domingo, 20 de setembro de 2015

Jr 31.17 O que podemos esperar do futuro?




Introdução:

Muitas pessoas vivem angustiadas com relação ao futuro. Quando se transforma em doença, chamamos isto de “ansiedade”, que é derivativo de um sugestivo termo: preocupação. Na verdade, preocupação é uma antecipação do problema, que nos mantém pré-ocupados. A mente e as emoções tornam-se absorvidas por esta angustiante sensação de que algo pode dar errado.
                   ð  O que acontecerá com meus filhos?
                   ð  Terei condições financeiras de sustentá-los?
                   ð  E se vier a doença, ou a falência?
                   ð  E quando eu envelhecer...

Por ser um tema recorrente da alma, Jesus advertia seus discípulos: “Não andeis ansiosos por coisa alguma”.
Podemos ter dois sentimentos em relação ao futuro, um positivo, outro negativo.
O positivo considera com expectativa o que virá. O que acontecerá? Que surpresas nos aguardam? Como Deus vai “articular” e se mover no “tabuleiro da história”? Pessoas assim antecipam coisas boas e vê o futuro com expectativa.
O negativo, vê o futuro com medo. Ele sabe que a realidade é dura, muitas vezes brutal, e vive imaginando o pior.
A situação é a mesma. Mas as respostas quanto a isto são diametralmente opostas.
Neste texto de Jeremias, o profeta fala muito sobre o futuro, mas certamente o que mais nos impressiona é esta afirmação maravilhosa: “Há esperança para o teu futuro”. Como é bom ouvir uma afirmação como esta. O que nos espera não é o caos, a falta de sentido, a desordem, mas direção, amparo e benção. Algumas lições preciosas podem ser extraídas desta afirmação:

1.       Deus convida seu povo a olhar o futuro com fé.  O que é interessante é que o ambiente é de caos, mas as promessas são de esperança e sonhos.

O povo de Deus estava exilado. Apesar das reiteradas mensagens enviadas por Deus ele continuava vivendo na rebeldia. Agora, o mal já viera de forma definitiva. Abriu-se a brecha e a  cidade foi invadida. Aqueles que não morreram na guerra, foram levados cativos. Na cidade destrocada ficaram apenas os pobres e os velhos, que não apresentavam nenhuma resistência ao império babilônico.
No meio dos destroços, com a terra saqueada e arrasada, ficaram as perguntas: Por que isto aconteceu conosco? Quanto tempo durará este exilio? O povo voltará algum dia?
No meio do lamento, Deus diz ao povo restante: “Reprime a tua voz de choro e as lagrimas de teus olhos; porque há recompensa para as tuas obras, diz o Senhor, pois os teus filhos voltarão da terra do inimigo” (Jr 31.16), para em seguida afirmar: “Há esperança para teu futuro”. O quadro não era definitivo, mas longo. Jeremias afirmou que setenta anos seria o tempo do cativeiro, e assim o foi. Mas lá na frente a luz da restauração estava acesa, não para aquela  geração rebelde, mas para um novo povo que Deus estava levantando. Mas a promessa mais maravilhosa deste texto encontra-se no vs. 33: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jr 31.33). A grande promessa tinha a ver com a aliança de Deus com seu povo, quando ele enviarei o seu Espirito Santo, para aplicar as verdades do Evangelho no coração do seu povo escolhido.

2.       Deus promete uma vida permeada pela esperança – (Jr 31.16,17)

Outra promessa maravilhosa estava ligada à esperança que o povo podia ter. Esperança tem sempre ligação com o futuro. Deus convida seu povo a tirar a veste de medo e de dor, e confiar na sua providencia. Ele afirma que saciaria o seu povo de gordura (Jr 31.13,16). Gordura naqueles dias não tinha a conotação que hoje temos, de que é algo ruim. A Bíblia afirma que quem ama o Senhor é prospero, mas uma tradução mais literal seria: “Quem ama o Senhor é gordo!”. Parece chocante esta linguagem, mas a verdade é que na cultura oriental, o magro não tinha muita admiração, o gordo sim. Sinal da fartura e benção de Deus.
Deus afirma ainda que naquela cidade haverá dança e celebração (Jr 31.13). O povo protestante, por causa de sua herança missionaria dos puritanos americanos, perdeu muito esta dimensão da dança na sua liturgia, mas os judeus eram ruidosos em dias de festa e celebração. Haviam muita dança. Provavelmente a festa da qual Jesus participou em Caná da Galileia era marcada por danças típicas da região. Você consegue imaginar Jesus dançando? Provavelmente não!
É muito importante ter uma vida marcada pela esperança, e não pela desesperança. Ler textos como o Salmo 23, me enche de alegria. “Certamente que a bondade e a misericórdia do Senhor me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo sempre” (Sl 23.8). Não uma expectativa do pior, mas do melhor. A Bondade de Deus estará comigo, na minha velhice, quando me faltarem as forças, nos dias maus. Talvez seja esta a razão de tamanha exultação do salmista no Salmo 27.13,14: “Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes. Espera pelo Senhor, tem bom animo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor”. Certo pastor disse que este texto deveria ser colocado no espelho do banheiro de nossa casa, pra que sempre olhássemos para ele. Afirmou também que deveríamos terminar nossos cultos fazendo esta afirmação recheada de confiança. “Eu verei a bondade do ser na terra dos viventes”. Não apenas na eternidade, mas nos dias de nossa história.

3.       Deus convida seu povo a colocar marcos – (Jr 31.21). Qual fora o problema de Israel? Aquele povo retirou as referências deixadas por Deus, passaram a viver sem orientação divina, ignoraram os pontos que marcavam sua vida.

Cresci cercado por um forte ambiente rural. As fazendas antigamente tinham suas divisas marcadas não por satélites e GPS, mas por pequenos tocos de madeira, fincados no chão, que eram chamados de marcos. Ali estava a divisa da terra. O vizinho respeitava a divisa por causa das referências que ela possuía. Deus ordena seu povo que volte a considerar os marcos. “Põe-te marcos, finca postes que te guiem, presta atenção na vereda, no caminho por onde passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades” (Jr 31.21).
A falta de referências éticas, espirituais, de valores, destrói uma cultura, uma civilização e uma nação. Israel se auto destruiu. Seu pecado, a quebra de princípios, o abandono de Deus o levou à destruição. Deus agora exorta seu povo a começar tendo novos paradigmas, retornando aqueles marcos abandonados e esquecidos, voltando aos princípios deixados por Deus. “Presta atenção nas veredas”. Atitudes e decisões de hoje são sinais apontando para o futuro. É hora de voltar ao princípio de tudo, refazer a história com arrependimento e contrição, voltar para Deus, resgatar a identidade de povo eleito e amado de Deus.
Alguém afirmou que: “A nós cumpre dar profundidade; a Deus, largueza”. Não é nossa tarefa dizer que tamanho será nosso ministério, ou que direção tomará a vida. “Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem o que caminha, o dirigir o seu passo” (Jr 10.23). Mas podemos firmar os valores, construir as bases, edificar os alicerces em lugares seguros, construir a partir de Deus.

4.       Não sabemos o que nos aguarda no futuro, mas sabemos quem nos espera no futuro. A questão não é O que, mas Quem.

O futuro é incerto, não temos capacidade de antecipá-lo, e esta falta de controle sobre os acontecimentos eventualmente nos distraem e perturbam, mas quando consideramos que Deus não é pego de surpresa, e que está conduzindo inexoravelmente a história para o fim que ele mesmo escreveu, ficamos tranquilos. Estamos nas mãos de um Deus sábio e amoroso, e não do acaso e da coincidência. Jesus é “O Pai da Eternidade, o Príncipe da paz”. Ele conhece o fim deste o começo, ele é o Alfa e o Ômega, o principio e o fim.
No livro de Apocalipse, quando Joao é introduzido à presença de Deus, entrando nas esferas celestiais, a sua primeira visão é de um Ancião de Dias, assentado no trono. Isto demonstra que o trono não está vago, nem livre para qualquer candidato, mas ele já possui alguém e domina a partir do trono. Deus está assentado no trono. Nem o acaso, nem o maktub, mas Deus.
A base de nossa segurança quanto ao futuro está em Deus. “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, pensamentos de bem, e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29.11).
Nossa segurança está na aliança que Deus fez com seu povo (Jr 33.33). Não podemos ter suspeitas de Deus. Por que temer o futuro? Deus está lá na frente. Continue fiel, mesmo quando não entender os eventos relacionados à sua vida particular ou a história da humanidade. No meio da aflição, sem ter absolutamente nada em que se agarrar, Jó faz uma maravilhosa confissão de fé: “Porque eu sei que o meu redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim” (Jó 19.25-27). Esta é uma surpreendente declaração de fé.

Conclusão:
O que lhe aguarda no futuro?
Que desdobramentos teremos na história?
O que nos acontecerá?

Não sabemos! Mas existe uma promessa maravilhosa demais neste texto: “Há esperança para teu futuro”. Portanto, me firmarei nesta promessa. O meu coração vai descansar nestas verdades. Quem fez a promessa é fiel. Não preciso duvidar. 

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