segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Mc 7.1-23 Perigos da Tradição

Introdução:Este texto começa com uma questão relacionada a Jesus e os líderes religiosos daqueles dias. Quando ouvimos falar de “fariseus” e “ escribas” (vs.1), nossa tendência imediata é achar que estes homens eram um grande problema. Na verdade, sua religiosidade era muito melhor, em muitos pontos, que as que professamos hoje em dia. Os fariseus faziam parte da vertente mais estrita e rígida do judaísmo, eram rigorosos no cumprimento da lei, tinham perfil conservador, seriam na nossa cultura os “bons garotos” ou “gente boa!”.
Os escribas eram homens que viviam diariamente transcrevendo os textos do Antigo Testamento. Conheciam os termos do Antigo Testamento e seu significado, eram gente culta, os teólogos no dia de Jesus.
Este texto, porém, é um texto de crise. Jesus está confrontado a forma deles viverem em relação a Deus. A palavra “tradição” surge 4 vezes neste texto: vs.3,5,9,13. Obviamente Jesus estava querendo trazer iluminação a uma coisa tão cara ao povo judeu que era a tradição.
Particularmente não gosto de ser cunhado de tradicional. Igreja tradicional tem ranço de museu, de arquivo. Gosto de pensar numa igreja histórica, isto é, não sopra aos primeiros ventos de idéias e doutrinas que aparecem e sabe julgar neo movimentos que de tempos em tempos surgem na nossa história. No entanto, isto não me livra de ser um “tradicional” e “conservador”, no pior sentido da palavra.

Quais são os perigos da tradição?
1. Dá sacralidade ao temporal – Valoriza o antigo em detrimento do novo. Confundem acidente com essência, histórico com revelado, temporal com o eterno. Acham que a verdade está no velho ignorando que o velho, quando surgiu, era novo. A verdade não está no velho nem no novo, mas no eterno. Tradição tem a ver com o que aconteceu com a história, e não dá para sacralizar tudo o que aconteceu. Jesus critica aqui o critério da "tradição dos anciãos" (Mc 7.3).

2. Valoriza o externo em detrimento do interno – Confundem acidente com essência. Colocam força em coisas externas, quando a ênfase deveria ser no coração e na essência das coisas. Rituais passam a valer mais que pessoas, construções valem mais que vidas, programas mais que salvação de almas, organização mais que organismo (vida), lugar santo mais que pessoas santas, monumentos tornam-se mais importantes que movimentos, religiosidade mais que relacionamentos, regras mais que coração. Jesus lida com isto quando se refere ao comportamento daquelas pessoas que estavam tão preocupadas em lavar a mão para se assentar à mesa, mas sem que aquilo tocasse o coração endurecido e arrogante que tinham (Mc 7.4).
Este é um dos problemas básicos do legalismo. Muita ênfase no externo, pouco no coração. O legalismo toca superficialmente na questão, por isto não atinge o coração. Dá ênfase aos aspectos exteriores da vida. O grande problema do texto: Lavam as mãos (cerimônia de purificação), mas não tem o coração quebrantado.
Este é o grande perigo que nós, que freqüentamos diariamente a igreja, corremos. Será que temos um coração quebrantado? Contrito? Realmente preocupado com o coração de Deus? Ou fazemos as coisas apenas para manter as nossas reputações e darmos uma impressão de que somos “gente boa”?
Jesus afirma: “Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe” (Mc 7.6). No crivo de Deus, como está nossa vida? Seu coração treme pelas coisas de Deus? Você tem chorado e preocupado diante de Deus com seus estilo de vida? Você tem pedido graça de Deus para sua alma? Gente religiosa se contenta com o externo. Coração fica frio, distante de Deus, mas ele continua ainda a fazer seus rituais, sem perceber a seriedade de seu mal. Por isto homens que lideram a igreja, muitas vezes, são capazes de estar a frente da obra, vivendo uma vida dupla, de adultério, de indiferença, etc.
Ao chegar em casa, Jesus vai explicar seu discurso aos discípulos (Mc 7.17-23). Faz critica aos comportamentos externos. Estas pessoas adoram controlar o exterior, as formas das coisas. Neste caso, rituais de comida (Mc 7.19). Este texto arrepia muitos legalistas que adotam restrições alimentares em nome de Deus. Nosso problema não é comida, mas o coração. Aqui está o cerne de nossa espiritualidade.

3. Muita ortodoxia, pouca afetividade – Zelosos por Deus, pela lei, pela ortodoxia.
Jesus mostra que muitos estavam omitindo o cuidado com seus pais, que em muitos casos dependiam da ajuda dos filhos, justificando o fato de estarem envolvidos na obra do Senhor (Mc 7.11-12). “Aquilo que poderias aproveitar de mim é corbã” (Mc 7.11). Corbã é um tipo de oferta religiosa. Pessoas que se julgavam muito espirituais, se eximiam de cuidar de seus pais. Justificando seu descaso por causa da fé. Se nossa fé tem algum problema com espiritualidade, ela é doentia. “Se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (1 Tm 5.8).
Badú: “O critério para escolher um diácono e um presbítero da igreja não deveria ser pelo afeto?”. Quanto de nosso coração é afetivo.
Pastores se tornam profissionais – sem afeto em relação sua esposa e filhos, a sua igreja e á Deus.
Pense no líder de sua igreja a partir de sua família. Este homem tem seu coração convertido aos filhos, à sua esposa? Os filhos destes líderes são capazes de perceber que Deus realmente está presente na sua prática?

4. Valoriza o humano em detrimento do divino – Paulo mostra isto em 2 Corintios 3, quando faz comparação entre a velha e a nova aliança. Ele afirma que a Velha estava ligada a coisas: A lei fora inscrita em pedra, não no coração. A velha aliança relaciona-se a pedras, a Nova relaciona-se ao coração: pessoas. O cristianismo falso está sempre preocupado com a importância das coisas: Pedras, rituais, templos, vitrais, órgãos. Se o pastor vem de paletó, toga: Coisas. Na Nova Aliança, pessoas são importantes. As coisas são importantes como auxílio às pessoas. Jesus curou no sábado: escândalo. Os fariseus se preocupavam com coisas. Quantas vezes vemos esta atitude na Igreja. A reputação vem antes da pessoa. Tradições são mantidas para atender necessidades de alguém. O que está em jogo é o status e a aceitação de alguém. Valoriza as formas ao invés do coração.

Resultados:
A. Facilmente encobre a verdade, pregando a verdade- Pregam, não todo conteúdo, mas o conteúdo que lhes interessa. Criam o evangelho dos santos evangélicos (J. Carlos Ortiz).
Toda vez que pregamos a palavra devemos perguntar: Esta verdade é bíblica, mas traduz toda verdade divina? Paulo afirma: “Jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27). Heresia, não é a rejeição da verdade, mas a minimização da verdade em detrimento de outra. É uma questão de ênfase. Veja os exemplos abaixos, se você valorizar qualquer um deles, você se torna herético.
Oração & Ação social
Responsabilidade humana & Soberania de Deus.
Evangelização sem humanização.
Humanização sem evangelização.
Justiça social & Evangelho da cruz.
Evangelho da cruz & Justiça social
Em qualquer destes casos, é fácil tomar uma bandeira e se esquecer do equilíbrio que existe entre as duas. Assim esquecemos, suprimimos ou negamos o todo.

B. Manipula a palavra para justificar atitudes contrárias – "jeitosamente rejeitais" (7.9) A gente dá um jeito brasileiríssimo de ajeitar a Bíblia aos nossos interesses. Dá um jeitinho...
Como fizeram isto? Tornaram-se religiosos o suficiente para perder a essência da lei. (Mc 7.10-12). Cumpriam a lei de forma suficiente para não a cumprirem.
Exemplo: Pastor em Medford, que deixou de cuidar de seus filhos por causa do ministério.
Pessoas que se tornam ótimos religiosos, mas a vida deles não é tocada pela operação do Espírito Santo.
Ilustração: D. Divina, Vila Morais: "Pastor, é possível a gente falar em língua, e depois xingar os outros e falar palavrões dentro de casa?"
O Evangelho só é autenticado quando penetra nas nossas relações horizontais, mexe com nossa forma de ser e viver, atinge nossa ética. Traz conversão de pais a filhos, filhos a pais, esposos a esposas, e assim por diante. A Bíblia não te desobriga do cuidado com sua família, mas te convida a envolver-se ainda mais com ela. "se alguém não tem cuidado dos seus, especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente".

C. Não permite que o Evangelho penetre no coração: Tudo é externo: comportamentos, normais, tudo exterior.
Os discípulos foram questionados pelo exterior. Jesus lhes dá uma explicação baseada nas leis cerimoniais: Cita o exemplo de comida. Comida é exterior. Jesus mostra que o problema não é o que se come, mas aquilo que está comendo você. Aquilo que penetrou sua alma. Lei está muito preocupado com o cumprimento externo da lei, mas não atenta para o coração.
Filipe Yancey no seu livro, maravilhosa graça, conta a história do Big Harold, um homem que o protegeu tremendamente na sua infância.
Pedro em Atos 10: mata e come!
Coração e Evangelho são correlatos: Tirarei o vosso coração de pedra e colocarei coração de carne. O problema é meu coração, ele precisa ser mudado.
Culto sem paixão: Nenhum sentido! "Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe!" ((Mc 7.6).
O legalismo é incapaz de abraçar o evangelho. Sua ênfase não está no que Cristo fez, mas no que ele faz. A cruz aponta para a expiação de Cristo, antes de mais nada, fala das “bad news” da nossa existência. Por nós mesmos somos incapazes de qualquer coisa. Nossos sacrifícios, boa obra e justiça própria retiram a centralidade da obra de Cristo. O legalismo aponta par ao homem, o que ele faz; a cruz aponta para Deus, o que Ele faz.
Legalismo cria uma espiritualidade paralela. “Evangelho dos santos evangélicos”. O legalista nunca entende a gravidade de seu coração longe de Deus, ele acha que o que faz é correto, e ele não sente necessidade de Deus.
No entanto, só a cruz tem o remédio para a frieza e indiferença de nosso coração para as coisas de Deus. Naturalmente somos inclinados á vaidade, auto exaltação, auto glorificação.
Por isto Jesus fala de coisas difíceis de entender, como “novo nascimento”, e a “necessidade de morrer para si mesmo”. O legalismo e a tradição nunca impedem que você adentre esta dimensão que Deus quer dar à sua vida.

2 CR 34 A REFORMA DE JOSIAS

Motivo do encontro:
O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica e o obscurantismo medieval que marcou a Igreja da Idade Média. No dia 31 de Outubro de 1517, de forma ousada, afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam pontos da doutrina, condenava a venda de indulgências, acentuava a Soberania de Deus, preconizava um retorno às Escrituras mostrando que a regra de conduta do cristão está na suficiente revelação de Deus em Cristo e nas Escrituras sagradas do Antigo e do Novo Testamento, condenou o culto à imagens e revogou o celibato.
Em 16 de abril de 1521, foi convocado pelo imperador Carlos V a desmentir as suas 95 teses na Dieta de Worms. Lutero se manteve firme nas suas convicções e mostrou a necessidade espiritual da reforma na igreja.
Por que precisamos celebrar a Reforma Protestante?
 Rememorar um gesto, uma postura, resgatar a história
 Articular gestos futuros, desenhar novo projeto - visão de “sempre reformando”.
 O que a Reforma nos tem a dizer?

Introdução/Narração: Vem de dois reinados assustadores...
Manassés : Sacrificou filhos – 2 Cr 33.6; Adivinhava pelas nuvens; Praticava feitiçarias; Tratava com necromantes (médiuns).
Amom: Segue o mau exemplo do Pai Manassés e sacrifica a deuses estranhos.
Josias: “fez o que era reto”.

O que pode gerar reforma na história:
1. Desejo profundo de querer saber o que move o coração de Deus- W. Booth: “Impactado com as coisas que impactam o coração de Deus”.
Josias era ainda um adolescente, 16 anos, quando começou a “buscar o Senhor” 2 Cr 34.3, Queria saber sua vontade. Mudanças espirituais ocorrem quando se busca o Senhor. Buscar tem a ver com a vontade, desejo. Neste caso, a idade de Josias é o instrumento que Deus usa para desmascarar a prepotência da liderança política e religiosa de então.
Samuel era ainda menino quando Deus o chamou...
Davi era outro adolescente...
Calvino tinha apenas 27 anos quando terminou as Institutas.

2. Desarticular o sistema religioso pecaminoso no culto - 2 Cr 34.3
12o. Ano - quando estava com 20 anos... depois de gastar 4 anos em oração (quatro anos é muito tempo?) tempo de incubação...ora antes.
Êxodo: “Ouvi o clamor deste povo” (400 anos...)
Na reforma - vemos um Lutero angustiado com a situação do povo.
Josias se coloca “pessoalmente à frente dos projetos” 2 Cr 34.4- A Igreja não passa de sua liderança.
Boa parte de nossa religiosidade hoje poderia acabar, sem nenhum prejuízo para o reino de Deus e com enorme libertação para os súditos do Reino.
O tempo que a Igreja investe em nada;
Dinheiro que o povo investe em nada
Quantidade de lutas internas na Igreja que são lutadas por nada...
Nossos concílios sacro-santos que não conciliam quase nada
Nossos edifícios de educação religiosa usados para educar quase nada.
Repensar nossos esquemas religioso, nossos cultos privados e comunitários.

3. A redescoberta da Bíblia – 2 Cr 34:14
Ocorre quando há disposição em fazer a vontade de Deus. Onde está a Bíblia? No meio dos escombros, empoeirada...
a) Curiosamente a Bíblia se perde no Templo - No meio das ruínas. Jesus não se perdeu no templo, segundo Lucas? Os ataques mais violentos que Jesus sofre vem dos servidores do templo, Lutero é recomendado a não ler a Bíblia, este livro perigoso... Se alguém crer em mim, como diz as Escrituras... Evangelho dos santos evangélicos - Ler textos não sublinhados.
B) Descobre-se a Bíblia na caminhada - vs. 14 Quem descobre é o sacerdote. O rei só terá acesso ao livro quando aqueles que o manuseiam (sacerdote e escriba), resolvem lê-lo. “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento, porque tu, ó sacerdote, rejeitaste o conhecimento”. Os 4.6
Reforma: Bíblia escondida, Lutero traduz para o alemão e a populariza.
Na reforma de Josias 2 Cr 34,22, a mulher tem participação política e eclesial. Hulda é convidada a declarar a vontade de Deus. A mulher é co-responsável no compromisso do retorno.

4. Toda reforma espiritual desemboca em celebração - 2 Cr 35 - É tempo de festa! A festa foi inigualável (2 Cr 35.18).

Mt 15.21-28 Vencendo ações malignas

Introdução:Este texto é um dos mais enigmáticos da Biblia e traz enormes dificuldades hermenêuticas. Jesus se nega a atender esta mulher por três vezes, e a ouvir seu clamor .
Primeira tentativa – Ela vem clamando, Jesus não lhe responde palavra. Aqui vemos seu silêncio e indiferença (15.23). Já tentou conversar com alguem que te despreza? Os discípulos ficam impressionados e chamam a atenção de Jesus. “Despede-a, pois vem clamando”. É como se eles quisessem dizer-lhe que algo deveria ser dito, ainda que sem importância, para que ficassem livre de sua importunação. Esta atitude nada tem a ver com o Jesus compassivo que os Evangelhos nos apresentam.
Segunda tentativa – Sua resposta estranha – “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas de Israel” (Mt 15.24). Esta argumento contradiz abertamente seu discurso e a universalidade do Evangelho. Ele enviou os discípulos a alcançarem o mundo, quando Deus a Grande Comissão: (Mt28.18.20).
Terceira tentativa – Sua grosseria. A mulher o adora (Mt 15.25), gritando por socorro, e Jesus a trata ainda com mais desprezo, comparando-a a um cachorro. “Não é bom tomar o pao dos filhos e dar aos cachorrinhos” (Mt 15.26). Por mais romântico que esta expressa possa parecer (o que o texto realmente não indica), esta expressão é rude e grosseira. Não é apropriado para as pessoas polidas.
Afinal, o que este texto quer nos ensinar? Todos os gestos, parábolas e milagres de Jesus tinham intencionalidade. Ele queria ensinar algo aos seus discípulos. Havia uma razão pedagógica em Jesus.

Duas possíveis soluções hermenêuticas:
1. Lição aos discípulos; Jesus queria levar os discípulos a vencerem a barreira do ensimesmamento judaico. Mostrar que a atitude deles de superioridade racial teria graves implicações. Jesus veio para um povo que julgava ter a posse da divindade e controlar Deus, e o Mestra agora radicaliza as conseqüências dos seus discípulos mostrando-lhes quais os resultados que tal atitude geraria no mundo, e quão sérias seriam suas implicações. Jesus mostra que o mundo estava aberto ao passo que Israel se fechava. Seu propósito era tirar seus discípulos do seu estreito nacionalismo e dar-lhes visão mais abrangente do reino e de sua obra. E só um tratamento de choque poderia mudar sua visão estreita.
Quando Deus chamou Abraão, afirmou o seguinte: “Em ti serao benditas todas as famìlias da terra. Sê tu uma benção”.
O livro de Isaias está constantemente apontando para a universalidade da salvação:
“Todos os confins da terra verao a salvação do nosso Deus” (Is 52.10).
“Porque transbordarás para a direita e para a esquerda, a tua
posteridade possuirá as nações” (Is 54.3).
“Eis que chamarás a uma nacao que não conheces, e uma nacao que nunca te conheceu
correrá para junto de ti, por amor do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel” (Is 55.5)
O que o povo de Israel fez com o propósito de Deus? O Livro de Jonas parece ser uma alegoria desta realidade. Deus o envia para uma nação pagã, e ele se recusa a fazer, porque acha que não são merecedores da salvação que vem de Deus. Israel se recusou a ser uma benção para o mundo, e até hoje é assim. O judaísmo é a unica religião do mundo que não tem missão; Deus é posse e está sob o domínio deles. Deus é ainda uma realidade tribal na sua concepção.
Esta mentalidade estava presente nos discipulos. Depois da sua ressurreição, apesar da comissão que Jesus lhes havia dado, a pergunta revela esta estreiteza de visão. “Será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1.6). O Reino tinha uma concepção meramente politica. Jesus porém responde: “Seres minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, Judéia e Samaria e até os confins da terra”. (At 1.8). Jesus ratifica que o chamado era para ser uma benção para o mundo. Não era proposta para um Israel político.
Então, neste texto, Jesus estava querendo mostrar aos discípulos, de forma prática, já que até eles mesmo reagiram à sua atitude, quão perversa é a lógica de nossa missão quando não temos compreensão e cuidado com pessoas que fogem do nosso círculo. Jesus estava querendo mostrar-lhes que este era seu procedimento e que eles não podiam continuar agindo desta forma.

2. Testar a seriedade do pedido da mulher- Até onde ela estava disposta a pagar o preço de se desvencilhar do diabo. Quão sério era seu desejo de romper e quebrar a obra maligna em sua casa. Às vezes recebo telefonema de pessoas que, depois de saírem do quadro de desespero não querem continuar tratando das questões mais profundas de sua alma e de suas relações. Só querem um paliativo, um alívio imediato para suas crises que não poderiam ser resolvidas com um mero comprimido.
Vivemos numa geração de pessoas em busca de respostas imediatas, de soluções inconseqüentes. Nossa geração vive um estilo de vida de micro ondas. As coisas precisam de agilidade, respostas fáceis e comprimidos que resolvem todos os dilemas. O problema é que o prozac pode dar alívio imediato, mas não resolve as questões mais profundas da alma. O tilenol pode tirar a dor de cabeça, mas não resolve a causa da dor de cabeça. Queremos computadores rápidos, gostamos das coisas descartáveis que são baratas (apesar de terem durabilidade reduzida). Esquecemos que a vida possui processos, e nao existe estrada fácil, as coisas precisam de tempo e aprofundamento para serem resolvidas.
Jesus queria avaliar, até que ponto ela queria realmente a benção de Deus. Muitas pessoas desistem muito facilmente das bençãos de Deus, param no primeiro obstáculo, e Jesus quer saber qual a intensidade do desejo do coração desta mulher.
A luta de Jacó no Vale de jaboque (Gn 32), revela bem esta relação enigmática de Deus com o ser humano. Jacó não desiste de sua benção: “Não te deixarei se não me abençoares”. A benção passa a ser uma santa obsessão. Deus pode me dar e eu não posso abrir mão disto. “Buscar-me-ei e me achareis quando me buscares de todo coração”.
A parábola da viúva importuna, parece indicar que muitas das grandes necessidades nossas serao atendidas com perseverança e constância nas orações. Elias orou “com instância”. É a oração que vai além da superficialidade, que penetra o âmago de nosso ser. Precisamos aprofundar nossas orações tão superficiais. Até que ponto queremos pagar o preço da busca e da oração na presença de Deus?

Qual é o problema desta mulher?
O que esta mulher está buscando? Existe algo na vida desta mulher que desestrutura sua vida, que a torna menor do que o que ela era. Ela percebe que sua filha está horrivelmente “endemoninhada", literalmente isto significa que sua filha estava "cheia de demônios". Existe algo na sua casa, personificado de forma mais objetiva na filha, que desestrutura a vida das pessoas e desestabiliza o ambiente. Sua casa está vivendo sob uma opressão e ação satânica.
Sem querer negar a existência pessoal do demônio enquanto pessoa (As Escrituras descrevem o diabo com um ser real e pessoal, não apenas uma força), gostaria de dar-lhe caráter mais abrangente e tentar diagnosticar, identificar demônios, que de formas diferentes, povoam nossos lares.

Como superar estas manifestações satânicas que coexistem no nosso lar, na nossa existência, e regulam nossas vidas?
1. A libertação acontece de acordo com o que queremos - “Faça-se contigo como queres...”Mt. 15:28.
 Nabal e Abigail : I Sm. 25 O que você deseja para sua casa ? I Sm.25 nos relata a história deste casal. Nabal era turrão, duro, inflexível e tolo. Abigail, sua mulher, resolve rejeitar isto para sua casa. Sabendo que o mal estava designado, rejeita-o, luta contra este mal e o supera. “A mulher sábia edifica sua casa, mas a insensata com suas próprias mãos a derruba” (Pv.14;1)
 Alimentamos o mal: “Se procederes bem, não e certo que serás aceito?”
 Resisti ao diabo. (I Pd.5:7) A demonização de nossa casa se dá por permissão, por concessão. Vamos admitindo nossa morte, vamos permitindo sutilmente que o mal se aninhe em nós, nos domine, e não esboçamos reação.
 Cena do Devil’s advocate. “Não me culpe, você fez a sua opção…
 Scott Peck: ““Uma livre vontade humana, precede a cura.
Mesmo Deus não pode curar uma pessoa que não quer ser curada.
Em última instância, é o paciente mesmo que é o exorcista”.
 Valdeci e a pessoa possessa em S. River – Ela não queria ser liberta do diabo, por alguma razão ela encontrava satisfação naquela forma de viver. Não existe lar liberto sem que queiramos tal liberdade. Não adianta tentar tirar o efeito (gestos e dramas demoníacos), sem desejar mudança.
Deus faz aquilo que queremos que ele faça.

2. Não deixe de buscar resposta de Deus, ainda que tal resposta pareça demorada - Não abra mão da benção. “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscares de todo coração” Em Rm. 5:4-4 vemos o resultado da perseverança na vida dos cristãos.
Perseverança produz experiência,
e a experiência, esperança,
e a esperança não confunde.
Para sermos libertos de nossa confusão interior, de nossas amarras interiores, do nó que usualmente processos demoníacos geram em nós, precisamos perseverar, até que esta perseverança resulte em libertação de nossa confusão, através da esperança que é gerada em nossos corações.
Muitos param, porque desanimam. Não insistem na luta, abrem mão da benção que ele precisa.

3. Em todo tempo adore, mesmo que Deus pareça não se preocupar com teu sofrimento - (15:25) Isto aqui é demasiadamente complicado para nosso coração. Nós nos sentimos melhor em adorá-lo, quando nossos problemas são eliminados. Quando as coisas estão ruins nossa tendência é murmurar. Mas esta mulher aqui, o adora, apesar da indiferença de Jesus e de sua aparente recusa em cuidar de seu problema. Adore!!
Muitas vezes Deus adia a realização de nossos sonhos, por diversas razões. Ana foi uma das que viram seus sonhos sendo despedaçados. O Rev. Antonio Carlos Sá Costa nos aponta algumas causas pelas quais Deus adiou a realização dos senhos de Ana.
a)- Porque desejo não realizado normalmente nos leva à presença do Senhor - Ana busca a Deus, na sua luta de ver seus sonhos atingidos;
b)- Deus adia a realização de nossos sonhos para que entendamos que Ele é soberano - Ana declara isto, no seu cântico de adoração - I Sm. 2:6-8
c)- Deus adia por causa de seus planos, que são inescrutáveis -
d)- Deus adia nossos sonhos para que o que venhamos a receber se torne motivo de adoração.

4. Jesus tem autoridade sobre o demônio mais renhido, mais domesticado, mais aculturado, mais cultivado e melhor alimentado em nosso lar.
“E desde aquele momento sua filha ficou sã”. Mt.15:28
Indiferença, ausência de perdão, insensibilidade, agressividade, rispidez. Os demônios se submetem ao nome de Jesus, à sua autoridade.
Existem acoes demoníacas que sao nutridas e cultivadas em lares disfuncionais; por isto precisamos romper com estas atitudes de nossa alma. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo, aquele que me segue não andará em trevas”. Precisamos clamar para que Jesus ilumine os cantos obscuros de noss coracao e lance luz sobre nossas trevas.
Satanás se nutre das trevas, do lado obscuro de nossa alma, e Jesus tem poder sobre tais ações demoniacoas, sua presença confronta o maligno. Jesus tem poder!