Introdução:
Ao lado de Boston,
existe uma famosa cidade chamada Salem. Esta cidade é chamada “a cidade das
bruxas”. Alguns pregadores do Evangelho nesta região têm afirmado que existem
cerca de 2.000 bruxos morando naquela área. Bruxaria, turismo e folclore se
confundem em torno deste temática. Ali existe o museu das bruxas no centro da
cidade e na época do Halloween, tradicional festa americana, chamada “dia das
bruxas”, a cidade fervilha de pessoas com máscaras e fantasias, todas em torno
desta idéia de bruxaria.
Seria Salem de fato
uma cidade maldita? Seria ali de fato uma das centrais de operação do diabo?
Se existe alguma
dúvida em relação à cidade de Salem ser uma cidade satânica, o mesmo não se dá
com Pérgamo. Jesus afirma que ela era a base, o quartel general de uma operação
desencadeada pelo diabo no mundo antigo. Jesus afirma que ali era o “trono” de
Satanás. O termo Pérgamo vem de Pergaminho. Ali se instala a sede de satanás (1.13).
Lugar que era o centro do culto ao imperador. O termo Kaloiken (instalar,
ficar) é oposto a Paroiken (estrangeiro, peregrino). A Igreja estabelece-se num
lugar que não lhe pertence. A igreja passa a penetrar um território no qual
Satanás transformou em um seu reduto particular e firmou as suas estacas.
Por que aquele lugar era chamado de “trono de
Satanás?”.
Várias hipóteses são
levantadas pelos comentários quanto a isto:
a. Como cidade imperial,
lá estava o mais antigo templo dedicado à prática da religião do Estado, que
era a adoração aos imperadores. O imperador é ali declarado Deus, obviamente
era particularmente hostil à fé cristã. O poder de Roma era satanicamente
poderoso. Este culto era chamado "trono de satanás".
b. Para Hendriksen,
trata-se de um templo dedicado a Escolápio (ou Asclépio), o deus serpente das
curas, cujo colégio sacerdotal era famoso. Era conhecido como "o deus da
sanidade", cujo símbolo era a serpente (satanás). O emblema de Asclépios
era a serpente (evocava a idéia de um culto satânico).
c. No
ano 240 AC ,
Pérgamo ganhou uma importante guerra contra os gauleses. Em memória construíram
um grande altar de 40 pés
de altura, onde se queimavam incensos durante todo o dia.
O Povo de Deus resolve
fazer missão neste lugar hostil, reconhecendo a chamada missionária. Ali,
naquele contexto antievangélico surge uma igreja para ministrar, no meio de uma
cidade supersticiosa, idólatra e dominada por forças malignas. Satanás se opõe
fortemente àquela igreja. Plantar uma igreja fiel dentro de um território
dominado pelo paganismo é uma das melhores formas de confrontar os poderes das
trevas e estabelecer o Reino de Deus. Satanás, contudo, contra ataca, usando as
suas mais poderosas armas. Eis algumas delas:
As armas do diabo contra a Igreja de Cristo
1.
Ameaça
contra a integridade física – Este tipo de arma tem sido sempre usado
por Satanás para inibir o avanço da mensagem de salvação. Antipas fora morto
naquela cidade por recusar a negar a sua fé. Muita igreja
tem sido ameaçada na história. Pastores foram executados, templos foram
queimados, fiéis foram dispersos e espoliado de seus bens. Mas quase sempre
isto tem se tornado o húmus para o progresso do Evangelho e para a pregação
ousada das Boas Novas. Antipas fora morto por sua fé, isto ameaçou a integridade
física da igreja, gerou medo, mas a igreja de Pérgamo é louvada pelo seu
Senhor. Aleluia!
2.
Sincretismo
religioso – 2:14 “A referência a Balaão e aos Nicolaítas nos
mostra que existia uma controvérsia em Pérgamo, como houve em Éfeso sobre quais
eram os líderes que tinham autoridade e qual era o autêntico ensino sobre a
vida cristã”[1].
A velha e eficaz fórmula de sincretismo e quebra dos padrões morais utilizada
por Balaão, é aqui usada. Nem sempre o diabo é criativo, mas ele é sempre
perseverante nas suas táticas. A estratégia deste homem místico e pagão é
descrita entre os capítulos 23-25 de Números.
Aqui em Pérgamo. Como Satanás
não obteve vitória com a perseguição e o martírio sobre aquela fiel igreja,
resolveu colocar gente herética dentro dela. Que força pode ser mais destrutiva
contra o Povo de Deus que a sua própria infidelidade?
As ameaças do diabo
não podem te destruir, mas infidelidade sim...
A grande ameaça contra
a igreja é a infidelidade. Devemos temer a nossa cobiça, porque somos tentados
por ela, e depois que ela é concebida, uma vez consumada, gera a morte. Esta cobiça tem o poder de nos
atrair e seduzir (Tg 1.14-15) e o diabo acha a brecha por meio destas coisas e
destrói aquilo que Deus está fazendo em nós. Quando pecamos abrimos brechas, damos espaço
a Satanás para nos desviar do Senhor. Esta é uma grande arma do diabo. A arma
da infiltração, da confusão, usada para fazer o povo ficar confuso em relação
ao projeto de Deus para a humanidade.
3. Heresias – A doutrina dos
Nicolaítas é mencionada no texto. Provavelmente foi fundada por Nicolau, um dos
diáconos da Igreja Primitiva e prosélito de Antioquia. (At 6.5). Esta corrente teológica penetrou
amplamente na Igreja e era caracterizada pela indulgência moral (Ap 2.15). A
heresia surge a partir da comunidade. A Igreja tem o incrível poder de gerar
heresias...Heresias são desvios históricos que levam tempo para se solidificar,
são feitos lentamente, em fogo brando, até matar a Igreja. O pecado desta
igreja era a tolerância com a heresia, enquanto Éfeso tinha uma atitude morna
quanto aos afetos, mas era firme na ortodoxia.
O que motiva a Igreja a permanecer firme?
1.
A lembrança de que o Senhor não
está alheio à vida da igreja – “Ele passeia no meio dos candeeiros”. (2:13) O povo cristão tem a
convicção de que seu Deus “conhece” a
dura realidade que enfrenta; Jesus diz aqui “Conheço o lugar em que habitas”.
2.
Ter consciência do tipo de solo
que estamos pisando – O solo determina o tipo de
semente que temos que jogar na terra. Terreno arenoso é ótimo para plantação de
coco, mas não de hortaliças. Pérgamo, pela sua situação geográfica, precisava
de um ministério de confrontação espiritual mais que as outras igrejas; Esta
igreja está plantada no terreno em que o diabo “habita” e estabeleceu seu trono
(2:13). Esta era uma referência clara ao fato de que Pérgamo era o centro do
Culto ao Imperador, e a Igreja iria sempre se opor a isto e, conseqüentemente,
sofrer dura oposição.
Chamamos isto de
consciência missionária, os teólogos preferem o termo “mandato cultural”.
Entender onde estamos, e o que estamos fazendo… Qual é o solo do meu campo
ministerial ou da cidade onde você está plantado? Robert C. Linthicum levanta
uma interessante questão em seu livro: “Como as Escrituras vêem minha cidade?”[2] Para ele, uma afirmação poderia sintetizar o
pensamento bíblico sobre este assunto: “A
cidade é o lugar de uma grande e contínua batalha entre o Deus de Israel e/ou a
Igreja, e o Deus do mundo”. [3] Linthicum enfatiza a necessidade de vermos a
cidade não só como um projeto solitário de salvação individual, mas vermos a
cidade, estruturalmente como um lugar que precisa de redenção, porque o pecado
é coletivo, não apenas individual, o mal é sistêmico, (possui um componente
sócio-político-estrutural), e endêmico (isto é, atinge a todos). Jacques Ellul
afirma que este conflito entre a igreja e a posição daquela cidade é “o sinal efetivo
do conflito entre Revelação e a civilização”. [4]
Não há síntese conciliável entre a revelação e as grandes obras da civilização
humana.
3.
Conservar firme o nome de Deus
– (2.13) - “Conservas o meu nome e não
negaste a minha fé”. Uma doutrina exata que permita a existência de uma
prática correta. Conservar o nome de Jesus tem a ver com o fundamento de nossa
Teologia. Jesus é a Rocha irremovível, inalterada, centro de nossa fé e de
nossos valores. Nós não supervalorizamos Jeová dando a Jesus um papel secundário.
O nome de Jesus tem que ser conservado..
4.
Manter uma vida de arrependimento
constante (2.16). Se a
Igreja não se arrepender e tomar uma posição, o próprio Senhor promete julgar.
A Igreja que não se arrepende é julgada pelo próprio Senhor da Igreja. "Contra eles pelejarei”. Pecado
desautoriza a igreja de Cristo e enfraquece sua autoridade.
5.
Estar com os ouvidos abertos para
aquilo que diz o Espírito – (2.17) Jesus está
falando à sua Igreja e dizendo: “Quem tem
ouvidos”. Muitas vezes, como igreja, não conseguimos “ter ouvidos” para
assimilar a palavra de Deus. Muitas
vezes, como líderes do povo de Deus não temos sensibilidade ao Espírito. “Quem é o cego como o meu servo, ou surdo,
como o meu mensageiro a quem envio? Quem é cego como o meu amigo e cego como o
servo do Senhor? Tu vês muitas cousas, mas não as observas; ainda que tens
ouvidos abertos nada ouves”. ( Is.
42:19-20).
6.
Manter os olhos firmes na
recompensa que está porvir –(2:17). Lembrar que
existe uma coroa de justiça. “Eu sei em quem tenho crido...” Por que devemos
ser justos e fiéis? Porque tememos a Deus, honramos sua palavra. O que Deus
promete à Igreja.
Promessas ao vencedor:
¨ Maná
escondido - alimento para a alma. O maná foi o alimento dado ao povo no deserto
e é figura no NT de Jesus, o pão espiritual que sacia a nossa fome espiritual.
Jesus promete matar a sede que nossa alma sente do sagrado, de um sentido mais
profundo para viver. Ele disse que daria este pão ao seu povo.
¨
Um novo nome gravado sobre a pedra
branca. Nome revela caráter. O nome é a expressão do ser
espiritual. Só o conhece aquele que o recebe… É uma experiência individual e
íntima que só conhece aquele que dela experimenta.
Conclusão
A promessa é feita “ao
vencedor”. Batalhando no meio de um
mundo hostil é fácil sermos atraídos por doutrinas demoníacas e novos
ensinamentos. A atitude de Balaão e dos nicolaítas é sempre uma ameaça à Igreja
de Cristo. É fácil sucumbir à tentação do comodismo, aquietar e parar de lutar
contra as armas do diabo.
A Igreja de Pérgamo
não se deixou intimidar pelas ameaças e ataques recebidos. O preço pago foi
caro, um de seus líderes morreu naquele lugar pela sua fidelidade ao evangelho.
Mas Jesus elogia esta igreja pela sua fidelidade e a lembra de que “passeia no meio dos candeeiros”.
[1] Collins, Adela Yarbro – The Apocalypse – New Testament Message.
A Biblical-Theological Commentary. Wilmington, Delaware, Michael Glazier, Inc.,
1979, pg. 19
[2] . Linthicum, Robert C., City
of God, City of Satan, A Biblical
Theology of the Urban Church,
Zondervan Publishing House, Grand Rapids, MI, 1991.
[3] .
Op. Cit. pg. 23
[4] . Ellul, Jacques - Apocalipse,
arquitetura em movimento, São Paulo, Ed. Paulinas, 1979, pg. 145
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