Introdução
Uma das coisas mais desejadas por nós é a aprovação, reconhecimento e aceitação. Seja dos homens ou de Deus. Ter o sim, ou o “reforço positivo”, como afirma a psicologia behaviorista é uma fonte de grande alegria. Pode ser o sim da faculdade pela qual tanto aspirávamos, o sim de um emprego desejado, o sim de uma porta aberta, e o sim da pessoa amada.
Quando temos o não da expectativa frustrada, experimentamos um sentimento de rejeição, de fracasso, de autoestima baixa, de não valorização. Raramente ouvimos o não com o olhar de Deus, entendendo que se “uma porta se fecha aqui ou porta se abre ali”, ou que “portas que se fecham são iguais as que se abrem, se abertas ou fechadas por Deus”.
Certamente, o melhor sim e o que deve ser mais aspirado, é o sim de Deus. E o Deus das Escrituras Sagradas é o Deus do Sim. Paulo afirma neste texto: “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim.” (2 Co 1.20)). Esta afirmação, precisa ser bem entendida, porque não raramente gera enorme confusão entre o povo de Deus.
As pessoas dizem: “Em Deus sempre há sempre o sim.” E parece ser isto que o texto nos diz. No vs anterior lemos: “Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, (...)não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim.” (2 Co 1.19) e no vs 18 lemos: “Nossa mensagem a vocês não é "sim" e "não", portanto, precisamos entender o que significa este sim de Deus. Qual é a mensagem que precisamos aprender na Palavra de Deus.
Quando estudamos cuidadosamente a Bíblia, porém, observamos que existem algumas
coisas para as quais Deus não diz sim, porque ele não as aprova.
A. Deus não diz sim ao pecado. Deus não faz concessão para a impureza, ele nunca diminuiu seu padrão ético. No Antigo Testamento ele diz a Israel: “Tu lhes dirás: Sede santos, porque Eu, Yahweh vosso Deus, o SENHOR, sou santo!”.. E no Novo Testamento a mesma exigência moral é feita à sua igreja: “Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo." (1 Pe 1.15,16)
Deus não diz sim a imoralidade, ele não tem compromisso com a infidelidade e nem pactua com a iniquidade. “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (2 Tm 2.13) Para diminuir suas exigências morais Deus precisaria deixar de ser um Deus santo.
Portanto, não há concessão para a graça barata e o discipulado sem custo. Há muitos vivendo na prática do pecado sem considerar a gravidade de sua vida marcada pela impureza, falta de integridade e caráter. A Bíblia afirma: “De Deus não se zomba; aquilo que o homem semear isto também ceifará.” Cuidado! Não brinque com o pecado nem com o diabo.
B. Deus não diz sim a todos os desejos. Já temos falado repetidas vezes como confundimos desejos com necessidades. “E o meu Deus, segundo a sua riqueza e glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” (Fp 4.19). Deus tem compromisso com nossas necessidades, não com desejos.
Deus, portanto, não diz sim e não tem compromissos com desejos. Mesmo porque, desejos facilmente são contaminados. Quando a Bíblia usa a expressão “concupiscência”, se refere a um desejo bom e saudável que foi estragado e corrompido. A fome é boa, a gula é um desejo pervertido; o sono é bom, a preguiça é um desejo pervertido; sexo dentro dos padrões de Deus é abençoado, fora dos padrões de Deus atrai sua ira e julgamento.
Quando Deus admoesta Caim, para levá-lo ao arrependimento, ele diz o seguinte: “Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gn 4.6-7). Nosso desejo, pecado, anseios, carne, conspiram contra Deus e é contra nós mesmos. O que fazemos por prazer não raramente se torna grande pesar.
C. Deus não diz sim a todos os nossos pedidos. Deus ouve todas as orações, mas não diz sim a todas elas.
Ao orarmos, podemos pedir coisas boas e corretas, com coração puro e com fé, e Deus não nos dá porque ele tem propósitos e dentro dos seus misteriosos, eternos, sábios e amorosos planos, ele não quer dar. Outras vezes ele não nos dá porque nossos pedidos são maus, na sua própria essência são contrários a Deus: “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tg 4.3).
Então, podemos pedir coisas boas e não sermos atendidos porque Deus tem outros planos para nossa vida. Ou podemos pedir mal, para satisfazer desejos carnais e por esta razão, também não sermos atendidos.
Diante disto você pode estar falando: Bem, o tema do sermão é o Deus do sim. Mas o pregador até agora falou de três coisas que Deus NÃO dá. Afinal, vamos estudar o sim de Deus ou o NÃO de Deus?
Onde podemos encontrar o sim de Deus?
1. Em Jesus, há sempre o sim. Veja que o texto não diz que em Deus temos o sim em todas as coisas, mas que, em Cristo, temos sempre o sim.
“Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, (...) não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim.” (2 Co 1.19).
Quando olhamos para Cristo e sua obra, nele sempre veremos o sim. Nele não há inconstância, incerteza, ambiguidade. Nele sempre há o sim.
Minha mãe é a última de uma família de 10 irmãos que ainda está viva. Antes da morte de sua última irmã, cuja vida foi desregrada, confusa, louca no sentido mais complexo que esta palavra pode expressar, mas que se converteu a Cristo e teve a graça de criar seus dois filhos no caminho do Senhor e ambos servem fielmente a Deus, minha mãe a visitou no interior de Minas Gerais e perguntou: “Você tem medo de morrer?” E ela disse convictamente: “Zilá! Quem tem Jesus não tem medo da morte!”
Sua resposta firme, nos surpreendeu, mas é exatamente isto que a Palavra de Deus nos ensina neste texto. Em Cristo Jesus, não há sim e não, incerteza, dubiedade, insegurança, talvez. Nele sempre há o sim!
Jesus não falava da vida eterna em termos de probabilidades e possibilidades, mas em termos de certeza. “Quem tem o Filho, tem a vida eterna.” ... “Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim, na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.”
Em Jesus não há insegurança. Nele sempre há o sim. “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim.” (2 Co 1.20). Podemos estar seguros, certos, confiantes. “Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.” (Rm 10.11)
2. Nas promessas de Deus, sempre há o sim. “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim” (2 co 1.20)
Vamos olhar com atenção este texto.
Ele não diz: “Sempre teremos o sim, em qualquer condição ou situação”, antes afirma: Nas promessas de Deus, sempre há o sim. Sublinhe esta palavra ai: “Nas promessas de Deus.”
Este texto precisa ser lido com cuidado para desfazer toda confusão. Quando Deus faz uma promessa, sempre haverá o sim. A questão que importa é a seguinte: “Deus prometeu?”
Certa vez o conhecido pregador americano T. D. Jakes teve um problema em sua comunidade. Um grupo de pessoas estava orando fervorosamente pela cura de uma irmã e apesar dos insistentes pedidos, Deus não a curou. O problema é que alguém do grupo teria dito que havia recebido uma profecia de Deus de que ela seria curada. Então, quando veio a morte, aquilo chocou o grupo. Sabedor disto, ele se reuniu com o grupo que disse: “Eh, Deus prometeu e ele não a curou!”. E ele então disse: “Bem, neste caso, estamos realmente numa grave e séria crise, porque não podemos mais confiar neste Deus. Ele mentiu para nós. Ele disse que faria algo e não fez.” Quando as pessoas começaram a ficar chocadas com a palavra do pastor ele disse: “na verdade Deus não mentiu. Mentiu quem afirmou que Deus disse algo que ele nunca disse.”
O ser humano é capaz de construir projeções inconscientes na alma e projetá-las em Deus. Por isto a Bíblia adverte: “Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram. Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração? O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? — diz o Senhor. Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23.21,26, 28-29)
O sim de Deus não é para aquilo que desejamos que seja, nem para aquilo que dizemos que é, seu sim está fundamentado em suas promessas. “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” (Nm 23.19)
No sim de Deus não temos o talvez. Não é uma aposta, nem salto no escuro. O justo vive pela fé, nas promessas de Deus.
O sim e o não de Deus se torna real em nossas vidas de três formas:
A. Deus nos confirma em Cristo – “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus.” (2 Co 1.21)
Somos confirmados em Cristo por meio da sua obra e de seu sacrifício, por esta razão, todas as bençãos espirituais que recebemos são por meio de Cristo. (Ef 1.13) Em Jesus temos a redenção. O preço de nosso pecado foi pago e fomos justificados (Col 1.13). Em Cristo fomos reconciliados, a paz com Deus nos é dada por meio de seu sangue (Col 1.19).
B. Deus nos sela com seu Espírito – “...que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.” (2 Co 1.22)
O selo é a marca oficial de Deus em nós. Nós somos “carimbados” por Deus. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.” (1 Jo 5.18)
C. Ele nos dá o penhor do Espírito – “...que também nos selou e nos
deu o penhor do Espírito em nosso coração.”(2 Co 1.22)
Selo e penhor são duas bençãos que recebemos de Deus e que nos são dadas ao recebermos o Espírito de Deus, mas as duas tem sentido diferente. Selo é uma marca, penhor é uma garantia.
Paulo afirma: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp 1.6) A obra que Deus começou em nós será completada, não por causa de nós mesmos, mas por causa do Espírito em nós. Ele é o nosso penhor, ele é a nossa garantia. Quando falamos da doutrina da perseverança dos santos, algumas pessoas preferem falar da “perseverança do Espírito Santo.” Não somos nós que por nós mesmos perseveramos, mas é Deus que persevera em nós por meio do Espírito. Estamos marcados, identificados, reconhecidos pelo selo, e somos garantidos e protegidos pelo penhor.
Conclusão
Todos ansiamos pelo sim, mas o sim mais importante vem de Deus. Não importa o que os outros digam, se somos aplaudidos pelas pessoas, mas se não temos o aplauso dos céus, nada vale a pena.
A grande benção do Evangelho é que temos o sim de Deus por meio dele. Jesus nos torna aceitáveis diante do Pai. Não temos sim para tudo que queremos, nem temos o sim para todas as orações que fazemos, mas temos o sim de Deus por meio de Cristo.
Porque adoramos o Deus do sim, podemos descansar em suas promessas. Não precisamos ficar inseguros. O Deus que nos ama tanto a ponto de nos dar seu filho, não nos dará o seu sim? “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32)
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