Introdução:
A pessoa de Cristo tem desafiado mentes e
corações durante séculos. O que havia de especial neste homem? Qual é o seu
diferencial em relação aos demais? Por que ele desperta tantas paixões e tantas
oposições? Quem, afinal, era este Jesus de Nazaré? Esta é a grande questão que
Ravi Zacharias suscita em seu livro: “God
among gods”, ele que cresceu na Índia, numa cultura religiosa sincrética,
na qual vários elementos religiosos de diversos matizes se juntam e convivem lado
a lado. Quem afinal é este Jesus?
Apesar das tentativas do neo-modernismo, que
tenta transformar todos os deuses em iguais, como vimos no filme As Aventuras de Pi, e como também gregos
e romanos descreviam seu panteão sagrado, a pessoa de Cristo exige uma resposta
diferenciada e singular.
Romanes no seu clássico Thoughts on Religion, afirmou: “Se apreciamos a grandeza de um
homem pela influência que tenha exercido sobre a humanidade, não pode haver
dúvidas, mesmo sob o ponto de vista secular que Jesus é o maior homem que
jamais viveu”. Mas atribui-se a Napoleão Bonaparte uma das declarações mais
estrondosas sobre Jesus: “Jesus Cristo foi mais que um homem. Alexandre, César,
Carlos Magno e eu, fundamos grandes impérios, porém, de que dependeu a fundação
deles? Da força! Só Jesus fundou o
Império sobre o amor, e até mesmo no dia de hoje, milhões estariam prontos a
morrer por ele”.
Parece ser exatamente esta pergunta que Pedro
tenta responder aos judeus, no seu Sermão do Pentecoste, quando ele tenta apontar
as singularidades de Cristo. Em que ele diferenciava dos outros homens. Pedro
então faz algumas afirmações importantes:
- Viveu como nenhum
outro viveu – “Varões
israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado
por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o
próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos
sabeis” (At
2.22).
Pedro procura demonstrar a singularidade de
Cristo. Esta é a ênfase de seu sermão.
Ele demonstra que Jesus viveu de forma
diferente dos demais homens.
Primeiro, ele foi aprovado por Deus. Não é
muito fácil termos aprovação dos homens, mas receber a aprovação de Deus é
ainda mais difícil. Ele conhece os motivos e intenções do coração humano.
Jesus, entretanto, foi aprovado por Deus, por meio de milagres, maravilhas e sinais.
Segundo, sua singularidade foi percebida pelos
homens, “como
vocês mesmos sabem”. Sua vida de
coerência, integridade, sabedoria, foi vista entre os homens. Eles não podiam
acusar Jesus de qualquer deslize ou engano. Sua vida foi marcada por sinais e prodígios. Os discípulos eram
constantemente surpreendidos pelos fatos maravilhosos e surpreendentes. “Quem é este que até o vento e o mar lhe
obedecem?”. Até mesmo os soldados que foram para prendê-lo se surpreendem
com aquilo que ouvem e retornam com seu o “mandato de prisão” afirmando:
“Ninguém jamais falou como este homem?”.
Seu discurso e palavram eram carregados de
significado. Falava “como quem tem autoridade”. O autor aos hebreus afirma que
ele foi tentado em todas as coisas, mas permaneceu fiel. O autor de Atos
sintetiza sua vida “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo
e poder, e como ele andou por toda parte
fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com
ele (At 10.38).
Havia em Cristo uma absoluta coerência entre o
que ele era e o que falava. Paulo o descreve como “a medida da varonilidade perfeita”. Ele é o homem perfeito, que
Deus queria que fossemos. Sua singularidade está apresente em toda sua jornada
e em todas as respostas e gestos.
- Morreu como
nenhum outro morreu – “Sendo entregue
pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes,
crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23).
Este é um dos textos mais clássicos para se
demonstrar como todos os fatos estão debaixo da soberania de Deus, sem que isto
inviabilize a responsabilidade do homem. A Confissão de Fé de Westminster
– (III, 1) afirma: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e
santo conselho de sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente
tudo quando acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do
pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade
ou a contingência das causas secundárias, antes estabelecidas¨.
Assim afirma Berkchof : “O decreto faz
Deus o Autor de seres morais livres, e eles próprios os autores do pecado.
Deus decreta sustentar a livre agência deles, regular as circunstâncias da sua
vida, e permitir que a livre agência seja exercida numa multidão de atos, dos
quais alguns são pecaminosos. Por boas e santas razões, Ele dá certeza ao
acontecimento desses atos, mas não decreta acionar efetivamente esses maus
desejos ou más escolhas no homem. O decreto concernente ao pecado não é um
decreto efetivo mas permissivo.
Deus não pode ser a causa positiva de um ato
mas, a causa negativa do mal. Os seres humanos não precisam de ajuda para fazer
o que lhes é próprio em seu estado pecaminoso. A ação de Deus é permissiva de
modo que o pecador vem a praticar o mal por sua própria pecaminosidade, e a
vontade de Deus venha a ser realizada de modo infalível.
José foi vendido pelos seus irmãos. Isto fazia
parte do decreto e projeto de Deus. Contudo, seus irmãos eram moral e
espiritualmente responsáveis pela decisão de realizar um ato tão cruel.
Neste texto, Pedro demonstra isto. Quem matou
Jesus? As pessoas, os religiosos e as autoridades, mas isto fazia parte da
presciência e desígnio de Deus.
Sua morte, fazia parte do projeto de Deus.
Jesus tenta explicar isto aos seus discípulos, que não conseguiam entender do
que ele falava (Mt 16.21). Sua morte foi um contrassenso, afinal o melhor dos
homens é colocado numa cruz. Seu julgamento, uma farsa. Tendo sido absolvido
por Pilatos, que tinha o poder de condená-lo ou não, o faz apenas por questões
políticas, e para agradar a população que pede sua morte.
É muito comum encontrar tribunais humanos
injustos e iníquos. Para executar ou sentenciar um adversário politico, reúnem
provas e evidências para afirmar que tal pessoa é culpada, mas no caso de Cristo
isto não acontece. Ele é declarado inocente, e ainda assim, executado. Qual
tribunal humano, por mais injusto que seja, adotaria semelhante ideia?
Jesus morre por aquilo que ele era: Declarou
que era Deus, mas sua sentença não é judaica, e sim romana. Ele foi crucificado
e não apedrejado.
- Ressuscitou como
nenhum outro – “A este Jesus, que vós crucificastes,
Deus o fez Senhor” (At 2.24).
Todas as visitas que as pessoas do mundo
inteiro fazem aos sepulcros de seus líderes religiosos, o fazem sabendo que
seus restos mortais se encontram ali. Jesus, no entanto, tem o seu túmulo
vazio. “Ele não está mais aqui,
ressuscitou como havia dito” (Mc 16.6). Nem seus discípulos acreditavam
inicialmente, mesmo com as insistentes declarações de Jesus de que isto aconteceria.
Posteriomente, porém, se tornaram suas ousadas testemunhas.
Paulo afirma que a ressurreição de Cristo
minimizou e relativizou o poder da morte sobre os seres humanos. A morte
morreu. “Tragada foi a morte pela
vitória” (1 Co 15.54). Paulo adota uma linguagem irônica para zombar da
morte. “Onde está, ó morte, a tua
vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão” (1 Co 15.55). Aguilhão é
aquele ferro que espeta o boi para que ele ande mais depressa. É algo que
machuca, fere, gera dor. Paulo ironiza. Ele afirma que com a ressurreição de
Cristo, a morte perdeu seu poder absoluto.
Neste texto, Pedro demonstra que Davi, por
mais respeitado que tivesse sido, “morreu
e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje”(At 2.29). O
corpo de Davi passou pelo processo de decomposição e corrupção. Isto não
aconteceu com Jesus. Ele é a primícia dos que dormem. Ele é o “primeiro fruto”,
deste cenário que será adotado a todos seres humanos. Assim como ele
ressuscitou, nós igualmente ressuscitaremos.
- Exerce autoridade
como nenhum outro – “Esteja
absolutamente certa, toda a casa de Israel , de que a este Jesus que vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36).
Outro aspecto da singularidade de Cristo que é
demonstrado neste texto é o fato de que Jesus é o nome acima de outros nomes.
Ele é Senhor e Cristo. Isto pode ser comprovado em quatro dimensões
apresentadas pelo apóstolo Pedro.
- Ele tem autoridade sobre a morte – “Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porquanto não era possível fosse ele retido por ela”(At 2.24).
- Ele
tem autoridade sobre todas as coisas “...a
este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36).
- Ele
tem poder para salvar – “Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos
vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38). “E não há salvação em nenhum outro nome,
pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).
Rev. Hernandes Dias Lopes, escreveu
interessante artigo sobre a singularidade deste Jesus, que se aplica bem a nós,
no dia do Natal.
Quem é o Cristo do natal?
Antes
que houvesse mundo, céu, terra, antes que anjos ruflassem suas asas, antes dos
homens, quem era esse Jesus?
Lá na
eternidade, este Jesus que proclamamos estava em total e plena harmonia com o
Pai e com o Espírito Santo, vivendo completo.
O
próprio Jesus orou falando da Sua glória que teve junto ao Pai antes que
houvesse mundo.
Esse
Cristo, é o Cristo que quando estava sendo criado o universo, foi agente da
criação.
O
menino na manjedoura, enfaixado em panos, aquele que cresceu em estatura,
sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, Ele foi criador do universo.
Porque “todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do que foi feito
se fez”(Jo.1:3).
Quem é o Cristo do natal?
É
aquele que mediu a água dos mares na concha da sua mão
Que
mediu o pó da terra em balança de precisão
Que
mediu os céus a palmos e estendeu os céus como cortina, para sua habitação
Que
espalha as estrela no firmamento e que por ser forte e grande em poder, ao
chama-las, nenhuma vem a faltar
Esse é o Jesus que proclamamos no natal!!!
O
Jesus do natal foi anunciado pelo Pai lá no Éden, quando o homem pecou e levou
a raça humana a queda, ali estava a promessa do Cristo do
natal: Da semente da mulher nascerá Aquele que esmagará a cabeça da serpente!
Toda
história bíblica vem falando sobre Jesus, tudo apontava para ELE.
Quem é o Cristo do natal?
É
aquele que os profetas anunciaram que Ele seria o grande Deus, o Pai da
eternidade, o maravilhoso conselheiro, o príncipe da paz, o Deus forte,
poderoso, a razão da nossa vida.
Ele
nasceria em Belém, de uma maneira inusitada, de uma virgem....
Quem é o Cristo do natal?
É o
Cristo anunciado por um anjo a uma jovem virgem, que disse que a sombra do
altíssimo desceria sobre ela e a envolveria e que Aquele que nasceria dela
seria chamado filho do altíssimo!
Ele
chamará Jesus, porque salvará o seu povo do pecado.
Quem é o Cristo do natal?
Essa é
a melhor notícia de todas!!!!
“É que
hoje vos nasceu na cidade de Davi, O salvador, que é O Cristo, O Senhor!!!
Ele é
o Cristo
Ele é
o Messias
Ele é
o enviado
Ele é
o Senhor
Conclusão: Que faremos
irmãos?
Diante
destas evidências, surgem quatro grupos com diferentes respostas ao discurso de
Pedro.
Neste texto vemos quatro grupos distintos.
Ainda hoje estes mesmos grupos estão presentes quando falamos de uma resposta
às coisas sagradas.
Um grupo pergunta o “como”.
É o grupo metodológico. “Como os ouvimos falar, cada um, em nossa língua materna?” (At 2.8).
Querem saber o processo. Querem encontrar o mecanismo de causa e efeito do
evento. Na cura do cego de nascença vemos este grupo presente: “Que te fez ele? Como se abriram teus olhos?”
(Jo 9.26). Eles não estão interessados por Jesus, mas querem saber o método.
Outro grupo pergunta “Que quer isto dizer?” (At 2.12).
São pessoas especializadas em descobrir o
“porque”, o significado filosófico último de uma experiência ou de um fato.
Querem entender de forma epistemológica, as coisas sobrenaturais. Entender a
essência do fenômeno, estudar suas implicações temporais, seu conteúdo, mas
nunca se deixam confrontar com o poder
do cristianismo mais puro e simples anunciado por Jesus, que se revela na
experiência com o Espírito Santo de Deus.
É o grupo filosófico diante do evento do
sagrado. É o grupo que quer analisar as experiências, que facilmente se tornam
críticos da Bíblia, da Igreja, mas não se impressionam com aquilo que Deus está
fazendo. Querem apenas saber o que é isto, ou “O que quer isto dizer?”.
Outro grupo faz chacotas: “Outros, porém, zombando, diziam: Estão
embriagados!” (At 2.13). Agem como Festo que ao ser confrontado com a
verdade ridiculariza as palavras de Paulo: "As muitas letras te fazem delirar" (At 26.24). Diante do
sobrenatural resolvem fazer brincadeira, ao serem confrontados zombam das
coisas de Deus, e consideram lixo aquilo que é precioso, desprezam as verdades
de Deus, e minimizam o amor de Cristo trazendo sobre si mesmos, severo julgamento.
O último grupo, são os impactados com a
mensagem: “Que faremos irmãos?” (At
2.37). É o grupo que se sente impactado com a ação do Espírito, e se abre para
as mudanças que Deus deseja fazer. É o grupo que se deixa tocar pelo Espírito
de Deus, se vê confrontado e vai em direção a Deus. Estas pessoas se aproximam
de Deus, porque consideram fundamental o encontro, porque identificam nas
manifestações sobrenaturais alguma coisa sublime, e não querem perder a benção.
Este grupo é percebido no texto por causa de suas reações de
"perplexidade" (2.6); e por ficarem "atônitos" diante do
que experimentam (2.7).
São pessoas que, embora não tenha toda
compreensão do que acontece, e nem consigam explicar se permitem ficar diante
do Sagrado e serem quebrantadas pelo Espírito de Deus.
Pedro dá três respostas diretas a este grupo
interessado nas verdades de Deus:
- Arrependei-vos. É necessário
mudança de mente e de trajeto de vida. Deus permite retorno (At 3.19-20).
“Arrependei-vos, e
cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos
vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
- Sejam Batizados – “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo”
O batismo é a forma de assumir publicamente a fé. Enfrentar a
realidade, o julgamento e questionamento dos outros e declarar, sem medo
de ser execrado, ridicularizado ou zombado que precisa de Deus. Batismo é
um sinal externo de algo que está acontecendo internamente. É resultado de
assumir de forma pública aquilo que sabe ser verdadeiro. Pessoas assim
assumem o custo de sua fé, afinal, fé que não se assume, que não paga o
preço, não é uma fé válida.
- Recebam o dom do
Espírito
– “...e recebereis o dom do Espírito
Santo”. Este ato é “passivo”, não é bem uma decisão, é uma
consequência da decisão. Quando alguém recebe a Jesus no seu coração, o
Espírito passa a dirigir e controlar sua vida. Jesus nos batiza com o
Espírito Santo. Por isto o texto nos mostra este derramamento de Deus
sobre nossas vidas.
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