sexta-feira, 21 de julho de 2017

1 Rs 2.1-3 O caminho de todos os mortais



Introdução:

Quando Davi estava pressentindo sua morte, chamou seu filho Salomão para lhe dar alguns instruções quanto sua vida pessoal e ao seu futuro reinado, disse-lhe o seguinte: Eu vou pelo caminho de todos os mortais. Coragem, pois, e sê homem!” (1 Rs 2.2).

Sua palavra nos conduz a duas vertentes:

Primeira, a inevitabilidade da morte – Morrer é o caminho de todos os mortais, esta é a única certeza que podemos ter na vida.

Certo homem, preocupado pelo fato de que muitas pessoas estarem morrendo em sua cidade, resolveu mudar-se para uma pequena cidade, e lá perguntou ao coveiro: “Há muita morte por aqui?” E ele respondeu: “Não. Apenas uma para cada pessoa”.
A morte é o caminho de todos os homens. Não gostamos de falar sobre ela, fazemos de conta que não acontecerá conosco, entretanto, ela possui este caráter de inevitabilidade. A única certeza que realmente temos na vida é a de que morreremos. Apesar de nossas frágeis projeções e ousados planejamento, não há, de fato, garantia de que viveremos amanhã. As pessoas nos vendem seguro de vida, mas na verdade, o que compramos é um “seguro de morte”, que protege financeiramente aqueles que amamos.
A morte é democrática: despreza camadas sociais, ridiculariza dos poderosos, age de forma incontida, desconsidera os prognósticos, ri da ciência, zomba dos reis. No seu furor, outra de suas estratégias está presente:  Ela não leva em conta a idade. Não existe garantia alguma de que viveremos muito. Ela age indiscriminadamente, atingindo crianças ainda no início de sua história, jovens repletos de vida, e para nos contrariar, recusando-se a levar aqueles que julgamos ter passado do horário de partirem, tanto pela condição de saúde quanto a idade.
O Rei Davi compreende claramente isto. “Este é o caminho de todos os mortais”. Não há privilegiados nem exceções. Por isto, ele recomenda ao seu filho na hora da sua partida: “Guarda os preceitos do Senhor, teu Deus, para andares nos seus caminhos”. Precisamos estar nos caminhos de Deus para enfrentar de forma segura e serena, a inevitável rota da morte.
O apóstolo Paulo afirma em 2 Co 1.9: “Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte para que não confiemos em nós mesmos, mas no Deus que ressuscita os mortos”.

Segundo, o enfrentamento da morte
Sobre este assunto, ele dá dois conselhos:

A.   Coragem – Tenho aprendido que precisamos de coragem para viver e morrer. Davi dá conselhos ao seu filho para que ele enfrente a vida corajosamente. Para enfrentar tanto a vida como a morte, precisamos de coragem.

Só nos resta duas opções: Desespero ou fé.

Enfrentando a morte com Desespero.

Quando o filósofo ateu e cínico, Frederico Niestsche estava enfrentando a morte, agonizava profundamente em sua angústia existencial e depois de morrer, seu enfermeiro fez a seguinte afirmação: “Jamais gostaria de novamente assistir a morte de um ateu”.
Outro filósofo, Manuel Maria Barbosa du Bocage, (1765/1805), conhecido por ser desbocado e cético, ao enfrentar a morte, ditou o seguinte poema, conhecido como Soneto Ditado na Agonia.
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quasi fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage, in ‘Rimas’

Enfrentando a morte com fé

Quando Jesus estava perto de sua morte, chamou seus discípulos e lhes disse: “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim; na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fosse, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.1-3).
Que diferença enorme faz quando se enfrenta a morte com desespero e quando ela é enfrentada com fé. A forma como Jesus lida com a morte é completamente antagônica a de Niestsche e Bocage. Ambos enfrentam a morte, mas as reações diante dela são completamente diferentes.

b. O segundo conselho foi Leve a sério os preceitos de Deus – “Guarda os preceitos do Senhor, teu Deus” (2 Rs 2.3).
O uso da preposição “para” é abundante neste versículo, mostrando as razões e justificativas de se levar a sério os mandamentos de Deus e sua palavra:
            ...para andares nos seus caminhos
            ...para  guardares os seus mandamentos
            ... para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores.

Esta foi a recomendação que Salomão recebeu de seu pai quando ele estava para morrer

O texto continua com algumas recomendações extras de Davi para concluir: “Davi descansou com seus pais e foi sepultado” (1 Rs 2.10).
Uma expressão comum no Antigo Testamento para descrever a morte do povo de Deus é a de que estamos voltando para o nosso povo, para o reencontro espiritual: “E tudo irás para os teus em paz” (Gn 15.15) “Expirou Abraão... e foi reunido ao seu povo”(Gn 25.8). Esta ideia de reunir-se ao nosso povo é maravilhosa, como diz uma velha cancao: “Lá encontrarei amigos, que me servem como irmãos”. A vida continua para se completar com aqueles amados que morreram em Cristo.

Conclusão:
Ao considerar os conselhos de Davi a Salomão, eu me pergunto:
Que conselhos nossos pais nos dariam na hora da morte?
Ou ainda:

Que conselhos daríamos aos nossos filhos se estivéssemos adentrando os portões da eternidade?

Nenhum comentário:

Postar um comentário