Introdução:
Muitas pessoas vivem angustiadas
com relação ao futuro. Quando se transforma em doença, chamamos isto de
“ansiedade”, que é derivativo de um sugestivo termo: preocupação. Na verdade,
preocupação é uma antecipação do problema, que nos mantém pré-ocupados. A mente
e as emoções tornam-se absorvidas por esta angustiante sensação de que algo
pode dar errado.
ð O
que acontecerá com meus filhos?
ð Terei
condições financeiras de sustentá-los?
ð E
se vier a doença, ou a falência?
ð E
quando eu envelhecer...
Por ser um tema recorrente da
alma, Jesus advertia seus discípulos: “Não andeis ansiosos por coisa alguma”.
Podemos ter dois sentimentos em
relação ao futuro, um positivo, outro negativo.
O positivo considera com
expectativa o que virá. O que acontecerá? Que surpresas nos aguardam? Como Deus
vai “articular” e se mover no “tabuleiro da história”? Pessoas assim antecipam
coisas boas e vê o futuro com expectativa.
O negativo, vê o futuro com medo.
Ele sabe que a realidade é dura, muitas vezes brutal, e vive imaginando o pior.
A situação é a mesma. Mas as
respostas quanto a isto são diametralmente opostas.
Neste texto de Jeremias, o
profeta fala muito sobre o futuro, mas certamente o que mais nos impressiona é
esta afirmação maravilhosa: “Há esperança
para o teu futuro”. Como é bom ouvir uma afirmação como esta. O que nos
espera não é o caos, a falta de sentido, a desordem, mas direção, amparo e
benção. Algumas lições preciosas podem ser extraídas desta afirmação:
1. Deus convida seu povo a olhar o futuro com
fé. O que é interessante é que o
ambiente é de caos, mas as promessas são de esperança e sonhos.
O povo de Deus estava exilado. Apesar
das reiteradas mensagens enviadas por Deus ele continuava vivendo na rebeldia.
Agora, o mal já viera de forma definitiva. Abriu-se a brecha e a cidade foi invadida. Aqueles que não morreram
na guerra, foram levados cativos. Na cidade destrocada ficaram apenas os pobres
e os velhos, que não apresentavam nenhuma resistência ao império babilônico.
No meio dos destroços, com a
terra saqueada e arrasada, ficaram as perguntas: Por que isto aconteceu
conosco? Quanto tempo durará este exilio? O povo voltará algum dia?
No meio do lamento, Deus diz ao
povo restante: “Reprime a tua voz de
choro e as lagrimas de teus olhos; porque há recompensa para as tuas obras, diz
o Senhor, pois os teus filhos voltarão da terra do inimigo” (Jr 31.16), para
em seguida afirmar: “Há esperança para
teu futuro”. O quadro não era definitivo, mas longo. Jeremias afirmou que
setenta anos seria o tempo do cativeiro, e assim o foi. Mas lá na frente a luz
da restauração estava acesa, não para aquela geração rebelde, mas para um novo povo que Deus
estava levantando. Mas a promessa mais maravilhosa deste texto encontra-se no
vs. 33: “Porque esta é a aliança que
firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente,
lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o
seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31.33). A grande promessa tinha a
ver com a aliança de Deus com seu povo, quando ele enviarei o seu Espirito
Santo, para aplicar as verdades do Evangelho no coração do seu povo escolhido.
2. Deus promete uma vida permeada pela esperança
– (Jr 31.16,17)
Outra promessa maravilhosa estava
ligada à esperança que o povo podia ter. Esperança tem sempre ligação com o futuro.
Deus convida seu povo a tirar a veste de medo e de dor, e confiar na sua
providencia. Ele afirma que saciaria o seu povo de gordura (Jr 31.13,16).
Gordura naqueles dias não tinha a conotação que hoje temos, de que é algo ruim.
A Bíblia afirma que quem ama o Senhor é prospero, mas uma tradução mais literal
seria: “Quem ama o Senhor é gordo!”. Parece chocante esta linguagem, mas a
verdade é que na cultura oriental, o magro não tinha muita admiração, o gordo
sim. Sinal da fartura e benção de Deus.
Deus afirma ainda que naquela
cidade haverá dança e celebração (Jr 31.13). O povo protestante, por causa de
sua herança missionaria dos puritanos americanos, perdeu muito esta dimensão da
dança na sua liturgia, mas os judeus eram ruidosos em dias de festa e celebração.
Haviam muita dança. Provavelmente a festa da qual Jesus participou em Caná da
Galileia era marcada por danças típicas da região. Você consegue imaginar Jesus
dançando? Provavelmente não!
É muito importante ter uma vida
marcada pela esperança, e não pela desesperança. Ler textos como o Salmo 23, me
enche de alegria. “Certamente que a
bondade e a misericórdia do Senhor me seguirão todos os dias da minha vida, e
habitarei na casa do Senhor para todo sempre” (Sl 23.8). Não uma
expectativa do pior, mas do melhor. A Bondade de Deus estará comigo, na minha
velhice, quando me faltarem as forças, nos dias maus. Talvez seja esta a razão de
tamanha exultação do salmista no Salmo 27.13,14: “Eu creio que verei a bondade
do Senhor na terra dos viventes. Espera pelo Senhor, tem bom animo, e fortifique-se
o teu coração; espera, pois, pelo Senhor”. Certo pastor disse que este texto
deveria ser colocado no espelho do banheiro de nossa casa, pra que sempre olhássemos
para ele. Afirmou também que deveríamos terminar nossos cultos fazendo esta afirmação
recheada de confiança. “Eu verei a bondade do ser na terra dos viventes”. Não apenas
na eternidade, mas nos dias de nossa história.
3. Deus convida seu povo a colocar marcos –
(Jr 31.21). Qual fora o problema de Israel? Aquele povo retirou as referências
deixadas por Deus, passaram a viver sem orientação divina, ignoraram os pontos
que marcavam sua vida.
Cresci cercado por um forte
ambiente rural. As fazendas antigamente tinham suas divisas marcadas não por satélites
e GPS, mas por pequenos tocos de madeira, fincados no chão, que eram chamados
de marcos. Ali estava a divisa da terra. O vizinho respeitava a divisa por
causa das referências que ela possuía. Deus ordena seu povo que volte a
considerar os marcos. “Põe-te marcos,
finca postes que te guiem, presta atenção na vereda, no caminho por onde
passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades” (Jr
31.21).
A falta de referências éticas,
espirituais, de valores, destrói uma cultura, uma civilização e uma nação.
Israel se auto destruiu. Seu pecado, a quebra de princípios, o abandono de Deus
o levou à destruição. Deus agora exorta seu povo a começar tendo novos
paradigmas, retornando aqueles marcos abandonados e esquecidos, voltando aos princípios
deixados por Deus. “Presta atenção nas
veredas”. Atitudes e decisões de hoje são sinais apontando para o futuro. É
hora de voltar ao princípio de tudo, refazer a história com arrependimento e contrição,
voltar para Deus, resgatar a identidade de povo eleito e amado de Deus.
Alguém afirmou que: “A nós cumpre
dar profundidade; a Deus, largueza”. Não é nossa tarefa dizer que tamanho será
nosso ministério, ou que direção tomará a vida. “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem o
que caminha, o dirigir o seu passo” (Jr 10.23). Mas podemos firmar os
valores, construir as bases, edificar os alicerces em lugares seguros, construir
a partir de Deus.
4. Não sabemos o que nos aguarda no futuro,
mas sabemos quem nos espera no futuro. A questão não é O que, mas Quem.
O futuro é incerto, não temos
capacidade de antecipá-lo, e esta falta de controle sobre os acontecimentos
eventualmente nos distraem e perturbam, mas quando consideramos que Deus não é
pego de surpresa, e que está conduzindo inexoravelmente a história para o fim
que ele mesmo escreveu, ficamos tranquilos. Estamos nas mãos de um Deus sábio e
amoroso, e não do acaso e da coincidência. Jesus é “O Pai da Eternidade, o Príncipe da paz”. Ele conhece o fim deste o começo,
ele é o Alfa e o Ômega, o principio e o fim.
No livro de Apocalipse, quando
Joao é introduzido à presença de Deus, entrando nas esferas celestiais, a sua
primeira visão é de um Ancião de Dias, assentado no trono. Isto demonstra que o
trono não está vago, nem livre para qualquer candidato, mas ele já possui alguém
e domina a partir do trono. Deus está assentado no trono. Nem o acaso, nem o
maktub, mas Deus.
A base de nossa segurança quanto
ao futuro está em Deus. “Eu é que sei que
pensamentos tenho a vosso respeito, pensamentos de bem, e não de mal, para vos
dar o fim que desejais” (Jr 29.11).
Nossa segurança está na aliança que
Deus fez com seu povo (Jr 33.33). Não podemos ter suspeitas de Deus. Por que
temer o futuro? Deus está lá na frente. Continue fiel, mesmo quando não entender
os eventos relacionados à sua vida particular ou a história da humanidade. No
meio da aflição, sem ter absolutamente nada em que se agarrar, Jó faz uma
maravilhosa confissão de fé: “Porque eu sei
que o meu redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido
este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim
mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro
de mim” (Jó 19.25-27). Esta é uma surpreendente declaração de fé.
Conclusão:
O que lhe aguarda no futuro?
Que desdobramentos teremos na
história?
O que nos acontecerá?
Não sabemos! Mas existe uma
promessa maravilhosa demais neste texto: “Há
esperança para teu futuro”. Portanto, me firmarei nesta promessa. O meu coração
vai descansar nestas verdades. Quem fez a promessa é fiel. Não preciso duvidar.
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