segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ap 12.7-12 Festa no céu!!!



Introdução:

Este texto descreve os céus em festa. De uma forma triunfante e enfática nos é dito que “Houve batalha no céu. Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão e seus anjos e…não se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo mundo, e, com ele, os seus anjos”. (12:7-9)
Temos aqui uma situação ímpar. Tem festa no céu, mas as coisas se complicam na terra. O acusador é expulso dos céus, mas o seu destino, o seu exílio, o seu novo endereço, passa a ser a terra. E não vem só, antes encontra-se acompanhado de uma miríade de seus anjos, cheios de grande cólera.
O texto focaliza o júbilo na esfera celestial, mas revela que a terra encontra-se profundamente ameaçada. “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco templo lhe resta”. (12:12)

A atuação de Satanás 
Antes de entrarmos na análise e implicações que este texto deseja nos demonstrar, é interessante verificarmos que este texto nos fala mais sobre a atuação de Satanás que qualquer outro texto das Escrituras. E é descrito aqui da seguintes formas:
1.   Satanás é descrito como um ser Poderoso - O dragão, é símbolo, protótipo da destruição e do caos. Ele surge com a aparência de um destruidor, que “arrasta a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra” vs. 4  A dimensão da catástrofe revela seu poder. Ele arrasta um terço das estrelas do céu, apenas com sua cauda, isto revela sua força sobrenatural.

2.   Satanás é descrito como alguém cujo objetivo é dividir - O termo “diabo” 12:9 revela o seu caráter e sua missão. diabolos, a palavra no grego que traduzimos por diabo, significa literalmente aquele que separa, causa ruptura, um ser que por definição divide. Ele é sempre alguém que causa divisão entre o homem e Deus, entre o homem e si mesmo, entre o homem e seu próximo, entre o homem e a natureza, as guerras, os ódios, as comunidades. Seu objetivo é separar e desunir os homens. Em toda divisão e quebra de unidade, ainda que não possamos demonizar nossos processos históricos, nem responsabilizar o diabo por tudo, podemos estar certos de que existe uma atitude diabólica.

3.   Satanás é apresentado como um enganador - Ele é descrito aqui também como “o sedutor de todo o mundo” vs. 9 Sedução é obra de Satanás! Sedução tem a ver com o engodo, com a isca, com a operação do erro. Satanás enreda, atrai, seduz, fascina, nos leva a crer que verdades são mentiras e mentiras são verdades. Torna o amargo doce e o doce amargo. Inverte os valores e nos traz a morte. Por se tratar de sedução, significa que somos levados por ele a algo que nos atrai, nos cativa.

Veja esta descrição de Max Lucado:
“Então, ele aponta seus dardos para seu ponto mais fraco e…
na mosca! você perde a calma, cobiça. Cai e se arrasta. Toma uma bebida, beija uma mulher. Segue a multidão. Racionaliza. Diz “sim”. Assina o seu nome. Esquece-se de quem você é. Entra no quarto dela, olha para a janela, quebra sua promessa. Compra a revista, mente, deseja. Bate o pé e segue seu próprio caminho.
Você nega seu mestre.”[1]

A luta no Paraíso foi toda construida sobre a sedução. Toda sedução inclui senso de "belo" e do "prazer". Você não é seduzido pelo feio, pela dor. Por isto a Bíblia demonstra que  satanás se transforma em anjo de luz. Não queremos com isto dizer que "o belo", e o "prazer", sejam demoníacos em si mesmos. Aliás, tudo que Deus fez é belo, e sua vontade repleta de prazer, pois é "boa, agradável e perfeita". Em Rm. 12:9 o diabo é descrito como sedutor (atrai, deslumbra, fascina). A sedução possui um elemento quase irresistível de atração. Esta é sua grande arma, usando elementos como o poder, a fama e o dinheiro para atrair e engodar os seres humanos.

4.   Satanás é demonstrado como o acusador - “Foi expulso o acusador de nossos irmãos”. Vs. 10 - Os céus se sentem aliviado quando ele é atirado para a terra, e a  razão declarada de tanta alegria na terra, é porque foi expulso do meio deles o acusador dos irmãos. A Igreja, triunfante e militante, nos é apresentada aqui como co-participante deste grande projeto de Deus de consumar a obra de destruir o inimigo de nossas almas, a saber, Satanás. Os irmãos nossos, que já desfrutam do gozo celestial, celebram esta vitória da Igreja.

5.   Satanás é descrito como adversário - Na verdade, “Satanás” é a transliteração da Palavra que em hebraico significa,  “adversário”. Todo este texto o retrata como um ser que se coloca contra o Filho, que persegue a igreja, que quer destruir as obras de Deus e que vai “pelejar com os restantes da sua descendência” (referindo-se à igreja). 12:17 Satanás é e sempre será adversário. A Bíblia diz que o diabo é o “inimigo de nossas almas”.

Ele é forte opositor do plano de Deus e de sua vontade. O texto nos mostra sempre um campo de batalha: Miguel luta contra o dragão. Satanás é descrito sempre lutando contra a Igreja. A concepção neo-testamentária é sempre permeada com a idéia de seres angelicais, demônios e espíritos que atuam nas regiões celestiais. “Nossa luta não é contra carne e sangue, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. Ef.6:12  Satanás é o adversário, opositor, que se levanta contra Deus e seu povo. Esta compreensão teológica corre o risco de gerar um dualismo filosófico do mal Bem-mal, imaginando o mundo onde existem duas forças iguais e contrárias,  com igual chance de vencer. Aliás, nos desenhos animados, há sempre esta sugestão maniqueísta, embora o mar seja quase sempre derrotado, ele o é apenas temporariamente. Na Bíblia, a derrota do mal é definitiva, o mal é aparentemente vitorioso, mas sua derrota é definitiva e selada.

6.   Satanás é ainda descrito como alguém que fará todos os esforços para impedir que Jesus possa executar seus propósitos - Ele é por sua natureza, oposto a tudo quanto Deus intenta fazer, Seu propósito é destruir, confundir, enfraquecer e retirar a efetividade da  obra de Deus. Apenas neste texto, o diabo, acintosamente se põe na espreita para destruir Jesus e a mulher por duas vezes: Na primeira, quando se deteve “em frente à mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse”. (Vs. 4)  Na outra quando persegue furiosamente a mulher arrojando de sua boca, água como rio para que ela fosse arrebatada pelas águas e a terra, criação de Deus, miraculosamente reage, abrindo sua boca e engolindo o rio. Vs. 13-16
7.   Por ser adversário, Satanás é também descrito, apesar de todo seu poder e força, como alguém derrotado – O texto afirma que Satanás sabe, antecipadamente, que “pouco tempo lhe resta” (12:12), e por esta razão, ele desce até a terra, “cheio de grande cólera”. O destino de Satanás tem sido traçado desde os tempos eternos. Existem dois textos que nos falam da queda de Lúcifer, não sabemos ao certo se este texto de Apocalipse relaciona-se com os mesmos ou não, mas há fortes indícios que assim seja. Ez.28 e Is.14

Como se dá a derrota de Satanás? Este texto descreve que várias frentes são usadas por Deus para destruir definitivamente o diabo:
i.     O exército dos céus há de derrotar os demônios subordinados ao diabo - 12:7-9 Este texto demonstra a participação de Miguel e os seus anjos na luta contra Satanás. Esta profecia se relaciona a um outro texto escatológico descrito em Daniel 12:1 que diz: “Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos de teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naqueles tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro”.
A Bíblia descreve uma multidão de anjos celestiais nos céus: serafins, querubins, arcanjos, criaturas celestiais e outra centena de anjos ao redor do trono, mensageiros celestiais e guerreiros e descreve nos céus, a presença também de anjos caídos. Apenas poucos anjos são conhecidos pelo nome, de acordo com a Bíblia. O arcanjo Miguel e Lúcifer são dois dos mais poderosos seres angelicais criados por Deus.
Os anjos também estão formados em torno de estruturas hierárquicas, o universo espiritual está formado em tornos de poderes, entidades, principados, potestades, domínios, espíritos em prisão, espíritos imundos, etc.
Este texto relata uma grande batalha angelical. Mas o texto revela também que eles não prevaleceram e que eles foram expulso dos céus e atirados para a terra. 12:9 e por isto os céus celebram com “grande voz, proclamando…” 12:10
ii.    A vitória está centrada na autoridade de Cristo e de seu sangue derramado - “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro”. 12:11 Temos que pensar em algumas revelações surpreendentes que este texto nos traz. A primeira delas é que os anjos venceram satanás por causa do sangue do Cordeiro. 12:11 Isto significa, que sem derramamento de sangue não há vitória, nem se esta batalha for comandada pelos anjos. Os anjos agem e lutam com base no sangue do Cordeiro. É o sangue do Cordeiro a melhor arma, para os anjos e para nós.  A cruz é essencial na batalha contra o diabo. Foi na cruz que ele obteve a vitória para nós, tirando de nós toda a culpa  e condenação que havia sobre nós e nos libertou. Provavelmente esta seja uma referência aos redimidos, que agora participam da glória celestial, e que dependeram do sangue do Cordeiro para chegarem ao trono da graça de Deus. A vitória deles, como a nossa, repousa na expiação que Jesus realizou na cruz, pois “sem derramamento de sangue, não há expiação de pecados”. Hb. 9:22
A cruz é o lugar de decisão. A cruz é ponto zênite da raça humana. Foi na cruz que ele retirou o escrito da dívida que era contra nós. Tira de nós o jugo, o peso de nossos pecados. Foi na cruz que ele nos trouxe a liberdade que nos condenava a morte, ao peso de nossos pecados e ao inferno. Mas foi também na cruz que triunfou sobre as potestades e sobre os principados, expondo-os ao desprezo. Ridicularizando de sua suposta força. Esta cruz é o lugar da graça de Deus para nós, humanos. Portanto, olhem para a cruz de Cristo. Ela é o ápice do projeto de Deus.
iii.  Venceram por causa da palavra do testemunho - A vitória de Cristo realizada na cruz, continua na obediência que o crente presta a Deus. Esta obediência é expressa no fato que sustentam a palavra do testemunho e no fato de que, mesmo em face da morte, não amaram a sua própria vida. (Vs. 11) O que significa a “palavra do testemunho?” É o testemunho acerca da salvação, do poder de Cristo para salvar. É o testemunho daqueles que conheceram o amor de Deus na sua própria experiência. Este testemunho é tão veemente que as pessoas não se preocupam se serão mártires ou não. Estão prontos para selar o seu testemunho com o sangue. O dragão sai para guerrear contra os descendentes da mulher, mas os remidos pelo sangue do Cordeiro não o temem, estão armados com o sangue e com o testemunho e prontos para participar deste conflito.
            Como povo de Deus, muitas vezes não sustentamos o testemunho da Palavra, nos tornamos um povo que facilmente se distraí em relação à palavra de Deus. Não guardamos o testemunho. A obra ainda está sendo feita, apesar de já ter sido consumada na cruz. Agora, pela fidelidade do povo que segue a Deus.

"Festejai, oh céus!!!" (12:12)
Excetuando o livro de Salmos, qual outro livro fala tanto de louvor e júbilo? Apesar do drama cósmico que é descrito neste livro, ele é antes de tudo, um hino de louvor. Aliás, existem várias cânticos baseados no livro de Apocalipse, gostaria de sugerir que um música fizesse alguma cantata baseada no livro de Apocalipse, usando estes velhos cânticos de compositores latinos.
A motivação para o louvor no livros de Salmos tem razões distintas. O livro de Salmos era o cancioneiro judaico, todas as músicas eram fruto das vitórias pessoais obtidas diante dos inimigos, ou revelavam a dor e o espanto diante do inesperado e da angústia, acompanhados de clamor por livramento. Muitos cânticos falam de vitória individuais sobre a dúvida, o medo, a ansiedade e a angústia. Os cânticos de Apocalipse, porém, possuem uma dimensão mais abrangente, macrocósmica: A vitória do Cordeiro, o perdão dos pecados e a derrota de  satanás.
Em apoc. 4, a glória é dada porque o trono de Deus e sua majestade são declaradas.
No cap. 5, porque o Cordeiro abriu o livro selado que ninguém podia abrir.
No capítulo 12, existe cântico porque Miguel e seus anjos prevalecem e o diabo e seus anjos são expulsos e não se achou mais lugar para eles no céu.

Louvor e Júbilo
Louvor é uma proclamação de um grande feito, uma música de vitória. É um cântico de alegria. "Aleluia! Alegremo-nos, exultemos". (19:3,7)  Há festa, há entusiasmo, há vitória!  Que diferença entre os cânticos de apoc. e nosso cânticos congregacionais que na maioria das vezes está mais para réquiem que para alegratto. Nossos cânticos precisam de exultação. João descreve o cântico no Apocalipse como "grande voz do céu, proclamando" (12:10). O ambiente é de muita festa!

A razão deste grande louvor é revelada nos vs. 10 a 13. Louvam a Deus por não serem mais subordinados às intermináveis acusações do diabo“Foi expulso o acusador de nossos irmãos”. (12:10) Esta deve ser uma das grandes razões do nosso louvor: Deus nos absolveu do pecado e da culpa, retirou de nós o peso da acusação e nos tornou livres do tom inquisitorial e opressor do diabo.
Satanás exerce um papel fundamental sobre nossas culpas e amarras da consciência. “O problema básico da espécie humana consiste em pecado e culpa – culpa moral mesmo, não apenas sentimentos culposos; e pecado moral mesmo, porque pecamos contra o Deus que existe de fato, o Deus que é santo”[2]. Satanás usa estes pecados reais para tirar de nós a alegria interior, a paz espiritual e a benção da redenção. Ele nos rouba a alegria da salvação, nos acusa duramente contra nossa natureza caída. Se do ponto de vista psicológico ele bombardeia a nossa consciência, fazendo-nos sentir extremamente pesados e impotentes, na esfera celestial ele nos acusa diante do Pai, dia e noite.
Os céus agora estão em júbilo, porque não há mais acusação, foi retirado o dedo acusador, que acusava os irmãos de dia e de noite . A obra de promotoria do diabo não afetava apenas seres humanos, carregados de culpa, mas era algo que fazia os seres angelicais se sentirem tristes por isto. O pecado nos atinge individualmente mas possui uma dimensão cósmica.
Toda acusação foi desfeita na cruz. Jesus rasgou o escrito da dívida que era contra nós. Tudo repousa na obra que Ele realizou na cruz. Nada repousa em nós. Toda vitória real em minha vida, não pode ser minha vitória, mas é sempre vitória de Cristo. Nunca se deve às minhas obras ou a minha santidade, mas à obra e à santidade de Jesus. Não há nenhuma santificação verdadeira em mim mesmo.
Somos uma geração da culpa, vivemos acuados diante de nossas culpas reais e imaginárias. Por mais que a sociedade tente relativizar nossos pecados, ou afirme que nossos pecados não são reais, somos seres morais e sabemos de nossa culpa e vergonha. O nosso coração nos acusa, a Palavra de Deus nos confirma nossa pecaminosidade. Por mais que saibamos do alcance da redenção que foi realizada na cruz, ainda temos sido vitimados por uma péssima compreensão da doutrina da justificação pela graça. Vivemos num inferno de acusações e culpas. Sem dúvida, este é o método mais mais eficaz de Satanás para nos desestabilizar emocional e espiritualmente. Somos acusados de maus crentes, de pecados já perdoados, de culpas imaginárias. Ele cria em nós um sentimento de infelicidade constante por erros cometidos no passado. Muitos vivem num inferno constante de acusações, dando ouvidos ao diabo. Sendo ele o acusador, sua arma mais forte é a culpa. Ele quer impedir  que tomemos posse das promessas de perdão que Deus faz, ele nos faz ignorar a graça que concedida na cruz. Ele nos torne ainda culpado de pecados já perdoados. Ele acusa não apenas uns aos outros, mas também nossa alma diante de Deus, dia e noite, na expectativa de que vivemos sob o espectro da culpa.

Por isto este texto possui esta forte nota de triunfo. Festejai o céus ! Deus, em Cristo, quebrou todo círculo da vergonha e culpa, e nos absolveu. O diabo foi expulso do céu, e em seu lugar foi posto “Um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não apenas pelos nossos próprios, mas pelos do mundo inteiro”. (I Jó.2:1,2). Quem participa desta revelação, tem motivos de sobra para a alegria. Aproximemo-nos das bodas, compreendendo que fomos absolvidos, não por obras de Justiça que tenhamos feito, mas pelo precioso sangue do Cordeiro. Somos convidados a participar desta grande festa celebrativa. Ainda há muito lugar. O rei deseja que todos participem. Vinde, festejamos a vitória do Cordeiro !



[1] Wilkinson, Bruce H. Editor Geral - artigo: “Bueiros abertos e buracos repentinos”, Max Lucado, in Vitória sobre a Tentação,  São Paulo, Ed. Mundo Cristão, 2a. edição, 1999, pgs. 107-110
[2] . Schaeffer, Francis A. – Verdadeira espiritualidade, São Paulo, Ed. Fiel, 1989, pg. 109

Nenhum comentário:

Postar um comentário