“...porque não tomarei o que é teu para o Senhor, nem
oferecerei holocausto que não me custe nada”.
Davi decidiu realizar
o censo de Israel, apesar do protesto de Joabe. Por alguma razão que o texto
bíblico não descreve, “Tudo isto
desagradou a Deus, pelo que feriu a Israel”(1 Cr 21.7). Só podemos entender
que se tratava algo de vaidade pessoal que só Deus poderia enxergar
no coração de Davi, pois o povo de Israel sempre fez estatística dos seus.
Então, não podemos achar que o simples fato de contar os soldados de Israel
trouxesse, em si, tão graves consequências.
O resultado é que veio
uma peste sobre Israel e setenta mil homens morreram (1 Cr 21.14), e isto
trouxe muita dor a Davi. O anjo da morte que causou esta tragédia, parou na
casa de Onã, o Jebuseu, e através de um dos profetas, Gade, pediu para que Davi
fosse até lá se encontrar com ele. Davi estava temeroso e o impacto de tudo
aquilo o havia deixado profundamente fragilizado. Tentando ser agradável, Onã
ofereceu animais e lenha para que Davi pudesse oferecer um holocausto, mas Davi
recusou afirmando que não aceitaria, pois se ele tivesse que oferecer o culto,
ele então deveria pagar o preço, e comprou aquela área onde deveria oferecer o
sacrifício dizendo: “não tomarei o que é
teu para o Senhor, nem oferecerei holocausto que não me custe nada”.
Quando pensamos na
mentalidade de Davi, e na atitude de nossos dias, percebemos que falta aos
adoradores dos nossos dias, a compreensão de que não existe espiritualidade
barata, nem culto sem custo.
A Bíblia nos ensina
sobre isto.
Primeiro, não há culto sem sacrifício
Mostre-me algum texto
na Bíblia no qual os verdadeiros adoradores não se encontram dispostos a dar de
si mesmo, daquilo que são, para expressar que amam a Deus.
Jesus chegou mesmo a desencorajar alguns que queriam negociar o custo. gente sem prioridade, com motivações equivocadas, a todos estes Jesus não permitiu que seguissem. Jesus chegou mesmo a desencorajar pessoas que falavam em segui-lo. "As raposas tem seus covis, as aves tem seu ninho, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça"... "deixe que os mortos sepultem aos seus próprios mortos".
Jesus chegou mesmo a desencorajar alguns que queriam negociar o custo. gente sem prioridade, com motivações equivocadas, a todos estes Jesus não permitiu que seguissem. Jesus chegou mesmo a desencorajar pessoas que falavam em segui-lo. "As raposas tem seus covis, as aves tem seu ninho, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça"... "deixe que os mortos sepultem aos seus próprios mortos".
É óbvio lembrar que
muitos sacrifícios tendem a se tornar grandes armadilhas. O Profeta Miquéias questionou os intermináveis jejuns feitos para auto glorificação (Mq 7), num dos Salmos vemos Deus colocando em xeque os
atos externos do culto, sem que as pessoas estivessem de coração voltadas para Ele (Sl 51.16-17),
ou dos contenciosos jejuns, feitos para justificar atos iníquos do povo de
Israel (Is 58.1-7) ou a multidão de sacrifícios, meros atos religiosos
desprovidos de atitude de quebrantamento denunciados pelo profeta Isaias (Is
1.10-17). Sacrifícios por sacrifícios podem ser tão pagãos quanto o paganismo
que ignora Deus e suas verdades.
Ao mesmo tempo,
devemos considerar que, mesmo no novo testamento, existem certos “sacrifícios”
que devem ser praticados pelo povo de Deus.
O livro de Hebreus nos
fala de pelo menos dois sacrifícios:
A.
Sacrifícios de Louvor – “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre,
sacrifícios de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15). Este
sacrifício é resultado da gratidão. São gratos aqueles que reconhecem que tudo que recebem é fruto da bondade de Deus e o glorificam por isto. Há um provérbio francês que diz: "gratidão é a memória do coração". Aqueles que reconhecem a graça de Deus em sua vida e seu infindável amor que nos deu a salvação eterna em Cristo Jesus, desenvolvem uma vida de louvor a Deus, manifesta no desejo de agradá-lo, e isto se reflete na forma como emprega seus bens e faz o seu trabalho diário. Este é o
maior motivo no Novo testamento, para nossa adoração. Aqueles que adoram a
Deus em espírito e verdade, o fazem porque o coração está cheio de gratidão e
reconhecimento.
B.
Sacrifício do serviço – “Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e mútua
cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz” (Hb 13.16). Aqui é
mencionado um novo sacrifício. O sacrifício do bem, da mútua cooperação.
Pessoas que se dedicam para ajudar outros, porque querem ver a glória de Deus
se revelando.
Não há, pois, qualquer
sacrifício de animais, ou holocaustos, sendo exigido. Mas se quisermos
glorificar a Deus, precisamos oferecer-lhe sacrifícios de louvor e da prática
do bem.
Obviamente, o grande
sacrifício que temos no Novo Testamento, é o sacrifício de Jesus a nosso favor.
O Cordeiro de Deus se deu, sacrificialmente por nós. Quando entendemos o preço
que ele pagou e o significado da sua morte, sacrificialmente desejamos investir
nossos talentos, tempo, e dinheiro, para a glória de Deus. Não porque seremos
salvos através de qualquer outro sacrifício, mas porque desejamos demonstrar o
grande amor que temos por todo seu cuidado para conosco.
Portanto, não há culto
sem sacrifício.
Deus se sacrificou por
nós, derramando seu precioso sangue para nossa salvação.
Devemos
sacrificialmente entregar nossa vida e nossos direitos a Deus, para que ele
seja glorificado em nós.
Segundo, culto sem sacrifício não vale nada
Davi, como adorador
sabia disto. “...porque não tomarei o que
é teu para o Senhor, nem oferecerei holocausto que não me custe nada”. Talvez se tratasse de um ensinamento da Lei judaica que estava claro no coração de Davi: "Ninguém apareça de mãos vazias perante mim" (Ex 23.15). Em nenhuma das festas, ou cultos, o povo judeu podia se apresentar diante de Deus sem trazer-lhe oferendas. Era ato de culto.
Temos uma geração de
discípulos que não querem pagar o preço do discipulado, de pessoas que se
firmam numa graça barata, querem as bençãos do Senhor, mas desprezam o Senhor
das bençãos. Como Jesus denunciou muitos de seus seguidores: “Em verdade, em verdade vos digo: vós me
procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos
fartastes” (Jo 6.27). Jesus censura aqueles que, tendo as coisas em ordem,
a comida na mesa, as bênçãos chegando, não tem outro motivo para se relacionar
com Deus.
Vida com Deus, exige
sacrifício, de tempo, devoção, busca, de oração, de investimento. Um antigo hino
dizia: “Para seres santo, tempo hás de tomar; a sós com seu mestre, diligente
orar”. Vida de santidade exige sacrifício de pureza, de integridade, de
comunhão, tempo silencioso.
Comprometido ou envolvido?
Nos meios empresariais
é conhecida a fábula de como é diferente a forma como a galinha e o porco
participam do café da manhã. A galinha está envolvida no processo, dando
diariamente o seu ovo, mas para o porco, a realidade é diferente. Ele precisa de
sacrifício. Se isto se aplicasse à sua vida espiritual, a pergunta que é feita
é a seguinte: como você participaria? a galinha ou
o porco? Em outras palavras, você está comprometido ou apenas envolvido?
A galinha está apenas envolvida no processo produtivo. Ela
acorda todo dia, come o que lhe dão, põe seus ovos e vai para casa dormir. Ela
sabe que no dia seguinte receberá nova ração, mas e o porco? Bom, para fazer o
bacon, infelizmente não se pode pedir ao porco que apenas se envolva no
processo. Quanto você está disposto a dar de si para o que está fazendo. Comprometer-se é
assumir alta responsabilidade, se sujeitar, se empenhar, doar-se pela causa ou
projeto.
Na vida com Deus, não
há como vivermos sem comprometimento pleno.
Certo pastor conversava com uma pessoa que afirmou gostar muito da igreja e dos crentes, da forma como o culto era conduzido, das músicas que eram cantasas, mas não gostava deste negócio de dar 10% para a igreja. O pastor retrucou: “Quem lhe disse tal asneira? Deus nunca exigiu 10%!”, e ela surpresa afirmou: “como não, eu sempre ouvi isto...”, e o pastor respondeu: “Deus nunca exigiu 10% dos seus adoradores, seu chamado implica na entrega de tudo, ele quer 100% de sua vida”.
Certo pastor conversava com uma pessoa que afirmou gostar muito da igreja e dos crentes, da forma como o culto era conduzido, das músicas que eram cantasas, mas não gostava deste negócio de dar 10% para a igreja. O pastor retrucou: “Quem lhe disse tal asneira? Deus nunca exigiu 10%!”, e ela surpresa afirmou: “como não, eu sempre ouvi isto...”, e o pastor respondeu: “Deus nunca exigiu 10% dos seus adoradores, seu chamado implica na entrega de tudo, ele quer 100% de sua vida”.
Vida com Deus é vida
de entrega, de doação. Oração exige sacrifício, dedicação. Oração é 5% de
inspiração e 95% de transpiração. “Assim corro também eu, não sem meta, assim luto, não desferindo golpes
no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado
a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1 Co 9.26-27). Paulo
afirma que esmurrava o seu corpo. Não nos parece uma figura clara de alguém
disposto a pagar o preço de seguir a Cristo?
Uma das regras mais
simples para saber o quanto uma pessoa está comprometida com um determinado
projeto é saber, por exemplo, se ela está disposta a se sacrificar por ele.
Como plantador de igrejas uma coisa que aprendi, simples e elementar. Se alguém estivesse envolvido no projeto, dedicaria seu tempo e aprenderia a doar, de forma voluntária, proporcional e regular. Se
uma pessoa não contribuía eu sabia que eu não poderia contar com ela, mas
quando contribuía mandava uma mensagem: "Estou aqui por inteiro, pode
contar comigo". Tenho aprendido que, o fato de uma pessoa trazer seus dízimos e ofertas para adoração, não diz muita coisa, mas o fato da pessoa não trazer, me diz muito: "Esta pessoa não aprendeu ainda a confiar na provisão de Deus!?" ou "ela não tem prazer na obra de Deus?" Ou, não confia na administração dos bens por parte da liderança da igreja?" ou ainda, ela não se sente parte nem responsável pelo sustento da igreja da qual participa?
Curiosamente, a Palavra
de Deus nos diz a mesma coisa.
Quando Deus exorta o povo infiel através do profeta Malaquias, ele diz: “agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda sua graça, mas com tais ofertas de vossas mãos, aceitaria ele a vossa pessoa? Diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 1.9). A repreensão de Deus é severa. Com o que vocês me trazem, será que possa aceitar vocês? Deus avalia o coração dos seus adoradores pela oferta que eles davam. Não é isto algo desafiador?
A realidade é:
Quando Deus exorta o povo infiel através do profeta Malaquias, ele diz: “agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos conceda sua graça, mas com tais ofertas de vossas mãos, aceitaria ele a vossa pessoa? Diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 1.9). A repreensão de Deus é severa. Com o que vocês me trazem, será que possa aceitar vocês? Deus avalia o coração dos seus adoradores pela oferta que eles davam. Não é isto algo desafiador?
A realidade é:
Fé acomodada não vale
nada.
Fé que não custa nada, não vale nada.
Davi entendeu isto!
Fé que não custa nada, não vale nada.
Davi entendeu isto!
Quando Jó reunião seus
filhos para oferecer holocaustos a Deus, ele o fazia, “segundo o numero de todos
eles” (Jó 1.5). Ele tinha dez filhos. Tinha que dar um boi para cada filho, para si mesmo e para sua esposa. A
Bíblia diz que ele fazia isto “continuamente”, não era algo eventual ou esporádico. Fazia parte do seu culto. Quanto
vale um boi eirado hoje em dia? U$ 1.000 dólares? Um pouco mais?
Conclusão
Primeiro:
Precisamos entender a natureza do chamado para o discipulado cristão.
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24).
Muitas vezes ouvimos pessoas afirmando que determinada tribulação é a sua cruz. Não é disto que Jesus está falando. Ele se referia a algo bem mais complexo. “Negue-se a si mesmo!” A grande cruz que devemos carregar é a negação de nós mesmos. Estamos sempre desejosos de termos o controle das coisas, de nos mantermos no centro de tudo, de buscarmos conforto e bem estar, mas Jesus está pedindo aos seus seguidores que o coloquem em primeiro lugar.
Este é, o básico e principal sacrifício que precisamos fazer.
A auto negação.
Precisamos entender a natureza do chamado para o discipulado cristão.
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24).
Muitas vezes ouvimos pessoas afirmando que determinada tribulação é a sua cruz. Não é disto que Jesus está falando. Ele se referia a algo bem mais complexo. “Negue-se a si mesmo!” A grande cruz que devemos carregar é a negação de nós mesmos. Estamos sempre desejosos de termos o controle das coisas, de nos mantermos no centro de tudo, de buscarmos conforto e bem estar, mas Jesus está pedindo aos seus seguidores que o coloquem em primeiro lugar.
Este é, o básico e principal sacrifício que precisamos fazer.
A auto negação.
Em Mt 15 temos um
relato complicado da relação de Jesus com a mulher siro fenícia, cuja filha
estava “horrivelmente endemoninhada”. Jesus não a atende, e chega a desprezar o
seu pedido, e aparentemente menosprezar a sua dor. Os discípulos se ressentem da atitude insensível de Jesus e procuram
resolver a constrangedora situação. Eles se mostraram bem mais sensíveis. No final, porém, Jesus afirmou: “Ó
mulher, grande é a tua fé, faça-se contigo como queres. E desde aquele momento,
sua filha ficou sã” (Mt 15.28).
É importante entender
que há um aspecto pedagógico e didático nesta questão. O que ele desejava demonstrar é que muitas vezes, precisamos deixar de ser consumidores, que
querem benção, para sermos pessoas “suplicadoras” que entendem o preço do que
desejamos. Se quisermos um milagre, há um preço a pagar. Jesus estava avaliando quanto de intensidade havia naquele coração. Ela realmente queria isto? Ela estava disposta a pagar o preço da humilhação e rendição?
Fé que não custa nada,
não vale nada!
Fé que não exige
consagração, disposição de alma, é fé sem amor, sem compromisso, sem gratidão.
É isto que Davi
entende neste episódio. Se eu quero dar algo para Deus, precisa ser algo que
realmente tenha um custo. “...porque não
tomarei o que é teu para o Senhor, nem oferecerei holocausto que não me custe
nada”.
Ali Davi edificou um
altar e ofereceu holocausto e sacrifício. Algo portentoso, sacrificial,
próprio de um rei. Um rei se prostra agora, diante de um rei maior. O Rei dos
reis.
Segundo:
Precisamos entender o custo da cruz.
Bonhoeffer no seu livro "O discipulado cristão", fala que "a graça barata", é resultado do coração daqueles que querem discipulado sem custo, que não entenderam o preço da cruz. A nossa salvação não nos custou nada, mas custou o sangue de Cristo. o grande preço da nossa redenção e da vida eterna, não é pago por nós, mas por Jesus. "A graça barata é inimiga mortal de nossa igreja...Graça barata é como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado, sacramento malbaratado...Esta graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Cristo Jesus; é preciosa por custar a vida ao homem e é graça por, assim, lhe dar a vida... Não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça, sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação do mundo. A graça não me dispensa do discipulado, mas agora me torna mais seriamente comprometido...engana-se, porém, a si próprio quem se julga ser dispensado do discipulado por causa da graça". (Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, São Leopoldo, Ed. Sinodal, 1980, pgs 9,10,15).
Segundo:
Precisamos entender o custo da cruz.
Bonhoeffer no seu livro "O discipulado cristão", fala que "a graça barata", é resultado do coração daqueles que querem discipulado sem custo, que não entenderam o preço da cruz. A nossa salvação não nos custou nada, mas custou o sangue de Cristo. o grande preço da nossa redenção e da vida eterna, não é pago por nós, mas por Jesus. "A graça barata é inimiga mortal de nossa igreja...Graça barata é como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado, sacramento malbaratado...Esta graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Cristo Jesus; é preciosa por custar a vida ao homem e é graça por, assim, lhe dar a vida... Não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça, sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação do mundo. A graça não me dispensa do discipulado, mas agora me torna mais seriamente comprometido...engana-se, porém, a si próprio quem se julga ser dispensado do discipulado por causa da graça". (Dietrich Bonhoeffer, Discipulado, São Leopoldo, Ed. Sinodal, 1980, pgs 9,10,15).
Nenhum comentário:
Postar um comentário