sábado, 5 de agosto de 2017

1 Jo 5.3 Deus, opressor?



Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos;
ora, os seus mandamentos não são penosos”.

Introdução
Não é difícil encontrar pessoas que possuem uma visão opressiva de Deus, vendo-o como algo um “desmancha prazer”. É famosa a frase de Roberto Carlos, e não sei se ele a copiou de outra pessoa: “será que tudo o que eu gosto, é imoral, ilegal ou engorda?”.
Há, no DNA adâmico, da raça humana, uma sugestão luciférica que foi feita quando o homem ainda estava no Éden. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5). A suspeita sobre as intenções de Deus para a raça humana pairam na alma e afloram em momentos de crise e dor. Estaria Deus bem intencionado ou nos deu seus mandamentos para nos oprimir e nos fustigar?
Esta foi a sugestão de Satanás. “Deus está mal intencionado. Ele criou suas regras e leis para fustigar e para manter o homem cativo e limitado, para dominá-lo e cercear. No dia em que vocês a desobedecerem, vocês verão a vida de outra maneira muito mais livre. Como Deus vocês serão capazes de discernir o bem e o mal”. Estas sugestões são incrivelmente fortes quando estamos diante de uma situação de caos, ou com uma paixão rondando o coração, afinal, se nosso coração se inclina para um relacionamento pecaminoso, não deveríamos seguir nosso coração ao invés de seguir a Deus? Nunca ouviram as pessoas dizendo: “Afinal tenho direito de ser feliz?...”
O Salmo 2 descreve de forma muito clara este pensamento que encontra-se na mente do homem sem Deus, quando ele considera a palavra de Deus, suas afirmações e exigências morais e diz: “Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (Sl 2.3). Deus é visto como quem aprisiona, mantém cativo e impede a felicidade humana.
O pensamento filosófico moderno segue na mesma linha: Freud afirmou que “a religião é uma neurose obsessivo-compulsiva”. O homem está preso a determinados ritos e liturgias, regras e normas, e se não fizer aquilo que mantém cativa a sua mente, vai se sentir culpado, por isto se submete para resolver sua neurose. Marx disse: “A religião é o ópio do povo”, é uma droga que injetada na mente social e coletiva, mantém as pessoas anestesiadas e indefesas. Deus é apenas uma utopia.
O texto base para nossa reflexão, faz uma afirmação bem diferente de todo este pensamento secular:  Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos”  (1 Jo 5.3).

Duas considerações:
Primeira: Tente viver fora da vontade de Deus . Qual é o custo?
Em Eclesiastes 7.29 lemos: “Eis o que tão somente achei, que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.
Viver fora de Deus traz um custo emocional e espiritual muito grande. O resultado quando decidimos viver à parte de Deus é confusão, desorientação,  culpa, medo e tristeza. Andar no projeto de Deus para a nossa vida, nos livra de laços e dores, nos traz vida. Os mandamentos não são regras restritivas, suas leis são o caminho para uma vida liberta da escravidão e do pecado. Quando Deus insiste em determinados princípios, eles está preocupado com nossa saúde e paz. Tudo o que Deus manda é para o bem do homem, não dele mesmo. Nada há que o homem possa fazer que faça mal ou bem a Deus, ou atinja os anjos e a glória de Deus. A maldade e desobediência do homem faz mal a ele mesmo e atinge a raça humana. Os mandamentos de Deus são para a vida.
Suas leis são como regras para o bem viver, que concede a todos uma bússola para a vida, conferindo graça sobrenatural a cada um. Alinhar-se à Palavra é alinhar-se com a vida em si mesma. Os mandamentos regulamentam a relação do ser humano com Deus, consigo próprio, com o próximo, e com a natureza. Esses mandamentos, se obedecidos, trazem benção sobre a vida daqueles que os praticam. Por outro lado, a quebra dos mandamentos, traz morte e confusão.
Existe uma persistente ilusão de que se pode viver a vida separado de Deus, sem seu amor e sua direção, de achar que a rejeição à mensagem de Cristo traga a liberdade e à realização do homem.
os mandamentos de Deus não são para privar ninguém de uma vida de qualidade ou excluir as pessoas de uma vida de prazer, mas instrumentos libertadores e abençoadores, dados por Deus para proteção do seu povo.
Por esta razão Deus sempre está exortando o seu povo a viver debaixo de sua palavra: “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes” (Is 30.15). A tranquilidade, a serenidade, a paz, encontram-se debaixo da orientação de Deus.
Veja a agonia de Jesus ao ver a condição do seu povo, oprimido durante o seu ministério terreno, sabendo que tudo isto era resultado de se desviarem de Deus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa ficará deserta” (Mt 23.37,38). Jesus vê a aflição do seu povo e sabe que o caos, a dor e a confusão são resultantes da desobediência e rebeldia.
Os mandamentos de Deus não são penosos...
Viver fora da lei de Deus, é muito oneroso, traz graves consequências.

Segunda, considere o fim do homem sem Deus.

O embaraçoso caminho dos ímpios
Em Provérbios 4.18-19 lemos: “Mas a vereda do justo é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos perversos, é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam”. Observe como os rumos são diferentes. O justo sai da escuridão para a claridade. Os perversos caem sem saber o que lhes aconteceu.
Por isto a Palavra de Deus exorta: “Retém a instrução, e não a largues; guarda-a, porque ela é tua vida. Não entres na vereda dos perversos, nem sigas pelo caminho dos maus. Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo” (Pv 4.1315).

Laços de iniquidade
Simão, o mágico, é um personagem do livro dos Atos dos Apóstolos. Ele era meio zen, meio místico, esotérico, dado à mágicas, e as pessoas viam nele um homem com grandes poderes espirituais. Quando ele conheceu Filipe, ouviu o evangelho e aparentemente assumiu a fé cristã, chegando até ser batizado na igreja, mas a verdade é que ele mesmo ainda vivia com seu coração fascinado pelo misticismo. Um dia, já membro da igreja, vendo a graça de Deus sobre a vida de Pedro e João, ofereceu dinheiro para obter o mesmo poder. Pedro foi duro com ele. “Não tens parte, nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus”, e lhe disse ainda: “pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniquidade” (At 8.21,23).
O pecado enreda o homem, envolve-o e o amarra em laços de iniquidade. Por isto provérbios afirma que “nem sabem eles em que tropeçam”.

Um princípio simples: O perdão
Veja como um simples princípio da Palavra de Deus nos mostra quão libertador e abençoador é seguir os mandamentos de Deus.
Acha difícil perdoar? Você nunca achou num momento de sua vida que determinados conceitos da fé cristã como o perdão precisam de uma avaliação e questionamentos mais profundos?
Existe, de fato, virtude em perdoar?
Não é o perdão um grande dilema para milhares de pessoas?
A própria palavra “perdoar”, possui na sua etimologia o germe da perda, do prejuízo. Perdoar é sofrer o dano, é não vingar, não cobrar do outro juros nem parcelas do mal que praticou. Não pode isto parecer anacrônico?
Considere, porém, como afirmou Dallas Willard, o risco de não perdoar.
Já viram o que acontece com pessoas incapazes de perdoar? Se você acha que perdoar é algo negativo, imagine, então, as consequências de não perdoar...
Milhões de pessoas adoecem, terminam seus dias em auto punição e ódio, perdem a própria coerência, vão parar em manicômios e hospitais psiquiátricos, pagando fortunas a terapeutas, pelo simples fato de negligenciarem um dos princípios elementares da lei de Deus: o perdão.
Os mandamentos de Deus não são penosos... eles nos foram dados para a vida.
Quando Deus os fez, ele não pensava em si mesmo, mas em nós. Seu objetivo era nos proteger de nós mesmos, das armadilhas do engano, dos laços de iniquidade, das astúcias que criamos e nas quais tropeçamos, sem saber em que tropeçamos.

Que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos?
Infelizmente o pensamento de que os mandamentos de Deus são difíceis e pesados é algo recorrente e reincidente que abrigamos em nosso coração. Esta pergunta foi feita pelo povo de Deus nos dias do profeta Malaquias. “Vós dizeis: inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos?”  (Ml 4.14).
Não é muito difícil que este pensamento distorcido brote em nosso coração.
O profeta Malaquias quando fala ao povo de Deus, a nação israelita, condena a atitude daqueles que diziam que guardar os preceitos de Deus parecia infrutífero e tolo. Será que a igreja de Cristo hoje não diz muitas vezes a mesma coisa? Basta que algo de ruim aconteça, que uma expectativa seja quebrada, e imediatamente passamos a ter este tipo de sentimento. “Não vale a pena ser crente!” ou, “para que servir a Deus”, ou ainda, “por que Deus permite que seu povo sofra?”.
Um homem de Deus no Antigo Testamento foi afetado de forma muito particular sobre este assunto. O Salmo 73 é um dolorido desabafo dele, relatando sua experiência de estar “frustrado” com Deus. Ele afirma: “pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos” (Sl 73.3). A inveja dos ímpios o levou a um desespero teológico. Por que prosperam os ímpios? Por que acontecem coisas ruins a pessoas crentes? No meio de seu desabafo, Asafe declara: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência” (Sl 73.13). Ele chega a esta conclusão por se comparar com aqueles que não temiam a Deus, mas aparentemente viviam uma vida menos atropelada que ele, servo de Deus. Posteriormente ele compreende, que estava equivocado e que na verdade Deus trata o seu povo de forma especial. Sua experiência revela que homens de Deus podem passar por graves crises, e chegar até mesmo a achar que os mandamentos de Deus são penosos, mas basta considerar de forma profunda que entenderemos a grande benção que desfrutamos quando vivemos em obediência e comunhão com Deus.

Conclusão:
Sugestão luciférica.

Assim foi no Éden, assim foi com Asafe, assim foi com os crentes nos dias do profeta Malaquias, e assim tem sido conosco: a maior e mais eficaz estratégia do diabo é nos fazer pensar que não vale a pena seguir a Deus. Que andar com Deus é desagradável, penoso e cansativo. Que Deus nos deu seus mandamentos para nos fustigar, nos oprimir e nos subjugar. Que Deus não está interessado em nós.
Por isto é bom recordar que os mandamentos são para a vida.
Aprendemos no texto que os mandamentos de Deus não são penosos.
Através de seus preceitos Deus deseja dar vida, saúde, alegria e graça. Ele nos quer preservar e cuidar de nós.
O texto de 1 Jo 5.3, que serve hoje para esta meditação, nos diz ainda mais: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos”. E no vs 4 afirma: “porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo; a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4,5).
Deus não nos deu seus mandamentos para destruir, para causar tristeza, mas para nos proteger e abençoar.
Mas o seu grande preceito tem a ver com seu filho amado Jesus.
Crer na sua palavra, naquilo que ele ordena para seu povo, desemboca inexoravelmente na obra de Cristo e na sua redenção. Quando cremos na sua palavra e a observamos, veremos nossa alma se inclinar para a obra de Cristo na cruz, e reconhecer admirados que sua obra nos trouxe a coisa mais bendita entre todas: a vida eterna.
“Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5.4,5).
Crer na palavra de Deus, nos leva em direção ao Filho.
Submeter-se aos seus mandamentos, nos conduz para a maravilhosa obra da cruz, na qual Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo.
Seus mandamentos são vida, graça, saúde e plenitude para a vida presente.
Seus mandamentos são o único meio para que vençamos o mundo, ao olharmos para seu Filho amado. Quem vence o mundo crê ser Jesus o Filho de Deus. Sua palavra testemunha isto. Seus mandamentos nos dão a vida eterna.



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