quarta-feira, 3 de julho de 2013

2 CR 34 A Reforma de Josias



Introdução:

O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica e o obscurantismo medieval que marcou a Igreja da Idade Média. No dia 31 de Outubro de 1517, de forma ousada, afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam pontos da doutrina, condenava a venda de indulgências, acentuava a Soberania de Deus, preconizava um retorno às Escrituras mostrando que a regra de conduta do cristão está na suficiente revelação de Deus em Cristo e nas Escrituras sagradas do Antigo e do Novo Testamento, condenou o culto à imagens e revogou o celibato. 
Em 16 de abril de 1521, foi convocado pelo imperador Carlos V a desmentir as suas 95 teses na Dieta de Worms. Lutero se manteve firme nas suas convicções e mostrou a necessidade espiritual da reforma na igreja.

Por que precisamos celebrar a Reforma Protestante?

Þ     Inicialmente, para rememorar um gesto, uma postura, resgatar a história – O povo que não tem memória é um povo ignorante. A história cria o link com uma identidade e uma causa. Quando falamos da reforma protestante do sec. XVI, estamos nos lembrando de um mover de Deus que mudou para sempre a cultura ocidental.

Þ     Resgatar a memória também nos ajuda a articular gestos futuros, desenhar novos projetos. A visão da Reforma pode ser sintetizada na clássica expressão: “Eclesias reformata, semper reformanda”. Quando se fala da história, cria-se o fundamento para novas projeções sobre o futuro.

Þ     Resgatar a memória nos ajuda a responder à questão: O que a Reforma nos ensina? Existem verdades que foram resgatadas nos dias de Lutero e Calvino, que nunca mais podem ser esquecidas, sob pena de novas corrupções surgirem. Os princípios da Sola Gratia, Sola fide, Sola Scriptura, Soli Deo Glory ainda são os fundamentos dos herdeiros da Reforma no Século XXI

Narração: A reforma dos dias de Josias surge depois de dois reinados assustadores... Manasses chegou ao ponto de sacrificar seus filhos no altar de Moloque (2 Cr 33.6); adivinhava pelas nuvens; praticava feitiçarias; tratava com necromantes (médiuns). O seu filho que o sucede no trono, Amon, segue o mau exemplo do pai e continua a maldita saga de sacrificar a deuses estranhos. Depois destes dois reis, surge Josias, que neste emaranhado de coisas “fez o que era reto perante o Senhor”.

Na vida de Josias, podemos verificar como as reformas espirituais e avivamentos são gerados, o que traz decadência ao coração de uma cultural, e qual o resultado destas  reformas na história:

1. Precisamos entender, antes de tudo, que decadência moral é um processo histórico. Alguns erros vem de longa data.  Em 2 Rs 22 observamos que algumas atitudes de afronta contra Yawé já haviam sido criados desde os dias de Salomão, e ninguém, até então, por alguma razão desconhecida, havia tocado neste problema.
Talvez por ter sido Salomão um ícone celebrado em Israel . muitas vezes “as vacas sagradas” da tradição e da história, se perpetuam, se que se saiba exatamente como puderam chegar a tal ponto, e sem que se saiba também, porque ninguém jamais tomou qualquer atitude sobre o assunto.
Em 2 Rs 23, observa-se também que Jeroboão fora um dos responsáveis pelo caótico estado das coisas no templo. O fato é que tais elementos sincréticos e fortuitos jamais foram tocados pelos líderes que vieram depois deles. A obra do Espírito Santo desarticula estes processos históricos que se infiltram numa comunidade do povo de Deus.

2. A contaminação e decadência do culto a Deus se refletem nas cidades (cultura).
ü      Em todas as cidades de Israel  - 2 Rs 23.19
ü      Na região de Tofete (Vale de Hino) 2 Rs 23.10
ü      Ao leste de Jerusalém, construído por Salomão - 2 Rs 23.13
ü      Em Betel - 2 Rs 23.15
ü      No portão da cidade - 2 Rs 23.9
ü      Na entrada do templo - 2 Rs 23.4
ü      Nas cidades de Judá - 2 Rs 23.5
ü      Nos lugares pertos de Jerusalém - 2 Rs 23.5
Não atingia apenas “os lugares sagrados”, mas todas as nações. A ordem espiritual é “cercar e sitiar”. As pessoas não podiam sacrificar no templo, mas podiam se beneficiar do templo 2 Rs 23.9

3. Mudanças acontecem quando demonstramos preocupação e cuidado com as coisas de Deus – Vemos isto na história de Josias, no relato encontrado em 2 Rs 22-23. Logo que se inicia a narrativa sobre a mudança histórica nos dias de Josias, vemos em 2 Rs 22.3 que o rei envia Safa, o escrivão, para dar um recado a Hilquias, o sumo-sacerdote sobre o uso e destinação dos recursos da igreja. O avivamento começa exatamente neste ponto, quando os líderes começam a tratar com zelo as coisas de Deus.
A forma como lidamos com os recursos da igreja revelam onde está o nosso coração. “Onde está o teu tesouro, ai estará o teu coração”.
Obras maravilhosas de Deus se dão quando todo nosso ser se envolve na nobre tarefa de trazer glória ao nome de Deus. “Não houve antes, nenhum rei como ele, que servisse a Deus, o Senhor, com todo o seu coração, mente e força, obedecendo a lei de Moisés” (2 Rs 23.25).

4. Desejo profundo de querer saber o que move o coração de Deus- W. Booth: , fundador do Exército da salvação afirma que nosso coração deve ser impactado com tudo aquilo que move o coração de Deus.
Josias era ainda um adolescente, 16 anos, quando começou a “buscar o Senhor” 2 Cr 34.3, Queria saber sua vontade. Mudanças espirituais ocorrem quando se busca o Senhor. Buscar tem a ver com a vontade, desejo. Neste caso, a idade de Josias é o instrumento que Deus usa para desmascarar a prepotência da liderança política e religiosa de então.
Vemos muitas vezes Deus despertando seu povo no meio de crianças ainda muito tenras. Samuel era ainda menino quando Deus o chamou, Davi era outro adolescente. Calvino tinha apenas 27 anos quando concluiu seu celebre trabalho, “As Institutas”.

5. Avivamentos ocorrem quando se busca a Deus- O texto de 2 Rs descreve que Josias enviou seus mensageiros a consultarem a profetisa Hulda (2 Rs 22.13-14). Isto demonstra seu interesse em saber para qual direção se movia o coração de Deus. Não há avivamento sem busca intencional, especialmente pelos líderes. Nos dias de Josias, os líderes eclesiásticos (sacerdotes) estavam mesclados com sistemas sincréticos e pagãos. Foi necessário retirar “de serviço, os sacerdotes pagãos” 2 Rs 23.5. Eles haviam se infiltrado na estrutura do templo, ocupando espaços sagrados, mas eram profanos.

6. Para que surjam reformas espirituais é necessário desarticular o sistema religioso pecaminoso relacionado ao culto - 2 Cr 34.3
12o. Ano - quando estava com 20 anos... depois de gastar 4 anos em oração (quatro anos é muito tempo?)  tempo de incubação...ora antes.
Êxodo: “Ouvi o clamor deste povo” (400 anos...)
Na reforma - vemos um Lutero angustiado com a situação do povo.
Josias se coloca “pessoalmente à frente dos projetos” 2 Cr 34.4- A Igreja não passa de sua liderança.
Boa parte de nossa religiosidade hoje poderia acabar, sem nenhum prejuízo para o reino de Deus e com enorme libertação para os súditos do Reino.
            O tempo que a Igreja investe em nada;
            Dinheiro que o povo investe em nada
            Quantidade de lutas internas na Igreja que são lutadas por nada...
            Nossos concílios sacro-santos que não conciliam quase nada
            Nossos edifícios de educação religiosa usados para educar quase nada.
Repensar nossos esquemas religiosos, nossos cultos privados e comunitários.
É impressionante, ao lermos os relatos deste avivamento nos dias de Josias, observar a quantidade de lixo que havia sido colocado no templo.
ü      Fizeram dentro do templo, quartos destinados aos prostitutos cultuais – 2 Rs 23.7
ü      Um alto funcionário do templo, Natã-Meleque, era o articulador de todo este sistema de corrupção dentro do templo.

7. Não há reforma bíblica, sem a redescoberta da Bíblia – 2 Cr 34:14
Ocorre quando há disposição em fazer a vontade de Deus. Onde está a Bíblia? No meio dos escombros, empoeirada...
            a)  Curiosamente a Bíblia se perde no Templo - No meio das ruínas. Jesus não se perdeu no templo, segundo Lucas? Os ataques mais violentos que Jesus sofre vem dos servidores do templo, Lutero é recomendado a não ler a Bíblia, este livro perigoso... Se alguém crer em mim, como diz as Escrituras... Evangelho dos santos evangélicos - Ler textos não sublinhados.
            B) Descobre-se a Bíblia na caminhada - vs. 14 Quem descobre é o sacerdote. O rei só terá acesso ao livro quando aqueles que o manuseiam (sacerdote e escriba), resolvem lê-lo. “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento, porque tu, ó sacerdote, rejeitaste o conhecimento”. Os 4.6
Reforma: Bíblia escondida, Lutero traduz para o alemão e a populariza.
Na reforma de Josias 2 Cr 34,22, a mulher tem participação política e eclesial. Hulda é convidada a declarar a vontade de Deus. A mulher é co-responsável no compromisso do retorno.

8. Reformas espirituais fazem parte de um plano de Deus – O profeta havia falado destes dias, 300 anos antes (2 Rs 23.17). Isto nos mostra que operações extraordinárias de Deus se dão porque Deus mesmo está interessado em restaurar sua obra. O que é avivamento senão um resgate da herança daquilo que o próprio Deus construiu?
Avivamentos não atos forjados por esforços humanos, mas pelo ato soberano e livre de Deus, em agir de uma determinada forma, num contexto específico. O Profeta Isaias clama a Deus: "Oh, se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença! Quando fizeste cousas terríveis, que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença!” (Is 64.1-3). É o anseio do profeta em ver a manifestação especial de Deus em seus dias. Devemos clamar por um sopro de Deus, que nos tire do nosso marasmo, indiferença, de uma vida medíocre diante do Pai. Deus, no seu tempo, a seu modo, dentro de seu plano nos ouvirá!

9.  Toda reforma espiritual desemboca em celebração - 2 Cr 35 – Josias ordena a páscoa, como nunca mais se dera. É tempo de festa! A festa foi inigualável (2 Cr 35.18). Quando a obra de Deus acontece, isto traz alegria para o povo. Todos os grandes momentos de adoração e restauração, são tempos de muita alegria para o povo de Deus.  
Que coisa pode ser mais maravilhosa que um sopro de Deus em nossas vidas, fazendo-nos viver a vida que ele mesmo sonhou para nós? Que coisa mais incrível pode existir que a graça de Deus restaurando vidas da morte, do cativeiro, da ruína moral, dando esperança e alegria ao coração? Que experiência maior pode existir que um lar tocado e transformado por Deus? Tudo isto se traduz na palavra celebração. Tempo da manifestação de Deus, gera alegria!
Em Atos 8.8, há uma maravilhosa frase que descreve a chegada do evangelho à cidade de Samaria. Diz-nos o texto “Que houve grande alegria naquela cidade!”. O Evangelho traz vida, o sopro do Espírito traz esperança, energiza uma comunidade. Que novamente Deus se revele misericordiosamente entre nós, para manifestar sua grandeza e poder. 


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