Introdução:
Existe
uma famosa estrada no Canadá, conhecida por ter poucas saídas e retornos. Numa
determinada altura existe a seguinte placa: “Cuidado com a estrada que você vai tomar, você vai estar nela por mais
de 60 Km ”.
Todos
nós temos que tomar decisões diárias em nossas vidas. Muitas destas decisões
tem pouca implicação para a vida, porque se tratam de decisões cotidianas, sem
maior impacto no futuro: “Que tipo de roupa vou usar?”, “Em qual restaurante
vou comer?”, “Qual comida vou preparar hoje?” Todas estas decisões são
meramente circunstanciais. Ouvi certa vez de um estudante de teologia que veio
estudar na América do interior da África, e quando retornou lhe perguntaram
sobre algumas de sua dificuldades em outro país e ele respondeu que era complicado
“comprar batatas fritas” pela quantidade de opções que encontrava.
Certa
vez fui comprar um óculo de graus e ao me deparar com o primeiro modelo decidi
adquiri-lo, apesar da insistência do vendedor que queria me mostrar outros
estilos. Cheguei à conclusão de que, qualquer outro óculos que olhasse a partir
de então, só me causaria confusão. Gostei e comprei o primeiro que vi, sem
querer olhar qualquer outro.
Contudo,
temos muitas sérias decisões a tomar em nossa vida, e algumas delas são
extremamente difíceis e com seriíssimas implicacoes.
Com quem vou me casar?
Quantos filhos teremos?
Onde devo morar?
Vou seguir a Cristo ou não (esta
tem implicação eterna).
Que profissão seguir?
As
quantidades de decisões e opções são quase infinitas, e estas decisões são
marcadas por algumas realidades:
1. Toda
decisão é traumática -
Você não pode ter o melhor dos dois mundos. Toda decisão é uma “de-cisão”,
implica em rupturas e cisões. Decisões às vezes são tão duras que alguns dizem:
“Eu não vou decidir”. Só que ao dizer isto, já estão tomando a decisão “de não
decidir”. O texto lido nos revela a experiência de Ló e Abraão diante da
necessidade da tomada de uma decisão. Parentes e amigos com longo tempo de
caminhada juntos, que compartilharam tristezas e desafios, leais um para o
outro, mas que agora precisam se separar. A causa era positiva: ambos
enriqueceram…Eles tinham de decidir entre o bom e o ótimo, que muitas vezes é
mais difícil que entre o bem e o mal.
2. Decisão
é algo necessário:
Decidir é direcionar a vida para algo que você deseja ou precisa. É não deixar
que as coisas aconteçam sem objetivo, é planejar, sonhar, construir o futuro. Às
vezes dizemos: “Vou deixar nas mãos do Senhor” (frase algumas vezes
preguiçosa). No caso de Ló e Abraão, a separação era necessária, para preservar
a amizade deles, e para que pudessem expandir seus negócios. Muitas vezes temos
que decidir, e isto pode significar dor, expectativas não realizadas, etc. mas
se você não sabe onde quer chegar, pode estar certo de que você não vai chegar
a lugar algum.
3. Nossas
decisões afetam outros:
Temos a tendência de achar que nossas decisões só tem a ver conosco, mas na
maioria das vezes, elas atingem muitas outras pessoas. Pessoas relativistas,
narcisistas e egoístas, que não consideram outros na sua história, ferem demais
familiares e amigos. Quase nunca tomamos decisões apenas para nós mesmos. Em
geral, sua família seus filhos, amigos e igreja são afetados, negativa ou
positivamente por sua decisão. Você não é uma ilha…Um aspecto que muitos
ignoram é que as decisões de hoje, tem implicações nos filhos e netos. Muitos
recebem maravilhosos legados, heranças e doações, pela prudente atitude dos
pais e avós. A Bíblia diz que “o homem de bens deixa herança para os filhos dos
filhos” (Pv 13.22)
4. Quem
não toma decisão, deixa que os outros decidam por eles: Nestes casos, pessoas fortes do seu
convívio, passam a tomar as decisões, George MacDonald afirma: “Tempo não planejado perde-se sobre a
influência de pessoas de influência em meu universo de relações”. Pessoas
fortes entram no seu mundo e fazem sua agenda e prioridades para elas. Earl
Nightingale: “No momento que decidimos
não tomar certas decisões, automaticamente nos colocamos nas mãos das circunstâncias.”
5. Sua
decisão determina seu futuro: Poucos
param para você sobre isto. Uma decisão é como um pacote, você pode decidir o
que quiser, mas não pode alterar as conseqüências da decisão que você tomou. J.
Paul Sartre diz: “Eu sou a minha decisão”.
A verdade é que você pode decidir sobre sua vida, mas não posso decidir sobre
as conseqüências que tais decisões trarão.
Decisões em si mesmas já trazem consigo as conseqüências. Você pode decidir
continuar comendo a gordura da picanha, mas não pode impedir seus efeitos no
colesterol... Uma mudança altera radicalmente sua história de vida e representa
uma alteração profunda nos planos futuros.
Como tomar decisões:
Neste
texto encontramos alguns elementos importantes sobre os critérios de seleção de
Ló, e as conseqüências destas decisões. Isto nos traz algumas lições:
(1) -
Não tome decisões apenas pelo que seus olhos enxergam – O texto diz:“Levantou Ló os olhos” (13..10). Sua decisão foi imediata. Ló,
porém, não considerou as coisas mais sérias contidas na sua decisão e não processou
as conseqüências mais profundas de sua atitude. Há muitos impressionados com
imagem, performance, beleza, sem considerar o interior e os aspectos que não
são perceptíveis aos olhos. Tomam decisões sem considerar as implicações mais
profundas. Tomam decisões apenas com base emocional, mas o fato é que “Nem tudo que reluz é ouro”.
(2) Não
tome decisões apenas por razões econômicas: Ló viu as pastagens, “como o jardim do Senhor” (Gn 13.10). Muitos tomam decisões apenas
pelo salário imediato, pelas ofertas do mercado, pela possibilidade de rápida
ascensão e ganho fácil, mas não consideram outras possibilidades de ganhos ou
perdas espirituais, morais, e até mesmo financeiros. Precisamos considerar os ganhos
da alma. “Melhor é pouco havendo paz, que
a abundância e com ela a guerra”. Ló vê as boas terras, as boas
oportunidades, as chances de prosperidade. Finanças muitas vezes tem se tornado
o único critério de decisão do homem moderno, no entanto, este critério não é o
mais sábio e cristão. Precisamos encontrar fatores motivacionais mais
significativos.
(3) Considere
sua família no projeto de sua decisão
– Quando estamos diante de decisões e propostas recebidas, nem sempre paramos
para pensar o que isto significa para os filhos, esposa, amigos e para a alma.
Ló leva suas filhas para um antro, uma sociedade corrompida e que despreza os
valores humanos e eternos. “Ora, os
homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor” (Gn 13.13).
A consequência de sua decisão trouxe profundo impacto sobre sua família. Anos
depois, influenciadas por aquela cultura demoníaca, suas filhas tomam decisões
absurdas e se engravidam do próprio pai (Gn 19.30-38), e sua esposa não suporta
a ruptura com a sociedade, e tem um surto fatal, tornando-se uma estátua de sal
(Gn 19.26). Toda sua família é afetada
pela sua decisão tomada no passado. Precisamos sempre refletir no fato de que família
é o grande projeto de sua vida, não o seu dinheiro. Por isto, antes de tomar
qualquer decisão pergunte: Quais efeitos tal decisão trará sobre minha vida e
família? Isto será bom para minha esposa e filhos? Determinadas decisões expõem a família a
constrangimentos e os levam à morte moral e espiritual.
(4) Considere
Deus nas suas decisões-
Ló ignorou por completa o que aquela cidade representava para Deus (Gn 13.13).
Nunca podemos esquecer que o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada. Muitas
decisões não são tomadas tendo Deus como parâmetro, nem refletimos sobre sua
vontade e nem pedimos sua orientação e o resultado é a destruição de nossa alma
e de nossas vidas.
No
filme, o Advogado do diabo, o jovem
profissional destrói completamente sua casa, e o sofrimento de sua mulher é tão
grande que ela se suicida. Quando Satanás é inquirido, ele zomba do rapaz e
diz: “Eu não disse para você cuidar de sua família? No entanto, você estava
fascinado demais com a reputação, fama, sucesso e dinheiro” Por isto, antes de
tomar uma decisão pergunte:
Þ
Vou
glorificar a Deus com esta minha decisão?
Þ
É
isto que Deus espera de mim?
Þ
Deus
está comigo nesta decisão?
Já
vi pessoas dizendo: Ah, não vou orar porque já seu o resultado, eu sei que Deus
não quer que eu vá para esta direção… a pergunta que fica é por que insistimos
em caminhar por estradas que Deus não quer que caminhemos?
Cinco pistas importantes:
Diante
de decisões pessoais, estabeleço cinco pistas práticas para minha vida:
1. Oro
a Deus buscando discernimento – A
Bíblia diz: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que
a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tg 1.5). A realidade é que sempre
precisamos de sabedoria de Deus para tomar decisões maduras, porque na maioria
das vezes não conseguimos enxergar um palmo adiante do nariz, nada
sabemos sobre o futuro. “O coração do
homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”.
Deus sabe o que é melhor para nossa vida, e só a oração submissa, e a graça de
Deus podem nos livrar de equívocos, e incoerências que nos custarão caro, Deus nos
livra do mal e conduz os nossos passos na direção que ele mesmo planejou para nós,
ele nos exorta, dirige e ensina, ele abre nossa visão, e nos fala. Tempo de
decisão é tempo de jejum e oração, tempo de silêncio e espera, até ver que direção
o Senhor dará.
2. Abro
as Escrituras em busca de resposta - Se
cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, podemos esperar que ele pode nos
orientar por meio dela. Se estamos orando, tentando entender o caminho que
devemos andar, devemos também abrir a palavra, com ansiosa expectativa, para
ver como ele vai nos dirigir.
Certa
ocasião estava orando por uma profunda e radical decisão de mudança em minha
vida. Foi um período de muita busca, ansiedade, insegurança e medo, e no meio
de minha confusão, buscando a orientação de Deus através da oração e da
palavra, me deparei com o texto de Êxodo 33:12-14, quando Deus diz a Moisés: “A minha presença irá contigo, e eu te darei
descanso”. Ao ler este texto, não tive mais dúvidas, e meu coração encontrou
a paz necessária para a decisão que deveria ser tomada.
3. Busco
conselho de pessoas-chaves.
Se estou orando e lendo a palavra, devemos também compartilhar com pessoas de nosso
círculo de amizade em quem percebemos sabedoria e maturidade, para que elas nos
ajudem a discernir a vontade de Deus. A Bíblia afirma que “na multidão de conselheiros há sabedoria”. Portanto, ouvir pessoas
respeitadas e tementes a Deus, ajuda-nos, em muito, a seguir na estrada
correta.
Agora,
preste atenção: Não devemos buscar conselho de pessoas que não amam ao Senhor,
nem buscar gente fracassada para nos dar conselhos. Se é na área familiar, devemos
conversar com aqueles cujo casamento é estável. Vejo muitas pessoas em crises
relacionais, buscando conselho de pessoas que também estão estouradas nesta área.
O que podemos esperar deste tipo e conselheiro?
Se
a decisão que precisamos tomar é na área financeira, devemos buscar sabedoria
de quem administra seus bens com prudência e equilíbrio, não de alguém que está
quebrando financeiramente. Por isto precisamos de gente de bom senso e sábia,
que Deus sempre coloca no nosso caminho.
4. Observo
as circunstâncias- Outro critério que precisamos adotar é
de analisar se é a hora certa. Muitas oportunidades se abrem em nossas vidas, e
eventualmente são para o melhor, mas nem sempre a hora é mais apropriada. Portanto,
“quando Deus fecha as portas, não entre
pela janela” (P.T Coleman), porque na verdade, “portas que se fecham são iguais as que se abrem, se abertas ou fechadas
por Deus” (Josué Rodrigues). Muitas vezes
estamos num processo de decisão, e as portas começam a se fechar. Nestas horas,
não se desespere, não vá com portas fechadas…Se Deus quer, ele abrirá portas e
lhe mostrará a direção que você deve seguir.
Algumas
perguntas nos orientam nestas horas:
Þ
Existe
um clima emocional propício?
Þ
Estou
no melhor momento para esta mudança?
Þ
Estou
pessoalmente preparado para aceitar este desafio?
Þ
Estou
disposto a pagar o preço?
Þ
Estou
convencido que é a vontade de Deus?
5. Presto
atenção ao meu coração-
Não despreza nunca o critério da paz. Em Col 3.15 lemos: “Seja a paz de Cristo, o árbitro em vossos corações”. Árbitro é aquele
que julga, é o juiz nos lances controvertidos. Se estamos orando, lendo a
palavra, ouvindo pessoas que respeitamos, avaliando os dados e as circunstâncias
que temos diante de nós, precisamos de um último e importante aspecto: Deus precisa
testificar aos nossos corações. Sem paz não dá para seguir adiante. Portanto,
espere que a paz de Cristo venha e julgue. Não decida de forma intranqüila, nem
com ansiedade e angústia. A paz é uma excelente companhia.
Conclusão:
Duas
decisões, contudo, devem ser referencia para nossa vida:
Qualquer
decisão que você tomar para esta vida, deve ser feita com prudência e cuidado,
por causa das implicações que ela traz sobre sua vida e sobre sua geração. Existe,
porém, uma decisão que é a grande escolha, porque ela tem implicações eternas,
tem a ver com sua salvação, sua eternidade.
Certa
vez Jesus afirmou: “Que aproveitará ao
homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mt 7.13,14). Nem sempre
a melhor decisão é a mais fácil. Jesus é a jóia de grande valor e a vida eterna
é a melhor escolha que você pode fazer. Portanto, decida seguir a Jesus, abra
seu coração para recebê-lo em sua vida e receber o dom da vida eterna.
O
profeta Elias teve que lidar com pessoas muito relutantes em seguir a Deus. Num
momento decisivo de seu ministério, fez a seguinte declaração: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos:
Se o Senhor é Deus, segui-o, se é Baal, segui-o. Porém o povo nada respondeu”
(1 Rs 18.21). É interessante notar que “o
povo nada respondeu”. Aquelas pessoas continuaram indecisas, e não assumiram
uma posição espiritual em suas vidas. Este é um grave risco que podemos correr...
Noutro
momento da história do povo de Deus, Josué afirmou: “Escolhei hoje a quem sirvais. Se aos deuses a quem serviram vossos pais
que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra
habitais: Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15).
Jesus
ensinou aos seus discípulos: "O Reino
dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o
encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o
que tinha e comprou aquele campo. "O
Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de
grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou" (Mt 13.44-46). .
Optar pelo reino de Deus, é o melhor investimento de nossa vida, e isto nunca trará qualquer confusão para nossa vida.
Optar pelo reino de Deus, é o melhor investimento de nossa vida, e isto nunca trará qualquer confusão para nossa vida.
Quando
Daniel foi levado cativo pelo rei da Babilônia, ele viveu dias muito pesados, já
que seu país havia sido invadido e saqueado pelos invasores. Longe de sua
terra, família, amigos, do templo, ele tinha todas as razões para nunca mais
desejar viver, no entanto, o que a bíblia diz é que “Daniel resolveu, firmemente, não se contaminar com o vinho do rei e nem
com seus manjares” (Dn 1.8). O que percebemos é que ele “decidiu” fazer
isto. Esta é uma grande decisão que também devemos e podemos tomar.
Que
Deus nos ajude!
Maravilhoso estudo sobre tomar decisões.
ResponderExcluirParabéns gostei muito, Deus abençoe
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