sábado, 5 de março de 2016

Ef 1.3-14 Bençãos Espirituais

Este é um texto de adoração e louvor. A maioria dos comentaristas concorda que este 12 versículos compõem uma doxologia, que era um cântico comunitário, cantado pela igreja primitiva. John Stott afirma que no grego estes 12 vs. formam um parágrafo complexo, que possui uma unidade profundamente interligada, apresentando o plano divino da salvação e cada sentença deve ser lida cuidadosamente, porque cada uma destas afirmações abre um leque maravilhoso de reflexão sobre o plano de redenção e o projeto de Deus para a humanidade, que foi realizado em Cristo.

É um texto muito especial para os reformadores. Alguns deles gastaram longo tempo refletindo sobre os conceitos aqui presentes:

-Calvino (Genebra). Pregou 148 sermões na carta aos Efésios, começando dia primeiro de Maio de 1558.

-Martin Lloyd Jones, (Capela de Westminster, Londres) Pregou 50 sermões entre 1954-55 analisando a referida carta.

A síntese do texto é chamada de "A divina economia", já que discorre praticamente sobre todo o tema da redenção, por isto não podemos pensar irrefletidamente sobre este texto.

Esta perícope possui três linhas de pensamento:

1 De eternidade a eternidade, Deus opera todas as coisas dentro de um plano perfeito. Isto inclui o tempo presente, agonias e alegrias.

2 Tal propósito encontra-se dentro de uma economia trinitariana, as três pessoas da Trindade estão aqui presentes:

O Pai Planeja - (a fonte

O Filho executa

O Espírito Santo aplica (Selo - Ef 1.13).

3 O propósito de Deus em criar o homem: Exaltar a sua graça.

O texto inicia com uma adoração: "Bendito" (grego: eulogetos). Muitos afirmam que não gostam de textos doutrinários e teológicos, por serem acadêmicos e pouco prático. No entanto, o grande problema atual é a falta de entendimento e conhecimento espiritual. Quando não temos compreensão da obra de Cristo, nossa espiritualidade se torna superficial e vazia.

Louvor é reconhecimento, tem a ver com gratidão. Por que louvar a Deus? Isto só acontece quando temos razões claras.

M.L.Jones: "Louvor é realmente o objeto chefe de nossos atos públicos. Louvor não é repetir frases mecânicas. Não deveríamos vir à casa de Deus meramente para encontrar bençãos ou simplesmente ouvir sermões, mas adorar a Deus".

Por esta razão, louvor precisa estar fundamentado em algo sólido. existe uma grande necessidade de conhecermos o caráter e a obra de Deus, para podermos louvá-lo. quanto menos você souber de Deus, menos você o louvará. Por isto o apóstolo Paulo ora de forma tão profunda pela igreja (Ef 1.15-23). Quanto mais alicerçados estivermos na obra de Cristo, mais encantados estaremos com sua graça e mais genuine e profundo será nosso louvor. Se entendermos o privilégio deste grande chamado, certamente haverá louvor em nosso coração.

Por esta razão todo louvor deve ser feito, com espírito (emoção) e com a mente (inteligência), como nos ensina 1 Co 14.15, bem como com arte e júbilo (Sl 33.3).

Este texto nos fala das bençãos de Deus.

1 A fonte das bênçãos – “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado”. (Ef 1.3). Deus é a fonte de todas as bençãos. Por isto o objeto do louvor bíblico é sempre a exaltação de Deus Pai.

2 A constância das bençãos - "Nos tem abençoado". O tempo da bençãos é atual e contínuo. Suas bençãos não tem fim, renovam-se cada manhã. Ele sempre nos tem abençoado. Mesmo que você não reconheça isto. Francis Shaeffer afirma que o maior dilema do ímpio é assentar-se à mesa tendo o alimento dado por Deus e não conseguir agradecê-lo por isto.

3 O tipo de bençãos : “toda sorte de bençãos espirituais”. A Bíblia é bem específica em demonstrar que a maior benção que temos não são materiais como a saúde, bens e dinheiro, que são temporais, mas as que tem implicações eternas. 

Estas bencaos espirituais são distintivas da nova aliança. É provável que haja aqui um contraste intencional com o AT, cujas bençãos eram notadamente materiais (Dt 28.1-14). Embora Jesus tenha promeitdo bençãos materiais como o sustento, a roupa, a comida (Mt 6.25-33), esta adição "espiritual" é fundamental. Hodge afirma que elas "são espirituais não apenas por pertencerem à alma, mas sim, por derivarem do Espírito Santo, cuja presença e influência são a grande benção outorgada por Cristo" (Hodge, pg. 28). As bençãos distintivas da nova aliança são espirituais, não materiais.

4 Como as recebemos? Em Cristo.
É importante observar que as recebemos "em Cristo", não "por Cristo". Qual a diferença? Elas acontecem quando temos um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Todas as grandes bençãos espirituais nos são outorgadas quando nascemos de novo, e Cristo vem morar em nosso coração, pelo Espírito Santo. É importante observar na Bíblia quantas vezes aparece a frase “em Cristo”. Observe apenas neste texto, quantas bençãos espirituais recebemos quando ele vive em nós.

-Em Cristo, ele nos escolheu antes da fundação do mundo (Ef 1.4).
-Fomos predestinados em amor, em Cristo (Ef 1.5)
-Fomos adotados por meio de Jesus (Ef 1.5)
-Por meio do seu sangue, temos a redenção (Ef 1.7).
-Quando cremos em Cristo, somos selados com o Espírito Santo (Ef 1.13-14)

5 Esfera das bençãos: "Nas regiões celestiais" (Ef 1.3). Nenhuma localização geográfica é subtendida. Esta expressão "regiões celestes" em Efésios aponta para vários sentidos.

-Esta é a esfera na qual os principados atuam (Ef 3.10; 6.12)
-Esta é a esfera do reinado supremo de Cristo (Ef 1.20; 2.6)
-Esta é a esfera em que Deus nos abençoa (Ef 1.3).

Conclusão:
Este texto nos induz a pensar de forma objetiva e prática. Se Deus tem tanta coisa maravilhosa, como podemos receber tais bençãos espirituais?

A Aceitando o presente que Ele tem dado- "tendo nele também crido” (Ef 1.13). Podemos ouvir a Palavra da verdade, o evangelho da salvação, mas não crermos. Por isto a Bíblia nos exorta a “não receber em vão a graça de Deus" (2 Co 6.1).
É possível ouvir o Evangelho com clareza, mas rejeitar sua oferta de amor e doação. Como na história do homem que por três anos frequentou regularmente uma igreja, mas nunca tomava uma decisão de assumir um compromisso com Cristo e se batizar. Um dia o pastor lhe perguntou porque, e ele disse que não cria em nada que o pastor dizia. E o pastor, sem entender, lhe perguntou porque ele ainda vinha a igreja se não cria em nada daquilo. O homem respondeu: “porque eu não creio, mas gosto de ouvir pregação de pessoas que realmente creem naquilo que pregam”.

O fato é que a fé do pregador, do seu amigo, seu cônjuge, não é suficiente para você. É necessário tomar uma posição firme com as verdades do Evangelho.

B Vivendo em atitude de louvor (Ef 1.3,6). O que Deus deseja e espera de nós? O vs. 12 afirma: “a fim de sermos para louvor da glória de sua graça, nós, os que de antemão esperamos em Cristo. Que resposta devo dar? Como responder à sua graça e por tamanha benção? Nada é tão fundamental quanto uma atitude de um coração grato, de verdadeiro adorador, que já foi impactado com a maravilhosa graça de Deus e se rendeu a ela.

O autor aos hebreus afirma: “por meio de Jesus, pois, ofereçamos sempre a Deus, sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15).

Todas religiões têm grande fascínio por sacrifícios. Parece que quanto mais sacrificial for a exigência de determinada religião, mais as pessoas se sentem prontas a um envolvimento. É como se fosse uma espécie de catarse: Grandes doações libertariam as pessoas de grandes culpas e as justificariam diante de Deus. A base de tais práticas é a justiça própria, mas fazem sentido no coração das pessoas: romarias, auto flagelação, auto punição, privações, auto punição, oferendas de animais, rituais secretos, etc.

Mas em Hb 13.15 ouvimos falar do sacrifício sacrifício de louvor. Este sim, agrada a Deus. Dr Russel Shedd afirma que tais sacrifícios são ações de graça” (Sl 37.4). É o tipo de relação que não possui uma agenda por trás. Não é uma relação de troca, de barganha, de conveniência, mas fundamentada na pura graça de Deus. Este é o sacrifício da gratidão, do muito obrigado, marcado pela compreensão da relação que o pecador, agora redimido, tem com aquele que morreu na cruz para perdoar seus pecados.

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