Introdução
No
ano 2002, quando tomei aceitei o convite que me foi feito pelo conselho da
Igreja Presbiteriana de Anápolis, para pastoreá-la, um irmão muito precioso do conselho, eufórico
por minha decisão, ligou e disse: “Samuel venha mesmo, porque estamos esperando
você e vamos arrebentar a boca do balão”. A declaração deste irmão me assustou,
eu lhe respondi dizendo que não era salvador da pátria, e que não havia nada
especial em mim para fazer qualquer coisa. Tinha lido recentemente este texto
de Nm 14.8 e lhe disse: “Se o Senhor se agradar de nós, faremos!”
“Coracao
de Estudante”, famosa música de Milton Nascimento diz: “Nada a temer senão o
correr da luta, nada a temer senão esquecer o medo”. Se esta música fosse cristã,
teria de dizer assim: “Nada a temer, senão seu próprio pecado e sua
infidelidade”. Se Deus não tiver prazer naquilo que fazemos, nada do que
fazemos vale coisa alguma, afinal, para Deus não conta apenas o que fazemos,
mas porque fazemos aquilo que fazemos. Motivação é fundamental na obra de Deus.
Júlio
Andrade Ferreira declarou certa vez: “Nada pode destruir a igreja, nem mesmo o
diabo; apenas a igreja pode destruir a si mesma”. Isto se aplica também a nós.
Nada pode nos destruir a não ser nosso próprio pecado.
Foi
assim que aconteceu no episodio de Balaão em Numeros 23-25. Ele era um famoso
macumbeiro da região, seu nome era temido pelos palácios, e quando o povo de
Deus se aproximou dos amonitas, estes resolveram contratar a peso de ouro os
trabalhos de feitiçaria que ele eficazmente fazia. No entanto, para frustração
do rei Balaque, Balaão afirmou que nada poderia fazer, pois nenhum dos seus
“poderes” funciona contra o povo de Israel. Desiludido declarou: “Pois contra
Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel. Agora, se poderá
dizer de Jacó e Israel, que coisas tem feito Deus!” (Nm 23.23).
Diante
do fracasso de sua magia, Balaão, astutamente propôs algo inusitado. Ele
orientou os amonitas a enviarem prostitutas para o meio de Israel, e o povo,
envolvido na sedução daquelas meninas, foi se contaminando, trazendo uma peste
que exterminou 24 mil homens de doença, entre o povo de Deus (Nm 25.9). Alguns
acreditam que se tratava de alguma doença venérea que não tinha cura, e este
fato em Israel ficou conhecido como “a maldição de Baal Peor”. Em outras
palavras, o diabo não pode amaldiçoar o povo, mas o pecado trouxe danos severos
no meio do povo cristão.
O
diabo não nos pode destruir, mas a infidelidade, sim.
A
grande questão que temos a considerar em toda decisão é a seguinte: “Tem o
Senhor prazer naquilo que fazemos? “, em outras palavras, “isto tem a ver com
seu projeto para nós?” ou “isto glorifica seu nome?”
A
Bíblia ensina que o povo no deserto começou a murmurar contra Deus porque não
tinha carne, apenas o maná caia e trazia o sustento necessário. Deus então
enviou codornizes, e o povo se saciou de carne, no entanto, sua gula, trouxe
morte e destruição sobre o povo. A forte declaração do Sl 106.15 torna-se uma
alerta para nossa vida: “Deu-lhes o que
pediram, mas fez definhar-lhes a alma”. Deus deu aquilo que o povo
insistentemente pedia, mas a atitude do povo não agradou a Deus.
O
principio é claro: Não devemos aspirar coisas que aparentemente são boas, se
tais coisas não procedem do trono e da vontade de Deus. Se Deus se agrada
disto, não precisamos temer, mas se Deus não estiver envolvido em qualquer
coisa que fazemos, estamos viajando para a direção errada.
Por
que este principio é importante?
1.
Porque ter uma vida que agrada a Deus é a coisa
mais importante e desejável que alguém possa querer.
O
chamado de Deus para o seu povo é para glorificar seu nome.
“O
fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Esta é a
primeira pergunta do Catecismo Maior das Igrejas Presbiterianas. John Piper foi
muito feliz na análise desta afirmação ao dizer: “Só existe uma forma de
glorificarmos a Deus: desfrutando de sua presença”.
No
Antigo Testamento sempre vemos o Senhor recomendando o culto levítico que
implica na oferta de sacrifícios e holocaustos, e sempre pedindo que fossem “de
aroma agradável ao Senhor”. Oferecer um culto que não seja agradável a Deus não
faz qualquer sentido.
Queira
viver, sempre, para agradar a Deus.
Quando
Josué e Calebe voltaram de espiar a terra, eles não trouxeram um relatório
muito otimista. Na verdade, 10 espias foram categóricos ao afirmar que o povo
de Deus não tinha condições de entrar na terra, porque eram inferiores ao
poderio bélico dos cananitas, e isto os fazia sentir “como gafanhotos” aos seus
próprios olhos e aos olhos dos inimigos. No entanto, Josué e Calebe afirmaram
que a questão não eram as dificuldades em si, mas se Deus estava ou não neste
projeto, afinal, “Se o Senhor se agradar
de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e
mel” (Nm 14.8).
Eles
não olhavam as dificuldades, mas as possibilidades.
Eles
não queriam saber dos desafios, mas se Deus se agradava da atitude deles.
“Se
o Senhor se agradar de nós”.
Por
isto é fundamental a santidade nos nossos gestos. Deus precisa ser glorificado
naquilo que fazemos.
2.
Porque quando somos agradáveis a Deus, tudo flui
a nosso favor.
Dois
textos bíblicos podem nos ajudar:
a.
Quando Caim e Abel foram adorar a Deus, segundo
o relato de Gn 4, Deus não se agradou da oferta de Caim, por causa de sua
pessoa, e por isto a rejeitou. “de Caim e
de sua oferta, não se agradou” (Gn 4.5). No entanto, veja como o texto fala
da oferta de Abel: “Agradou-se o Senhor
de Abel e de sua oferta” (Gn 4.4). Viram o que aconteceu?
A
oferta de Caim não foi rejeitada por causa da natureza da oferta. Alguns tentam
encontrar na oferta de cereais, a razão
de Deus não se agradar de sua oferta, mas o texto diz claramente, que Deus não
se agradou de Caim, por isto rejeitou sua oferta. Da mesma forma, a oferta de
Abel não foi agradável pelo fato dele ter trazido do seu rebanho. Antes de Deus
se agradar da oferta, Deus se agradou da disposição e atitude do coração de
Abel.
Qual
a implicação disto?
Deus
precisa se agradar de nós, para se agradar daquilo que lhe damos.
“O
Senhor se agradar de nós” , está tudo certo, mesmo que as circunstâncias e
pessoas sejam contrárias, contudo, se o Senhor não se agradar de nós, nada tem
valor.
b.
Sl 37.4: “Agrada-te
do Senhor, e ele satisfará aos desejos do teu coração” . Não é interessante
isto? Deus quer que nos agrademos dele, tenhamos contentamento na sua pessoa,
naquilo que ele é. As bençãos serão sempre decorrentes do fato de estarmos
ligados ao coração de Deus.
Por
isto o apostolo Paulo afirma: “Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Observem que no centro do culto que
prestamos ao pai, nossos corpos precisam ser oferecidos a Deus de forma a
agradá-lo, por causa da santidade que ele espera de nós.
Só um culto santo,
vivo e agradável, pode realmente
valer aos olhos do Deus santo que adoramos.
Estes
são os adoradores que o Pai procura. Aqueles que trazem alegria ao seu coração.
E quando Deus se agrada de nós, poderemos derrotar inimigos e vencer obstáculos
muito maiores que nossos recursos.
Foi
assim com o povo de Israel. Firmados em Deus marcharam para a terra prometida.
Os inimigos eram fortes, e os desafios tremendos. Cidades fortificadas,
inimigos muito bem aparelhados, guerreiros de grande estatura, no entanto,
foram vitoriosos e entraram na terra prometida.
A
nossa vida, decisões, atitudes, cultos, orações e ofertas, precisam ser
agradáveis a Deus. “Se o Senhor se agradar de nós, nada precisamos temer”.
Conclusão
Wayne
Cordeiro, no sermão, “líderes correndo, porém mortos”, afirma que muitos servos
de Deus, continuam a correr a vida cristã sem considerar aquilo que é
essencial.
Para
ilustrar isto usa o exemplo de um homem que está carregando a tocha
olímpica, e precisa cuidar para que o fogo da tocha não se apague. Ele precisa entregá-la acesa. Então ele imagina um homem carregando a
tocha, mas que se esquece do fogo e resolve colocar velocidade. Por causa de
sua pressa, o fogo se apaga, mas ele olha para o relógio e diz: “Estou correndo
bem, minha velocidade está boa!”, mas outra pessoa chega e lhe diz que a chama
apagou. Mas ele insiste em velocidade. Até que se toca e percebe, que o
importante não é a velocidade com que carrega a tocha, mas se a chama continua
ardendo.
De
nada adianta fazer qualquer coisa, se a graça e a presença de Deus não estiverem
conosco. Sem Deus, não dá.
Por
isto, a questão de Calebe e Josué neste texto é mais que pertinente: “Se o Senhor se agradar de nós”.
A
pergunta essencial é: Deus tem se agradado de nós? Se isto é uma verdade,
experimentaremos milagres cada vez maiores e nos surpreenderemos com as vitórias
que eles nos dará. Podemos avançar, sem medo, ousadamente. Com Deus como
aliado, ficaremos surpresos com todas as vitórias que obteremos.
Texto muito maravilhoso,que nos levar a refletirmos sobre nossas atitudes como procurar agradar a Deus.
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