domingo, 26 de agosto de 2012

Gn 2.18-25 O Casamento no projeto da criação

Introdução:



Casamento tem sido uma das instituições mais questionadas em nossos dias. Existe um bombardeio direto contra a família, parece que todos projetos de lei possuem o único objetivo de desmoralizar, desqualificar, depreciar e enfraquecer a família enquanto instituição.
Este é um dos mais claros textos para que entendamos o que é o casamento na perspectiva cristã. Como cristãos, ao invés de ficarmos pressupondo, filosofando ou psicologizando a família, precisamos abrir a Palavra de Deus e ouvi-la, ao invés de questionarmos e nos opormos a ela. O Rev. Wilson de Souza costumava dizer: “Se Deus não disse o que teria dito, por que ele não disse o que teria de dizer?”
Deus designou o casamento como fundação segura da sociedade humana. Antes que igrejas, escolas e outras instituições de negócios fossem estabelecidas, o casamento foi instituído. Se fosse um projeto meramente humano, poderíamos descartá-lo, mas ele foi projetado pelo próprio Deus, e Jesus afirmou: “De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem” (Mt 19.6). O divórcio não fazia parte do propósito original de Deus, mas se tornou uma cláusula de exceção por causa da dureza do coração dos homens (Mt 19.8). Separação é um remendo mal feito na obra de Deus para resolver a incapacidade que temos de perdoar, cuidar, fazer concessões e abençoar os outros.
Este texto bíblico nos ensina profundas verdades sobre o casamento:

1.     Casamento: Projeto de Deus – “Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora”(Gn 2.18).
a.       Faz parte do projeto inicial de Deus, de sua criação. Antes de ser uma instituição humana, é iniciativa de Deus - Deus é seu arquiteto.

b.      Não é projeto resultante da queda da raça humana e nem foi dado como consequência do pecado.

c.       Jesus afirma: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher? Portanto...  O que Deus ajuntou  não o separe o  homem” (Mt 19.4,6b).

Perigos:
a.       Esvaziá-lo, transformando-o num evento meramente humano.  Um contrato oportunista no qual se busca vantagens. Sendo instituído por Deus, torna-se uma instituição sagrada, e por isto não deve ser dissolvido, até a morte.  Divórcio é uma ruptura no projeto de Deus.

b.      Casamento não é regulado pelo governo, ou pelas conveniências humanas, porque suas regras são dadas Deus e não por poderes públicos.

c.       O Estado tem a função de manter os recordes e as certidões em ordem, mas não pode determinar como deve ser o casamento ou o divórcio porque isto é ato exclusivo de Deus. Ele revelou seu plano nas Escrituras sobre este assunto.

d.      O ataque ao casamento não é coisa banal, mas vai direto ao projeto e propósito inicial de Deus para a raça humana. Deus chama o casamento de aliança, portanto não é um contrato (Pv 2.17). No Éden, Deus instituiu e oficiou este pacto. Um pacto nas Escrituras é solene compromisso entre o regulador e o sujeito. Um pacto assim formalizado traz benção quando mantido e maldição quando quebrado e não podemos fazer regras no casamento para justificar nossa tendência pecaminosa. Existem leis e princípios ordenados claramente por Deus e que devem ser cumpridos.

2.  Casamento: Projeto para romper a solidão: “Então disse Deus, não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora” (Gn 2.18).
a.       A razão principal da instituição do casamento foi o “companheirismo”.

b.      Jay Adams: O objetivo principal não era o sexo (não é necessário casar para ter sexo), nem procriação (não é necessário casar para ter filhos), mas uma companheira.

Perigos:

a.       Casar e ainda continuar na sua individualidade, onde os parceiros não constroem  intimidade suficiente para vencer o isolamento, protegidos pelas máscaras e ocultamento. Nega-se assim a vulnerabilidade da relação. Perigo de continuar “só”, depois de casados.

b.      O fator casamento, em si, não é suficiente para romper a solidão, como bem escreveu o poeta Mário Quintana no seu poema “Liberdade Individual” (1998). Para ele, os casais deveriam prometer "que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?”

2.     Casamento: Projeto de igualdade.Tomou uma de suas costelas”(Gn 2.21).

a.       Costela: Idéia de alteridade e igualdade. 

b.      Agostinho afirma: “A mulher não foi tirada do pé, para não ser subjugada, nem da cabeça,  para não ser superior”. Outro escritor completo, “mas debaixo do seu braço para ser protegido, e do lado do coração, para ser amada”.

Perigos:

a.       Opressão e dominação. Relacionamentos facilmente se tornam formas de manipulação e superioridade. Relacionamentos opressivos quebram o propósito original de Deus.

b.       Em Cristo, não há superioridade masculina ou feminina (Gl 2.17), embora no lar, Deus tenha delegado a liderança da casa ao marido, trata-se de função, e não de gênero. Submissão tem a ver com papéis, e não com masculinidade ou feminilidade. No lar o marido tem a liderança, por isto a mulher deve ser submissa ao seu próprio marido e não aos homens.

c.       Depreciação. Não valorizar o outro. Casar com um subalterno. Inferiorizar, diminuir ou desconsiderar o outro.

4. Casamento: Projeto de apoio e complementareidade“Far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”((Gn 2.18).
a.       Auxiliadora: literalmente “escudeira” (hebraico).

b.      Bíblia de Genebra: “A palavra auxiliadora implica na inadequação do homem, não a inferioridade da mulher, pois é usada geralmente para Deus”.

c.       Idônea: “A expressão assume um relacionamento de complementareidade; o que lhe falta, ela supre, e vice-versa. Ambos compartilham da imagem de Deus” (Bíblia de Genebra).

Perigos:
a.       Dormindo com o inimigo.

b.      Relacionamentos competitivos: Dinheiro /atenção/afeto dos filhos/poder/controle.

c.       Ver o outro como rival: “poder de ter razão”.

5. Casamento: Projeto de alegria: "Esta afinal é osso dos meus ossos, e carne da minha carne" (Gn 2.22).

a.       O texto é poético, e deve ser lido com paixão. Adão vibra de alegria.

b.      O texto revela o prazer que Adão encontra quando encontra Eva. Ele literalmente “salta de alegria”.

c.       Lar: Projeto de alegria, celebração, ninho, acolhimento e graça.

Perigos:

a.      Lares sem espontaneidade e alegria: Certa mulher assim se expressou: “Eu perdi o encanto”. Muitos lares perderam o lúdico.

b.      Lugar de castração, constrangimento, ambiente onde se patologiza e adoece o outro, onde a alegria nunca é encontrada.

c.       Lares enfermos e adoecidos. Nelson Rodrigues: “Família, na melhor das hipóteses, só serve para enriquecer a indústria farmacêutica e dar emprego a psiquiatras”.


6. Casamento: Projeto de privacidade - Por isso, deixa o homem pai e  mãe e se une à sua mulher”(Gn 2. 24)

a.      Casamento envolve ruptura. Casais sofrem quando não conseguem quebrar o vínculo umbilical e casam  sem “romper”.  Sogro (a)  por  perto para “ajudar”  nas crises.

b.      Jovens casais precisam de privacidade, para que possam crescer e resolver suas próprias dificuldades e lutas.

Perigos:

a.      Ausência de cumplicidade, incapacidade de preservar a privacidade, tudo é aberto demais, não há segredos nem cumplicidade.

b.      Pais que não deixam seus filhos resolverem os conflitos, não permitem que amadureçam.

c.       Sogros (as) invasivas, que tomam decisões pelos filhos.

7.  Casamento: Projeto de intimidade - Ora, um e outro, homem e sua mulher estavam nus, e não se envergonhavam” (Gn 2.25).

a.      Capacidade de serem autênticos, se exporem sem temor de serem ridicularizados ou diminuídos.

b.      Estar nú tem a ver com transparência e vulnerabilidade.

c.       Necessidade de intimidade física. Vida sexual plena, sem recalques, iras e culpas. Sexo foi criado por Deus, e antecede a queda. Não podemos deixar de falar daquilo que Deus não teve vergonha de criar.

Perigos:

a.       Diminuir o outro na sua nudez e vulnerabilidade, constranger e zombar.

b.      Ser desprezado por suas fraquezas e medos.

c.       Ser manipulado por confissões de dores, dramas e medos, e tornar público a dor do outro.

d.      Superficialidade, falta de transparência, medo de se revelar. Ausência de nudez física e psicológica.

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