sábado, 23 de maio de 2020

Jr 52.1-15 Vitória pela obediência




 

Caso queira assistir ao video deste sermao, basta clicar acima.
culto todo o culto está gravado, caso queira ouvir apenas a palestra, vá direto para a mensagem.
paz

Introdução:

Zedequias é o último rei de Israel antes do cativeiro Babilônico.

Este momento da história é singularmente triste para Israel. Nos últimos capítulos de 2 Rs (24-25), que certamente é o livro que termina de forma mais melancólica em toda Bíblia, temos os detalhes dos acontecimentos. Depois de cerca de 800 anos, desde a saída do Egito e o estabelecimento em Canaã (1440 a.C. ?), até o exílio Babilônico (587 1.C) é fim de Israel enquanto nação. Os reis com toda sua corte são levados em cativeiro, os artífices e ferreiros, todos levados cativos. 

800 anos de existência. Ponto final de Israel enquanto nação.
Toda glória da nação: palácios queimados, muros derribados, e o pior de tudo, o templo saqueado, todos símbolos da fé destruídos, os objetos sagrados levados para serem colocado nos templos pagãos da Babilônia, toda uma geração perdida. Uma nação extinta. Em três viagens agonizantes pelo deserto afora, foram levados 3.023 judeus, depois 832 e por fim 4600 pessoas cativas. (Jr 52.28-30).

Nabucodonozor, imperador da Babilônia, primeiramente levou Joaquim, um rei muito jovem, de apenas 18 anos (2 Rs 24.8), e estabeleceu em seu lugar Zedequias, que era seu tio (2 Rs 24.17), que também era muito jovem, com  apenas 21 anos, e foi designado rei pelo país invasor, tendo a responsabilidade de liderar um país que já não tem autonomia e está subjugado por um império. Ele faz uma cartada de alto risco e se rebela contra Babilônia. Sua jogada não deu certo.

Ele conseguiu sustentar a situação por 11 anos, sendo que nos dois últimos Jerusalém já estava sitiada e cercada pelo exército inimigo, até que a situação da fome ficou insustentável e a cidade foi arrombada. Salve-se quem puder! Zedequias tenta fugir, não consegue escapar, e a sentença foi pesada: todos os seus príncipes foram mortos, seus filhos foram executados na sua presença, seus olhos foram perfurados e ele levado para a prisão na Babilônia, onde ficou numa masmorra até sua morte.

Em todas estas idas e vindas, Jeremias exerce seu ministério profético.
O problema é que Jeremias tornou-se suspeito, ideologicamente. Ele passou a ser visto pelos nacionalistas, judeus orgulhosos, como alguém que estava enfraquecendo o poder de luta do povo de Israel, na medida que afirmava que a única saída seria a rendição, porque aquele castigo vinha da parte de Deus.

Durante este período de angústia, a potência militar do Egito sai para um confronto com a Babilônia. A esperança renasce. (Jr 38). Estaria Jeremias errado? Seria o povo liberto enfim do jugo da Babilônia? Jeremias mantém a mesma profecia... Israel tem que se render. Jeremias é preso (38.5), mas ainda assim resolve escrever as profecias e pedir para seu assessor Baruque, que a lesse no templo. Os príncipes se acercam dele e ficam assustados com o que ouvem, e a encaminham para o rei Zedequias. Este, com desprezo, toma o rolo com os escritos, corta-os e os joga no braseiro. Os príncipes recebem a palavra com temor. O rei com hostilidade e rejeição.

Zedequias, ainda jovem, tem dois momentos dramáticos:

Primeiro. Em quem confiar?

Vocês acham que fake news é uma criação moderna? Enganam-se! Quando Jeremias traz a palavra de Deus dizendo que Israel deveria se render porque a tragédia de Israel fazia parte do juízo de Deus, os falsos profetas disseram exatamente o contrário. Portanto, a briga pela correta informação sempre aconteceu na história, e em tempos de calamidades, parece que se torna mais evidente, como vemos nos dias do rei Jeoaquim (Jr 26 e 27). Em quem o rei deveria confiar? Em Jeremias, ou nos demais profetas que afirmavam ter recebido suas mensagens também do Deus de Israel? As mensagens eram contraditórias. Alguém estava mentindo. Quem?

Outro aspecto ainda tornou a situação mais complexa: Jeremias tem um comportamento estranho. Ele anuncia a queda de Jerusalém, mas resolve investir na compra de um imóvel nos arredores da cidade (Jr 32). Como você investe em imóvel quando tudo está ruindo? O próprio Jeremias entra em crise com sua explícita contradição e vai conversar com Deus sobre o assunto (Jr 32.16-25). Apesar deste paradoxo, Jeremias mantém a mesma mensagem: O rei deveria entregar-se e se subjugar, para que o mal fosse menor. Contudo, falsos profetas diziam o contrário: precisamos enfrentar!

Em quem confiar?
A quem ouvir?
Quem está dizendo a verdade?

Segundo, aceito ou rejeito a mensagem?

Da prisão, Jeremias envia o texto através de Baruque. O profeta estava preso mas não a mensagem (Jr 36). O rei pede para que Jeremias ore por ele. Ele tem uma impressão de que Jeremias estava certo, mas não tem certeza. Como muitos tem feito hoje em dia, Zedequias queria a benção de Deus, mas não o Deus da benção. Ele queria que algo mais ameno viesse da parte de Deus e que não exigisse tanto sacrifício de sua parte, ele queria solucionar sua história sem obedecer. Ele tinha acabado de rasgar e queimar a mensagem do profeta (Jr 36), mas de forma incoerente, pede que o profeta ore por ele (Jr 37). Jeremias insistia na mensagem: é preciso se render! A palavra de Deus não muda! “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”. Sua palavra não voltará vazia, mas fará tudo aquilo para o qual foi designada.

Os príncipes, indignados com Jeremias, o lançam numa prisão. Entretanto, o rei manda uma comitiva trazê-lo secretamente em sua casa, para saber o que fazer (Jr 37.17). Jeremias confirma a mensagem. Jeremias como profeta intransigente continua sua cruzada com a mesma mensagem. Os príncipes endurecem e colocam o velho profeta numa cisterna, cheia de lama. Ironicamente, apenas um estrangeiro chamado Ebede-Meleque, põe seu pescoço a risco e interfere a seu favor junto ao rei. Ele era etíope e eunuco, servindo no palácio do rei. O rei o atende (Jr 38.8-13).

Novamente o rei chama o profeta para vir à sua casa. É a segunda vez que o faz. Nova rodada de entrevista. O que faço? Jeremias já conhece este interlocutor, sabe que ele não deseja mudança, apenas deseja pergunta, esperando que alguma nova noticia surja. O profeta, porém, não flexibiliza: “Se eu te disser, porventura, não me matarás? Se eu te aconselhar, não me atenderás” (Jr 38.15). O profeta não poderia mudar a mensagem. O rei ouve novamente o recado de Deus, mas não se submete à palavra de Deus.  

Aplicação: Há muitas pessoas que querem saber a Palavra de Deus, mas por mera curiosidade, diletantismo filosófico. Elas não estão dispostas a obedecer, mesmo quando estão diante de questões de vida ou morte. Mesmo quando se trata de sua alma, de questões relacionadas à vida eterna.

Resultado? No capítulo 39, Jerusalém é invadida.
Foi tomada Jerusalém.”
Isto aconteceu quando se fez uma brecha na cidade. O caos, soldados e pessoas correndo desesperadas, sons de guerra, barulho de cavalos, lanças,  espadas, flechas sibilando. A desobediência à Deus traz graves consequências e morte. Jerusalém, a cidade amada, sede do templo, agora recebe seu julgamento. Quantas vezes Deus tentou alertar o povo para largar seus pecados, deixar a idolatria, se arrepender. Não é assim mesmo que Deus ainda hoje faz com o pecador? Tentando trazê-lo para o arrependimento. Apenas o arrependimento pode nos livrar da condenação.

Conclusão
Quando leio esta história, fico pensando em nossa situação:

1.     Precisamos filtras as vozes: Em quem confiar? Como Zedequias nós também precisamos enfrentar os diferentes sons que nos chegam.

Ele estava recebendo profecias de diferentes fontes. Quem estava dizendo a verdade? De onde vinham as informações? As fontes nacionalistas, ideológicas, estavam presentes em alguns profetas que insistiam que Deus haveria de quebrar o jugo da Babilônia. Jeremias falava outra coisa. Como discernir as vozes?

Em nossos dias, vemos os mesmos dilemas: Desprezo o coronavírus e saio da quarentena, ou fico em casa e sigo o isolamento social? Adoto o procedimento do cloroquina ou o desprezo? Quem está dizendo a verdade? Qual objetivo das informações que recebemos? A que grupo interessa?

A quem ouviremos?

Entretanto, todas estas questões políticas e circunstanciais são periféricas, ainda que importantes. O mais sério é quando estamos nos referindo à vida eterna, às verdades de Deus, e ainda estamos inseguros se devemos ou não nos submeter à palavra.

É muito importante ter fonte confiável. Por esta razão, a Reforma Protestante, sempre levantou a bandeira da Sola Scripturas. A Bíblia é a única regra infalível de fé e prática. Nossa base é a palavra. Foi assim que Lutero se posicionou: Se tivessem conseguido convencê-lo de que estava agindo de forma contrária às Escrituras, estaria disposto a rever seus princípios, mas não iria negociar as verdades eternas.

Qual a base de sua fé?
Precisamos retornar para as Escrituras Sagradas.
Deus continua falando. Precisamos aprender a orar, silenciar nossa alma, sossegar nosso coração nestes atribulados dias de Pandemia. Estamos assustados. A quem ouvir? Precisamos ouvir as maravilhosas promessas de cuidado, direção, consolo que brotam da palavra.

Bill Hybels usa o termo “sussurros de Deus”. Ele fala de pensamentos colocados por Deus em nossa mente para nos orientar, dirigir, nortear e conduzir a nossa vida dentro do propósito de seu reino na terra. Esta é uma forma de Deus falar, conduzindo a vida para a direção que ele mesmo deseja, dando o script que ele tem para nossa vida. Gosto de pensar nesta ideia de que Deus conduz nossa mente para uma determinada direção. A verdade é que Deus ainda fala em nossos dias. Mas a forma mais segura é através de sua palavra.

2.     Precisamos vencer o medo da obediência.

Zedequias ouve a palavra de Deus mas não obedece. Ele tem medo de obedecer. Não quer pagar o preço da obediência. Resolve fazer do seu jeito. Isto lhe custou muito caro. Quando jeremias traz a palavra de Deus, ainda havia tempo para minimizar o sofrimento, se arrepender, voltar-se para o Senhor em submissão, mas Zedequias, por sua juventude, ou pressão dos príncipes, ou talvez pelas dúvidas do seu próprio coração, decide não obedecer. Ele faz o contrário do que ouve do profeta.

Zedequias finalmente é levado para a Babilônia.
É o fim de Israel como nação política. E este cativeiro durará 70 anos, até que Neemias retorne para a reconstrução dos muros de Jerusalém. Com menos de 30 anos, é levado cativo, morre cego e solitário numa masmorra subterrânea qualquer nos imundos porões da Babilônia, como prisioneiro politico.

Ele teve medo de obedecer.
Por que temos tanto medo de nos submetermos à Palavra de Deus?
Uma das razões, certamente, é que muitas vezes a Bíblia nos confronta com atitudes e exige nosso arrependimento. É preciso mudar. Se não der conta de fazer sozinho, peça força ao Espírito Santo. Deus nunca disse que seria possível fazer em ele. “Sem mim, nada podeis fazer”, disse Jesus aos seus discípulos. 

Outras vezes não obedecemos porque não estamos convencidos da suficiência e da autoridade da Bíblia. A Reforma não defendeu apenas a autoridade das Escrituras, mas sua suficiência.

A obediência e o Evangelho

Jesus é o exemplo de obediência. A Bíblia diz que ele foi obediente até a morte, e morte de cruz. “Se possível, afasta de mim este cálice, contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres”. Jesus se submete a Deus, como servo submisso. Ele confiava em Deus e sabia que Deus o amava, ainda que tivesse que sofrer todo martírio que ele experimenta na cruz.

A verdade é que não há vitória sem obediência.
Deus exorta o seu povo à obediência: “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Antes, dizeis: Não, sobre cavalos fugiremos; portanto, fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores.” (Is 30.15,16).

O povo queria encontrar soluções. Vamos para o Egito, fugiremos. Escaparemos. O caminho para a vitória não se encontrava nas alternativas que estavam criando, mas na obediência. “Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação”.

Desobediência traz tristeza ao coração de Deus por se tratar de resistência e rebeldia à sua palavra, mas os resultados de desobediência também são desastrosos. “Nunca viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de Deus” (Charles Stanley).

Que Deus nos ajude!



domingo, 17 de maio de 2020

Is 21.11 Que hora é esta? Que tempos são estes?

Veja a previsão do tempo para este sábado, 28, em Rondônia ...




Caso queira assistir ao video deste sermao, basta clicar acima.
culto todo o culto está gravado, caso queira ouvir apenas a palestra, vá direto para a mensagem.
paz


No livro de Isaias lemos: “Gritam-me de Seir: Guarda, a que hora estamos da noite? Guarda, a que horas?” (Is 21.11).

Séculos depois, Cícero cunharia a famosa frase: “O tempora! O mores!” em seu discurso no Senado, nas célebres Catilinárias, bradando contra os vícios e a corrupção de Roma. “Que tempos os nossos! E que costumes!”. Na sua visão, conspirações e corrupção  solapavam o Império, e as atitudes mereciam ser desprezadas em alta voz, como repúdio à vileza presente na elite romana. Mais recentemente, uma frase de Bertolt Bretcher se tornaria clássica: “Que tempos são estes em que temos que defender o óbvio?”

Tanto a pergunta de Isaias, como a frase de Cícero e de Bertolt Bretcher são  profundamente contemporâneas. Que dias são estes, que tempos são estes, que horas são estas? Assim é a pergunta do profeta: “Guarda, a que hora estamos da noite?”.

Estamos vivendo em tempos de calamidade e perplexidade. Ouvi recentemente um discurso do governador de Nova York, Andrew Cuomo, dizendo que o estado deve "começar a reabrir" mas com um plano inteligente", já que a pandemia não é como ligar e desligar um interruptor e que adoraria que isso acontecesse, mas não vai. "É como assistir a um incêndio atravessando a grama seca com um vento forte".

Pensando nestes tempos, escrevi a seguinte reflexão:

O que tenho aprendido na quarentena? 

Esta pergunta veio à minha mente na semana passada. O que este tempo de reclusão e distanciamento me fez observar sobre mim mesmo? O que tenho aprendido e descoberto sobre quem sou?

1. Descobri que é difícil viver apenas comigo mesmo. Como disse J Quest: “quero ficar só, mas sozinho comigo eu não consigo”. Fiquei mais de dois meses vivendo solitariamente, pois minha esposa estava acompanhando o nascimento do neto e os voos foram cancelados. Descobri que a solidão não é brincadeira...

2. Ficou evidente, que preciso de rotinas claras e definidas. A falta de uma agenda, de acordar e sair de casa, de saber o que fazer diariamente, de uma dinâmica pessoal, me deixou ineficaz e angustiado.

3. Aprendi que tempo de sobra não me torna mais produtivo e efetivo. Tinha todo tempo para ler e escrever mas a produtividade se tornou pobre e escassa. O fato de não ter horário para dormir e acordar, pode ter sido uma das justificativas para isto.

4. Conclui que tenho sede de relacionamentos, ainda que superficiais: tomar café com alguém, conversar com pessoas, sorrir, faz parte da minha natureza, vocação e formação. Estas coisas simples me fizeram muita falta.

5. Percebi a fragilidade do ser humano. A grande ameaça não veio de uma bomba atômica, nem cataclismas ou hecatombes, mas num invisível e pequeno vírus que mudou hábitos, estagnou a economia de metade do planeta. Apesar de todo avanço da pesquisa e da ciência, o vírus ironizou a prepotência humana.

Minha esposa, também fez suas observações, que julgo importantes:

A. Ter tempo não tem a ver com cronos, mas com propósito. Nunca tive tanto tempo e jamais produzi tão pouco. Quando não temos propósito, o tempo desaparece. Já dizia o velho Salomão. Há tempo pra todo PROPÓSITO.

B. O fim dos cultos públicos e reuniões semanais demonstrou que muitos precisam ter um encontro real com Deus.

C. Acredito também que Deus colocou os seres humanos em quarentena, para a natureza se recuperar um pouco de nós e aguentar até sua redenção. Tem até golfinhos nos antes fétidos canais de Veneza!


D. Muitos descobriram o que todos já sabiam sobre seus filhos, mas ninguém podia ou tinha coragem de dizer...rsrsrs

A frase do Isaías suscita algumas perguntas:

Primeira: As pessoas estavam desorientadas e não conseguiam julgar corretamente o momento que viviam. Não sabiam discerniam sua época, nem o tempo no qual estavam inseridas. Não saber a hora é típico do fuso horário, no efeito jet lag, sensação de cansaço extremo ocasionada pela diferença de horário entre a origem e o destino. Isto acontece porque o  relógio biológico perde a sincronização com o horário cronológico do novo ambiente, pois o ritmo dia/noite em que a pessoa estava acostumada a viver sofre mudança súbita.

Outra comparação sobre o sono. Se você está acostumado a dormir tarde e um dia, cansado, decidi dormir cedo, acordará totalmente desorientado tentando entender a que horas da noite você se encontra.

Com a chegada do vírus, que obrigou escolas, autarquias, convenções, eventos esportivos, e até mesmo igrejas a se fecharem certamente não há ninguém que não tenha sido afetado.  Nada e ninguém escapa. E não se trata de um evento local, nem de apenas um país, é um evento global, com graves efeitos na saúde e na economia das pessoas. Todos estamos sujeitos a desastres naturais e a eventos da natureza. Pode ser na

Área da saúde, econômico, político. O povo de Deus não é poupado nestes eventos. Isto tem a ver com os propósitos de Deus e sua pedagogia na história humana. Precisamos ser realistas. Homens de Deus na história viram grandes calamidades atingindo o povo de Deus. Viram a escassez, viu a falta de alimentos, guerras e mortes e estas coisas abalavam a todos.

A pergunta do profeta, portanto, olhando os tempos que ele estava vivendo, se tornam muito atuais:

Guarda, a que hora estamos da noite? Guarda, a que horas?”
Como lidar com a vida se não somos capazes de perceber o tempo? Quanto mais idosos ficamos, menos capacidade de entender o que está acontecendo ao nosso redor, e julgar todas as realidades envolvidas na vida.

Como interpretar este momento?

Juízo de Deus?

Alguns pregadores mais ousados não hesitam em bradar: “Isto é juízo de Deus!”, e passam a citar os abusos do carnaval, a insensibilidade elite politica brasileira, a moral decadente da juventude, etc., esquecendo-se que este juízo é muito mais abrangente, pois tem alcance mundial. Os pecados do Brasil, certamente atraem o juízo de Deus, mas não podemos afirmar que o coronavirus surgiu no mundo por causa do pecado do Brasil.

Por outro lado, não posso deixar de ver tudo o que acontece como juízo de Deus, mas encontro enorme dificuldade em estabelecer relação de causa/efeito, entre coronavirus e o pecado do Brasil, ainda que consiga admitir que Deus, sempre age com critério, equidade e justiça, e tudo que nos acontece, sempre tem um propósito, e até mesmo o mal, tem propósito didático.

Por outro lado, é fácil atribuir tudo ao juízo de Deus, mas se a raça humana não respeita as leis naturais, certamente ela sofrerá as consequências de suas transgressões, então, porque questionar a Deus sobre a responsabilidade divina na tragédia? É certo que Deus, reina soberanamente sobre toda a criação e tudo está sobre o domínio do Senhor, mas isso não significa que tudo o que ocorre na criação e na história é obra direta da mão de Deus. Em muitas situações, os pecados e falhas humanas são responsáveis por grandes tragédias e complicações na história.

Da mesma forma, no dia de Isaias, as pessoas estavam indagando assustadas sobre o que estava acontecendo, porque o que estavam vivenciando era incomum e causava perplexidade. Os tempos estavam confusos e tudo parecia diferente. Nova moral, novos costumes, nova espiritualidade, por isto estavam amedrontadas e apavoradas. O novo assusta! Que hora é esta? Que tempo é este?

Alinhamento Divino? 

Algumas pessoas estão entendendo este tempo como uma forma de “alinhamento divino”, com a natureza.

Curiosamente, a chegada do coronavírus, e a consequente suspensão das atividades industriais e do comércio, levou as máquinas poluentes a parar de produzir gases e monóxido de carbono, e o resultado é que, os canais de Veneza, outrora poluídos, estão ficando limpos novamente, assim como a camada de ozônio está demonstrando visível recuperação e as grandes  cidades estão menos poluídas.

No antigo Testamento, deu ordenava a seu povo que não plantasse no sétimo pois a terra precisava de descanso. Então, os judeus semeavam seis anos consecutivos e paravam no sétimo, dando assim ensejo para que a “terra descansasse”. Não seria esta uma boa alegoria dos tempos modernos, nos quais os homens, incansavelmente tem explorado a natureza, sem trégua?

Avivamento e despertamento da igreja?

Algumas pessoas estão entendendo este momento como um momento de avivamento e despertamento do povo de Deus na história. Historicamente, a igreja de Cristo sempre evidenciou muito a graça de Deus em tempos de calamidades.

Desde os primeiros séculos a Igreja tem sido um instrumento de Deus para contribuir e amenizar o sofrimento humano. Em Atos 3.39-47, os cristãos viviam em comunidades, suprindo as necessidades do outro. Em Atos 11.27-30 encontramos os discípulos, na primeira viagem missionaria, planejando e enviando alimentos aos irmãos da Judéia, que passavam por grande necessidade.
Rodney Stark descreve o que aconteceu no ano 260 d.C., quando muitos cristãos entregaram suas vidas para socorrer os enfermos que ficavam abandonados por estarem infectados pela segunda grande epidemia, que matou quase um terço da população mundial. De acordo com Dionisio, durante esta epidemia em cada casa havia mais de uma morte. Os cristãos se mobilizaram para cuidar das pessoas e protegê-las nesta calamidade.

A fé dos cristãos frutificava em boas obras. As pessoas não eram apenas socorridas em suas angústias e enfermidades, mas eram também consoladas. Outro aspecto que tornava os cristãos diferentes era a maneira como viam a ação de Deus nos momentos difíceis. A fé que os cristãos professavam oferecia segurança e descanso. A morte não era um fim em si mesma, por isto, mesmo aqueles que morriam encontravam paz, pois haviam encontrado o caminho e estavam na presença de Deus. Os cristãos encontraram a maneira adequada para anunciar o Evangelho e contribuir com a transformação da sociedade, através de boas obras, engajados na melhoria das condições humanas.[1]

A igreja de Cristo sempre se agigantou em tempos de sofrimento. Não seria esta a forma de Deus despertar seu povo para que, com inteligência, sabedoria e compaixão, possa cuidar daqueles que padecem, evidenciando assim a glória de Deus por meio do seu povo?

Existiria neste texto uma dimensão escatológica? Algo conectado ao futuro?

A Bíblia afirma que precisamos remir o tempo porque os dias são maus. Precisamos entender no tempo de Deus, qual é o seu calendário, que agenda ele tem. Jesus advertiu que a volta do Filho do Homem se daria quando não estivéssemos apercebidos, seria como a vinda do ladrão da noite, na hora em que não estaríamos prevenidos. Precisamos, pois, vigiar, estar atento! Que hora é esta no plano de Deus, em que hora da noite estamos?

É comum ouvirmos nestes dias as expressão no meio do povo de Deus: “É, Jesus está voltando...” Estariam errados aqueles que olham os eventos calamitosos destes dias como sinais da iminente volta de Cristo? Afinal de contas, não foi ele mesmo que disse: “Porque nesse tempo haverá grane tribulação, como desde o princípio do mundo, ate agora não tem havido e nem haverá jamais? Não tivessem aqueles das sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mt 24.21).

O apóstolo Pedro segue na mesma direção ao afirmar: “nisso exultais, embora no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por varias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.6,7). 

Será que sabemos “a que hora estamos da noite?”

Conclusão: Oito considerações finais

Certamente não saberemos responder, ”Que horas são estas?” que tempos são estes?”. Isto é, não somos capazes de decodificar todos os motivos espirituais presentes neste tempo de pandemia. Mas creio que algumas coisas precisam ficar claras para nossa vida.

1.     Em que Deus interpela você pessoalmente? Como está sua vida? O que você está aprendendo de Deus? Sua fé tem crescido neste tempo? Como está a leitura da palavra de Deus? O que você acha que Deus está querendo revelar ao seu estilo de vida, à sua relação com sua família, amigos, igreja e trabalho neste momento? Não podemos sair desta situação da mesma forma como entramos...

2.     Em que Deus está interpelando você sobre cuidado e preocupação com outras pessoas. Como você pode ser um instrumento de benção e paz nestes tempos? Peça a Deus para que, da sua casa, você possa estar dando gestos de cuidado e abençoando outras vidas e pessoas. Não sabemos quais os reais efeitos das carências nestes momentos. Algumas pessoas, com a ajuda do governo podem estar vivendo melhor do que viviam antes da calamidade. Eu conheço pelo menos duas pessoas simples e pobres, que estão agora, vivendo economicamente, melhor que antes...

3.     Como você está orando neste momento pelo mundo, pelos campos missionários, pelos perdidos? Será que a igreja de Cristo tem sido efetiva neste momento da história? Como sua igreja local pode servir melhor, abençoar mais? Como você tem abençoado sua igreja, mesmo que à distância? Você tem abençoado sua igreja? O povo de Deus deve uma luz na escuridão, ser os olhos e as mãos de Cristo no meio da tragédia.

4.     Quando Habacuque estava passando por um tempo de grandes calamidades em Israel ele demonstra sua fé, crendo que Deus estava agindo e que os povos conheceriam a glória de Deus de uma forma nunca antes vista no mundo: “E a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas enchem o mar” (Hc 2.14). Devemos ter essa mesma confiança.

5.     Precisamos lembrar que Deus não esqueceu seus propósitos, sua missão não terminou ainda. Ele quer nos usar para o novo momento que estamos vivenciando na história. Vamos escrever novos capítulos, vamos proclamar a confiança e segurança de Deus em nosso tempo fragilizado. Tragédias não podem abalar e destruir os objetivos de Deus na história.

6.     O povo de Deus nunca perdeu a esperança em Deus. Habacuque disse no meio da tragédia: “eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”. As circunstâncias o levaram ao louvor, não ao desespero; à fé, e não à incredulidade. Circunstâncias não podem determinam se cremos ou não.

7.     Precisamos expressar nossa total confiança no caráter amoroso de Deus e em sua soberania. Deus é dono da história, e seus intentos serão cumpridos na história. Ele nos chamou para sermos luzes a brilhar no meio da escuridão, e não para ser uma luz brilhando na eternidade. Nosso tempo é hoje. Precisamos viver este tempo com fé e ousadia.

8.     A cruz de Cristo nos dá esperança. Quando olhamos para o calvário, vemos a confusão nas autoridades, os interesses políticos expressos, o sofrimento das pessoas piedosas como Maria, que se encontra ao lado de seu filho, vendo o absurdo naquela crucificação, mas a cruz também nos fala de outra coisa: fala-nos da reconciliação da humanidade pelo sangue de Cristo, fala-nos da vitória de Cristo sobre as trevas, fala-nos do amor de Deus pela humanidade.

Naqueles tempos confusos, onde até a própria natureza reage, com o céu se escurecendo e um terremoto acontecendo na cidade, o Filho de Deus estava sendo crucificado. Mas o que vemos no Filho é a graça no meio do caos, a morte sendo vencida.

O que Deus está querendo nos ensinar nestes tempos de trevas e calamidades.
Talvez precisamos entender melhor a pergunta: “Guarda, a que horas estamos da noite?”




[1] Se quiser aprofundar:  Leia Jorge Iridoin Fortes dos Santos: “A função social das igrejas nas situações de calamidades”. http://www.ibfea.com.br/artigo/a-funcao-social-da-igreja-nas-situacoes-de-calamidades


sábado, 9 de maio de 2020

Isaias 49.15 O Amor maternal de Deus



“Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.”

Introdução:

No livro do profeta Isaias, lemos que quando Deus quis exemplificar o amor de Deus pelo seu povo, ele se referiu ao amor de uma mãe.

A pergunta retórica do texto é: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre?”

Este tipo de pergunta tem como objetivo levar o leitor a concordar com a premissa estabelecida. Portanto, Deus deseja conduzir o leitor a entender sua proposta. Que amor há que seja tão forte quanto o amor de uma mãe? Mas mesmo quando este amor falha, ainda que uma mãe venha a se esquecer, desprezar ou abandonar seu filho, o amor de Deus é incomparavelmente maior: Deus não se esquece de nós...

O texto fala de duas situações:

A.   Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda amamenta?

Deus faz o seu povo associar o amor dele a uma mãe que traz o seu filho no peito para ser amamentado. Que mãe seria capaz de esquecer deste filho? Faz parte do instinto da raça humana, proteger sua prole. Isto é encontrado também em todo reino animal.

Existem determinados pássaros que possuem comportamento muito interessante. Quando algo ameaçador se aproxima do ninho com seus filhotes, a ave se finge de doente ou vulnerável, para que o predador venha atrás dele e seus filhotes sejam protegidos. No reino animal, determinadas mães enfrentam animais muito mais perigosos para defender seus filhos. Há um ditado que afirma: “nunca mexa com filhotes de ursas”. É um grande risco se aproximar de animais com filhotes quando estes ainda estão na fase da amamentação.

Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda amamenta?

B.    “Acaso, pode uma mulher ... que não se compadeça do filho do seu ventre?”

Aqui temos um outro cenário:
Qual a mulher que não se compadece do bebê que se encontra dentro dela? Faz parte também do instinto materno, proteger seu bebê. Uma criança no ventre materno é quase indiferenciada da mãe, alimenta-se pela placenta, se nutre da mãe. Ocorre uma simbiose gigantesca e profunda.

Deus compara seu amor, ao de uma mãe que se compadece do feto...
Apesar de tanta propaganda a favor do aborto, a verdade é que abortar é sempre uma experiência de muita dor e culpa. Muitas mulheres que já abortaram precisam receber o perdão de Deus e se perdoarem, caso contrário, jamais experimentarão plena liberdade para viver a alegria de Deus em suas vidas. Por que isto acontece? Por causa da interação profunda entre a mãe e o feto?

Mesmo sabendo de todo este cuidado materno, a Bíblia admite que muitas mães abrem mão deste afeto tão genuíno: “...Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” Certo teólogo afirmou: Não sei se é o amor de Deus que se assemelha ao amor de uma mãe ou se é o amor das mães que se compara ao amor de Deus

Nem toda mulher ama os filhos... mas Deus ama...

Nas crônicas policiais, são conhecidos casos de mulheres que perderam seu afeto pelos filhos, se desumanizaram. Podemos citar rapidamente dois fatos conhecidos.

Em 1994, uma mulher, mãe de três filhos, da Carolina do Sul chamada Susan Smith, foi presa pela morte dos filhos Michael, 3 anos, e Alexander, 14 meses, a de 5 anos escapou. Inicialmente, ela disse que um estranho havia sequestrado o carro com as crianças, desencadeando uma grande operação policial. Cerca de uma semana depois, o carro foi achado no fundo de um lago, com os corpos das duas crianças dentro. Smith foi condenada a prisão perpétua.

Em 2010, Shaquan Duley de 29 anos, também da Carolina do Sul, foi indiciada por homicídio, após admitir que sufocou seus dois filhos bebês antes de prendê-los ao cinto de segurança do carro e jogar o veículo num rio, para fingir que as crianças haviam morrido num acidente. Ela era uma mãe desempregada e foi condenada pela morte dos filhos Devean, de 2 anos, e Ja'van, de 18 meses e pensava que não teria meios de cuidar dos seus filhos. A responsabilidade da maternidade tornou-se grande demais para ela, que vivia e dependia de sua mãe.

O xerife relatou que Duley se hospedou num hotel após uma briga com a mãe, e passeou com os filhos mortos antes de jogar o carro num rio. "As crianças estavam mortas quando foram colocadas na água. Ao levá-las para o rio, ela acreditou que poderia encenar um acidente." Williams disse que a mulher despertou suspeitas porque não havia marcas de derrapagem no local, as roupas dela estavam secas, e ela estava muito calma. "Ela não demonstrava nenhum remorso", afirmou ele.

Apesar destes exemplos tão negativos, a Bíblia faz questão de relacionar o amor de Deus ao amor de uma mãe.

O amor de Deus é algumas vezes ao amor de mãe.
Por que?

1.     O amor de mãe traz segurança

Um dos grandes problemas da raça humana é o senso de orfandade. Muitas pessoas possuem um senso de vazio causado pelo luto existencial. Quando isto acontece, inicia-se um processo de melancolia. Falta segurança significativa.

A relação dos pais com os filhos, principalmente na idade mais tenra é fundamental para gerar confiança e auto estima. Isto se torna o pano de fundo essencial para se construir o senso de ser amado. O amor de mãe traz segurança, não apenas quando a criança ainda se encontra indefesa e frágil no colo, mas durante toda sua formação emocional. Filhos amados crescem confiantes e seguros.

Da mesma forma, é maravilhoso quando entendemos o amor de Deus por nossas vidas. Paulo faz uma afirmação interessante em Romanos 2.15: “Ou ignorais que a bondade de Deus é quem te conduz ao arrependimento?” O amor de Deus nos traz segurança. Geralmente nossa insegurança surge porque não nos sentimos amados, e por isto nos percebemos desprotegidos.

Você sabia que poucas religiões do mundo falam de Deus como alguém amoroso? Normalmente Deus é forte, rigoroso, juiz, guerreiro, mas o amor de Deus ser associado ao amor materno é algo muito desconhecido de boa parte das religiões. No islamismo, por exemplo, nem mesmo existe a ideia de Deus como Pai amoroso.

Que coisa pode trazer mais segurança para nossa alma incerta que o amor de Deus? Quando você vai pescar no alto mar, e fiz isto por apenas três vezes, com menos de meia hora de viagem, você vai se sentir enjoado e logo estará passando muito mal. A regra para minimizar os efeitos do balanço do mar é não olhar para as águas agitadas à sua volta, mas olhar para o horizonte. Isto te faz sentir melhor.

Assim somos nós. O amor de Deus é firme e constante, mas o nosso amor por ele é imprevisível e variável, como as ondas do mar. Uns dias está alta outros, em baixo. Sua segurança deve se basear no amor de Deus infalível e inabalável por você.

O amor de Deus traz segurança ao nosso coração.

2.     O amor de mãe nutre

Proximidade, sustento e nutrição são algumas palavras que expressam o modo como as mães agem em relação aos seus filhos. Muitas vezes de forma profundamente sacrificial, noites mal dormidas, as mães tomam todo cuidado para que seus filhos possam estarem confortáveis e alimentados. Não lhes pode faltar o básico, mesmo que sejam lares simples. É o instinto materno, de cuidado.

Esta é a mesma forma como Deus age em relação ao ser humano, “pode uma mulher esquece-se de seu filhinho, a ponto de não compadecer-se do filho de suas entranhas?”

Curiosamente o termo hebraico rahamim, que originalmente significa ‘seio materno’, tornou-se na Bíblia a palavra que demonstra a compaixão de Deus pelo homem. Como bem afirmou Joseph Ratzinger: “o ventre materno é a expressão mais concreta da íntima relação entre duas existências e das atenções dadas à criatura fraca e dependente que, em corpo e alma, é totalmente protegida no ventre da mãe.”

3. O amor de mãe cuida. Afeto

Outra característica do amor de mãe é o seu afeto e ternura.

A Bíblia afirma:
Quando Israel era criança eu já o amava e do Egito chamei o meu filho... Fui eu que ensinei o meu povo a andar, eu os segurei nos meus braços, porém eles não sabiam que era eu que cuidava deles. Com laços de amor e de carinho eu os trouxe para perto de mim, eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo. Eu me inclinei e lhes dei de comer.” (Os 11.8). Uma outra tradução deste texto afirma que “Deus tem entranhas de misericórdia”.

O amor de Deus por seu povo é comparado ao amor materno. Deus é como uma mãe que cuida de seu filho, pega no colo, alimenta, protege. No colo de Deus encontramos abrigo, conforto, graça, ternura.

Um dos textos bíblicos que melhor exemplifica isto encontra-se no Salmo 131.
“Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.”

Como uma criança desmamada se aquieta nos braços da mãe...que figura maravilhosa da graça e do amor de Deus. Não poderíamos ter uma melhor ilustração do amor de Deus por nossa vida que na visão materna. Metaforicamente é assim que podemos ter um pequeno vislumbre do grande amor de Deus. Metaforicamente é assim que podemos ter um pequeno vislumbre do grande amor de Deus.


Conclusão


Eu moro na região Centro Oeste do Brasil, por onde passa o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta, o Aquífero Guarani, que possui cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, estendendo-se desde a Bacia do Paraná atingindo quatro países da América do Sul, e no Brasil, se estendendo pelo subsolo de Santa Catarina até Mato Grosso e Goiás.

Trata-se de uma caverna subterrânea de água cristalina que fica entre 100 a 300 metros de profundidade de água pura e fresca. Ela irriga fazendas e sacia a sede. Só no nosso Acampamento El Rancho, que fica às margens do Rio Corumbá, temos dois poços artesianos, que curiosamente, são dois dos três poços em todo estado de Goiás, que por alguma razão inexplicável, brotam naturalmente. Não precisamos de máquina para jorrar. Dali brota água pura, espontâneamente, dia e noite.

Ninguém sabe com precisão a quantidade de água armazenada no Aquífero Guarani, estima-se da ordem de 45 mil quilômetros cúbicos, sendo que 65% desse total está localizado no território brasileiro, uma região composta de pouca argila e muita areia, que funciona como uma espécie de esponja gigante, absorvendo as águas das chuvas. Ainda assim, apesar de todos estudos, ninguém sabe corretamente seu tamanho, profundidade, e a correta quantidade de água que o lençol contém.

A verdade é que ninguém sabe quanta água tem lá embaixo.

Assim é o amor de Deus. Profundo! Imensurável! Ninguém sabe seu volume. Ele é incomensurável. A Bíblia nos desafia a deixar Cristo habitar em nossos corações, para que possamos compreender qual é a largura, comprimento, altura e profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que possamos ser tomados de toda plenitude de Deus. (Ef 3.17-19).

Um antigo cântico congregacional dizia:

“O amor de Jesus é maravilhoso
alto é, intransponível, profundo também, mas acessível.
A sua extensão é incomparável, sim oh!
Grande amor! “

Max Lucado relata como a filha de um tipógrafo encontrou o amor de Deus quando Martinho Lutero estava imprimindo a Bíblia na Alemanha,. Ninguém tinha lhe falado sobre Jesus. Ela não sentia por Deus nenhuma emoção, exceto o medo. Um dia, ela juntou pedaços da Escritura caídos no chão e num papel achou as palavras, “Porque Deus amou o mundo de tal forma que ele deu…” O resto do versículo ainda não havia sido impresso. Mesmo assim, o que ela viu foi o bastante para comovê-la. A ideia que Deus daria qualquer coisa a moveu do medo para alegria. A mãe dela notou a mudança de atitude. Quando perguntou a causa da felicidade dela, a filha tirou o pedaço amassado de parte do versículo do seu bolso. A mãe leu e perguntou, “O que foi que ele deu?” A criança estava perplexa por um momento e depois respondeu, “Eu não sei. Mas se Ele nos amou o bastante para nos dar qualquer coisa, nós não devemos ter medo dEle.”

A santidade de Deus exigia um sacrifício sem pecado, e Jesus pagou toda nossa culpa morrendo em nosso lugar na cruz. Ele morreu em nosso lugar, ele pagou o preço necessário. Jesus nos amou com amor infinito. Seu amor é o amor de uma mãe. O amor de Deus é “excede todo entendimento”(Ef 3.19). É grande demais para ser medido.
O amor materno é a melhor ilustração para o amor de Deus.

Entretanto, Deus sabe como é a natureza humana. Por isto, apesar de comparar o seu amor por nós, relacionando-o ao de uma mãe, ele afirma. Mesmo que uma mãe venha se esquecer do filho em seu ventre, ou de um filho que ela amamenta, eu não me esquecerei de ti.