quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Mc 12.41-44 Dinheiro é coisa espiritual


Introdução:
Dinheiro é coisa séria. Jesus falou mais de dinheiro do que de céu e inferno. Howard Dayton, Fundador do Crown Ministries, ministério sobre treinamento financeiro, encontrou cerca de 500 versículos na Bíblia a respeito de oração, porém 2.350 sobre como tratar do dinheiro e bens materiais, que falam de forma direta sobre dinheiro, riqueza e temas relacionados à finanças.
Neste texto Jesus se assenta, acintosamente diante do gazofilácio. Imagine se eu fizesse alguma coisa semelhante num de nossos cultos. Cada pessoa que trouxesse suas ofertas eu olhasse o valor das contribuições... Todos os semestres o tesoureiro da igreja me manda o relatório pormenorizado das entradas e saídas dos recursos e contribuições individuais para eu olhar, fiz isto uma vez e lhe disse que nunca mais o farei, descobri que estas coisas me fazem mal. Saber que alguns dão generosamente e outros não me fez muito mal. Descobri o quanto o dinheiro reflete o coração. Mas o relato do texto nos diz que Jesus se assenta diante do gazofilácio para observar o comportamento das pessoas ao trazerem suas ofertas. Não ficamos com a sensação de que Jesus foi indiscreto? Como seria se Jesus fizesse a mesma coisa nos nossos cultos dominicais?
O texto diz que “muitos ricos depositavam grandes quantias” (vs 41). Trata-se, portanto, de contribuições generosas. Mas para Jesus, a oferta da viúva pobre foi a mais significativa: “esta viúva pobre depositou mais”(vs.43).
Desde Gênesis, vemos Deus observando as ofertas e a forma como são depositadas. Por que? Porque a forma como contribuímos revela o quanto estas coisas são significativas para nós. alguém afirmou que “Fé que não custa nada, não vale nada”.
No 1º culto registrado na Bíblia, vemos o episódio de Abel e Caim. Gn 4.3-5. O texto nos diz que “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta, ao passo de que de Caim e de sua oferta, não se agradou” (Gn 4.4-5). Por não se agradar da forma como Caim ofertou, rejeitou o seu culto.
Em Mal 1.9, lemos: “Com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? Diz o Senhor dos exércitos” (Ml 1.9). Neste texto, Deus afirma que o desprezo e mesquinharia com que damos nossas ofertas em adoração, ou a ausência de tais ofertas, nos denunciam diante de Deus. Deus observa o que damos, porque damos e o quanto damos.
Diante disto, podemos considerar os seguintes princípios:
1.       A melhor medida de nossa fidelidade, não é o que damos, mas o que retemos. Jesus deixa bem claro. Deus observa a disposição e o sacrifício nosso em trazer e ofertar os nossos bens. No início de 2012, na igreja em que pastoreava nos Estados Unidos, um jovem de 34 anos, trouxe uma oferta de 1 milhão de dólares. Ele é um investidor que, apesar de toda esta situação de crise econômica mundial decorrente da sub prime americana, conseguiu ganhos significativos, e trouxe o seu dízimo mandando uma carta ao conselho da igreja dizendo o seguinte: “Não fiquem impressionados com a quantia, estou apenas devolvendo a Deus o que lhe pertence. Este dinheiro não é meu, mas do Senhor”. Fez ainda outra observação. “Não creio que como contribuinte tenha prerrogativas em determinar onde este dinheiro deve ser aplicado, mas considerando a instabilidade do mercado, gostaria de sugerir que a igreja pagasse o financiamento do templo, acabando assim com a dívida assumida”. O conselho da igreja concordou com sua proposta por entender que era sábia. Deus, porém, não se impressiona com grandes quantias, mas com a disposição de coração do adorador em contribuir.

2.       Circunstâncias desfavoráveis são a melhor prova de nossa fidelidade – Dias maus, tempos dificeis, mostram em quem depositamos nossa confianca: No Deus que supre todas as coisas, aquele que é Jeová-Jiré, o Deus da provisão, ou na nossa capacidade de prover. Quando somos fiéis, estamos transferindo para Deus a responsabilidade de nosso sustento. Isto não é uma justificativa para uma vida desordenada, nem para gastos supérfluos e despesas não planejadas, mas confiança na provisão de nosso Deus, como o Bom Pastor, que nada deixa nos faltar.
Épocas de dificuldade são o melhor teste para avaliar nossa fidelidade. Revelam quanto, de fato, confiamos em Deus e no seu caráter, na sua fidelidade e nas suas promessas, naquilo que ele é e nas suas promessas.

3.       Fidelidade não é uma questão de bolso, mas de vida espiritual – O Bispo Paulo Ayres, da igreja Anglicana do Recife gosta de afirmar que “bolso é o último a se converter, e o primeiro a esfriar”. Dinheiro reflete o coração do adorador, por isto são requeridas ofertas tanto no Antigo como no Novo Testamento. Ficamos perguntando porque Deus exigia ofertas, algumas delas eram para manutenção do próprio culto como sustento de levitas e sacerdotes, mas outras era chamadas pacíficas, com a finalidade de subir a Deus como “sacrifício de aroma suave”, e eram trazidos os melhores grãos que eram literalmente queimados. Não nos parece um desperdício? Imagine uma cena semelhante em nossos dias, se eu dissesse a todos vocês: “Domingo que vem teremos um levantamento de ofertas para o Senhor, nao vale cheque pré datado, tem que trazer em cash, dinheiro vivo, que será queimado numa pira que colocaremos no centro do templo, para adorarmos ao Senhor?”  Alguém já disse que a gente sabe quando uma pessoa realmente está ficando louca, quando começa a queimar dinheiro. Certamente ninguém traria dinheiro para este fim, e provavelmente me enviariam aqui a Maria Muniz e a Priscila de Souza, psiquiatras da igreja, para cordialmente me visitarem clinicamente.

4.       Outro princípio que este texto considera é o de que Deus tem prazer em ofertas sacrificiais. Não dar apenas o que sobra, nem quando temos muito, nem porque está garantido o nosso sustento, mas intencionalmente dar em confiança. Jesus implicitamente nos censura porque damos apenas do nosso excedente ao afirmar: “Todos eles ofertavam do que lhes sobrava”(Mc 12.44)

5.       Para Deus, “Money speaks”. Aos presbíteros e diáconos de nossa igreja é exigido que sejam fiéis nos seus dízimos e ofertas. Pessoas encarregadas de tais funções têm sobre si a responsabilidade de discutir onde os recursos da igreja serão investidos e de exortar outros que ainda não aprenderam a contribuir, a colocarem sua confiança em Deus., e serem fiéis nos seus compromissos de sustento de sua igreja local. Quando uma liderança é infiel, a igreja tende a ser infiel, posto que nenhuma comunidade vai além de sua própria liderança, além do mais, é muito sério e recebe severo julgamento de Deus, um homem que participa da liderança, discuta onde devem ser colocados os recursos da igreja, e ele mesmo não é fiel nas suas contribuições. A Bíblia diz que o que se espera do despenseiro, é que cada um seja encontrado fiel (1 Co 4.2). Como é que alguém, que tem as chaves da despensa, pode ser infiel diante de Deus?

Conclusão:
Para concluir, gostaria de sugerir quatro princípios de administração do dinheiro dadas por Charles Stanley:
A.                 Ganhe honestamente – Em dias nos quais o país se vê chafurdado de acusações e falcatruas, a gente pode achar que o caminho da corrupção é uma opção para nossa vida, mas não é. A Bíblia fala que “a corrupção faz enlouquecer até o sábio”. Gente boa pode ser atraída a ganhos desonestos, mas a corrupção é como areia e pedrinhas no prato de arroz e feijão. Melhor é a hortaliça com honestidade, que o boi cevado com desonestidade. Caia fora desta armadilha.

B.       Aplique sabiamente – Precisamos aprender a planejar, avaliar como investir nossos recursos, como gastar. Somos uma sociedade consumista, compramos o que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que a gente não gosta. Aprenda a fazer investimentos de longo prazo, a planejar sua vida financeira, saia da ciranda de dívida de cartão, cheque especial, e outros gastos só para ter uma TV maior, um carro novo, fazer uma viagem. “Delay gratification”é uma expressão em inglês que significa mais ou menos o seguinte: “Atrase um pouco o prazer”, para desfrutar melhor lá na frente.

C.      Dê generosamente – Aprenda a doar. A Bíblia diz em 2 Co 9.10 que Deus dá semente ao que semeia e pão para alimento. Nem tudo o que Deus lhe dá é para alimento, uma parte disto é para semear. Semeie com fé. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. (Gl 6.7). Este é o princípio da semeadura e da colheita. Quem semeia colhe e só se colhe o que se semeia. Ao colocar sua semente no chão, ore para Deus lhe abençoar e mandar uma colheita abundante. Este é um princípio bíblico. Deus vai te surpreender.

D.      Desfrute profundamente – Não fique com crise quando Deus lhe manda abundância. Não precisa se sentir culpado, se Deus lhe tem abençoado. Paulo diz “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situacao, tanto de escassez como de fartura”.  Deus pode surpreender voce com coisas inimagináveis.

Certo dia viajava para um congresso na Carnival Airlines, indo de Newark para Fort Lauderdale. Era um encontro de minha denominação e compramos um bilhete de madrugada porque era mais barato. No caminho, enquanto dormia profundamente numa viagem de quase 3 horas, acordei com um senhor de aparência chinesa ao meu lado, me cutucando e dizendo: “I think it’s yours”. (eu penso que é o seu). Olhei para o lado, e havia uma pequena tigela com um número na cadeira ao lado. A empresa estava sorteando uma viagem, com voo, hotel e direito a acompanhante para Bahamas, e Sara e eu fizemos um turismo  por 4 dias,  num hotel luxuoso. Será que eu fiquei em crise por este gesto de bondade de Deus para com  minha vida? É ruim, hein?

Que Deus nos abencoe!!!

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