quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

At 2.22-36 Singularidade de Cristo

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Introdução:

A pessoa de Cristo tem desafiado mentes e corações durante séculos. O que havia de especial neste homem? Qual é o seu diferencial em relação aos demais? Por que ele desperta tantas paixões e tantas oposições? Quem, afinal, era este Jesus de Nazaré? Esta é a grande questão que Ravi Zacharias suscita em seu livro: “God among gods”, ele que cresceu na Índia, numa cultura religiosa sincrética, na qual vários elementos religiosos de diversos matizes se juntam e convivem lado a lado. Quem afinal é este Jesus?
Apesar das tentativas do neo-modernismo, que tenta transformar todos os deuses em iguais, como vimos no filme As Aventuras de Pi, e como também gregos e romanos descreviam seu panteão sagrado, a pessoa de Cristo exige uma resposta diferenciada e singular.
Romanes no seu clássico Thoughts on Religion, afirmou: “Se apreciamos a grandeza de um homem pela influência que tenha exercido sobre a humanidade, não pode haver dúvidas, mesmo sob o ponto de vista secular que Jesus é o maior homem que jamais viveu”. Mas atribui-se a Napoleão Bonaparte uma das declarações mais estrondosas sobre Jesus: “Jesus Cristo foi mais que um homem. Alexandre, César, Carlos Magno e eu, fundamos grandes impérios, porém, de que dependeu a fundação deles? Da força!  Só Jesus fundou o Império sobre o amor, e até mesmo no dia de hoje, milhões estariam prontos a morrer por ele”.
Parece ser exatamente esta pergunta que Pedro tenta responder aos judeus, no seu Sermão do Pentecoste, quando ele tenta apontar as singularidades de Cristo. Em que ele diferenciava dos outros homens. Pedro então faz algumas afirmações importantes:

  1. Viveu como nenhum outro viveu – “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis” (At 2.22).

Pedro procura demonstrar a singularidade de Cristo. Esta é a ênfase de seu sermão.
Ele demonstra que Jesus viveu de forma diferente dos demais homens.
Primeiro, ele foi aprovado por Deus. Não é muito fácil termos aprovação dos homens, mas receber a aprovação de Deus é ainda mais difícil. Ele conhece os motivos e intenções do coração humano. Jesus, entretanto, foi aprovado por Deus, por meio de milagres, maravilhas e sinais.
Segundo, sua singularidade foi percebida pelos homens, “como vocês mesmos sabem”. Sua vida de coerência, integridade, sabedoria, foi vista entre os homens. Eles não podiam acusar Jesus de qualquer deslize ou engano. Sua vida foi marcada por sinais e prodígios. Os discípulos eram constantemente surpreendidos pelos fatos maravilhosos e surpreendentes. “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”. Até mesmo os soldados que foram para prendê-lo se surpreendem com aquilo que ouvem e retornam com seu o “mandato de prisão” afirmando: “Ninguém jamais falou como este homem?”.
Seu discurso e palavram eram carregados de significado. Falava “como quem tem autoridade”. O autor aos hebreus afirma que ele foi tentado em todas as coisas, mas permaneceu fiel. O autor de Atos sintetiza sua vida “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele (At 10.38).
Havia em Cristo uma absoluta coerência entre o que ele era e o que falava. Paulo o descreve como “a medida da varonilidade perfeita”. Ele é o homem perfeito, que Deus queria que fossemos. Sua singularidade está apresente em toda sua jornada e em todas as respostas e gestos.

  1. Morreu como nenhum outro morreu – Sendo entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23).
Este é um dos textos mais clássicos para se demonstrar como todos os fatos estão debaixo da soberania de Deus, sem que isto inviabilize a responsabilidade do homem. A Confissão de Fé de Westminster – (III, 1) afirma: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho de sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quando acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, antes estabelecidas¨.
Assim afirma Berkchof : “O decreto faz Deus o Autor de seres morais livres, e eles próprios os autores do pecado. Deus decreta sustentar a livre agência deles, regular as circunstâncias da sua vida, e permitir que a livre agência seja exercida numa multidão de atos, dos quais alguns são pecaminosos. Por boas e santas razões, Ele dá certeza ao acontecimento desses atos, mas não decreta acionar efetivamente esses maus desejos ou más escolhas no homem. O decreto concernente ao pecado não é um decreto efetivo mas permissivo.
Deus não pode ser a causa positiva de um ato mas, a causa negativa do mal. Os seres humanos não precisam de ajuda para fazer o que lhes é próprio em seu estado pecaminoso. A ação de Deus é permissiva de modo que o pecador vem a praticar o mal por sua própria pecaminosidade, e a vontade de Deus venha a ser realizada de modo infalível.
José foi vendido pelos seus irmãos. Isto fazia parte do decreto e projeto de Deus. Contudo, seus irmãos eram moral e espiritualmente responsáveis pela decisão de realizar um ato tão cruel.
Neste texto, Pedro demonstra isto. Quem matou Jesus? As pessoas, os religiosos e as autoridades, mas isto fazia parte da presciência e desígnio de Deus.
Sua morte, fazia parte do projeto de Deus. Jesus tenta explicar isto aos seus discípulos, que não conseguiam entender do que ele falava (Mt 16.21). Sua morte foi um contrassenso, afinal o melhor dos homens é colocado numa cruz. Seu julgamento, uma farsa. Tendo sido absolvido por Pilatos, que tinha o poder de condená-lo ou não, o faz apenas por questões políticas, e para agradar a população que pede sua morte.
É muito comum encontrar tribunais humanos injustos e iníquos. Para executar ou sentenciar um adversário politico, reúnem provas e evidências para afirmar que tal pessoa é culpada, mas no caso de Cristo isto não acontece. Ele é declarado inocente, e ainda assim, executado. Qual tribunal humano, por mais injusto que seja, adotaria semelhante ideia?
Jesus morre por aquilo que ele era: Declarou que era Deus, mas sua sentença não é judaica, e sim romana. Ele foi crucificado e não apedrejado.

  1. Ressuscitou como nenhum outro – A este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor” (At 2.24).
Todas as visitas que as pessoas do mundo inteiro fazem aos sepulcros de seus líderes religiosos, o fazem sabendo que seus restos mortais se encontram ali. Jesus, no entanto, tem o seu túmulo vazio. “Ele não está mais aqui, ressuscitou como havia dito” (Mc 16.6). Nem seus discípulos acreditavam inicialmente, mesmo com as insistentes declarações de Jesus de que isto aconteceria. Posteriomente, porém, se tornaram suas ousadas testemunhas.
Paulo afirma que a ressurreição de Cristo minimizou e relativizou o poder da morte sobre os seres humanos. A morte morreu. “Tragada foi a morte pela vitória” (1 Co 15.54). Paulo adota uma linguagem irônica para zombar da morte. “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão” (1 Co 15.55). Aguilhão é aquele ferro que espeta o boi para que ele ande mais depressa. É algo que machuca, fere, gera dor. Paulo ironiza. Ele afirma que com a ressurreição de Cristo, a morte perdeu seu poder absoluto.
Neste texto, Pedro demonstra que Davi, por mais respeitado que tivesse sido, “morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje”(At 2.29). O corpo de Davi passou pelo processo de decomposição e corrupção. Isto não aconteceu com Jesus. Ele é a primícia dos que dormem. Ele é o “primeiro fruto”, deste cenário que será adotado a todos seres humanos. Assim como ele ressuscitou, nós igualmente ressuscitaremos.

  1. Exerce autoridade como nenhum outro – Esteja absolutamente certa, toda a casa de Israel , de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36).
Outro aspecto da singularidade de Cristo que é demonstrado neste texto é o fato de que Jesus é o nome acima de outros nomes. Ele é Senhor e Cristo. Isto pode ser comprovado em quatro dimensões apresentadas pelo apóstolo Pedro.

  1. Ele tem autoridade sobre a morte – “Deus o ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, porquanto não era possível fosse ele retido por ela”(At 2.24).

  1. Ele tem autoridade sobre todas as coisas “...a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36). 

  1. Ele tem poder para salvar – “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38). “E não há salvação em nenhum outro nome, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

Rev. Hernandes Dias Lopes, escreveu interessante artigo sobre a singularidade deste Jesus, que se aplica bem a nós, no dia do Natal.

Quem é o Cristo do natal?

Antes que houvesse mundo, céu, terra, antes que anjos ruflassem suas asas, antes dos homens, quem era esse Jesus?
Lá na eternidade, este Jesus que proclamamos estava em total e plena harmonia com o Pai e com o Espírito Santo, vivendo completo.
O próprio Jesus orou falando da Sua glória que teve junto ao Pai antes que houvesse mundo.
Esse Cristo, é o Cristo que quando estava sendo criado o universo, foi agente da criação.
O menino na manjedoura, enfaixado em panos, aquele que cresceu em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens, Ele foi criador do universo. Porque “todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez”(Jo.1:3).
Quem é o Cristo do natal?
É aquele que mediu a água dos mares na concha da sua mão
Que mediu o pó da terra em balança de precisão
Que mediu os céus a palmos e estendeu os céus como cortina, para sua habitação
Que espalha as estrela no firmamento e que por ser forte e grande em poder, ao chama-las, nenhuma vem a faltar
Esse é o Jesus que proclamamos no natal!!!
O Jesus do natal foi anunciado pelo Pai lá no Éden, quando o homem pecou e levou a raça humana a queda, ali estava a promessa do Cristo  do natal: Da semente da mulher nascerá Aquele que esmagará a cabeça da serpente!
Toda história bíblica vem falando sobre Jesus, tudo apontava para ELE.
Quem é o Cristo do natal?
É aquele que os profetas anunciaram que Ele seria o grande Deus, o Pai da eternidade, o maravilhoso conselheiro, o príncipe da paz, o Deus forte, poderoso, a razão da nossa vida.
Ele nasceria em Belém, de uma maneira inusitada, de uma virgem....
Quem é o Cristo do natal?
É o Cristo anunciado por um anjo a uma jovem virgem, que disse que a sombra do altíssimo desceria sobre ela e a envolveria e que Aquele que nasceria dela seria chamado filho do altíssimo!
Ele chamará Jesus, porque salvará o seu povo do pecado.
Quem é o Cristo do natal?
Essa é a melhor notícia de todas!!!!
“É que hoje vos nasceu na cidade de Davi, O salvador, que é O Cristo, O Senhor!!!
Ele é o Cristo
Ele é o Messias
Ele é o enviado
Ele é o Senhor
Ele é o Rei dos Reis, Ele é o próprio Deus, que vestiu de pele humana e habitou entre nós!!!!


Conclusão: Que faremos irmãos?

Diante destas evidências, surgem quatro grupos com diferentes respostas ao discurso de Pedro.
Neste texto vemos quatro grupos distintos. Ainda hoje estes mesmos grupos estão presentes quando falamos de uma resposta às coisas sagradas.

Um grupo pergunta o “como”.
É o grupo metodológico. “Como os ouvimos falar, cada um, em nossa língua materna?” (At 2.8). Querem saber o processo. Querem encontrar o mecanismo de causa e efeito do evento. Na cura do cego de nascença vemos este grupo presente: “Que te fez ele? Como  se abriram teus olhos?” (Jo 9.26). Eles não estão interessados por Jesus, mas querem saber o método.

Outro grupo pergunta “Que quer isto dizer?” (At 2.12).
São pessoas especializadas em descobrir o “porque”, o significado filosófico último de uma experiência ou de um fato. Querem entender de forma epistemológica, as coisas sobrenaturais. Entender a essência do fenômeno, estudar suas implicações temporais, seu conteúdo, mas nunca se deixam confrontar com o  poder do cristianismo mais puro e simples anunciado por Jesus, que se revela na experiência com o Espírito Santo de Deus.
É o grupo filosófico diante do evento do sagrado. É o grupo que quer analisar as experiências, que facilmente se tornam críticos da Bíblia, da Igreja, mas não se impressionam com aquilo que Deus está fazendo. Querem apenas saber o que é isto, ou “O que quer isto dizer?”.

Outro grupo faz chacotas: “Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!” (At 2.13). Agem como Festo que ao ser confrontado com a verdade ridiculariza as palavras de Paulo: "As muitas letras te fazem delirar" (At 26.24). Diante do sobrenatural resolvem fazer brincadeira, ao serem confrontados zombam das coisas de Deus, e consideram lixo aquilo que é precioso, desprezam as verdades de Deus, e minimizam o amor de Cristo trazendo sobre si mesmos, severo julgamento.

O último grupo, são os impactados com a mensagem: “Que faremos irmãos?” (At 2.37). É o grupo que se sente impactado com a ação do Espírito, e se abre para as mudanças que Deus deseja fazer. É o grupo que se deixa tocar pelo Espírito de Deus, se vê confrontado e vai em direção a Deus. Estas pessoas se aproximam de Deus, porque consideram fundamental o encontro, porque identificam nas manifestações sobrenaturais alguma coisa sublime, e não querem perder a benção. Este grupo é percebido no texto por causa de suas reações de "perplexidade" (2.6); e por ficarem "atônitos" diante do que experimentam (2.7).
São pessoas que, embora não tenha toda compreensão do que acontece, e nem consigam explicar se permitem ficar diante do Sagrado e serem quebrantadas pelo Espírito de Deus.

Pedro dá três respostas diretas a este grupo interessado nas verdades de Deus:

  1. Arrependei-vos. É necessário mudança de mente e de trajeto de vida. Deus permite retorno (At 3.19-20). “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).

  1. Sejam Batizados – “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” O batismo é a forma de assumir publicamente a fé. Enfrentar a realidade, o julgamento e questionamento dos outros e declarar, sem medo de ser execrado, ridicularizado ou zombado que precisa de Deus. Batismo é um sinal externo de algo que está acontecendo internamente. É resultado de assumir de forma pública aquilo que sabe ser verdadeiro. Pessoas assim assumem o custo de sua fé, afinal, fé que não se assume, que não paga o preço, não é uma fé válida.


  1. Recebam o dom do Espírito – “...e recebereis o dom do Espírito Santo”. Este ato é “passivo”, não é bem uma decisão, é uma consequência da decisão. Quando alguém recebe a Jesus no seu coração, o Espírito passa a dirigir e controlar sua vida. Jesus nos batiza com o Espírito Santo. Por isto o texto nos mostra este derramamento de Deus sobre nossas vidas.

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