Introdução:
Numa
conferência interreligiosa realizada em Londres, vários representantes de
diferentes tradições foram chamados para responder sobre o diferencial da fé
que professavam. C. S. Lewis, que falava em nome dos protestantes, respondeu de
forma objetiva: A graça!
Ele
argumentou que varias religiões do mundo possuem livros sagrados, algumas se
referem a Deus se encarnando, muitos creem em céu, são monoteístas, creem em
vida eterna, inferno, julgamento, algumas falam da ressurreição de seus
lideres, mas apenas o Evangelho afirma que as pessoas são salvas pela graça, e
apenas pela graça, sem mérito alguém.
Na
verdade, até mesmo segmentos considerados cristãs, e mesmo evangélicos,
lamentavelmente, ter perdido a compreensão da graça, e negam de forma sutil a
eficácia da graça. A maioria fala de salvação em termos dos atos humanos, ou
condicionam a salvação a alguma atitude religiosa como frequentar a igreja, dar
o dizimo, fazer boas obras, ou realizar atos religiosos. Algumas ainda falam da
graça mas colocam um “se” ou um “mais”, condicionando assim a salvação a algum
ato humano que viermos a realizar.
Tudo
isto faz a graça parecer algo ridículo: Você precisa “merecer” algo para ter a
graça. Entretanto, por definição, graça é um favor não merecido. Se você merece
não é graça, e, se é graça, não é por merecimento. Merecimento e graça são
termos antagônicos e contrários.
Se
você ainda acredita que salvação é por mérito, ou que é necessário fazer algo
para alcancá-la, ou resultado de algo que você faz ou deixa de fazer, ainda não
entendeu o significado da graça. Se é graça não é mérito – se é mérito não é
graça. Ponto final.
A
partir deste texto, alguns princípios podem ser estabelecidos:
1.
Graça é
um ato livre de Deus – “não vem de
vem de vós” (Ef 2.9).
Deus
nos dá a salvação, gratuitamente. Nada fizemos para merecê-la, se fosse algo
merecido, como afirmamos, perderia a dimensão da gratuidade,
Paulo
procura explicar isto mais pormenorizadamente em Rm 4.1-5
Portanto, que diremos do nosso antepassado Abraão?
Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar,
Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar,
mas não diante de Deus.
Que diz a Escritura? "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça".
Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida.
Todavia, àquele que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. (NVI)
Que diz a Escritura? "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça".
Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida.
Todavia, àquele que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. (NVI)
Abraão
não foi justificado diante de Deus pelo que fez, apesar dele ser o patriarca da
fé judaico-cristã. O raciocínio é simples: “Ora,
ao que trabalha, o salario não é considerado como favor, e sim como dívida”
(Rm 4.4). se Abraão tivesse trabalhado e conquistado sua salvação, Deus seria
obrigado a levá-lo para o céu porque Deus lhe devia algo. Mas o texto não diz
isto, pelo contrário, Deus nada deve a Abraão, e a sua justificação foi dada
pela graça de Deus.
Igualmente
Deus não nos deve nada. Nada fizemos para impressionar sua santidade e
conquistar os céus. Vida eterna é uma dádiva. Se trabalhamos para conquistar o
céu e o adquirimos pela nossa performance espiritual, a salvação é meritória.
Salvação
não é questão de conquista, trabalho,
esforço ou mérito.
Salvação é resultado
da livre graça de Deus.
2.
A graça
mexe com nosso orgulho – “Não é de
obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.9).
Se
alguém conquistasse a salvação por méritos pessoais, poderia chegar no céu e se
vangloriar por ter realizado tão grande feito. Não é isto que os atletas fazem
quando obtém uma conquista? Alguns batem no peito, deixando claro que ele é o
cara. Observem Usain Bolt , Cristiano Ronaldo, James LeBron. Já viram como eles
se portam depois de uma conquista?
Esses
homens conquistam o pódio, alcançando prêmios efêmeros, mas imagine alguém,
perante o Deus justo, batendo no peito e dizendo: “eu mereço estar aqui. Eu
conquistei!”
Não
é isto que acontece. Ninguém pode se vangloriar diante de Deus.
Paulo
afirma que a lei do AT foi dada para vida, ela era o manual de Deus para seu
povo, no entanto, os homens são tão falhos em obedecer a Deus que ela se tornou
instrumento de condenação e todos os homens se tornaram culpáveis diante de
Deus (Rm 3.19). Por isto lemos na Bíblia: “Onde
está a jactância? Foi de todo excluída!” (Rm 3.27). quem pode se orgulhar
diante de Deus?
Certa
mulher afirmou: “eu não gosto da lei, porque desta forma Deus não me deve
nada!” Apesar da sua indignação mulher, que certamente se considera justa
diante de Deus, ela está certa. Deus não nos deve nada. Diante dele não podemos
nos gloriar. O céu só pode ser obtido por meio da sua abundante graça. Ele
providenciou Jesus, ele nos deu sua graça, ele nos deu a fé.
3.
A graça é
providenciada pela obra de Cristo – “A
suprema riqueza de sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef
2.7). O que Cristo fez na cruz?
Ele
pagou a nossa dívida. Nosso saldo era devedor, afinal temos pecado e
transgredido contra Deus, mas ele nos substituiu perante o Pai e sofreu o
castigo e condenação em nosso lugar. Ao fazer isto ele nos conquistou para
Deus. Quem fez a obra: você ou Jesus?
Se o
ato de Cristo na cruz não foi necessário, porque ele se deu para sofrer uma
morte de cruz? O profeta Isaias afirma que “pelas
suas pisaduras fomos sarados” . A obra é de Cristo, nós somos os
beneficiados.
Certa
vez um grupo perguntou a Jesus: “Senhor,
que faremos para realizar as obras de Deus?” e Jesus respondeu de forma
direta: “A obra de Deus é esta, que
creiais no Filho que por ele foi enviado” (Jo 6.28-29). Como afirmou o
poeta brasileiro: “É meu, somente meu, todo trabalho; e o teu trabalho é
confiar em mim”.
Jesus
fez tudo por nós.
A
graça que obtemos para salvação, foi obra dele.
4.
Preste
atenção nas preposições, elas fazem toda diferença na teologia. “Pela graça sois salvos, mediante a fé”.
Não
somos salvos pelas obras, mas para obras. Não pelas obras, mas pela graça.
As
pessoas fazem muita confusão. Se você não entender esta simples verdade, perde
a essência do Evangelho.
Graça
é a força que opera em nós para a salvação. Fé é o meio de receber esta benção.
A fé
nos capacita a aceitar o presente de Deus. Fé é uma palavra grega que tem a
mesma raiz de confiança. Crer é confiar. A questão é esta: confiamos na obra de
Cristo para salvação, ou confiamos em nós mesmos, no que somos capazes de
realizar?
A fé
nos leva a confiar plenamente no sacrifício de Cristo. Quando confiamos,
descansamos naquilo que ele fez e nos assenhoreamos da sua graça, tomando posse
daquilo que ele fez por nós.
Vamos
considerar um simples exemplo:
Você
recebe uma carta em sua casa dizendo que ganhou um presente, uma viagem para o
Caribe, com direito a acompanhante. Ali eles dão todas as informações, onde
você pode receber o prêmio, pedindo para que você compareça no escritório da
empresa. Você nada fez por isto, este presente não é resultado de alguma coisa
que você realizou, então, você pode começar a suspeitar que se trata de alguma
armadilha, que eles vão pedir algo em troca, que se é de graça não deve ser
bom, e você pega a carta e a joga no lixo.
Assim
fazemos com a graça de Deus. Nós a menosprezamos.
Alguns
dizem:
-Isto não pode ser verdade
-Se é de graça não é bom.
-olhe com desconfiança o que vier de
graça...
e
desta forma, nunca recebem o presente.
Você
é salvo pela graça, através da obra maravilhosa e suficiente de Cristo, mas
esta salvação é apenas eficiente em você caso a receba. Sem fé, a graça não é
aplicada a nós. É um remédio eficaz para uma doença grave, mas por não
confiarmos na prescrição, simplesmente a ignoramos e continuamos enfermos.
5.
Não
apenas a graça nos é dada, mas a fé para recebê-la – “Mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Para entender
ainda mais a radicalidade da graça, existe outra informação neste texto. Nem a
fé para receber o presente é nossa. É dom de Deus. O pronome “isto”, é uma referencia à fé.
Por
isto o autor aos hebreus afirma que Jesus é, não apenas o autor de nossa
salvação (Hb 2.10), mas também autor e consumador da fé (Hb 12.2).
Conclusão:
Que
resposta daremos a tudo isto que Deus fez?
a.
Resposta de gratidão – Tudo que faço não é para
convencer a Deus de minha bondade, nem para conquistar seu amor e salvação. Mas
gratidão.
b.
Resposta de louvor – Quando entendo tudo que
Deus fez, desenvolvo a atitude de um coração grato.
Exelente estudo.
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