sábado, 13 de junho de 2020

Jn 1.8-10 Qual é sua identidade?



Caso queira assistir ao video deste sermao, basta clicar acima.

Todo o culto está gravado, caso queira ouvir apenas a palestra, vá direto para a mensagem.

Paz




Então, lhe disseram: Declara-nos, agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu?” (Jn 1.8)

Introdução

O que te define?

A.     Muitos se definem pela politica que assumem. São de direita ou esquerda; Obama ou Trump; Bolsonaro ou Lula. Eles encontram sua identidade na bandeira estatizante ou liberal que defendem. São definidos pelas suas posições ideológicas. Mas será que ideologia pode definir quem somos?

B.     Alguns se definem pela sexualidade: Sou transexual, heterossexual, homossexual ou bissexual. Por esta razão passam a vida inteira se defendendo e acusando quem pensa de forma diferente. Levantam bandeiras, vão para as passeatas, mas, honestamente... podemos ter nossa identidade  definida a partir de nossa sexualidade?

C.    Alguns se definem pela profissão: Advogado, pedreiro, contador, professor, médico. Alias, gostamos de definir as pessoas assim. Quando nos encontramos com alguém, uma das primeiras perguntas das pessoas é sobre o que fazemos. Isto acontece porque acreditamos falsamente que alguém pode ter sua identidade e valor relacionado ao seu status profissional.

Quando começo a conversar com pessoas e digo que sou “teólogo”, elas olham assustados: geólogos? Ufólogos? Biólogos? Que profissão estranha, não?

D.     Alguns se definem pelo que os outros dizem. Seu valor está relacionado à reputação, às afirmações ou negações que recebem dos outros. Não sabem exatamente quem são porque dependem de outros para dizerem. Um dia são isto, outro dia, aquilo.

Como percebemos, tudo isto pode ser importante, mas nada disto pode defini-lo.

Quando Jonas é descoberto no navio como culpado pela situação caótica em que se encontravam, os marinheiros lhe fazem quatro perguntas. Todas elas, apontam para alguma direção, mas seriam elas definidoras daquilo que Jonas de fato era?

As Quatro Questões:
1.     “Qual é a tua ocupação? (Profissão)

É o que as pessoas mais querem saber sobre nós. O que você faz? Onde trabalha? Querem saber quanto ganhamos, mas por uma questão de educação, ninguém deve perguntar isto ao outro, mas infere-se que, tal cargo ou função tem um certo padrão de vida.

Ninguém pode ser definido pela profissão, porque isto nada diz sobre integridade, caráter e valor. Se o seu valor está colocado naquilo que você é, ou se você encontra valor na função que exerce, certamente está perdendo a dimensão do seu verdadeiro EU.

José Borges dos Santos Jr., antigo pastor de nossa denominação, afirmava que, aos olhos de Deus, “todos temos diferentes profissões, mas uma só vocação”. Profissão diz o que você faz, vocação aponta para aquilo que você é chamado a fazer. A vida não é apenas trabalhar para comer, dormir, ajuntar. A vida encontra sentido quando relacionada a Deus.

Numa sociedade capitalista, profissões dão status, melhores salários, mas o que você faz não é sua identidade, mas sua função. Você é apenas um instrumento, um agente, mas não um ser.

2. “Donde vens?”  (Procedência)

Muitos querem saber qual é o nosso sobrenome, se somos de família importante? Qual sua origem? Isto tem a ver com genealogia, origem, DNA.

Muitos são definidos a partir dos laços familiares. Entretanto, muitos vem de lares marcados por estigmas, culpa, violência, ódio e disfuncionalidade. Isto deveria nos definir? De onde viemos? Quais foram nossos ancestrais?

Apesar de importante, sua família não define sua identidade, apenas seu DNA, que serve para rastrear determinadas enfermidades. Sabe-se, por exemplo, que negros e espanhóis, por uma questão genética, tem mais propensão à anemia, e que caucasianos, são mais suscetíveis a câncer de pele. Mas nada disto define sua identidade, nem quem você é.

Quando Agar estava fugindo de casa, por causa dos conflitos familiares, Deus pergunta a Agar: “Donde vens, para onde vais?” (Gn 16.8), mas isto não foi feito para definir sua identidade, mas para orientar sua direção. Ela precisava saber o que estava fazendo da sua vida, e Deus queria ajudá-la neste sentido.

3.     “Qual é a sua terra?” (Geografia).

É bom lembrar que a geografia, ou país onde nascemos, não define quem somos... É certo que nascer num país europeu hoje, significa grande vantagem sobre o nível de vida, oportunidades e acesso à educação e saúde que para quem nasce no Norte da África, onde a vida é dura, marcada por conflitos inter-raciais e lutas pelo poder.

A geografia, porém, não nos define.
Algum tempo atrás estudando a vida de Sto Agostinho (354-430), grande escritor e o mais importante teólogo da Patrística, observei que ele havia nascido em Tagaste, na cidade de Numidia. Mas onde fica esta cidade? Qual país? Descobri que é a atual Argélia, um país insignificante no Norte da África. Sua infância e adolescência foram neste ambiente limitado, num povoado perdido entre montanhas. Posteriormente estudou em Cartago, e em 383 seguiu para Roma, e no ano seguinte foi nomeado professor em Milão. Convertido do maniqueismo para o cristianismo, retorna para Tagaste, onde se dedica à vida monástica, vende a propriedade deixada pelo pai e distribui o dinheiro entre os pobres, e na pequena porção de terra, funda o primeiro mosteiro agostiniano. Em 391, é consagrado sacerdote em Hipona, região provinciana do Império Romano. Em 396 torna-se bispo auxiliar de Hipona, onde se tornou um dos pilares da teologia cristã, deixando uma obra monumental em tratados filosóficos, teológicos, comentários, sermões e cartas.

Se olhássemos para a geografia de Agostinho, daríamos algum valor à sua obra?

Jesus sofreu da mesma discriminação. Quando Filipe encontrou Natanael, ele falou de “Jesus, o Nazareno, filho de José”, que ele acreditava ser o Messias (Jo 1.45), e Natanael respondeu ceticamente: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1.46).

Quando a possível messianidade de Jesus estava sendo avaliada pelos líderes judeus, o argumento usado foi o da geografia. Nicodemos admite a possibilidade de Jesus ser o messias, por causa de seus sinais, e a resposta que recebeu foi: “Examina e verás que da Galileia não se levanta profeta” (Jo 7.52). E este argumento encerrou de vez o debate, pois a partir desta argumentação, a reunião acabou, “E cada um foi para sua casa” (Jo 7.53).

Entretanto, a sua origem, sua geografia, não define sua identidade. Aquilo que você é.

4.      “De que povo és tu?” (Etnia, raça).

Muitos formam sua identidade a partir da raça ou da etnia, do lugar que nasceram. Por esta razão surgem os movimentos nacionalistas. Os nazistas possuíam uma visão equivocada de que os arianos eram uma raça superior, e sabemos os resultados desta visão. Os judeus também possuem a mesma ideia, de uma raça preferida. Isto gera profundas distorções. A xenofobia vem desta equivocada compreensão da superioridade de um grupo racial sobre outro.

Lamentavelmente, gostamos de definir as pessoas a partir de sua raça. Dizemos, por exemplo: “O japonês é assim...”; “o americano é assado” e boa parte de nossos preconceitos surgem porque ouvimos falar negativamente de uma determinada raça, ou porque tivemos uma experiência negativa com alguém proveniente deste grupo étnico. Uma experiência negativa, porém, com um francês, não define quem é o francês.

Por outro lado, o missionário Osni Ferreira, da Agencia Presbiteriana de Missões Transculturais, que trabalha no Oriente Médio em países islâmicos, certa vez foi barrado numa fronteira com o carro cheio de bíblias, e todos os carros estavam sendo revistados. Ele sabia que se seu carro fosse revistado ele seria preso. Contudo, o guarda quando olhou sua identidade e viu que ele era do Brasil, começou a dizer euforicamente: “Brasil! Neymar! Pelé! Samba!!” e o liberou sem revista.

João Batista foi enfático no seu discurso: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Lc 3.8).

Portanto, sua raça: preto, branco, judeu, caucasiano, africano, latino, não define quem você é.

Em síntese:
a)- Tua profissão não te define...
b)- Sua sexualidade não te define...
c)- Sua herança familiar não te define...
d)- Sua terra nem tua terra te definem...
e)- Seu país não te define...

O que te define é tua identidade. E ela não é firmada pelo sobrenome familiar, dinheiro e status social.

Onde Jonas vai encontrar sua identidade?
Em Deus! “Ele lhes respondeu: Sou hebreu e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra” (Jn 1.9).
Ele afirma sua terra, mas o que o define não é o fato de ser judeu, mas sua relação com Deus. Jonas sabe que seu sentido e vocação se encontram em Deus.

Rick Warren afirma que podemos procurar encontrar nosso propósito na vida de duas formas: A especulação: pessoas indagam, estudam, levantam hipóteses; ou Revelação, perguntando a quem nos criou. Deus não é apenas o ponto de partida da nossa vida, mas acima de tudo, é a fonte dela.

Deus decidiu que corpo você teria, o tempo de seu nascimento e morte, e como você nasceria. “Embora existem pais ilegítimos, não existem filhos ilegítimos” (Rick Warren). Muito antes de você nascer, ele já tinha você em mente. O Salmo 139 afirma que ele nos viu, quando éramos uma substância informe, um pequeno zigoto, uma disforme célula resultante da união do gameta masculino ao feminino, em estágio anterior ao da divisão celular. Ele nos fez com propósito e planos.

Conclusão:
Uma das coisas mais preciosas que aprendemos no Evangelho é que Deus nos chamou para sermos filhos amado dele. Em Cristo nos tornamos herdeiros de Deus. Aqui se encontra nossa verdadeira identidade.

Devemos viver pela nossa identidade em Cristo. Olhando para Jesus e para seu feito na cruz. Nossa natureza pecadora ainda precisa de arrependimento. Mas eu não vivo mais! Cristo vive em mim (Gl 2:20). Quem sou eu diante de Deus? Qual é a minha identidade?

A Bíblia nos diz que fomos aceitos por Deus através do sangue de Cristo. Fomos justificados por Cristo. O “pecador” esta presente, mas não é a verdadeira identidade (Rm 7.17). Arrependimento e alegria são parte da minha vida.

Os benefícios do Evangelho são nossos, por completo! O Evangelho é verdadeiramente  boas novas. Em Cristo, somos nova criação (2 Cor 5:17). Cristo vive em nós (Gal 2:20). Por causa de sua união com Cristo, a perfeita obediência Dele à lei é atribuída a nós. A retidão Dele e santidade são nossas. O Pai nos aceita como filho porque você estamos em Jesus. Vivemos sob aceitação total sem nenhuma condenação (Rom 8:1). Somos filhos amados, com o qual Ele se alegra e se encanta. Isso é quem somos em Cristo. Somos definidos por nossa nova identidade, e não pelo pecado.

Paulo não começa suas cartas dizendo: “Para todos os irmãos em Roma com quem Deus está nervoso...”; ou “Para a igreja em Corinto, que continuamente testa a paciência de Deus...”; ou “Para todos os rebeldes em Filipos...” Mais precisamente ele diz: “Graça e paz, muito amados, filhos queridos, santos”, etc.

Podemos nos amados, porquê?
Somos agradáveis a Deus porque ele nos vê em Cristo, e tudo que Jesus fez por nós. Quando uma jovem criança desenha uma figura para seu pai, mesmo que seja muito imperfeito, o pai ama o desenho, gruda em sua geladeira e mostra para todo mundo.

Filhos amados.
Esta é nossa identidade em Cristo.
Não nosso currículo, DNA familiar, posição social, nacionalidade, de onde viemos, o que fazemos. Isto não nos define.

Estamos em Cristo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário