A parábola da candeia
²¹Também lhes disse: Vem, porventura, a candeia para ser posta debaixo do alqueire ou da cama? Não vem, antes, para ser colocada no velador?
²² Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado.
²³ Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
²⁴ Então, lhes disse: Atentai no que ouvis. Com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também, e ainda se vos acrescentará.
²⁵ Pois ao que tem se lhe dará; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
Introdução
O grande chamado de Cristo aos homens é para serem seus discípulos. Este termo aparece centena de vezes no NT, enquanto o termo “membro” nenhuma vez. O discípulo é alguém atento às instruções do seu mestre e que segue seus ensinamentos. Jesus afirmou: “Vós sois meus amigos se fizerdes o que vos mando”. Portanto, devemos estar atentos a toda instrução do Mestre.
Neste texto, Jesus está ensinando aos seus discípulos, e esta parábola está diretamente ligada à anterior, dando uma idéia de que a mesma idéia estava sendo completada. Nestes versículos, Jesus ensina algumas coisas essenciais aos seus discípulos:
Eis alguns de seus princípios:
- Não oculte o que precisa ser demonstrado. Não inverta a ordem natural das coisas. Lâmpada foi feita para aluminar, não para ocultar. Coloque a luz no lugar alto. Jesus contou esta parábola no contexto de testemunho: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso pai que está nos céus.” (Mt 5.14-16)
- Uma vez que a luz for acesa, aquilo que se encontra na penumbra se revelará. Por isto a luz pode ser desconfortável, mas ela é a única arma contra a escuridão. O que resta é não temer, mas aproximar-se dela.
- Precisamos exorcizar nossas trevas interiores. Paulo: “Tudo o que se manifesta é luz.” (Ef 5.13). Nossa cultura marcada pelo pecado e pelas aparências é ensinada a se esconder, ocultar, e não deixar que a verdade se manifeste. Medo do juízo dos outros, ou da reputação. No entanto, o mal é como mofo e fungo, cresce bem no escuro. Assim como insetos, lacraia, barato e rato.
- Luz e trevas. A busca da luz sempre deflagra um inevitável processo de revelação. “O homem de Deus aproxima-se da luz, porque não teme que suas obras sejam argüidas”. No entanto, toda luz, aprofundará a percepção de nossas trevas. “Todo aquele que prática o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras”. (Jo 3.19-21) "Todo aquele que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam manifestas". (Jo 3.19-21) "quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que se veja claramente que as suas obras são realizadas por Deus".
- Toda luz interior nos fará enxergar coisas que não gostaríamos de ver, mas devemos viver como filhos da luz. “como filhos da luz, andai na luz.” (Ef 5.8)
- Não adianta tentar esconder o mal. A verdade não pode ser trapaceada - “Não há nada oculto que não venha a revelar-se”. A história é sempre crua em revelar a verdade, que sempre triunfará. Aquilo que fazemos em secreto, será publicado em alto falante.
- Governo – liberação documentos ultrassecretos do Estado. Por que nossas autoridades temem tanto? Quantos segredos ainda serão revelados nos porões da ditadura, nos aposentos de templos evangélicos e católicos? Quanta surpresa teremos na hora do juízo?
- Jesus ensina que a vida de sombras será manifesta, por isto, não viva nas sombras. Quanto mais empurramos para dentro aquilo que é realidade, mais forte ela será. Mais cedo ou mais tarde, o que é, passa a ser, mesmo contra minha vontade. O caminho para a libertação das trevas é trazer para a luz.
- “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28.13) O caminho correto não é ocultar, mas confessar.
- Tenha medo daquilo que você vai ter que lutar para ocultar.
i. A história vai expor.
ii. As evidências serão demonstradas
iii. Deus vai julgar – Jaqueline: “Confessar é antecipar o juízo”. Não adianta deter a verdade pela injustiça – “Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça” (Rm 1.18)
- “O ímpio aceita às escondidas o suborno, para desviar o curso da justiça.” (Pv 17.23-28)
- Deus trará a julgamento todas as coisas – “Vi também os mortos, grandes e pequenos, postos em PE diante do trono. Então se abriram os livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto. E os mortos foram julgados segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.” (Ap 20.12)
- Use seus sentidos para aquilo que Deus os preparou – “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”. Pare de fazer de contas que está ouvindo e realmente ouça!
- O perigo da displicência – tratar com descaso verdades eternas.
- O perigo da resistência – Fechar os ouvidos àquilo que precisamos abrir. “O homem que muitas vezes repreendido endurece a sua cerviz, cairá de repente, sem que haja cura.” (PV 29.1)
- Tome cuidado com julgamentos – Este será o critério de avaliação.
- “Pois”, conjunção explicativa. No contexto do julgamento. Quem julga com facilidade, facilmente será julgado.
- Não trate as pessoas com mesquinharia. O critério da avaliação é a forma como avaliamos os outros.
Severina. Tive uma funcionária estranha numa das igrejas que pastoreei. Um dia, depois do sermão de domingo, voltei ao púlpito e não encontrei meu relógio. Eu “sabia” que ela havia roubado meu relógio, mas não tinha provas contra ela, por isto me calei. Me sentia chateado com ela toda vez que a via. Um dia, depois de alguns meses, peguei um antigo terno que já não me servia tão bem para pregar no domingo a noite, e para meu espanto, o relógio estava no bolso. Senti-me envergonhado, por ter julgado aquela funcionária. Eu estava estabelecendo critérios errôneos sobre a mesma.
- Quantas vezes fazemos isto? Como somos doutores, e nos julgamos superiores, moral e espiritualmente. Jesus afirma que nosso critério de julgamento será baseado na atitude com que julgamos os outros – é melhor colocar a barba de molho...
- Rm 2.1-3: “Portanto, você, que julga, os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas. Sabemos que o juízo de Deus contra os que praticam tais coisas é conforme a verdade. Assim, quando você, um simples homem, os julga, mas pratica as mesmas coisas, pensa que escapará do juízo de Deus?” (NVI)
Conclusão
A graça de Deus é sempre capaz de trazer perdão e cura.
A Bíblia relata que Moisés, o grande servo de Deus, viveu uma vida de cumplicidade, dando a impressão de que era alguém especial, mesmo quando seu rosto parou de brilhar (2 Co 3.13-18) Paulo afirma que isto trouxe consequências à sua descendência. O povo de Israel, teve dificuldade em crer em Cristo, e Paulo atribui sua cegueira espiritual ao comportamento de Moisés. Mas a grande benção é entender que, pessoas fracassadas podem ser erguidas, por meio da cruz e da redenção. A graça sempre tem o poder de trazer cura e restauração.