segunda-feira, 19 de março de 2012

At 20.24 The Bucket List

“Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para testemunhar o Evangelho da graça de Deus” (At 20.24).

Introdução:Em 1987, recebi um honroso convite do Rev. Adail para ser o seu pastor auxiliar e aqui estive nesta igreja por dois abençoados anos. Sempre afirmei de forma aberta e pública, dois coisas que me aconteceram aqui:

(a)- Aprendi a benção de ter uma igreja que cuida e ama seus pastores. Sara e eu fomos abraçados e acolhidos por esta comunidade de uma forma como nunca havíamos experimentado no ministério. O cuidado do Ministério de Comunhão, de Clara Virginia com a minha esposa e com meus filhos são memoráveis. Lembro-me que com os meus 29 anos, escrevi uma pastoral para agradecer a igreja, que expressava meu espanto pela amorável acolhida. Eu queria terminar a mesma dizendo: “Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval!”, frase esta que o Rev. Adail, sabiamente, me desaconselhou a colocar.

(b)- Ao lado do Rev. Adail, aprendi a pastorear, no pouco que pude receber dele. Sempre ficamos encantados com a forma serena e firme com que conciliava as muitas exigências pastorais, que vão de administração, pregação, ofícios sacerdotais e proféticos. Muito obrigado REv. Adail.

Existem, porém, duas coisas nas quais vocês não podem confiar quando falamos de Rev. Adail:
a. Ele é vascaíno – Isto depõe contra ele... Não deveria ter contado, né Reverendo? Dizem que o cartão de credito do Clube de Regatas Vasco da Gama, é atualmente o mais procurado, porque dizem, não vence nunca!

b. Em segundo lugar, ele tem um grave problema quando se trata de seguir ordens médicas: Em 1988, Ele teve um ano muito pesado com problemas de saúde. Uma de suas cirurgias foi algo dantesco, teve que movimentar toda a pele da face, para fazer uma cirurgia. A igreja estava muito preocupada com seu estado de saúde, tratando-o como um valioso objeto de cristal, então, membros do conselho, incluindo o Dr. Darcy Alvim (que também não é de confiança...), foram com ele numa viagem de descanso para Ubatuba. Todo o esquema era montado para protegê-lo, ele não podia bater a cabeça. Então, cuidadosamente ele entrou na água, quando uma onda que desconhecia as ordens médicas, resolveu pregar uma peça, e quando vimos, o Rev. Adail estava lá praia, levando um caixote: pernas e braços se confundiam. Resultado? De lá para cá, pelo que me consta, ele nunca mais teve um problema sério de saúde...

Voltemos ao texto:
Existe um filme que, se você ainda não assistiu, precisa vê-lo. “The Bucket List” (antes de partir), estrelado por Morgam Freeman e Jack Nickolson. Uma maravilhosa lição de vida. Ela fala de duas pessoas que se encontram no hospital, diagnosticados com graves enfermidades. E ali, se tornam amigos e fazem uma lista de coisas que eles gostariam de fazer antes de morrer. Uma lista de pequenas e agradáveis coisas.

Hoje gostaria de falar, de algumas coisas que não podemos considerar na vida:

1. O maior de nossos pecados – Qual pecado geralmente consideramos o maior em nós? Numa moral sexista, a tendência é achar que desvios sexuais e tentações nesta área sejam o grande problema. Com o passar dos tempos tenho descoberto que o maior pecado é o da incredulidade.

Este foi o pecado que Jesus mais percebeu em seus discípulos:
 “O geração incrédula, até quando vos sofrerei?” (Lc 9.19)
 “Não temas, crê somente!”
 “Homem de pequena fé, porque duvidaste?” (Mt 14.21)
Lutero sempre se referia “ao pecado detrás de todos os pecados”.
Ele afirmava que a quebra do primeiro mandamento, “Não terás outros deuses diante de mim!”, estava por detrás de todos os outros pecados, já que sempre temos a tendência de encontrar substitutos para Deus e desenvolver uma atitude idolátrica em relação a Deus, substituindo por outras coisas.
Considere, por exemplo, sua ansiedade. Por que você fica ansioso? Por causa da incredulidade! As promessas de Deus não entram em nosso coração. Por causa da incredulidade não confiamos na direção, soberania e providencia amorosa de Deus para nossa vida, e por isto ficamos perturbados. Ansiedade é pecaminosa: Revela nossa incredulidade.
Pense na ira. Por que ficamos irados? Ira é um pecado de superfície. ela revela a nossa frustração com aquilo que não conseguimos elaborar bem e explode em formas de sintomas.
Nosso maior pecado é a incredulidade. “Oh néscios e tardos em crer em tudo quanto os profetas vos disseram” (Jo 21).
Paulo ancora sua vida numa forte convicção sobre Deus e seu chamado. “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” (At 20.24). ele revela que o segredo de seu ministério e da vitalidade de sua alma encontrava-se no Senhor. Só uma fé robusta pode gerar grandeza e segurança.

2. O Maior risco da existência – Qual é o maior risco que corremos? Para mim, trata-se da amargura. Podemos envelhecer com graça e celebração, ou com amargura, azedume e desistência. A vida facilmente pode nos transformar em seres amargos e nos fazer ranzinzas e ranhetas. As contradições, paradoxos, ambigüidades, traumas, dores, frustrações e tragédias, podem nos transformar em pessoas mau humoradas como o personagem Zangado, dos sete anões, que aprendemos nas fábulas infantis.
Quando isto acontece, passamos a lidar com a vida na base da bronca. Tudo é pesado e tenso! Facilmente nos tornamos cínicos e céticos.
Neste ponto, o apóstolo Paulo está se despedindo dos queridos presbíteros da igreja em Mileto. Há um clima de suspense e dor. Depois de informar os irmãos do que estava acontecendo, ele ajoelha-se e ora com todos eles. Assim lemos no texto: “Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam” (At 20.37).
Este homem nos mostra que o apóstolo, já marcado por lutas, ainda mantém o coracao terno e amoroso. Acima de tudo, ele não perdeu a dimensão mística de sua alma. Oração, joelho no chão, afetividade, compartilhar a alma, chorar juntos, abraçar e beijar fazia parte dos afetos de sua existência. O tempo não lhe tornou amargo. Envelhece com celebração e jubilo, com gratidão e encantamento com as coisas de Deus.
Tenho dito a muitos colegas de ministério sobre o perigo da amargura. E isto se aplica a todos nós: “Aconteça o que acontecer, preserve o seu coração da amargura”. As pessoas podem fazer o que quiserem com você, mas você não pode permitir que elas determinem o que você fará com aquilo que lhe fizeram. Chegar no final da vida mal resolvido e achando que a igreja lhe deve, amigos lhe devem, a vida lhe deve, ou Deus lhe deve algo – é sempre trágico! Afinal de contas, ninguém lhe deve nada.
O Sl 23.6 afirma: “Bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo sempre”. Precisamos ter a graça de Deus para envelhecermos com bondade e misericórdia. Abaixo o mau humor! Chega de gente mal resolvida e angustiada.
Este, para mim, é o maior risco da existência!

3. O maior de todos os perigos: Ser desqualificado por Deus!
Paulo diz em 1 Co 9.27: “mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.
O maior perigo de todos é chegar no final da vida, e na hora do encontro com nosso Deus, ouvir a frase que Jesus disse em relação aos falsos profetas, que apresentavam um currículo admirável de realizações: “Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós os que praticais a iniqüidade”.
Estas pessoas aparentemente tinham credenciais para se apresentar diante de Deus, que incluía grandes obras religiosas, mas Jesus lhes dirá: “Nunca vos conheci!”
Trabalhamos na obra, mas não somos conhecidos nem conhecemos o senhor da obra.
Claudio Pinto foi uma ovelha minha nos Estados Unidos, especializando em limpar casas depois de incêndios, e de colocar cerâmica em pisos. Por causa da qualidade de seu serviço, era contratado para obras caras. Certo dia recebeu a incubencia de colocar cerâmica numa mansão em Brookline, MA. Com a ordem explicita de que não deixasse ninguém entrar na casa durante o seu trabalho. Certo dia, viu um senhor passeando na beira da piscina, e como não o conhecia, resolveu transmitir as ordens recebidas. Para sua surpresa era o dono da casa, que lhe disse: “Nice to meet you. My name is Steven Spielberg!”. Ele tentou se desculpar, mas o homem lhe disse que ele estava certo. E ele voltou ao seu trabalho. Ao retornar para sua casa, contou o acontecido. Ao relatar o nome desta famosa pessoa, sua esposa, que era cinéfila, ficou boquiaberta, porque o marido não conhecia Spielberg.
Este é um bom exemplo de pessoas que trabalham mas não conhecem o dono da obra. Podemos caminhar muito próximo a Deus, sem nunca conhecer o Deus que anunciamos. Este é o maior perigo de todos os perigos.
Paulo afirma no texto: “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério”. Nada é mais importante que receber o aplauso dos céus.
Certo garoto, de 12 anos de idade, por causa da sua performance no violino, foi convidado a tocar numa apresentação de gala. O teatro estava lotado, e ele se saiu muito bem. Todos o aplaudiam, quando de repente, aquele garoto deixou o palco para chorar. O apresentador foi atrás dele e perguntou o que tinha acontecido, e ele lhe falou: “você viu aquele homem assentado no banco da frente? Ele não me aplaudiu”. E o apresentador lhe falou: “E daí? Todos os demais estão te aplaudindo”. Então ele disse: “Você sabe quem é aquele homem? Ele é meu professor de violino”.
Todos podem estar nos aplaudindo, mas se não tivermos o aplauso dos céus, corremos um serio risco no coração.

Este texto revela:
O maior de nossos pecados é a incredulidade. Paulo afirma que, porque cria no ministério, pregava sempre o evangelho da graça. Sua fé determinava seu ministério e seu estilo de vida. Portanto Keep on your foundation!

Ensina também que o maior risco da existência, é envelhecer sem gratidão, sem afeição, perdendo a dimensão mística da fé pura e simples do evangelho. Tornando-nos “justos amargurados”. Paulo encontra-se aqui, afetivamente, orando com seus presbíteros, encontrando a dimensão da sua alma com o criador, enfrentando oposições com graça, oração e contentamento. A ternura presente na sua vida. Portanto Keep on your affections!

Vimos também que o maior de todos os perigos é o de sermos desqualificado por Deus!
Paulo sabia que o que valia mesmo, era receber aplauso dos céus. “Em nada considero a minha vida, contanto que complete a minha carreira e o meu ministério”. Chegar no final da vida e ouvir o sim de Deus. “Muito bem servo bom e fiel, foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei”. Portanto, Keep on your spirituality!

Que Deus nos abençoe!!!
Igreja Presbiteriana de Brasília
Jubileu de ouro Rev. Adail Sandoval
18 de março 2012.

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