segunda-feira, 29 de abril de 2013

At 2.22-41 A Singularidade de Cristo






Introdução:

A pessoa de Cristo tem desafiado mentes e corações durante séculos. O que havia de especial neste homem? Qual é o seu diferencial em relação aos demais? Por que ele desperta tantas paixões e tantas oposições? Quem, afinal, era este Jesus de Nazaré? Esta é a grande questão que Ravi Zacharias suscita em seu livro: “God among gods”, ele que cresceu na Índia, numa cultura religiosa sincrética, na qual vários elementos religiosos de diversos matizes se juntam e convivem lado a lado. Quem afinal é este Jesus?
Apesar das tentativas do neo-modernismo, que tenta transformar todos os deuses em iguais, como vimos no filme As Aventuras de Pi, e como também gregos e romanos descreviam seu panteão sagrado, a pessoa de Cristo exige uma resposta diferenciada e singular.
Romanes no seu clássico Thoughts on Religion, afirmou: “Se apreciamos a grandeza de um homem pela influência que tenha exercido sobre a humanidade, não pode haver dúvidas, mesmo sob o ponto de vista secular que Jesus é o maior homem que jamais viveu”. Mas atribui-se a Napoleão Bonaparte uma das declarações mais estrondosas sobre Jesus: “Jesus Cristo foi mais que um homem. Alexandre, César, Carlos Magno e eu, fundamos grandes impérios, porém, de que dependeu a fundação deles? Da força!  Só Jesus fundou o Império sobre o amor, e até mesmo no dia de hoje, milhões estariam prontos a morrer por ele”.
Parece ser exatamente esta pergunta que Pedro tenta responder aos judeus, no seu Sermão do Pentecoste, quando ele tenta apontar as singularidades de Cristo. Em que ele diferenciava dos outros homens. Pedro então faz algumas afirmações importantes:

  1. Viveu como nenhum outro viveu – Esta parece ser a ênfase de seu sermão. Ele estava demonstrando que Jesus tinha vivido de forma diferente dos demais homens. "Israelitas, ouçam estas palavras: Jesus de Nazaré foi aprovado por Deus diante de vocês por meio de milagres, maravilhas e sinais, que Deus fez entre vocês por intermédio dele, como vocês mesmos sabem” (At 2.22). sua vida foi marcada por sinais e prodigios. Os discípulos eram constantemente surpreendidos por eventos. “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem”. Os soldados se surpreendem quando recebem ordem de buscar a Jesus e comecam a ouvir o que ele fala e retornam seu o “mandato de prisão” afirmando: “Ninguém jamais falou como este homem?”.
Seu discurso e sua palavra era carregada de significado. Falava “como quem tem autoridade”. O autor aos hebreus afirma que ele foi tentado em todas as coisas, mas permaneceu fiel. O autor de Atos sintetiza sua vida “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele (At 10.38).
Havia em Cristo uma absoluta coerência entre o que ele era e o que falava. Paulo o descreve como “a medida da varonilidade”. Ele é o homem perfeito, que Deus queria que fossemos. Sua singularidade está apresente em toda sua jornada e em todas as respostas e gestos que ele declara ou faz.

  1. Morreu como nenhum outro morreu – Sendo entregue pelo determinado designio e presciência de Deus” (At 2.23).
Sua morte, fazia parte de um projeto de Deus. Jesus tenta explicar isto aos seus discípulos, que não conseguiam entender do que ele falava (Mt 16.21). sua morte era um contrasenso, afinal o melhor dos homens é colocado numa cruz. Seu julgamento, uma farsa. Tendo sido absolvido por Pilatos, que tinha o poder de condená-lo ou não, o faz apenas por questões políticas, e para agradar a população que pede sua morte.
Jesus morre por aquilo que ele era: Declarou que era Deus, mas sua sentença não é judaica, mas romana, já que foi crucificado e não apedrejado.

  1. Ressuscitou como nenhum outro – A este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor” (At 2.24).
Todas as visitas que religiosos do mundo inteiro fazem aos sepulcros de seus líderes, eles sabem que seus restos mortais se encontram ali. Jesus, no entanto, tem o seu túmulo vazio. “Ele não está mais aqui, ressuscitou como havia dito” (Mc 16.6). Nem seus discípulos acreditam inicialmente, mas depois se tornam suas testemunhas:
    1. At 2.32: “Somos testemunhas”
    2. At 3.15: “Somos testemunhas”
    3. At 4.13,16: “Não podemos deixar de anunciar aquilo que temos visto”.
    4. At 2.24: “Ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte”.
Davi morreu e viu corrupção (At 2.29), no entanto, o mesmo Davi havia profetizado a respeito de Cristo: “Pois não permitirás que teu santo veja corrupção”.

  1. Exerce autoridade como nenhum outro – Esteja absolutamente certa, toda a casa de Israel , de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36).
  1. Ele tem autoridade sobre a morte – Paulo chega a ironizar a morte: “Onde está, ó morte, o seu aguilhâo? (1 Co 15.55).
  2. Ele tem autoridade sobre principados – “...e, despojando principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Col 2.15).  
  3. Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés (1 Co 15.57)
  4. Assentou-se à destra de Deus (At 15.33)
  5. Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36; Fp 2.8-11)
  6. Ele tem poder para salvar – “E não há salvacao em nenhum outro nome, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
  7. Há de julgar o mundo – “Estabelece os dias em que há de julgar vivos e mortos” (At 16.30-31).

Conclusão: Que faremos irmãos?

Diante destas evidências, surgem quatro grupos com diferentes respostas ao discurso de Pedro.
Neste texto vemos quatro grupos distintos. Ainda hoje estes mesmos grupos estão presentes quando falamos de uma resposta às coisas sagradas.

  1. Grupo Metodológico  – (At 2.8)  -  “Como pode ser isto ?”(At 2.8) É o grupo preocupado com o funcionamento, métodos, meios, e o mecanismo do pentecoste, do que com o pentecoste em si mesmo. A pergunta deste grupo é "como os ouvimos falar cada um em nossa própria língua materna” (At 1.8). Querem conhecer  a  engrenagem das ações de Deus, talvez por curiosidade.
Na cura do cego de nascença vemos este grupo presente: “Que te fez ele? Como  se abriram teus olhos?” (Jo 9.26). Eles não estão interessados por Jesus, mas querem saber o método. Querem encontrar o mecanismo de causa e efeito do evento.
O grupo da metodologia indaga duas vezes:
Como os ouvimos falar, cada um, em nossa língua materna?” (At 2.8)
Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas?”(At 2.11).

  1. Grupo filosófico – (At 2.8) –"O que quer isto dizer?”. Preocupação epistemológica. Querem interpretar o fato, o fenômeno em si, a essência e o significado do evento.
São pessoas especializadas em descobrir o “porque”, o significado filosófico último de uma experiência ou de um fato. Querem entender de forma epistemológica ou fenomenológica, a finalidade da graça sobrenatural. Entender a essência do fenômeno, estudar suas implicações temporais, seu conteúdo, mas nunca se deixam confrontar com o  poder do cristianismo mais puro e simples anunciado por Jesus, que se revela na experiência com o Espírito Santo de Deus.
É o grupo filosófico diante do evento do sagrado. É o grupo que quer analisar as experiências, que facilmente se tornam críticos da Bíblia, da Igreja, mas não se impressionam com aquilo que Deus está fazendo. Querem apenas saber o que é isto, ou “O que quer isto dizer?”.

  1. Grupo cínico – (At 2.13). Estão embriagados” (At 2.13) São pessoas que zombam das coisas sagradas. Fé e compromisso cristãos são interpretados como fanatismo, psicológicos ou místicos. Assim como temos a tendência de rirmos de uma bêbado que tropeça no meio da rio, tais pessoas riem de qualquer coisa que pareça espiritual. É um grupo que só avalia o que vê em termos de zombaria. Vê, mas desprestigia. 
Ao verem Jesus expelir demônios: "Ele expele demônios por Belzebú",  e Jesus responde: “Uma casa não pode subsistir se estiver dividida contra si". Festo ao ser confrontado com a verdade do discurso de Paulo, ridiculariza suas palavras: "As muitas letras te fazem delirar" (At 26.24). Diante do sobrenatural resolve fazer brincadeira, que ao ser confrontado zomba das coisas de Deus, que considera lixo aquilo que é precioso, despreza as verdades de Deus, e minimiza o amor de Cristo trazendo sobre si mesmos, severo julgamento.

  1. Grupo do quebrantamento –At 2.37: "Que faremos irmãos?"
É o grupo que se sente impactado com a ação do Espírito, e se abre para as mudanças que Deus deseja fazer. É o grupo que se deixa tocar pelo Espírito de Deus, se vê confrontado e vai em direção a Deus. Estas pessoas se aproximam de Deus, porque consideram fundamental o encontro, porque identificam nas manifestações sobrenaturais alguma coisa sublime, e não querem perder a benção. Este grupo é percebido no texto por causa de suas reações de "perplexidade" (2.6); e por ficarem "atônitos" diante do que experimentam (2.7).
São pessoas que, embora não tenha toda compreensão do que acontece, e nem consigam explicar se vêem diante do Sagrado e se quebranta.

Pedro dá três respostas diretas a este grupo interessado nas verdades de Deus:
  1. Arrependei-vos. É necessário mudança de mente e de trajeto de vida. Deus permite retorno (At 3.19-20). “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
  2. Batismo – Assumir publicamente sua fé. Enfrentar a realidade e declarar sem medo de ser execrado, ridicularizado ou zombado. Batismo é um sinal externo de algo que está acontecendo internamente. É pagar o preço de crer. Fé que não se assume, que não paga o preço, não é uma fé válida.
  3. Receber o dom do Espírito – Quando você recebe a Jesus no seu coração, o Espírito o dirige. Ele nos batiza com o Espírito Santo. Por isto o texto nos mostra este derramamento de Deus sobre nossas vidas.

"Que faremos irmãos?"

Esta é a pergunta que interessa. Esta é a resposta que precisamos dar a Deus. Este é o ponto de convergência para os prodigiosos sinais de Deus.
Que resposta você vai dar hoje?

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