domingo, 29 de julho de 2012

Mc 12.18-27 O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE?

Introdução:

Para o leitor curioso, é bom notar que não se trata do mesmo grupo que havia interrogado Jesus no texto anterior. Ali, os interesses são políticos, já que os herodianos e os fariseus estavam encabeçando a discussão. Neste texto entra em cena outro segmento religioso, os saduceus. Eles eram conhecidos por não crerem na ressurreição, uma crença comum entre os judeus, e afirmavam que não havia vida após a morte, por isto, de forma irônica, trazem um debate a Jesus, citando a lei do levirato no Antigo Testamento.
O levirato tinha o propósito de preservar a memória de alguém que já havia morrido. Se um jovem se casasse e em seguida morresse, sua memória se perderia, já que ele não teria descendente. Então, o levirato ensinava que um de seus irmãos deveria se casar com a viúva, gerando filhos que não seriam, para efeitos legais, seus filhos, mas filho do seu irmão que já havia morrido. Isto realmente é muito complicado para a nossa cabeça, e com certeza era também complicado para aqueles dias, mas assim funcionava. Em Gn 38, vemos um dos exemplos típicos deste acontecimento na família de Judá e a confusão que isto gerou.
Os saduceus, portanto, não criam na ressurreição. Naqueles dias e ainda hoje, muitos não crêem na ressurreição. Você já parou para pensar sobre a morte? Para considerar onde estará depois que morrer? Onde estão as pessoas que já morreram? Existe céu e inferno? Ou será que não existe nada depois da morte? Existem muitas opiniões sobre estas idéias:
  1. Muitos crêem em reencarnação – Uma crença oriental, cuja primeira referência na história surgiu há 2.600 anos atrás, nas Upanishads, escrituras sagradas do hinduísmo, a maior religião da Índia (professada por cerca de 80% da população), cuja teoria é de que depois da morte, a alma habita diversos e diferentes corpos através das gerações, nascendo sucessivamente e passando pelo processo carmático, de purificação, até que chegue a um grau de espiritualidade que não é mais necessário se reencarnar. Todos os seres humanos teriam sido outra pessoa na história, e estariam nesta existência atual, pagando pelos pecados da encarnação anterior. Este pensamento encontrou uma suposta vertente no espiritismo que quis se passar por cristianismo, através da popularização dos livros de Allan Kardec no final do Sec. XIX. Os defensores da reencarnação dizem: "há várias vidas sucessivas, até que nos tornamos o Grande Todo e que não respiramos mais a vida (nirvana)". Apesar de ser uma crença amplamente difundida pelo budismo, Buda preferia não falar sobre o assunto, e em diversas ocasiões escolheu o silêncio em lugar de partir para explicações detalhadas a respeito do que acontece depois da morte física. Na Bíblia, a palavra reencarnação sequer aparece, nos escritos do Antigo e do Novo Testamento,.pelo contrário, Jesus sempre falou da ressurreição após a morte. O autor aos é conclusivo ao afirmar: “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto o juízo” (Hb 9.27).
  2. Alguns crêem que depois da morte simplesmente deixamos de existir. Os ateus defendem o aniquilacionismo, afirmando que não há vida depois da morte. Não há juízo, não há consciência, não há Deus, não há eternidade. “Depois da morte não há nada e a morte também não é nada” (Sêneca). O filósofo Martin Heidegger acreditava que depois da morte simplesmente paramos de existir, você fecha os olhos e simplesmente nada mais existe. Os materialistas, dizem: "tudo acaba com a morte, não há senão o mundo que continua a girar". Jesus nunca deixou de falar da eternidade aos seus discípulos. Ele falava de julgamento, de condenação, de céu e do inferno. Será que ele estava fazendo isto apenas para gerar medo em nós, mentindo e nos enganando acerca destas coisas ou porque ele realmente queria nos advertir do perigo grave e sério de morrermos sem nos prepararmos para a eternidade?
  3. Alguns acham que ninguém sabe o que vem depois e dizem que somos uma energia cósmica que ao morrer voltamos à energia do universo, e pela reencarnação voltaremos em diferentes corpos em sucessivas reencarnações, até atingirmos a perfeição e não precisarmos mais voltar.
  4. Alguns defendem a idéia do “sono da alma”, inclusive entre evangélicos, existem muitos com esta opinião. A partir de nossa morte, entramos em um sono profundo, numa fase da inconsciência, até que Deus nos ressuscite, e aí voltamos a existir. Os que defendem este ponto de vista o fazem com base nos escritos paulinos que se referem aos que “dormem no Senhor”. Gostaria, porém, de citar alguns textos de fácil compreensão para que entendamos a opinião das Escrituras sobre o assunto.
    1. Várias vezes a Bíblia se refere aos patriarcas do passado, como aqueles que, ao morrerem, “foram reunidos ao seu povo” (Abraão: Gn 25.8; Arão: Nm 20.26; Moisés: Nm 27.13). Nossa morte vai nos reunir com aqueles que já partiram antes de nós. Estaremos todos juntos.
    2. Ainda no Antigo Testamento, temos uma síntese do conceito judaico sobre a vida após a morte. “...e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).
    3. Na hora da sua crucificação, Jesus afirmou ao ladrão arrependido: “Em verdade, em verdade te digo, que hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Os Testemunhas de Jeová, num esforço mal intencionado em justificar suas opiniões sobre a vida após a morte, adulterou a tradução colocando da seguinte forma: “Em verdade, em verdade te digo hoje: Estarás comigo no paraíso!”. Jesus, porém, estava dizendo ao ladrão crucificado ao seu lado, que naquele mesmo dia estariam desfrutando das delicias celestiais.
    4. Jesus ainda conta uma história sobre o rico e Lázaro. Curiosamente o texto bíblico não diz que se trata de uma parábola, mas dá a idéia de um acontecimento: “Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lazaro no seu seio” (Lc 16.22-23). O texto descreve duas situações logo após a morte. Um sendo levado, pelos anjos, à presença de Deus. Outro se deparando com o inferno. Será que Jesus está contando estas coisas apenas por contar? Não estava de fato interessado em nos advertir e ensinar? Estava apenas fazendo galhofa das nossas dúvidas sobre a eternidade?
    5. Por último, o apóstolo Paulo fala da vida eterna como uma mera passagem. “Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus, um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial”(2 Co 5.1-2);  Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23). Ela não se refere à vida após a morte como um período de sono, mas como uma união e comunhão plena com Cristo.
Todos estes textos citados nos mostram que, após a morte, vamos estar com Deus, imediatamente, aguardando a ressurreição dos mortos e o dia do juízo final. É esta mensagem que Jesus tenta passar aos saduceus. Na ressurreição teremos um estado completamente distinto do que hoje temos, as tensões que surgem no presente, não existirão mais. “Quando ressuscitarem de entre os mortos; nem casarão, nem se darão em casamento; porém são como os anjos nos céus” (Mc 12.25). Jesus não diz “se ressuscitarem”, mas quando ressuscitarem. Ressurreição significa receber nosso corpo de volta depois da nossa morte. Ressurreição NÃO é renascer numa nova forma ou em outro corpo, mas sim receber o mesmo corpo assim como aconteceu com o corpo de Jesus. Ressurreição vem do grego anastasis, cujo significado literal é voltar à vida. A morte é a separação entre o corpo e espírito, e a ressurreição é a reunião destas duas partes intrínsecas da unidade antropológica. A fé cristã afirma que a ressurreição é uma transformação pelo poder amoroso de Deus. Assim, a morte física não é o fim, mas uma passagem. Trata-se da vivificação do corpo morto, não importa quanto tempo esteja nesse estado. Significa o reencontro do espírito com o corpo original. Na volta do Senhor, os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro e os que estiverem vivos na sua vinda serão arrebatados (1 Ts 4.16-17). A redenção dos cristãos abrange o corpo (Rm 8.23). Moisés e Elias apareceram na transfiguração de Jesus. Nada indica que tenham retornado à vida corpórea para serem purificados. Foram reconhecidos pela fisionomia original.
Após responder a questão Jesus revela os dois erros que são muito comuns até os dias de hoje: “Não provem o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Mc 12.24).
1. Desconhecer as Escrituras;
2. Desconhecer o poder de Deus.

Quanto às Escrituras - Afirmamos o que não é correto, negamos o certo. Criamos o que queremos acreditar e nos firmamos em vãos pressupostos e achismos. A Bíblia não dá abertura para suposições, ela é autoritativa: Ou cremos que ela é Palavra de Deus, e a obedecemos, ou que ela é palavra de homens, e como tal pode ser questionada. A experiência pode ser um problema sério quanto a isto: “eu sinto...” Quando nos desviamos da palavra, somos enredados pelas armadilhas do diabo. Outro grave problema é a tradição ou a opinião popular. Pensamos que porque sempre ouvimos de uma forma, isto deve ser verdade, ou achamos que a tradição recebida é maior que a Palavra de Deus. Não paramos para avaliar os equívocos. “Errais não conhecendo as Escrituras”.
Não conhecer as Escrituras nos faz desviar do Reino de Deus. Se erramos na interpretação da Bíblia ou por a desconhecermos, isto tem implicações eternas. Por isto Jesus afirma que o erro dos Saduceus, antes de mais nada, estava relacionado ao conhecimento raso que possuíam da Palavra de Deus. Errar na hermenêutica é falhar na vocação divina. Grandes heresias se deram pela ignorância da Bíblia, ou pela tendenciosa interpretação dada a determinados textos.

Quanto ao poder de Deus: Você pode ter todo conhecimento da Bíblia e ainda ter o coração vazio: é muito comum que experts em exegese, teólogos, pastores e líderes percam a dimensão simples da fé cristã, porque se afastam da fonte do poder de Deus. Conhecem a Bíblia porém desconhecem o poder. Poder sem Bíblia gera fanatismo, fanatismo sem poder gera esterilidade. Homens que desconhecem e negam o poder de Deus, tornam-se estéreis espiritualmente e perdem a expectativa do assombro do poder de Deus. São pessoas que começam a afirmar que Deus fez milagres, mas não faz mais, Deus agiu, mas não age mais. M.L. Jones afirma: “Deus pode fazer num minuto o que um homem leva cinqüenta anos para fazer”. Precisamos do poder que vem de Deus. Não estamos buscando nosso próprio poder, mas um poder especial. “Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”.
Os saduceus estavam perdidos quanto à sua orientação espiritual, porque não entendiam como seria a forma de Deus fazer as coisas. Como serão tais coisas nos céus?
Todo o nosso corpo é energia, feito de partículas de átomo. Alguns ficam preocupados se a pessoa foi cremada, como será na ressurreição. Meus queridos, todos nós nos tornaremos pó ou cinza, de um jeito ou de outro. Mas não podemos esquecer do que nos ensina a Palavra de Deus: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem,ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16,17).

O céu não pode esperar
Um casal de idosos, com mais de 55 anos de vida em comum, estavam viajando numa estrada quando uma carreta desgovernada veio sobre eles e os matou instantaneamente. Após o enorme barulho, um silêncio e uma paz muito grande os envolveu, e eles se viram num local completamente diferente de tudo que antes conheceram, cercado de muito verde, muita alegria e sentimento de plenitude. Se sentiam fisicamente muito bem, quando um desconhecido simpático se aproximou deles e lhes disse: “Sejam bem vindos”.
Enquanto tentavam descobrir o que estava acontecendo, o senhor perguntou ao homem: “Onde estamos?”. E ele lhe respondeu: “Alguns chamam isto de céu, outros de paraíso, vocês podem dar o nome que quiserem”. E em seguida os conduziu à casa onde morariam dali em diante.
Preocupado com as finanças, o homem indagou: “Quanto custa o aluguel desta propriedade?”, e o homem respondeu: “As coisas aqui não tem preço, então pode ficar tranqüilo”.
Logo depois, foram convidados a um encontro e se dirigiram para um campo de golfe. Aquele homem amava um local assim, ao se aproximar viu todas as pessoas muito simpáticas, e uma mesa posta com muita comida, de todos os sabores e texturas, e o seu cicerone disse que poderiam comer do que quisessem, e mais uma vez o homem, perguntou quanto custaria para comer e o rapaz lhe deu a mesma resposta.
Indagou então, onde estava a sessão dieta, por causa de seu diabetes. Ele respondeu que eles não teriam mais problemas de saúde, nem sentiriam dor. Então, o homem, irritado, tirou seu chapéu, jogou ao chão e começou a murmurar. O rapaz, percebendo seu desconforto lhe perguntou se havia algum problema, e ele disse: “Estou com raiva de minha mulher, se não fosse ela ter me regrado tanto a comida por causa da minha saúde, poderia ter chegado aqui 10 anos atrás”.

Conclusão:
Jesus conclui seu raciocínio dizendo que “Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos”. E diz que ele era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, pessoas que haviam morrido, mas estavam vivas, desfrutando de sua benção espiritual. Deus não está reinando sobre pessoas que não tem consciência, almas dormindo, purgatórios repletos de semi mortos, mas sobre pessoas vivas. Quando Elias e Moisés apareceram na Transfiguração, eles foram reconhecidos pelo que eram. Os que morreram em Cristo, gente querida que nos faz muita falta hoje, estão vivos na presença de Deus, cantando aos pés do trono e celebrando o Deus que os resgatou.
Jesus não ensinou estas coisas para nos ameaçar ou por romantismo, ele fez isto, porque esta é a realidade, afinal, se ele não é digno de confiança ao falar sobre céu e inferno, quem mais poderia ser? Buda, Allan Kardec, Maomé?

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