Introdução:
Entre o sexto e o sétimo
selo existe como que uma pausa, um parêntese, uma interrupção, um tempo para
pausa e reflexão. João contempla um cenário gigantesco, no qual se revelam
milhões de pessoas diante do Cordeiro.
Durante este tempo João contempla dois grandes grupos de redimidos.
Estes grupos incluem os 144 israelitas e a grande e inumerável multidão dos
redimidos, provindos de todas as tribos, povos, raças e nações.
O primeiro grupo possui
144 mil, que é a multiplicação de um grupo altamente simbólico em Apocalipse: O
número 12, que expressa totalidade. 12 x 12 é um número total, uma globalidade
sem nenhuma falha. Representa a somatória de todo o povo de Israel em toda a
sua dimensão histórica e espiritual e cuja presença na história é decisiva, e
cuja conversão global será o fim. Povo completo, o povo que foi o portador da
eleição, nação escolhida. “São
israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a
legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas e também deles
descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para
todo o sempre”. Rm. 9:4,5
Isto não quer dizer que
todos os judeus serão salvos, apenas que a totalidade dos judeus que viveram debaixo
da promessa será salva. Este número é completo, pleno, mas também é limitado,
finito.
Uma das questões
teológicas que precisamos entender aqui é “como as pessoas do VT eram salvas?”
A resposta é: São salvas pela obra de Jesus Cristo, na cruz, pelo seu sangue
derramado. Porque ainda que não tivessem visto esta obra se consumar, viviam na
esperança na revelação que Deus haveria de fazer na história, através do seu
Messias. Os sacrifícios que faziam e as orações piedosas eram sombras do
sacrifício perfeito que foi consumado na cruz pelo Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo, e a obra expiatória de Cristo foi estendida a eles, aplicada
às suas vidas.
O tema da eleição, tanto
no Velho quanto no Novo Testamento é muito clara, como toda verdade acerca de
Deus envolve mistério, e algumas vezes incita à controvérsia. A doutrina da
eleição consiste em que, antes da criação, Deus selecionou o seu povo. Esta
escolha divina é expressão da sua graça livre, soberana e incondicional e nos
ajuda a ver quão grande é a graça de Deus ao nos salvar. Veja Rm. 8:28-39; Ef.
1:3-14; II Ts. 2:13-14 Deus escolheu o
povo judeu, não por qualquer virtude especial que tivessem, mas pelo seu
propósito amoroso e soberano. Depois elege a sua igreja, não porque ela tivesse
méritos, um povo imenso e incontável, vindo de todos os cantos da terra, de
todas as nações, tribos, povos e raças. “Aqui não é possível nem útil nenhuma
enumeração porque não há nenhum sinal visível, concreto e humano de
discernimento da eleição. Vem de todas as nações”. [1]
O povo de Deus que
aparece diante do Cordeiro para adorá-lo, é o povo das promessas, povo de
Israel, povo eleito e a igreja de Cristo, de todas as nações, na sua dimensão
católica, isto é, universal. Judeus e cristãos perfazem a totalidade de toda
igreja. Os judeus que viveram na dispensação antes da vinda de Cristo,
encontram a salvação por crerem na promessa. Os cristãos, por crerem na
promessa revelada em Cristo igualmente são salvos por esta graça. Este é o
significado do número 12 x 12. Eles estão vestidos de branco, com palmas na
mão, diante do Cordeiro. Reconhecem que a
salvação pertence a Deus… e ao
Cordeiro - vs. 10 Não existe nenhum mérito dos adoradores. Salvação é obra
do Cordeiro; Esta salvação é realizada
pelo sacrifício de Jesus - vs. 14
Quem pode participar?
1. Qualquer pessoa, independente da raça - 7:9 A mensagem do Evangelho não é
para uma tribo específica. O evangelho não é privilégio de uma cultura, de um
povo. O evangelho não é posse de nenhuma civilização, credo ou denominação. O
livro de Apocalipse é um dos textos que mais demonstra a universalidade do
evangelho e do chamado de Cristo. É universal. “Ide pregai a todas as nações!”
Sem qualquer fronteira. E aqui vemos presente, na hora de receberem o selo do
Cordeiro, pessoas vindas de todas as tribos. É ordem de Jesus que o evangelho
seja pregado a todas as etnias, e aqui nos é revelado que os que ouviram e
aceitaram esta mensagem estão agora diante do Trono de Deus e do Cordeiro.
2. Os que lavaram suas roupas no sangue do Cordeiro - “Razão porque se acham diante do trono de Deus”. (Vs.15) O que os capacita a estarem
diante de Deus é o sangue do Cordeiro. Esta é a causa. Aqui vemos mais uma vez
refletido no Evangelho, o poder do sangue e da cruz. É na cruz que a redenção
se estabelece. A cruz é o ponto de convergência da história humana, é o lugar
de nossa salvação. Judeus serão salvos lavando suas roupas na cruz do Cordeiro,
porque fora de Jesus não há salvação.
Algum tempo atrás vi uma
simbologia muito interessante numa igreja carismática. Uma cruz, tinta de
sangue, e oca, pela qual as pessoas passavam. O Sangue é um símbolo
judaico-cristão. Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados. O
sangue está o sangue da páscoa judaica, no dia do julgamento do povo egípcio, o
sangue foi aplicado nos umbrais das portas, impedindo que o anjo da morte
penetrasse em suas casas. O sangue está também revivido no vinho tomado na
eucaristia. Quem passa pelo sangue, é purificado, “foi-lhes dado vestiduras
brancas”.
Um velho hino dizia:
“Alvo mais que a neve,
Sim neste sangue lavado,
mais alvo que a neve eu estou”.
Para se apresentar
diante do Cordeiro, é necessário ter as vestes alvejadas pelo sangue. Nenhum
daqueles que se encontram diante do trono se apresentam por méritos pessoais,
ou por ter feito o bem, ou por serem homens justos. Todos eles se apresentam
por causa do sangue do Cordeiro que alvejou suas vestes. Não há, entre todos
aqui no meio desta multidão, que se apresenta com veste purificada por si
próprio.
Ap. 12:11 afirma que “eles venceram por causa do Sangue do
Cordeiro”. A morte de Cristo é a
nossa vitória. Jesus morreu pelos nossos pecados, de forma vicária,
substitutiva. Ele assumiu nosso lugar. O sangue do Cordeiro é a nossa arma de
defesa e de ataque diante das acusações do diabo. Quando o diabo investe contra
nós, devemos usar esta poderosa arma dada por Deus. O diabo é repreendido pelo
sangue do Cordeiro. O diferencial da vida cristã é a marca do sangue de Cristo em nós. Você tem a marca de
Cristo? Você já foi marcado pelo sangue
do Cordeiro?
Muitos podem dizer que
não sabem. Mas é fundamental que você saiba… A Bíblia nos afirma que depois que
ouvimos a palavra da verdade e a aceitamos respondendo de forma positiva ao seu
chamado, e a ela nos rendemos, somos selados
com o Espírito Santo da promessa. Ef. 1:13,14., Este “selo” é uma impressão divina sobre nossa vida, um carimbo
espiritual que marca a nossa existência!
O diabo, certamente sabe quem tem a marca do Cordeiro. Por isto estamos
protegidos. “Aquele que é nascido de
Deus, Deus o guarda e o maligno não lhe toca!”. Aleluia! Nossa proteção é o
sangue, inviolável e poderoso do Cordeiro que nos lavou. Para estar na presença
de Deus, ficarmos em pé no dia do juízo, precisamos estar cobertos com o sangue
de vitória, sangue de livramento de proteção e conquista. Para obter a vitória
sobre a tentação, precisamos do cingiu de Cristo. Clame o sangue de Jesus sobre
sua vida, todas as vezes que estiver se sentindo acuado. Há poder sim, no
sangue de Jesus!
Conclusão:
Os três primeiros
versículos do texto lido iniciam com uma descrição misteriosa de quatro anjos,
segurando os quatro ventos da terra para que não houvesse movimento. Nesta hora
não há nada se mexendo, nada está soprando… A descrição aqui é a de um momento
aguardado ansiosamente, cuja resposta está para ser dada. De um veredicto a ser
proclamado, de uma verdade a ser pronunciada. E este evento é tal envergadura e
relevância que ninguém pode quebrar sua sacralidade, sua reverência e seu
silêncio. Na terra ou no céu, nenhum outro evento é mais importante do que o
que vai acontecer neste momento. Por isto é dada a ordem aos quatro anjos para
que segurem os quatro ventos. Que não permitam que haja qualquer interrupção.
Estes ventos que são seguros pelos anjos referem-se a manifestações históricas
que deveriam acontecer, mas que no momento devem ser adiadas porque existe uma
ordem superior dizendo que assim deve ser.
Na terra, nenhum evento
pode se dar nesta hora, nada pode tentar roubar a atenção do que vai se dar
agora. Todos os olhos estão voltados para o trono, o lugar de onde partem as
decisões da história e de onde o mover da história acontece e é determinado.
Algum evento de enorme envergadura está para acontecer e este momento sagrado
não pode ser interrompido.
O que existe de tamanha
importância acontecendo? O que existe de tamanha importância que é aqui
relatado? É um momento de um significado
infinitamente maior que o veredicto de O.J. Simpson; é mais importante que um
pênalti final e decisivo que está sendo cobrado por um jogador no final da Copa
do Mundo.
Neste momento é
determinado sobre quem será confirmada a justiça de Deus sobre os homens e como
seu plano eterno será executado. Agora, os valores prioritários da vida
tornam-se ainda mais claros. Este é o momento em que a verdade final e última
se estabelece, e é vista sem disfarces. Hora em que as frontes dos servos de
Deus são marcadas.
A marca do Cordeiro –
Apocalipse fala tanta da marca da besta quanto da marca do Cordeiro.
Simbolicamente, um sinal é dado aos seguidores de satanás assim como existe
outra marca específica para aqueles que seguem a Jesus. Estas marcas são
evidentemente espirituais, e claramente reconhecidas pelas entidades
espirituais. O livro de Atos nos relata a tentativa de alguns judeus, exorcistas
ambulantes, que vendo Paulo expelir demônios em nome de Jesus, resolvem
imitá-lo, repetindo as mesmas fórmulas e usando as mesmas palavras que Paulo
usava. O resultado foi desastroso. Usaram o discurso religioso e até mesmo os
cacoetes espirituais: “Exconjuro-vos por
Jesus, a quem Paulo prega”. E o espírito maligno lhes responde: “Conheço Jesus e sei quem é Paulo, mas vós,
quem sois?” E os demônios passam a espancar estes jovens desastrados, que
tiveram que fugir desnudos. At. 19:13-17
Os demônios usam aqui
dois termos diferentes para “conhecer”. Ao dizer, “conheço a Jesus”, afirmam que conhecem a Jesus por interação e
experiência. Reconhecem seu poder e autoridade espiritual. At.19:18. Isto
demonstra que os poderes invisíveis interagem numa esfera espiritual e
discernem as autoridades superiores, “tremem” diante de Jesus. Ao se referir
aos discípulos, eles usam outro verbo. “Sei quem é Paulo”. O verbo aqui fala de
“conhecer” o outro porque sabe a respeito de Paulo, pode reconhece-lo. Paulo
possuía uma marca espiritual e os demônios sabiam quem ele era. Mas aqueles
aventureiros, ainda que criados num ambiente religioso, já que eram filhos de
um sacerdote chamado “Cevas”, não eram reconhecidos espiritualmente.
Esta marca é invisível,
mas poderosa. Por esta razão a Bíblia afirma reiteradas vezes a necessidade de
vivermos debaixo desta marca do sangue de Cristo. Para aqueles que vivem à
sombra do Onipotente, marcados pelo Cordeiro, satanás não tem poder de
tocá-los. I Jo. 4:4, 18; II Ts. 3:3 “Aquele
que é nascido de Deus, Deus o guarda e o maligno não lhe toca”. Não existe antídoto contra poderes malignos e
seres espirituais a não ser que nasçamos de novo e sejamos marcados pelo Santo
Espírito de Deus. II Co.1:22; Ef.1:13,14
Esta idéia da “marca do Cordeiro” surge algumas vezes
em Apocalipse.
i. Em Apoc. 9:4, na quinta trombeta, se pronuncia a sentença final sobre
aqueles que não tem a marca, o selo de Deus sobre suas frontes. Estas pessoas
não seladas se sentem atormentadas com tal sofrimento que por cinco meses,
buscarão a morte e a morte fugirá deles. 9:6
ii.
Em Apoc. 14:1 nos é dito que o Cordeiro e seus remidos estarão no Monte
Sião, em pé, diante do Cordeiro. Mas só podem permanecer ali aqueles que
tiveram a marca do Cordeiro.
Por isto, este momento é
muito especial na história da humanidade. Este é uma hora solene no céu e na
terra! Outro grande anjo determina que nada aconteça nesta hora, mas que haja
um silêncio solene e profundo, nem mesmo o vento poderia se mover. Ap.7:1; Dn.
7:2 Existe aqui um silêncio contemplativo, uma expectativa ansiosa. É o momento
de profunda adoração e reverência. “Nenhum
vento deve soprar sobre a terra, sobre o mar ou sobre árvore alguma”. 7:1
Silêncio, absoluto! Algo profundamente central na história da humanidade está
acontecendo. A natureza se silencia para ouvir a sentença daquele que se
assenta no trono. Todos os poderes celestiais aguardam em silêncio.
O texto nos diz que
todos os anjos estarão ali presentes, bem como os quatros seres viventes, os
vinte e quatro anciãos e os redimidos e marcados pelo Cordeiro. Agora não interessa mais de onde estas
pessoas vieram, qual a nacionalidade delas, classe social, se eram negras,
pardas ou brancas, quanto dinheiro tinham na conta bancária, o que importa
agora é se são seladas ou não pelo Cordeiro.
Neste ambiente de
reverência os céus são impulsionados ao louvor e adoração. A multidão
inumerável com as palmas nas mãos está cantando. (Vs. 10) Todos os anjos, e os 24 anciãos,
(representando 12 tribos de Israel e os 12 apóstolos. 12 da velha e 12 da nova
dispensação), e os 4 seres viventes, prostram-se e adoram. (Vs, 12). Toda a
igreja do Velho e do Novo Testamento reverencia o seu Deus e o seu Cristo. O
ambiente é de profunda adoração, e a igreja se curva em adoração.
Conclusão:
O texto termina com uma
promessa de consolo aos que são marcados. Eles vieram da grande tribulação,
foram perseguidos, humilhados, espoliados, odiados por sua fé e pela palavra do
testemunho, mas perseveraram, e João começa a relatar as promessas que estão diante
deles:
i. Deus estenderá sobre eles o seu tabernáculo - vs.
15 O tabernáculo no VT era símbolo da
presença de Deus no meio de seu povo. Deus se manifestava naquela tenda. As
tribos se reuniam ao redor desta tenda, toda a atenção do povo estava voltada para
aquele lugar onde Deus se revelava. Nela ficava a arca, e sobre ela, uma coluna
de fogo durante a noite e nuvem durante o dia. Agora, nos diz este texto, esta
mesma presença consoladora, protetora e sensível vai se manifestar sobre o povo
de Deus, pois Deus estenderá sobre ele a sua proteção.
ii.
Não terão mais privação de qualquer espécie - vs.
16 Para a comunidade cristã daqueles dias, que vivia sendo perseguida e
espoliada, passando necessidades básicas por causa da fidelidade a Jesus, esta
promessa era de grande significado. Nem a fome, nem a sede, nem o sol, nada
mais poderia afligi-los. Aleluia!
iii.
Serão levados às fontes da água da vida - vs.
17 Existe uma promessa semelhante no Sl.
23. O bom pastor leva-nos para junto das águas de descanso e refrigera nossa
alma. A presença de Deus sacia as necessidades existenciais mais profundas,
satisfaz os desejos mais inconscientes de nossa alma. Isto representa a
plenitude da existência humana.
iv.
Serão apascentados pelo próprio Cordeiro - vs.
17 Mais uma vez nos lembramos do Sl. 23. O grande pastor de nossas almas
saciará nossa fome. Nada nos faltará! Desde o início da minha carreira cristã
me impressiono com uma afirmação de Jesus ao enviar seus discípulos para o
campo missionário. “Ide! Eis que vos
envio como cordeiros para o meio de lobos”. Lc. 10:3 Isto me assustava. Cordeiro é um animal
totalmente indefeso, e vai ser jogado no meio de uma alcatéia. Os lobos são
animais vorazes por sua própria natureza. Meu problema é que eu sempre me
concentrava no potencial maligno, nunca na natureza do pastor que cuida destes
cordeiros no lugar hostil. Não é perigoso estar no meio de lobos, se o nosso
grande pastor está conosco.
v. Terão todas suas lágrimas enxugadas pelo Cordeiro - vs.
17. Esta é uma promessa de gozo celestial. Nossas lágrimas serão enxugadas pelo
Cordeiro. Sua presença faz desaparecer a angústia, a dor, a aflição e o medo
mais profundo. Na nossa caminhada histórica e de fé, muitas vezes quase somos
destruídos pelas nossas tribulações, mas existe uma promessa de que isto vai
acabar. O nosso Senhor vai cear conosco, e sua alegria, ninguém mais vai poder
tirar.
Acredito que C. S. Lewis descreveu esta
experiência de uma forma riquíssima no seu livro, “A última Batalha".
“Cerca de meia hora mais
tarde (ou bem poderia ter sido uns cinquenta anos mais tarde, pois o tempo ali
não é como o tempo aqui), Lúcia encontrava-se ao lado do fauno Tumnus, o mais
antigo dos seus amigos narnianos. Juntos, eles contemplavam, por cima do muro
do jardim, a terra inteira de Nárnia, estendida lá embaixo… ‘Naturalmente,
Filho de Eva, disse o fauno, quanto mais se sobe e quanto mais se penetra,
tanto maior tudo vai ficando. O interior é muito maior que o exterior’…Lúcia
percebeu que, na verdade, este não era jardim coisa nenhuma. Era, isto sim, um
verdadeiro mundo, com seus próprios rios, florestas, mares e montanhas. Estes,
porém, não lhe eram estranhos: ela os conhecia a todos.
-Agora estou entendendo, disse ela – Isto aqui é
Nárnia, e muito mais real e formosa do aquela Nárnia lá embaixo, da mesma forma
que aquela parecia bem mais real e
bonita do que a Nárnia que se via do lado de fora da porta do estábulo. Agora
estou entendendo…
…Não precisam ficar com
medo – disse o Leão. Vocês ainda não perceberam?
Eles sentiram o coração pulsar mais forte e uma leve
esperança foi crescendo dentro deles.
- Aconteceu mesmo um acidente com o trem – explicou Alam – Seu pai,
sua mãe e todos vocês estão mortos, como se costuma dizer nas Terras Sombrias.
Acabaram-se as aulas: chegaram as férias! Acabou-se o sonho: rompeu a manhã!
E, à medida que ele falava, já não lhes parecia mais
um leão. E as coisas que começaram a acontecer a partir daquele momento eram
tão lindas e grandiosas que eu não consigo descrevê-las. E, para nós, isto é o fim de todas as histórias, e podemos dizer com
absoluta certeza que todos eles viveram felizes para todo sempre. Para eles,
porém, este foi apenas o começo da verdadeira história. Toda a vida deles neste
mundo, e todas as suas aventuras em Nárnia haviam sido apenas a capa e a
primeira página do livro. Agora, finalmente, eles estavam começando o capítulo
Um da Grande História que continua eternamente ne da qual cada capítulo é muito
melhor do que o anterior”.[2]