“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos;
ora, os seus mandamentos não são penosos”.
Introdução
Não
é difícil encontrar pessoas que possuem uma visão opressiva de Deus, vendo-o
como algo um “desmancha prazer”. É famosa a frase de Roberto Carlos, e não sei
se ele a copiou de outra pessoa: “será que tudo o que eu gosto, é imoral,
ilegal ou engorda?”.
Há,
no DNA adâmico, da raça humana, uma sugestão luciférica que foi feita quando o
homem ainda estava no Éden. “Porque Deus
sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5). A suspeita sobre as
intenções de Deus para a raça humana pairam na alma e afloram em momentos de
crise e dor. Estaria Deus bem intencionado ou nos deu seus mandamentos para nos
oprimir e nos fustigar?
Esta
foi a sugestão de Satanás. “Deus está mal intencionado. Ele criou suas regras e
leis para fustigar e para manter o homem cativo e limitado, para dominá-lo e
cercear. No dia em que vocês a desobedecerem, vocês verão a vida de outra
maneira muito mais livre. Como Deus vocês serão capazes de discernir o bem e o
mal”. Estas sugestões são incrivelmente fortes quando estamos diante de uma
situação de caos, ou com uma paixão rondando o coração, afinal, se nosso
coração se inclina para um relacionamento pecaminoso, não deveríamos seguir
nosso coração ao invés de seguir a Deus? Nunca ouviram as pessoas dizendo: “Afinal
tenho direito de ser feliz?...”
O
Salmo 2 descreve de forma muito clara este pensamento que encontra-se na mente
do homem sem Deus, quando ele considera a palavra de Deus, suas afirmações e
exigências morais e diz: “Rompamos os
seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (Sl 2.3). Deus é visto como
quem aprisiona, mantém cativo e impede a felicidade humana.
O
pensamento filosófico moderno segue na mesma linha: Freud afirmou que “a
religião é uma neurose obsessivo-compulsiva”. O homem está preso a determinados
ritos e liturgias, regras e normas, e se não fizer aquilo que mantém cativa a
sua mente, vai se sentir culpado, por isto se submete para resolver sua
neurose. Marx disse: “A religião é o ópio do povo”, é uma droga que injetada na
mente social e coletiva, mantém as pessoas anestesiadas e indefesas. Deus é
apenas uma utopia.
O
texto base para nossa reflexão, faz uma afirmação bem diferente de todo este
pensamento secular: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos
os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos” (1 Jo 5.3).
Duas considerações:
Primeira: Tente
viver fora da vontade de Deus . Qual é o custo?
Em Eclesiastes 7.29 lemos: “Eis o que tão somente achei, que Deus fez o homem reto, mas ele se
meteu em muitas astúcias”.
Viver
fora de Deus traz um custo emocional e espiritual muito grande. O resultado
quando decidimos viver à parte de Deus é confusão, desorientação, culpa, medo e tristeza. Andar no projeto de
Deus para a nossa vida, nos livra de laços e dores, nos traz vida. Os
mandamentos não são regras restritivas, suas leis são o caminho para uma vida
liberta da escravidão e do pecado. Quando Deus insiste em determinados
princípios, eles está preocupado com nossa saúde e paz. Tudo o que Deus manda é
para o bem do homem, não dele mesmo. Nada há que o homem possa fazer que faça
mal ou bem a Deus, ou atinja os anjos e a glória de Deus. A maldade e
desobediência do homem faz mal a ele mesmo e atinge a raça humana. Os
mandamentos de Deus são para a vida.
Suas
leis são como regras para o bem viver, que concede a todos uma bússola para a
vida, conferindo graça sobrenatural a cada um. Alinhar-se à Palavra é
alinhar-se com a vida em si mesma. Os mandamentos regulamentam a relação do ser
humano com Deus, consigo próprio, com o próximo, e com a natureza. Esses
mandamentos, se obedecidos, trazem benção sobre a vida daqueles que os
praticam. Por outro lado, a quebra dos mandamentos, traz morte e confusão.
Existe
uma persistente ilusão de que se pode viver a vida separado de Deus, sem seu
amor e sua direção, de achar que a rejeição à mensagem de Cristo traga a
liberdade e à realização do homem.
os mandamentos de Deus não são para privar
ninguém de uma vida de qualidade ou excluir as pessoas de uma vida de prazer,
mas instrumentos libertadores e abençoadores, dados por Deus para proteção do
seu povo.
Por
esta razão Deus sempre está exortando o seu povo a viver debaixo de sua
palavra: “Porque assim diz o Senhor Deus,
o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação;
na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes” (Is
30.15). A tranquilidade, a serenidade, a paz, encontram-se debaixo da
orientação de Deus.
Veja
a agonia de Jesus ao ver a condição do seu povo, oprimido durante o seu
ministério terreno, sabendo que tudo isto era resultado de se desviarem de
Deus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os
profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os
teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós
não o quisestes! Eis que a vossa casa ficará deserta” (Mt 23.37,38). Jesus
vê a aflição do seu povo e sabe que o caos, a dor e a confusão são resultantes
da desobediência e rebeldia.
Os
mandamentos de Deus não são penosos...
Viver
fora da lei de Deus, é muito oneroso, traz graves consequências.
Segunda, considere o fim do homem sem Deus.
O embaraçoso caminho dos ímpios
Em
Provérbios 4.18-19 lemos: “Mas a vereda
do justo é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito. O caminho dos perversos, é como a escuridão; nem sabem eles em que
tropeçam”. Observe como os rumos são diferentes. O justo sai da escuridão
para a claridade. Os perversos caem sem saber o que lhes aconteceu.
Por
isto a Palavra de Deus exorta: “Retém a
instrução, e não a largues; guarda-a, porque ela é tua vida. Não entres na
vereda dos perversos, nem sigas pelo caminho dos maus. Evita-o; não passes por
ele; desvia-te dele e passa de largo” (Pv 4.1315).
Laços de iniquidade
Simão,
o mágico, é um personagem do livro dos Atos dos Apóstolos. Ele era meio zen,
meio místico, esotérico, dado à mágicas, e as pessoas viam nele um homem com
grandes poderes espirituais. Quando ele conheceu Filipe, ouviu o evangelho e
aparentemente assumiu a fé cristã, chegando até ser batizado na igreja, mas a
verdade é que ele mesmo ainda vivia com seu coração fascinado pelo misticismo.
Um dia, já membro da igreja, vendo a graça de Deus sobre a vida de Pedro e
João, ofereceu dinheiro para obter o mesmo poder. Pedro foi duro com ele. “Não tens parte, nem sorte neste ministério,
porque o teu coração não é reto diante de Deus”, e lhe disse ainda: “pois vejo que estás em fel de amargura e
laço de iniquidade” (At 8.21,23).
O
pecado enreda o homem, envolve-o e o amarra em laços de iniquidade. Por isto
provérbios afirma que “nem sabem eles em que tropeçam”.
Um princípio simples: O perdão
Veja
como um simples princípio da Palavra de Deus nos mostra quão libertador e
abençoador é seguir os mandamentos de Deus.
Acha
difícil perdoar? Você nunca achou num momento de sua vida que determinados conceitos
da fé cristã como o perdão precisam de uma avaliação e questionamentos mais
profundos?
Existe,
de fato, virtude em perdoar?
Não
é o perdão um grande dilema para milhares de pessoas?
A
própria palavra “perdoar”, possui na sua etimologia o germe da perda, do prejuízo.
Perdoar é sofrer o dano, é não vingar, não cobrar do outro juros nem parcelas
do mal que praticou. Não pode isto parecer anacrônico?
Considere,
porém, como afirmou Dallas Willard, o risco de não perdoar.
Já
viram o que acontece com pessoas incapazes de perdoar? Se você acha que perdoar
é algo negativo, imagine, então, as consequências de não perdoar...
Milhões
de pessoas adoecem, terminam seus dias em auto punição e ódio, perdem a própria
coerência, vão parar em manicômios e hospitais psiquiátricos, pagando fortunas
a terapeutas, pelo simples fato de negligenciarem um dos princípios elementares
da lei de Deus: o perdão.
Os
mandamentos de Deus não são penosos... eles nos foram dados para a vida.
Quando
Deus os fez, ele não pensava em si mesmo, mas em nós. Seu objetivo era nos
proteger de nós mesmos, das armadilhas do engano, dos laços de iniquidade, das
astúcias que criamos e nas quais tropeçamos, sem saber em que tropeçamos.
Que nos aproveitou termos cuidado em
guardar os seus preceitos?
Infelizmente
o pensamento de que os mandamentos de Deus são difíceis e pesados é algo recorrente
e reincidente que abrigamos em nosso coração. Esta pergunta foi feita pelo povo
de Deus nos dias do profeta Malaquias. “Vós
dizeis: inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os
seus preceitos e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos?” (Ml 4.14).
Não
é muito difícil que este pensamento distorcido brote em nosso coração.
O
profeta Malaquias quando fala ao povo de Deus, a nação israelita, condena a
atitude daqueles que diziam que guardar os preceitos de Deus parecia
infrutífero e tolo. Será que a igreja de Cristo hoje não diz muitas vezes a
mesma coisa? Basta que algo de ruim aconteça, que uma expectativa seja
quebrada, e imediatamente passamos a ter este tipo de sentimento. “Não vale a
pena ser crente!” ou, “para que servir a Deus”, ou ainda, “por que Deus permite
que seu povo sofra?”.
Um
homem de Deus no Antigo Testamento foi afetado de forma muito particular sobre
este assunto. O Salmo 73 é um dolorido desabafo dele, relatando sua experiência
de estar “frustrado” com Deus. Ele afirma: “pois
eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos” (Sl 73.3).
A inveja dos ímpios o levou a um desespero teológico. Por que prosperam os
ímpios? Por que acontecem coisas ruins a pessoas crentes? No meio de seu
desabafo, Asafe declara: “Com efeito,
inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência” (Sl
73.13). Ele chega a esta conclusão por se comparar com aqueles que não temiam a
Deus, mas aparentemente viviam uma vida menos atropelada que ele, servo de
Deus. Posteriormente ele compreende, que estava equivocado e que na verdade Deus
trata o seu povo de forma especial. Sua experiência revela que homens de Deus
podem passar por graves crises, e chegar até mesmo a achar que os mandamentos de Deus são penosos, mas
basta considerar de forma profunda que entenderemos a grande benção que
desfrutamos quando vivemos em obediência e comunhão com Deus.
Conclusão:
Sugestão luciférica.
Assim
foi no Éden, assim foi com Asafe, assim foi com os crentes nos dias do profeta
Malaquias, e assim tem sido conosco: a maior e mais eficaz estratégia do diabo
é nos fazer pensar que não vale a pena seguir a Deus. Que andar com Deus é
desagradável, penoso e cansativo. Que Deus nos deu seus mandamentos para nos
fustigar, nos oprimir e nos subjugar. Que Deus não está interessado em nós.
Por
isto é bom recordar que os mandamentos são para a vida.
Aprendemos
no texto que os mandamentos de Deus não
são penosos.
Através
de seus preceitos Deus deseja dar vida, saúde, alegria e graça. Ele nos quer
preservar e cuidar de nós.
O
texto de 1 Jo 5.3, que serve hoje para esta meditação, nos diz ainda mais: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos
os seus mandamentos”. E no vs 4 afirma: “porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória
que vence o mundo; a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê
ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4,5).
Deus
não nos deu seus mandamentos para destruir, para causar tristeza, mas para nos proteger
e abençoar.
Mas
o seu grande preceito tem a ver com seu filho amado Jesus.
Crer
na sua palavra, naquilo que ele ordena para seu povo, desemboca inexoravelmente
na obra de Cristo e na sua redenção. Quando cremos na sua palavra e a
observamos, veremos nossa alma se inclinar para a obra de Cristo na cruz, e reconhecer
admirados que sua obra nos trouxe a coisa mais bendita entre todas: a vida
eterna.
“Quem é que vence o mundo, senão aquele que
crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4,5).
Crer
na palavra de Deus, nos leva em direção ao Filho.
Submeter-se
aos seus mandamentos, nos conduz para a maravilhosa obra da cruz, na qual Deus
estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo.
Seus
mandamentos são vida, graça, saúde e plenitude para a vida presente.
Seus
mandamentos são o único meio para que vençamos o mundo, ao olharmos para seu
Filho amado. Quem vence o mundo crê ser Jesus o Filho de Deus. Sua palavra
testemunha isto. Seus mandamentos nos dão a vida eterna.
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