segunda-feira, 29 de abril de 2013

Gn 13.1.13 Como tomar decisões?





Introdução:

Existe uma famosa estrada no Canadá, conhecida por ter poucas saídas e retornos. Numa determinada altura existe a seguinte placa: “Cuidado com a estrada que você vai tomar, você vai estar nela por mais de 60 Km”.
Todos nós temos que tomar decisões diárias em nossas vidas. Muitas destas decisões tem pouca implicação para a vida, porque se tratam de decisões cotidianas, sem maior impacto no futuro: “Que tipo de roupa vou usar?”, “Em qual restaurante vou comer?”, “Qual comida vou preparar hoje?” Todas estas decisões são meramente circunstanciais. Ouvi certa vez de um estudante de teologia que veio estudar na América do interior da África, e quando retornou lhe perguntaram sobre algumas de sua dificuldades em outro país e ele respondeu que era complicado “comprar batatas fritas” pela quantidade de opções que encontrava.
Certa vez fui comprar um óculo de graus e ao me deparar com o primeiro modelo decidi adquiri-lo, apesar da insistência do vendedor que queria me mostrar outros estilos. Cheguei à conclusão de que, qualquer outro óculos que olhasse a partir de então, só me causaria confusão. Gostei e comprei o primeiro que vi, sem querer olhar qualquer outro.
Contudo, temos muitas sérias decisões a tomar em nossa vida, e algumas delas são extremamente difíceis e com seriíssimas implicacoes.
                Com quem vou me casar?
                Quantos filhos teremos?
                Onde devo morar?
                Vou seguir a Cristo ou não (esta tem implicação eterna).
                Que profissão seguir?
As quantidades de decisões e opções são quase infinitas, e estas decisões são marcadas por algumas realidades:

1.   Toda decisão é traumática - Você não pode ter o melhor dos dois mundos. Toda decisão é uma “de-cisão”, implica em rupturas e cisões. Decisões às vezes são tão duras que alguns dizem: “Eu não vou decidir”. Só que ao dizer isto, já estão tomando a decisão “de não decidir”. O texto lido nos revela a experiência de Ló e Abraão diante da necessidade da tomada de uma decisão. Parentes e amigos com longo tempo de caminhada juntos, que compartilharam tristezas e desafios, leais um para o outro, mas que agora precisam se separar. A causa era positiva: ambos enriqueceram…Eles tinham de decidir entre o bom e o ótimo, que muitas vezes é mais difícil que entre o bem e o mal.

2.   Decisão é algo necessário: Decidir é direcionar a vida para algo que você deseja ou precisa. É não deixar que as coisas aconteçam sem objetivo, é planejar, sonhar, construir o futuro. Às vezes dizemos: “Vou deixar nas mãos do Senhor” (frase algumas vezes preguiçosa). No caso de Ló e Abraão, a separação era necessária, para preservar a amizade deles, e para que pudessem expandir seus negócios. Muitas vezes temos que decidir, e isto pode significar dor, expectativas não realizadas, etc. mas se você não sabe onde quer chegar, pode estar certo de que você não vai chegar a lugar algum.

3.   Nossas decisões afetam outros: Temos a tendência de achar que nossas decisões só tem a ver conosco, mas na maioria das vezes, elas atingem muitas outras pessoas. Pessoas relativistas, narcisistas e egoístas, que não consideram outros na sua história, ferem demais familiares e amigos. Quase nunca tomamos decisões apenas para nós mesmos. Em geral, sua família seus filhos, amigos e igreja são afetados, negativa ou positivamente por sua decisão. Você não é uma ilha…Um aspecto que muitos ignoram é que as decisões de hoje, tem implicações nos filhos e netos. Muitos recebem maravilhosos legados, heranças e doações, pela prudente atitude dos pais e avós. A Bíblia diz que “o homem de bens deixa herança para os filhos dos filhos” (Pv 13.22)

4.   Quem não toma decisão, deixa que os outros decidam por eles: Nestes casos, pessoas fortes do seu convívio, passam a tomar as decisões, George MacDonald afirma: “Tempo não planejado perde-se sobre a influência de pessoas de influência em meu universo de relações”. Pessoas fortes entram no seu mundo e fazem sua agenda e prioridades para elas. Earl Nightingale: “No momento que decidimos não tomar certas decisões, automaticamente nos colocamos nas mãos das circunstâncias.”

5.   Sua decisão determina seu futuro: Poucos param para você sobre isto. Uma decisão é como um pacote, você pode decidir o que quiser, mas não pode alterar as conseqüências da decisão que você tomou. J. Paul Sartre diz: “Eu sou a minha decisão”. A verdade é que você pode decidir sobre sua vida, mas não posso decidir sobre as conseqüências que tais decisões trarão. Decisões em si mesmas já trazem consigo as conseqüências. Você pode decidir continuar comendo a gordura da picanha, mas não pode impedir seus efeitos no colesterol... Uma mudança altera radicalmente sua história de vida e representa uma alteração profunda nos planos futuros.

Como tomar decisões:

Neste texto encontramos alguns elementos importantes sobre os critérios de seleção de Ló, e as conseqüências destas decisões. Isto nos traz algumas lições:

(1) - Não tome decisões apenas pelo que seus olhos enxergam – O texto diz:“Levantou Ló os olhos” (13..10). Sua decisão foi imediata. Ló, porém, não considerou as coisas mais sérias contidas na sua decisão e não processou as conseqüências mais profundas de sua atitude. Há muitos impressionados com imagem, performance, beleza, sem considerar o interior e os aspectos que não são perceptíveis aos olhos. Tomam decisões sem considerar as implicações mais profundas. Tomam decisões apenas com base emocional, mas o fato é que “Nem tudo que reluz é ouro”.

(2) Não tome decisões apenas por razões econômicas: Ló viu as pastagens, “como o jardim do Senhor” (Gn 13.10). Muitos tomam decisões apenas pelo salário imediato, pelas ofertas do mercado, pela possibilidade de rápida ascensão e ganho fácil, mas não consideram outras possibilidades de ganhos ou perdas espirituais, morais, e até mesmo financeiros. Precisamos considerar os ganhos da alma. “Melhor é pouco havendo paz, que a abundância e com ela a guerra”. Ló vê as boas terras, as boas oportunidades, as chances de prosperidade. Finanças muitas vezes tem se tornado o único critério de decisão do homem moderno, no entanto, este critério não é o mais sábio e cristão. Precisamos encontrar fatores motivacionais mais significativos.

(3) Considere sua família no projeto de sua decisão – Quando estamos diante de decisões e propostas recebidas, nem sempre paramos para pensar o que isto significa para os filhos, esposa, amigos e para a alma. Ló leva suas filhas para um antro, uma sociedade corrompida e que despreza os valores humanos e eternos. “Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor” (Gn 13.13). A consequência de sua decisão trouxe profundo impacto sobre sua família. Anos depois, influenciadas por aquela cultura demoníaca, suas filhas tomam decisões absurdas e se engravidam do próprio pai (Gn 19.30-38), e sua esposa não suporta a ruptura com a sociedade, e tem um surto fatal, tornando-se uma estátua de sal (Gn 19.26).   Toda sua família é afetada pela sua decisão tomada no passado. Precisamos sempre refletir no fato de que família é o grande projeto de sua vida, não o seu dinheiro. Por isto, antes de tomar qualquer decisão pergunte: Quais efeitos tal decisão trará sobre minha vida e família? Isto será bom para minha esposa e filhos?  Determinadas decisões expõem a família a constrangimentos e os levam à morte moral e espiritual.

(4) Considere Deus nas suas decisões- Ló ignorou por completa o que aquela cidade representava para Deus (Gn 13.13). Nunca podemos esquecer que o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. Muitas decisões não são tomadas tendo Deus como parâmetro, nem refletimos sobre sua vontade e nem pedimos sua orientação e o resultado é a destruição de nossa alma e de nossas vidas.
No filme, o Advogado do diabo, o jovem profissional destrói completamente sua casa, e o sofrimento de sua mulher é tão grande que ela se suicida. Quando Satanás é inquirido, ele zomba do rapaz e diz: “Eu não disse para você cuidar de sua família? No entanto, você estava fascinado demais com a reputação, fama, sucesso e dinheiro” Por isto, antes de tomar uma decisão pergunte:
Þ   Vou glorificar a Deus com esta minha decisão?
Þ   É isto que Deus espera de mim?
Þ   Deus está comigo nesta decisão?
Já vi pessoas dizendo: Ah, não vou orar porque já seu o resultado, eu sei que Deus não quer que eu vá para esta direção… a pergunta que fica é por que insistimos em caminhar por estradas que Deus não quer que caminhemos?

Cinco pistas importantes:
Diante de decisões pessoais, estabeleço cinco pistas práticas para minha vida:

1.   Oro a Deus buscando discernimento – A Bíblia diz: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tg 1.5). A realidade é que sempre precisamos de sabedoria de Deus para tomar decisões maduras, porque na maioria das vezes não conseguimos enxergar um palmo adiante do nariz, nada sabemos sobre o futuro. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”. Deus sabe o que é melhor para nossa vida, e só a oração submissa, e a graça de Deus podem nos livrar de equívocos, e incoerências que nos custarão caro, Deus nos livra do mal e conduz os nossos passos na direção que ele mesmo planejou para nós, ele nos exorta, dirige e ensina, ele abre nossa visão, e nos fala. Tempo de decisão é tempo de jejum e oração, tempo de silêncio e espera, até ver que direção o Senhor dará.

2.   Abro as Escrituras em busca de resposta - Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, podemos esperar que ele pode nos orientar por meio dela. Se estamos orando, tentando entender o caminho que devemos andar, devemos também abrir a palavra, com ansiosa expectativa, para ver como ele vai nos dirigir.
Certa ocasião estava orando por uma profunda e radical decisão de mudança em minha vida. Foi um período de muita busca, ansiedade, insegurança e medo, e no meio de minha confusão, buscando a orientação de Deus através da oração e da palavra, me deparei com o texto de Êxodo 33:12-14, quando Deus diz a Moisés: “A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso”. Ao ler este texto, não tive mais dúvidas, e meu coração encontrou a paz necessária para a decisão que deveria ser tomada.

3.   Busco conselho de pessoas-chaves. Se estou orando e lendo a palavra, devemos também compartilhar com pessoas de nosso círculo de amizade em quem percebemos sabedoria e maturidade, para que elas nos ajudem a discernir a vontade de Deus. A Bíblia afirma que “na multidão de conselheiros há sabedoria”. Portanto, ouvir pessoas respeitadas e tementes a Deus, ajuda-nos, em muito, a seguir na estrada correta.
Agora, preste atenção: Não devemos buscar conselho de pessoas que não amam ao Senhor, nem buscar gente fracassada para nos dar conselhos. Se é na área familiar, devemos conversar com aqueles cujo casamento é estável. Vejo muitas pessoas em crises relacionais, buscando conselho de pessoas que também estão estouradas nesta área. O que podemos esperar deste tipo e conselheiro?
Se a decisão que precisamos tomar é na área financeira, devemos buscar sabedoria de quem administra seus bens com prudência e equilíbrio, não de alguém que está quebrando financeiramente. Por isto precisamos de gente de bom senso e sábia, que Deus sempre coloca no nosso caminho.

4.   Observo as circunstâncias- Outro critério que precisamos adotar é de analisar se é a hora certa. Muitas oportunidades se abrem em nossas vidas, e eventualmente são para o melhor, mas nem sempre a hora é mais apropriada. Portanto, “quando Deus fecha as portas, não entre pela janela” (P.T Coleman), porque na verdade, “portas que se fecham são iguais as que se abrem, se abertas ou fechadas por Deus” (Josué Rodrigues).  Muitas vezes estamos num processo de decisão, e as portas começam a se fechar. Nestas horas, não se desespere, não vá com portas fechadas…Se Deus quer, ele abrirá portas e lhe mostrará a direção que você deve seguir.
Algumas perguntas nos orientam nestas horas:
Þ   Existe um clima emocional propício?
Þ   Estou no melhor momento para esta mudança?
Þ   Estou pessoalmente preparado para aceitar este desafio?
Þ   Estou disposto a pagar o preço?
Þ   Estou convencido que é a vontade de Deus?

5.   Presto atenção ao meu coração- Não despreza nunca o critério da paz. Em Col 3.15 lemos: “Seja a paz de Cristo, o árbitro em vossos corações”. Árbitro é aquele que julga, é o juiz nos lances controvertidos. Se estamos orando, lendo a palavra, ouvindo pessoas que respeitamos, avaliando os dados e as circunstâncias que temos diante de nós, precisamos de um último e importante aspecto: Deus precisa testificar aos nossos corações. Sem paz não dá para seguir adiante. Portanto, espere que a paz de Cristo venha e julgue. Não decida de forma intranqüila, nem com ansiedade e angústia. A paz é uma excelente companhia.

Conclusão:
Duas decisões, contudo, devem ser referencia para nossa vida:

1. A grande escolha -

Qualquer decisão que você tomar para esta vida, deve ser feita com prudência e cuidado, por causa das implicações que ela traz sobre sua vida e sobre sua geração. Existe, porém, uma decisão que é a grande escolha, porque ela tem implicações eternas, tem a ver com sua salvação, sua eternidade.
Certa vez Jesus afirmou: “Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mt 7.13,14). Nem sempre a melhor decisão é a mais fácil. Jesus é a jóia de grande valor e a vida eterna é a melhor escolha que você pode fazer. Portanto, decida seguir a Jesus, abra seu coração para recebê-lo em sua vida e receber o dom da vida eterna.
O profeta Elias teve que lidar com pessoas muito relutantes em seguir a Deus. Num momento decisivo de seu ministério, fez a seguinte declaração: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos: Se o Senhor é Deus, segui-o, se é Baal, segui-o. Porém o povo nada respondeu” (1 Rs 18.21). É interessante notar que “o povo nada respondeu”. Aquelas pessoas continuaram indecisas, e não assumiram uma posição espiritual em suas vidas. Este é um grave risco que podemos correr...
Noutro momento da história do povo de Deus, Josué afirmou: “Escolhei hoje a quem sirvais. Se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais: Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).
Jesus ensinou aos seus discípulos: "O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. "O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou" (Mt 13.44-46). . 
Optar pelo reino de Deus, é o melhor investimento de nossa vida, e isto nunca trará qualquer confusão para nossa vida.

2. A decisão de uma vida séria e comprometida com Deus – Neste caso, é outra grande decisão, de não querer pecar contra o Senhor, de não viver uma vida cristã pela metade, de assumir um compromisso de seriedade com as coisas de Deus. Por isto precisamos nos render a Deus e orar cotidianamente: “Livra-me, oh Deus, de pecar contra tua santidade, dá-me um desejo profundo de querer honrá-lo, glorificá-lo e agradá-lo em minha vida”. Esta é a decisão de não pecar contra Deus, de querer exaltá-lo em nossas vidas.
Quando Daniel foi levado cativo pelo rei da Babilônia, ele viveu dias muito pesados, já que seu país havia sido invadido e saqueado pelos invasores. Longe de sua terra, família, amigos, do templo, ele tinha todas as razões para nunca mais desejar viver, no entanto, o que a bíblia diz é que “Daniel resolveu, firmemente, não se contaminar com o vinho do rei e nem com seus manjares” (Dn 1.8). O que percebemos é que ele “decidiu” fazer isto. Esta é uma grande decisão que também devemos e podemos tomar.

Que Deus nos ajude!

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