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paz
Introdução:
Zedequias é o último rei de Israel antes do cativeiro Babilônico.
Este momento da história é singularmente triste para Israel. Nos últimos capítulos de 2 Rs (24-25), que certamente é o livro que termina de forma mais melancólica em toda Bíblia, temos os detalhes dos acontecimentos. Depois de cerca de 800 anos, desde a saída do Egito e o estabelecimento em Canaã (1440 a.C. ?), até o exílio Babilônico (587 1.C) é fim de Israel enquanto nação. Os reis com toda sua corte são levados em cativeiro, os artífices e ferreiros, todos levados cativos.
800 anos de existência. Ponto final de Israel enquanto nação.
Toda glória da nação: palácios queimados, muros derribados, e o pior de tudo, o templo saqueado, todos símbolos da fé destruídos, os objetos sagrados levados para serem colocado nos templos pagãos da Babilônia, toda uma geração perdida. Uma nação extinta. Em três viagens agonizantes pelo deserto afora, foram levados 3.023 judeus, depois 832 e por fim 4600 pessoas cativas. (Jr 52.28-30).
Nabucodonozor, imperador da Babilônia, primeiramente levou Joaquim, um rei muito jovem, de apenas 18 anos (2 Rs 24.8), e estabeleceu em seu lugar Zedequias, que era seu tio (2 Rs 24.17), que também era muito jovem, com apenas 21 anos, e foi designado rei pelo país invasor, tendo a responsabilidade de liderar um país que já não tem autonomia e está subjugado por um império. Ele faz uma cartada de alto risco e se rebela contra Babilônia. Sua jogada não deu certo.
Ele conseguiu sustentar a situação por 11 anos, sendo que nos dois últimos Jerusalém já estava sitiada e cercada pelo exército inimigo, até que a situação da fome ficou insustentável e a cidade foi arrombada. Salve-se quem puder! Zedequias tenta fugir, não consegue escapar, e a sentença foi pesada: todos os seus príncipes foram mortos, seus filhos foram executados na sua presença, seus olhos foram perfurados e ele levado para a prisão na Babilônia, onde ficou numa masmorra até sua morte.
Em todas estas idas e vindas, Jeremias exerce seu ministério profético.
O problema é que Jeremias tornou-se suspeito, ideologicamente. Ele passou a ser visto pelos nacionalistas, judeus orgulhosos, como alguém que estava enfraquecendo o poder de luta do povo de Israel, na medida que afirmava que a única saída seria a rendição, porque aquele castigo vinha da parte de Deus.
Durante este período de angústia, a potência militar do Egito sai para um confronto com a Babilônia. A esperança renasce. (Jr 38). Estaria Jeremias errado? Seria o povo liberto enfim do jugo da Babilônia? Jeremias mantém a mesma profecia... Israel tem que se render. Jeremias é preso (38.5), mas ainda assim resolve escrever as profecias e pedir para seu assessor Baruque, que a lesse no templo. Os príncipes se acercam dele e ficam assustados com o que ouvem, e a encaminham para o rei Zedequias. Este, com desprezo, toma o rolo com os escritos, corta-os e os joga no braseiro. Os príncipes recebem a palavra com temor. O rei com hostilidade e rejeição.
Zedequias, ainda jovem, tem dois momentos dramáticos:
Primeiro. Em quem confiar?
Vocês acham que fake news é uma criação moderna? Enganam-se! Quando Jeremias traz a palavra de Deus dizendo que Israel deveria se render porque a tragédia de Israel fazia parte do juízo de Deus, os falsos profetas disseram exatamente o contrário. Portanto, a briga pela correta informação sempre aconteceu na história, e em tempos de calamidades, parece que se torna mais evidente, como vemos nos dias do rei Jeoaquim (Jr 26 e 27). Em quem o rei deveria confiar? Em Jeremias, ou nos demais profetas que afirmavam ter recebido suas mensagens também do Deus de Israel? As mensagens eram contraditórias. Alguém estava mentindo. Quem?
Outro aspecto ainda tornou a situação mais complexa: Jeremias tem um comportamento estranho. Ele anuncia a queda de Jerusalém, mas resolve investir na compra de um imóvel nos arredores da cidade (Jr 32). Como você investe em imóvel quando tudo está ruindo? O próprio Jeremias entra em crise com sua explícita contradição e vai conversar com Deus sobre o assunto (Jr 32.16-25). Apesar deste paradoxo, Jeremias mantém a mesma mensagem: O rei deveria entregar-se e se subjugar, para que o mal fosse menor. Contudo, falsos profetas diziam o contrário: precisamos enfrentar!
Em quem confiar?
A quem ouvir?
Quem está dizendo a verdade?
Segundo, aceito ou rejeito a mensagem?
Da prisão, Jeremias envia o texto através de Baruque. O profeta estava preso mas não a mensagem (Jr 36). O rei pede para que Jeremias ore por ele. Ele tem uma impressão de que Jeremias estava certo, mas não tem certeza. Como muitos tem feito hoje em dia, Zedequias queria a benção de Deus, mas não o Deus da benção. Ele queria que algo mais ameno viesse da parte de Deus e que não exigisse tanto sacrifício de sua parte, ele queria solucionar sua história sem obedecer. Ele tinha acabado de rasgar e queimar a mensagem do profeta (Jr 36), mas de forma incoerente, pede que o profeta ore por ele (Jr 37). Jeremias insistia na mensagem: é preciso se render! A palavra de Deus não muda! “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”. Sua palavra não voltará vazia, mas fará tudo aquilo para o qual foi designada.
Os príncipes, indignados com Jeremias, o lançam numa prisão. Entretanto, o rei manda uma comitiva trazê-lo secretamente em sua casa, para saber o que fazer (Jr 37.17). Jeremias confirma a mensagem. Jeremias como profeta intransigente continua sua cruzada com a mesma mensagem. Os príncipes endurecem e colocam o velho profeta numa cisterna, cheia de lama. Ironicamente, apenas um estrangeiro chamado Ebede-Meleque, põe seu pescoço a risco e interfere a seu favor junto ao rei. Ele era etíope e eunuco, servindo no palácio do rei. O rei o atende (Jr 38.8-13).
Novamente o rei chama o profeta para vir à sua casa. É a segunda vez que o faz. Nova rodada de entrevista. O que faço? Jeremias já conhece este interlocutor, sabe que ele não deseja mudança, apenas deseja pergunta, esperando que alguma nova noticia surja. O profeta, porém, não flexibiliza: “Se eu te disser, porventura, não me matarás? Se eu te aconselhar, não me atenderás” (Jr 38.15). O profeta não poderia mudar a mensagem. O rei ouve novamente o recado de Deus, mas não se submete à palavra de Deus.
Aplicação: Há muitas pessoas que querem saber a Palavra de Deus, mas por mera curiosidade, diletantismo filosófico. Elas não estão dispostas a obedecer, mesmo quando estão diante de questões de vida ou morte. Mesmo quando se trata de sua alma, de questões relacionadas à vida eterna.
Resultado? No capítulo 39, Jerusalém é invadida.
“Foi tomada Jerusalém.”
Isto aconteceu quando se fez uma brecha na cidade. O caos, soldados e pessoas correndo desesperadas, sons de guerra, barulho de cavalos, lanças, espadas, flechas sibilando. A desobediência à Deus traz graves consequências e morte. Jerusalém, a cidade amada, sede do templo, agora recebe seu julgamento. Quantas vezes Deus tentou alertar o povo para largar seus pecados, deixar a idolatria, se arrepender. Não é assim mesmo que Deus ainda hoje faz com o pecador? Tentando trazê-lo para o arrependimento. Apenas o arrependimento pode nos livrar da condenação.
Conclusão
Quando leio esta história, fico pensando em nossa situação:
1. Precisamos filtras as vozes: Em quem confiar? Como Zedequias nós também precisamos enfrentar os diferentes sons que nos chegam.
Ele estava recebendo profecias de diferentes fontes. Quem estava dizendo a verdade? De onde vinham as informações? As fontes nacionalistas, ideológicas, estavam presentes em alguns profetas que insistiam que Deus haveria de quebrar o jugo da Babilônia. Jeremias falava outra coisa. Como discernir as vozes?
Em nossos dias, vemos os mesmos dilemas: Desprezo o coronavírus e saio da quarentena, ou fico em casa e sigo o isolamento social? Adoto o procedimento do cloroquina ou o desprezo? Quem está dizendo a verdade? Qual objetivo das informações que recebemos? A que grupo interessa?
A quem ouviremos?
Entretanto, todas estas questões políticas e circunstanciais são periféricas, ainda que importantes. O mais sério é quando estamos nos referindo à vida eterna, às verdades de Deus, e ainda estamos inseguros se devemos ou não nos submeter à palavra.
É muito importante ter fonte confiável. Por esta razão, a Reforma Protestante, sempre levantou a bandeira da Sola Scripturas. A Bíblia é a única regra infalível de fé e prática. Nossa base é a palavra. Foi assim que Lutero se posicionou: Se tivessem conseguido convencê-lo de que estava agindo de forma contrária às Escrituras, estaria disposto a rever seus princípios, mas não iria negociar as verdades eternas.
Qual a base de sua fé?
Precisamos retornar para as Escrituras Sagradas.
Deus continua falando. Precisamos aprender a orar, silenciar nossa alma, sossegar nosso coração nestes atribulados dias de Pandemia. Estamos assustados. A quem ouvir? Precisamos ouvir as maravilhosas promessas de cuidado, direção, consolo que brotam da palavra.
Bill Hybels usa o termo “sussurros de Deus”. Ele fala de pensamentos colocados por Deus em nossa mente para nos orientar, dirigir, nortear e conduzir a nossa vida dentro do propósito de seu reino na terra. Esta é uma forma de Deus falar, conduzindo a vida para a direção que ele mesmo deseja, dando o script que ele tem para nossa vida. Gosto de pensar nesta ideia de que Deus conduz nossa mente para uma determinada direção. A verdade é que Deus ainda fala em nossos dias. Mas a forma mais segura é através de sua palavra.
2. Precisamos vencer o medo da obediência.
Zedequias ouve a palavra de Deus mas não obedece. Ele tem medo de obedecer. Não quer pagar o preço da obediência. Resolve fazer do seu jeito. Isto lhe custou muito caro. Quando jeremias traz a palavra de Deus, ainda havia tempo para minimizar o sofrimento, se arrepender, voltar-se para o Senhor em submissão, mas Zedequias, por sua juventude, ou pressão dos príncipes, ou talvez pelas dúvidas do seu próprio coração, decide não obedecer. Ele faz o contrário do que ouve do profeta.
Zedequias finalmente é levado para a Babilônia.
É o fim de Israel como nação política. E este cativeiro durará 70 anos, até que Neemias retorne para a reconstrução dos muros de Jerusalém. Com menos de 30 anos, é levado cativo, morre cego e solitário numa masmorra subterrânea qualquer nos imundos porões da Babilônia, como prisioneiro politico.
Ele teve medo de obedecer.
Por que temos tanto medo de nos submetermos à Palavra de Deus?
Uma das razões, certamente, é que muitas vezes a Bíblia nos confronta com atitudes e exige nosso arrependimento. É preciso mudar. Se não der conta de fazer sozinho, peça força ao Espírito Santo. Deus nunca disse que seria possível fazer em ele. “Sem mim, nada podeis fazer”, disse Jesus aos seus discípulos.
Outras vezes não obedecemos porque não estamos convencidos da suficiência e da autoridade da Bíblia. A Reforma não defendeu apenas a autoridade das Escrituras, mas sua suficiência.
A obediência e o Evangelho
Jesus é o exemplo de obediência. A Bíblia diz que ele foi obediente até a morte, e morte de cruz. “Se possível, afasta de mim este cálice, contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres”. Jesus se submete a Deus, como servo submisso. Ele confiava em Deus e sabia que Deus o amava, ainda que tivesse que sofrer todo martírio que ele experimenta na cruz.
A verdade é que não há vitória sem obediência.
Deus exorta o seu povo à obediência: “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Antes, dizeis: Não, sobre cavalos fugiremos; portanto, fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores.” (Is 30.15,16).
O povo queria encontrar soluções. Vamos para o Egito, fugiremos. Escaparemos. O caminho para a vitória não se encontrava nas alternativas que estavam criando, mas na obediência. “Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação”.
Desobediência traz tristeza ao coração de Deus por se tratar de resistência e rebeldia à sua palavra, mas os resultados de desobediência também são desastrosos. “Nunca viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de Deus” (Charles Stanley).
Que Deus nos ajude!