Introdução
João Batista é um personagem admirável e enigmático: Exótico pelo seu comportamento, duro pelo seu discurso, estranho pelas suas vestes, curioso pelos seus hábitos alimentares, atraente pelo seu carisma que levava multidões a buscar o batismo nos desertos da Judéia, às margens do Rio Jordão.
João possuía um profundo senso de identidade e missão. Sabia quem era, e o que estava fazendo naquele momento específico da história, se identificava como parte de um projeto de Deus para o momento particular de seu povo, e de forma geral, da ação de Deus para a humanidade. João poderia de forma inescrupulosa, assumir funções e papéis místicos que lhe trariam enormes benefícios para si. Contudo, preferiu ser o que era, entendendo que desta forma ele estaria exercendo amplamente seu compromisso com sua história e com seu Deus.
- Recusa-se a ser o Messias – (Jo 1.20)
- Recusa-se a ser o Elias - (Jo 1.21) - Havia uma crença popular de que Elias voltaria a viver noutro tempo, para exercer novamente seu juízo profético sobre Israel e livrar Israel.
- Nega ser o profeta - (Jo 1.20) - Moisés tinha profetizado que este profeta haveria de surgir. E o povo de Israel esperava o cumprimento desta profecia. Dt 18.15-18.
- Reconhece o seu lugar.
- Não era digno de desatar as sandálias. “E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias.” (Jo 1.26-27)
- Ele vos batizará com fogo - 11 Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mt 3.11)
Joao Batista se tornou conhecido. Poderia ter assumido a identidade que quisesse, mas resolveu ser o que ele era: "A voz". conforme o enunciado do profeta Isaias (Is 40.3). Ele se identificava com aquele que iria adiante do Messias, do ungido do Senhor, preparando seu caminho. O papel dele era ser o precursor, ele não era a figura central, ele era coadjuvante, e estava feliz em ser o que era.
“Quem tem a noiva é o noivo.” (Ler Jo 3.25-30). Entender o seu lugar no reino e estar feliz onde Deus nos colocou é uma grande dádiva. Há muita ambição indevida em nosso coração. (Sl 16.5-6)
Aplicação: Quem és tú?
Corremos o grande risco de sermos quem não somos e vivermos representando papéis. Desta forma corremos o risco de perder a unidade e identidade de nossa psiquê.
Pedro é alguém que por alguns lances, perdeu a capacidade de entender e assumir quem ele era:
1. Diante da empregada, dos soldados e das pessoas, nega-se como seguidor de Cristo – Lc 22.54-62
2. Diante dos judeus que chegam a Galácia, deixa de comer com os gentios e é censurado por Paulo por esta atitude – Gl 2.11-14
Não entender o que somos gera "esquizofrenia espiritual”, tipo “O médico e o monstro". E o resultado disto é desencanto, dor, frustração e fracasso, como no caso de Pedro (Mt 22.62)
Nossa identidade
Nossa identidade central é encontrada na relação de parentesco: Somos filhos de Deus! Esta é a identidade mais forte. Se tenho esta perspectiva, tudo vai girar dentro desta visão, de filhos amados de Deus. “Visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus.” (1 Ts 2.4)
Quais as consequências de sermos Filhos de Deus?
- Filho tem segurança – “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai”. (Rm 8.15) “Abba, Pai", quer dizer, "Paizinho". Demonstra a relação de ternura que é possível descobrir no Pai. O filhinho pode se refugiar no pai, porque sabe que existe afetividade e aconchego. Ele recebe cuidado maternal, proteção e abrigo.
- Filho recebe cuidados - “E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? 12 Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (Lc 11.11-13) Deus vai cuidar de suas necessidades porque você é Filho.
- Filho recebe ensinamento e disciplina – “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue5 e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; 6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.” (Hb 12.4-6) Não fique com medo da disciplina. Ela não vai te destruir. "Só é aprovado quem é provado".
- Filho recebe herança - “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” (Rm 8.17) A maior herança é o caráter do Pai, e a vida Eterna com Ele.
Nossa Missão
João Batista sabia muito bem qual era sua missão. Fazer conhecida a obra do Pai. disto. “Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” Sendo a voz, sua missão era proclamar. A Voz anuncia os feitos de Deus." (Jo 1.27.30)
Entender quem somos e o que fomos chamados a fazer, é uma das melhores dádivas. O que Deus deseja fazer da sua vida? Para onde ele deseja te levar? Para que você existe? Para onde você vai? Nossa identidade determina a missão.
Nossa identidade fornece propósito e direção. Nos ajuda a definir o que realmente importa para nós, nossos valores e princípios, guia nossas ações e decisões na direção de algo maior que nós mesmos. Ao compreendermos nossa identidade, podemos identificar os dons, talentos e habilidades que nos tornam únicos e preparados para contribuir para a missão.
João Batista teve um papel crucial na história da salvação, preparando o povo judeu para a vinda do Messias e anunciando o início da nova era da redenção. Sua vida e ensinamentos continuam a inspirar os cristãos a se arrependerem de seus pecados, se converterem a Deus e buscarem uma vida santa e justa.
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