de conversar com Jesus, Pilatos dá o seu veredito: “Não vejo nele crime algum” (Jo.19.4,6). Por duas vezes ele diz a mesma coisa. Que tribunal estranho! Imagine alguém sendo julgado, e o juiz o absolve mas ainda assim o sentencia a ir para a cadeia o resto de sua vida. Não seria estranho? Pilatos não apenas o condena à prisão perpétua, mas para a morte, sabendo de sua inocência.

A Bíblia chega até mesmo a afirmar que “Pilatos procurava soltá-lo” (Jo 19.12). Por que não o fez?

Ele o via como inocente, tinha o poder de libertá-lo, mas mandou açoitá-lo (Jo 19.1); permitiu que fosse ridicularizado (Jo 19.5) e o crucificou (Jo 19.16). Se não considerarmos aqui o propósito de Deus em tudo isto, certamente chegaremos à conclusão de que isto não faz qualquer sentido.

Por que Pilatos tomou (ou não tomou) as decisões necessárias?

i.         Medo de perder a popularidade – Não é muito comum pessoas perderem os céus por causa do desejo de ser aceito e de ser popular. Reputação social, reconhecimento, podem se tornar uma armadilha para a nossa vida.

A Bíblia mostra que José de Arimatéia, o homem importante que solicitou o corpo de Jesus a Pilatos para que pudesse sepultá-lo, era um “discípulo oculto”(Jo 19.38); Jesus afirmou que os homens amaram mais as trevas que a luz, e por isto rejeitaram sua palavra (Jo 3.19). O inferno está cheio de pessoas desejosas de popularidade, cheias de boas intenções, carentes de aceitação pública, que nunca se tornam discípulos de Cristo por medo da rejeição.

Bons sentimentos sem atitudes corretas e decisões corajosas não são suficientes para transformar a vida e salvar a alma. Boas intenções não nos levam a atitudes corretas.

ii.       Medo de perder vantagens – Lembra da lei de Gérson: “Leve vantagem em tudo?” Pilatos barganha sua ética e consciência, sua função e caráter, por medo dos homens. A opinião pública a nosso respeito muitas vezes se torna um peso. Os judeus disseram a Pilatos: “Se soltas a este, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei é contra César (Jo 19.12). Pilatos tinha argumento e autoridade jurídica. Ele sabia que os motivos das acusações eram religiosas. Quando lhe perguntou se era rei, ele afirmou: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus, mas agora, o meu reino não é daqui”(Jo 18.36). Se Pilatos buscava uma resposta adequada para defendê-lo de sedição, esta resposta era mais que suficiente.

iii.      Medo de tomar posição – Talvez a característica mais marcante da personalidade de Pilatos seja sua tentativa de neutralidade. O problema é que não existe neutralidade com Jesus. “Quem comigo não ajunta, espalha”. Este é um risco muito comum das pessoas. Na época do nazismo, pequenos gestos de comprometimento salvaram milhares de vida, mas a maioria da população queria ser neutra em relação à SS. Uma belíssima exceção foi o Rei da Dinamarca, que quando soube que os judeus deveriam ter a marca judaica em suas roupas, ele fez uma marca nas suas vestes reais identificando-se com os judeus e saiu às ruas andando a cavalo. Importante notar que Hitler não conseguiu matar nenhum judeu naquele país.

C.     Podemos ter evidências internas suficientes, mas ainda assim continuarmos insensíveis – Além das evidências externas, Pilatos enfrenta sua própria consciência e as estranhas convicções subjetivas. No meio do julgamento, sua esposa lhe envia um recado perturbador. “Estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mt 27.19).

Curiosamente é a única vez em toda bíblia, que Deus se revela em sonhos a uma mulher. Não sabemos muita coisa a respeito da mulher de Pilatos. A literatura apócrifa, não considerada oficial pela igreja, escrita por Nicodemos, a apresenta com o nome de Cláudia Prócula, neta do imperador César Augusto, convertida ao judaísmo e pertencente à elite das mulheres de Jerusalém, e que, por ser temente a Deus, recebeu a revelação neste sonho.

Pilatos, portanto, precisa lidar com as questões internas, interiores, pertencente ao universal sobrenatural da alma. Ele teve temor ao ouvir a declaração de Jesus de que era Filho de Deus (Jo 19.7). Certamente ouvira falar do seu ministério, atitude, ensino e coerência. Ouvir uma declaração de um homem assim tem peso. Ele sabia dos milagres, estava informado sobre este Jesus de Nazaré. Pilatos possuía evidências exteriores suficientes, mas agora, precisa lidar com os segredos da alma, com a estranha experiência da sua esposa.

Pilatos ficou abalado ao ouvir Jesus explicar a fonte de sua autoridade. “A partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo” (Jo 19.12). O que Jesus lhe falara causou grande impacto. Ele estava convencido da sua inocência e de que não era um louco. Ficou “admirado”, quando Jesus se recusou a defender-se (Mc 15.5). A palavra admiração é forte, traz a ideia de surpresa e comoção, ou, se preferirmos, “assombro”, como a definiu Brennan Manning.

É fácil admitir que o sonho de sua esposa o inquietou, pois isto está registrado no Evangelho de Mateus. Certamente o próprio Pilatos teria comentado com alguém sobre sua perplexidade, e Mateus, que era coletor de impostos, servindo também ao império romano e tinha acesso aos corredores do palácio, foi informado sobre este incidente. Spurgeon afirma: ”Se Pilatos tivesse sonhado ele mesmo esse sonho, não teria sido tão eficaz... enviar uma advertência por meio de sua mulher foi a forma que Deus usou para alcançar sua consciência... O infinitamente sábio está certo. Ele converte uma pessoa de determinada família para que seja missionária para os demais membros...” (Charles Spurgeon, Sermão 1647, O sonho da mulher de Pilatos, Pregado em Newington, Londres, no Tabernáculo Metropolitano, em 26 de fevereiro de 1882).

Conclusão:
E quanto à sua vida, quais são as perguntas da sua alma?

Nicodemos trouxe uma questão a Jesus, mas Jesus afirmou que sua necessidade era de algo muito maior: Novo Nascimento. Tentou enrolar a Jesus, mas foi pego na força de seu próprio argumento;

A Mulher Samaritana suscitou uma questão teológica: Onde se deve adorar a Deus – em Sião ou Gerizim? Jesus demonstra que seu problema era uma sede infinita de Deus, de saciar a alma. Sua procura por vários homens demonstrava a fragilidade do seu coração e a necessidade de um encontro com Deus em espírito e em verdade.

Quantas questões de hoje não estarão ocultando também uma necessidade irrestrita de rendição a Deus? Até quando vamos continuar levantando questões, mas nunca assumindo uma posição de servo e sem nos submetermos a Deus?


Hoje pode ser a hora de uma decisão profunda e séria. Suas questões não serão capazes de transformá-lo se a glória e a reputação humanas ainda forem para você, mas importante que a glória de Deus.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mt 21.15-22 Relação Igreja x Estado



Introdução:

Qual a relação que a Igreja deve manter com o Estado?

Esta é uma pergunta historicamente complexa. Muitas igrejas radicalizam e se tornam políticas na sua essência. Muitas delas participam diretamente da indicação de seus candidatos, e isto é visível em igrejas pentecostais históricas como Assembléia de Deus e Quadrangular, e também nas neo-pentecostais como Comunidade Evangélica e Universal. Estas igrejas levantam bandeiras partidárias, formam o famoso “voto do curral”, e trabalham para eleição de seus representantes, seja por ideologia ou por fisiologismo. São igrejas que entendem que precisam participar não apenas politicamente, mas  de forma também partidária.
Por outro lado, igrejas conhecidas como originárias do “protestantismo de missão”, como metodistas, presbiterianas e batistas, eventualmente possuem candidatos, não saídos numa indicação de uma convenção ou presbitério, mas espontaneamente. Explica-se a atitude de não envolvimento porque quando os missionários fundadores aqui chegaram, por serem muito visados, temiam qualquer envolvimento nas questões locais, e esta herança chegou até nós.
Qual é a postura mais adequada? Envolvimento (até mesmo partidário), ou uma relação de observância?
Pessoalmente enfrento crises muito grandes nesta área. Às vezes me sinto culpado de não participar mais efetivamente, outras vezes, acho que esta é a postura mais correta, já que política e igreja têm uma química altamente explosiva, basta considerar os escândalos que já atingiram a “bancada evangélica” no Congresso Nacional. Futebol, religião e política tem a capacidade de gerar grandes paixões.
Os dois lados trazem riscos:
De um ponto de vista, o risco da alienação e gueto. O não envolvimento pode trazer sérias conseqüências. As coisas acontecem e são dinâmicas, muitas delas exigem um envolvimento maior. Robinson Cavalcante afirmava que por não nos envolvermos, entregamos o “filé mignon” dos recursos do Estado nas mãos de lideranças inescrupulosas. Enquanto nos calamos, decisões pesadas e grandes afrontas quanto à dignidade humana e o caráter de Deus são tomadas. A ausência profética da igreja pode trazer graves conseqüências para uma nação. O exemplo mais recente foi a ascensão do III Reich na Alemanha, quando Hitler recebeu apoio declarado da igreja e carta em branco para estabelecer as estratégias que ele queria tomar, sem perceber quão maligna eram suas estratégias e métodos.
De outro lado, o envolvimento gera também graves distorções. São pastores que em troca de benesses e recursos do Estado, transformam o púlpito de suas igrejas em palanques, levando pessoas descrentes e atéias, e até satanistas para seus púlpitos, que dissimuladamente dizem “Aleluia” e “glória a Deus”, sem nenhum recato.

Qual a visão das Escrituras sobre o assunto? Como a Reforma Protestante enfrentou estes desafios? Um olhar nas Escrituras e na história pode nos ajudar a entender isto.

Reforma
Nos séculos que antecederam a Reforma Protestante, a Igreja não vivia em um vácuo, mas sim em um contexto político e social mais amplo com o qual tinha múltiplas interações. As noções reformadas sobre a ordem política foram inicialmente articuladas por João Calvino.

Calvino expôs as suas idéias sobre o estado no último dos oitenta capítulos de sua obra magna, a Instituição da Religião Cristã. Ele afirmou que a carreira pública era uma das mais nobres funções a que um cristão podia aspirar e deixou claro que os cidadãos tinham o dever de obedecer as leis e honrar os seus magistrados. Os governantes, por sua vez, tinham solenes e graves responsabilidades diante de Deus em relação às pessoas entregues aos seus cuidados.
Curiosamente, a Igreja Presbiteriana no Brasil possui uma tendência histórica de se manter distante das questões políticas, Calvino se opunha aos anabatistas, que desprezavam as instituições políticas e o exercício de cargos públicos como algo indigno de um cristão. Como a maior parte dos protestantes do século XVI, ele era favorável a uma estreita associação entre a igreja e o estado, cada qual respeitando a esfera de atuação do outro.
A teologia protestante e calvinista valorizou a vocação individual, convocado as pessoas a colaborarem na tarefa de governo e administração, a exercer o seu direito de voto e a fazer a sua parte quando convocado para o serviço público. “Os reformados entendem que Deus é o senhor de toda a vida e, portanto, todas as áreas da atividade humana são importantes para o cristão, inclusive a esfera política. Assim sendo, deve-se evitar toda e qualquer dicotomia entre o “sagrado” e o “secular” ou “profano”. Essa convicção tem levado muitos calvinistas a se envolveram com a atividade pública, entendida como um importante serviço prestado a Deus e à coletividade. Dois exemplos notáveis são Woodrow Wilson, presidente da Universidade de Princeton, presidente dos Estados Unidos (1913-1921) e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, e Abraham Kuyper, teólogo e líder político holandês, fundador da Universidade Livre de Amsterdã e primeiro-ministro da Holanda de 1901 a 1905. Embora a separação entre a igreja e o estado seja necessária para a democracia, os reformados entendem que não deve haver um divórcio entre suas convicções ético-religiosas e sua atuação na vida pública”[1].
A doutrina do sacerdócio universal dos crentes, trouxe alguns valores essenciais à Igreja de Cristo:

A. Todas as profissões são santas – Não há dicotomia entre clérigo e atividade “secular”. Existe um mandato cultural (ou social) e todas as atividades, possuem seu caráter sacral. “Quer comais, ou bebais, ou façais qualquer coisa, fazei-o para a glória de Deus” (1 Co 10.31).

B. A Igreja possui uma responsabilidade com a sociedade – Sendo “luz do mundo e sal da terra” é desafiada por Deus a um envolvimento solidário e responsável. A ausência de pessoas que amam a Deus numa sociedade pode ser altamente destrutiva.

Jesus e sua relação com o Estado
Nosso Senhor foi algumas vezes confrontado com esta questão. Nos seus dias as lutas sobre o assunto eram tensas, dois textos aqui de Mateus mostram esta tensão permanente: Mt 17.24-27 e 21.15-22. No mesmo colegiado Jesus chamou Mateus, que era publicano e coletor de impostos, considerado traidor dos judeus por servir a um governo invasor; e Simão, o zelote, que era assim chamado por um grupo nacionalista que estava sempre em confronto com os soldados romanos que dominavam Jerusalém.
Ao ser indagado sobre o comportamento que deveria ter, Jesus estabeleceu alguns princípios e deixou claro até onde tais limites deveriam estar presentes.

1.       A Igreja não pode se desvincular dos problemas de sua história – Neste texto vemos Jesus acossado por herodianos, fariseus e cobradores de impostos, tendo que responder aos dilemas de seus dias. Jesus viveu num vácuo histórico, mas num contexto geográfico e histórico bem específico. Eram dias tensos, nos quais o Império romano dominava a Judéia, e colocava ali governadores biônicos e centuriões para controlar qualquer tentativa de sublevação da ordem. Mesmo numa pequena cidade como Cafarnaum, havia um centurião romano destacado para exercer a função na Galiléia. Jesus e seus discípulos vivem num contexto complicado, com tramas políticas e questões sendo levantadas. Isto nos mostra que a igreja não vive num gueto, mas é provocada e instigada pela sua própria história.

Jesus deixou claro que os seus discípulos deveriam estar participando desta polis. Na sua oração sacerdotal ora ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal”. (Jo 17.15). o distanciamento histórico da igreja pode ser trágico, como na Alemanha. Quando Hitler decidiu lançar seu plano político, convocou a liderança religiosa do seu país, de diferentes denominações, e pediu apoio, recebendo aplausos e sendo apoiado pela igreja, que naturalmente não percebia a armadilha em que foi envolvida. No seu discurso, Hitler afirmou: “Cuidem do céu, que eu cuido da terra”, e sabemos o que aconteceu. A igreja não conseguiu reagir, exceto um pequeno segmento conhecido como igreja confessante, liderada por Bonhoeffer e Niemuller. O restante permaneceu apática e paralisada diante de um poder satânico e dominador.
Pode ser que nos silenciemos muitas vezes por medo, covardia ou indiferença.
No Brasil de hoje, muitas discussões políticas são feitas: Lei da mordaça, discussão sobre aborto, união civil, conceito de família. A igreja precisa entender que é “sal da terra e luz do mundo”, e que deve responder às discussão com conceitos e valores do reino de Deus. M. L. King Jr afirmou que “Deus vai julgar não apenas a maldade dos ímpios, mas o silêncio dos maus”. O silêncio, dizia ele: “legitima a injustiça”.
Jesus não propôs aos seus discípulos um afastamento social e político. Naqueles dias, grupos radicais como os essênios se afastavam da sociedade, mas Jesus nunca deu indicação de que seus discípulos deveriam se afastar e viver no deserto, mas insiste que eles respondam aos desafios humanos e políticos com lucidez, ousadia e temor a Deus.

2.       A Igreja precisa estabelecer os limites de ação de “César”.  Existe uma sutileza retórica na afirmação de Jesus que nunca pode ser esquecida. Ao afirmar “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, ele estava demonstrando que César não pode receber aquilo que Deus pode receber. Na verdade, esta frase seria melhor traduzida assim: “Daí a César – apenas -o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Muitas vezes, imperadores, reis, governadores, “césares”, exigiram da igreja aquilo que só pode ser dado a Deus, porque são prerrogativas de adoração.

Surge então, uma discussão importante: A Igreja pode resistir às autoridades?
Francis Shaeffer afirma no seu livro Manifesto Cristão, que a igreja não apenas pode, mas deve, resistir as autoridades, quando estas exigem aquilo que só pertence a Deus.
Isto é claro, quando os discípulos são convocados pelo sinédrio e proibidos de falar de Jesus. A ordem era clara. O que eles fizeram? Continuaram anunciando a Cristo, com ousadia e destemor. Vemos aqui uma clara realidade de resistência a um poder que exige algo que vai contra a vontade de Deus. Quando tentaram inibi-los, responderam ousadamente: “Julgai se é justo, entre nós e vós, ouvir-vos antes que a Deus”. (At 4.19)
Shaeffer trabalha o conceito de bottom-line, ou linha de divisão. Quando o Estado assume prerrogativas sagradas, proibindo aquilo que Deus ordena e ordenando aquilo que Deus proíbe, estabelece-se a linha de divisão. Neste caso, a igreja precisa se tornar desobediente e resistente. Temos no Brasil um estado laico, que não pode dizer à igreja o que ela crê, quem serão seus membros, nem definir o que é certo e errado. Quando o Estado insiste nesta direção, a igreja precisa dizer não.
Shaeffer vai ainda além. Em alguns casos a igreja precisa fazer uso da força (não da violência). Ela precisa manifestar seu repúdio e se preciso, levantar bandeiras e fazer manifestações. A lógica é simples: governantes temem opiniões públicas. Hoje, no Brasil somos cerca de 60 milhões de evangélicos, e ainda um enorme contingente de católicos, que possuem a mesma visão sobre certos assuntos éticos que pairam sobre o nosso congresso nacional e que precisam ser votados. Precisamos dizer não à tudo aquilo que conspira contra a vida, a família, e à ética cristã-judaica.
Num sistema democrático, minorias não podem decidir e determinar o que deve ou não ser aceito. A maioria decide (por isto é democrático). Sistemas seculares e poderes públicos podem pressionar a igreja, mas ela precisa dizer não, e demonstrar sua força e capacidade de articulação. “importa obedecer a Deus, antes que a vós”.

3.       O cristão precisa ser modelo de cidadão – Nosso chamado é para sermos melhores cidadãos, mais comprometidos, lutando pela paz, justiça social, direitos sociais, correta aplicação dos impostos.
A bancada evangélica cresceu 14% nas eleições de Outubro 2014. Questões complicadas serão votadas pelo Congresso. Nossa esperança é que os representantes sejam exemplos morais e de valores cristãos, lúcidos e engajados, para responder a estas questões. Precisamos dar respostas honestas às perguntas honestas que estão sendo levantadas.
Como cristão precisamos lutar por melhor saúde, segurança e educação, melhor uso dos recursos públicos. Se os atuais representantes não exercem bem sua função, daqui quatro anos teremos novas eleições, e a alternância de poder torna-se uma questão importante nestas áreas. Voto é uma responsabilidade e um direito. Não devemos deixar de votar, de forma consciente e madura. Em muitos países os cidadãos dariam tudo para poder expressar o que querem, e não podem.
No campo particular, precisamos ser sal e luz do mundo. Num contexto de corrupção generalizada, criou-se uma estrutura de corruptos e corruptores, bastante atraente. Muitos se deixam levar pelo lucro fácil, pelo trafico de influência, e vendem sua alma por uma viagem, um carro, alguns dólares. Trocam seu direito de primogenitura por um mero prato de sopa de lentilha. Perdem sua consciência, negociam sua fé, desonram sua família, empobrecem seu país e desprezam o seu Deus.

4.       O cristão deve orar por sua nação – Uma das armas mais poderosas tem sido esquecida pela igreja de Cristo: A Importância da oração.
Pergunte a você mesmo se você tem sido um intercessor.
Ray Bakke, numa pesquisa feita sobre missão urbana, em diferentes países, descobriu que não havia na igreja, pessoas que estavam intencionalmente intercedendo pela sua cidade. Oramos por nossos problemas pessoais, mas não oramos pela nossa pátria. Nossas orações perderam foco e objetividade, tornando-se cada vez mais intimistas, subjetivistas, pessoais e superficiais. Falta clamor a favor do povo.
A recomendação bíblica não pode ser esquecida:
Antes de tudo, pois, exorto que se usa a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador” (1 Tm 2.1-3).
Em Apocalipse vemos como os poderes políticos e terrenos estão profundamente mesclados com a filosofia da besta e do anticristo (Ap 17.13,17) Por seguirem a besta e concentrarem todas as suas energias na promoção deste poder maligno, oferecem-lhe o poder e a autoridade (17:13) e doam-lhe o reino que possuem (17:17), são por sua natureza intrínseca, comprometidas com a besta e opostas ao Cordeiro. Por isto “pelejarão contra o Cordeiro” (17.14). Os poderes políticos não são descritos em apocalipse como “neutros”, mas estruturas sistêmicas que promovem a besta. Babilônia está muito associada à besta, a cidade está “montada numa besta” (Ap 17.3).  Isto é, sua estrutura está fundada na filosofia e no projeto da besta. Roma, com seus poderes constituídos, com os dez chifres, representa o movimento perseguidor da igreja de Cristo durante a história, personificada em sucessivos impérios mundiais.
Em Ezequiel há um profundo lamento de Deus em relação ao seu povo: “Busquei entre eles, um homem, que se pusesse na brecha, a favor deste povo, e não achei” (Ez 22.30). Deus afirma que falta ao seu povo clamor, súplicas e intercessões a favor das nações e sistemas corrompidos. Falta alguém na brecha, alguém intercedendo. Quem quer ocupar esta função?

Conclusão:

Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Cuidado para não dar a César aquilo que é Deus a César, apenas o que é de César. Culto, adoração, glória pertencem a Deus. “Só ao Senhor adorarás e só a Ele darás culto”. Os reinos deste mundo passarão, mas a glória de Deus, e do seu Cristo, subsistirão de Eternidade a Eternidade. Ele é o Alfa e o Ômega, princípio e o fim. Cidadãos engajados, conscientes e íntegros, glorificam a Deus com seus atos e promovem sua nação.






[1] Matos, Aldery – Calvinismo e Política –  http://www.mackenzie.com.br/7075.html