terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Série: Educando filhos no Séc. XXI - Cap. 9 - Pais...não provoqueis vossos filhos

 




 

"Pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor"(Ef 6.4).

Col 3.21 - "Pais não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados".

 

 

Introdução

 

As relações familiares nem sempre são amenas e muitas vezes são marcadas por grandes discórdias, e até mesmo ira. Não temos dúvida em afirmar que família é uma grande benção de Deus, mas isto não impede que famílias sejam marcadas por disfuncionalidades, neuroses, angústias e abusos. Portanto, as exortações bíblicas "Pais, não provoqueis vossos filhos à ira”, e "Pais não irriteis os vossos filhos” é mais do que apropriada.

 

O termo “pais” que aparece aqui, não se refere a pai e mãe, mas unicamente ao pai, portanto, está focado apenas na figura masculina, embora, certamente possa ser aplicado aos dois. Quando o texto fala de “pais”, está se referindo aos homens.

 

A exortação bíblica é que os pais não devem provocar seus filhos à ira, nem irritar os filhos para que não fiquem desanimados. Uma tradução inglesa, afirma: “Pais, não irriteis vossos filhos para não perder os seus corações.” (NASB) A palavra grega para “irritar” seria ainda melhor se fosse traduzida por “não torná-los amargurados.” Calvino preferiu traduzir da seguinte forma: "para que sejam criados amorosamente".

 

Por que a Bíblia é tão enfática sobre este assunto? E por que ela se centraliza de forma tão direta à figura masculina? Quais são os fatores que tornam a relação dos pais para seus filhos uma experiencia de irritabilidade e amargura?

 

O que irrita os filhos?

 

1.     Incoerência dos Pais

 

Steve Farrar, autor do best-seller “The point Men”, afirma que um dos fatores que mais gera irritabilidade nos filhos é a “injustiça”. Pais podem não ser justos na aplicação da disciplina e no tratamento que dão aos filhos.

 

Alguns anos atrás aconselhei um homem que estava traindo sua esposa, e seu filho, de apenas cinco anos estava percebendo tudo, até que um dia lhe disse: “Pai, o senhor não pode fazer isto... o senhor é um homem casado”. E isto foi um soco na atitude daquele homem que não estava percebendo que seu filho seria capaz de censurá-lo, e isto o fez repensar e retornar à sua família e sua esposa.

 

Filhos se tornam irritados e ressentidos quando pais tratam as situações de forma injusta. Alguns de vocês certamente se lembram o quanto foi dolorido receber tratamento incoerente ou injusto. Algumas vezes este tipo de tratamento deixa marcas tão profundas que acompanham a vida dos filhos para sempre.

 

A habitual contradição na educação ou injustiça no tratamento recebido, pode causar um acúmulo de ira que amargura a relação com os pais. A disciplina incoerente fere os filhos. O favoritismo por um dos filhos também pode ser uma forma de tratamento injusto, especialmente quando tal preferência se torna explícita.

 

2.     Desencorajamento

 

Esta é outra maneira perigosa de irritar os filhos e gerar grandes danos a alma da criança. Isto é mais explícito na falta de apreciação dos pais pelas boas atitudes dos filhos. Existem pais sempre prontos a criticar, mas como muita dificuldade de apreciar o que o filho faz de bom. Frases como: “Você não presta pra nada!”, “você não faz nada certo!”, “você só me dá desgosto!”, “você é imprestável!”, “você é burro!” penetram na alma de uma criança como uma nódoa, trazendo sofrimento anos a fio. Esta é uma das formas mais fáceis de trazer irritação e amargura ao coração dos filhos.

 

John Eldridge no livro, “Coração selvagem” afirma que uma das maiores expectativas do filho em relação ao seu pai é saber se ele tem valor. Eldridge afirma que as mães não outorgam masculinidade, mas apenas o homem. A criança do sexo masculino está sempre querendo saber o que seu pai acha do que ele fez, e sempre espera a apreciação que muitas vezes nunca chega, um elogio que sempre é negado. Lamentavelmente pais encontram muita dificuldade em apreciar o que o filho faz de positivo. Muitas palavras ditas com críticas e desprezo são sentenças pesadas que duram por muitos anos.

 

É fácil depreciar, ridicularizar, irritar. Filhos, precisam ser encorajados.

 

3.     Negligência e descuido

 

William Hendriksen coloca a negligência como um dos fatores que trazem amargura ao coração dos filhos. Robert Coles afirma: “Penso que o que os filhos precisam desesperadamente nos dias de hoje é um propósito moral. Os pais estão preocupados em conduzi-los ao colégio certo, comprar melhores roupas, morar em uma boa vizinhança, dar-lhes melhores brinquedos, fazerem viagens interessantes, e embora tais coisas sejam importantes, os pais não estão gastando tempo com seus filhos, pelo menos o suficiente”.

 

Infelizmente algumas das crianças e adolescentes mais amarguradas que encontramos procedem de lares ricos e abastados. Não seria por causa da negligência e atenção que os pais deveriam dar aos filhos? Sua preocupação exagerada em ganhar dinheiro, dar uma boa vida, pode facilmente levar o pai a estar sempre ausente de casa e nunca gastar tempo com seus filhos. Sua falta de tempo, negligência, descuido e desatenção, em não participar da vida do filho, e observar o que está acontecendo impossibilita os pais de perceberem a direção que o coração dos filhos está seguindo e ajudá-los nas suas escolhas morais e espirituais e no seu processo de amadurecimento. São pais passivos e ausentes.

 

Se você quiser estudar um pouco do resultado do descuido na criação de filhos, leia atentamente a história de Davi. Sua incoerência e ausência em relação aos seus filhos foram fatais na vida dos filhos. Ele não repreendeu seu primogênito Amnon, seu provável sucessor do seu reinado, quando este abusou de sua irmã; Ele não protegeu sua filha Tamar quando foi violentada, ele não tratou da alma de seu filho Absalão, que desenvolveu uma relação de ódio declarada contra ele. Com um mínimo de sensibilidade e bom senso, a família de Davi teria sido poupada das tragédias shakespearianas que aconteceram na sua casa. Mas Davi ignorou a dor de seus filhos e as lutas que eram travadas em seus corações.

 

A recomendação bíblica segue em duas direções: “Criai-os na disciplina e admoestação do Senhor”.

           

Criai-os na disciplina

 

Disciplina tem a ver com correção. A disciplina tem a função de estabelecer os limites. Crianças geralmente não tem noção do que é perigoso e podem sofrer graves acidentes.  Certamente vocês já viram cenas de crianças correndo riscos em lugares perigosos e os pais desatentos. Quando meu filho Matheus tinha dois anos de idade, no dia da mudança para a cidade de Brasília, eu o encontrei assentado na janela do quarto andar do apartamento onde iriamos morar.

 

Ao crescerem, embora os limites sejam de outra natureza, precisamos ajudá-los na vida. Eventualmente eles nos questionarão, não concordarão com a decisão que tomamos como pais, mas uma das funções claras na Bíblia é que os pais devem criar os filhos sob disciplina, e evitar que sejam “desordenados” (1 Tm 3.4-5). Muitos filhos são desorganizados, indisciplinados, sem noção de certo e errado, de limites. Chutam canela dos pais, batem no rosto dos pais, cospem nas pessoas. Conheço famílias que hoje não convidam amigos para irem para suas casas porque os filhos vão literalmente destrui-la.

 

Por outro lado, muitas crianças são cheias de exigência, não obedecem a nenhuma regra e não recebem qualquer limite de seus pais. Muitas xingam, desobedecem frontalmente, e os pais dizem que não conseguem fazer nada. São pais inseguros em relação a sua tarefa, que deixarão seus filhos inseguros em relação ao comportamento que precisam ter.

 

Atualmente há uma negligência clara quando se trata da disciplina. Mas se você deseja obedecer à Palavra de Deus, você disciplinar seus filhos. Um lar cristão não deve rejeitar este mandamento. Filhos precisam entender o que significa “não”, quais são seus limites, como devem se comportar. A Bíblia adverte que “a vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe." (Pv 29.15) Em provérbios lemos ainda: “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.” (Pv 23.13,14) Muitas vezes a disciplina envolve punição e castigo. Os judeus afirmam que as crianças têm ouvido nas costas.

 

A palavra disciplina que aparece neste texto vem do grego paideia, de onde surge o termo pedagogia em português, e significa “cuidar, possuir a força de punir, castigar, direcionar”. Mas disciplina possui uma ideia ainda mais profunda: orientar, dirigir, dar direção.

 

Criai-os na admoestação do Senhor

 

Os filhos não apenas devem ser criados na disciplina, mas também na admoestação, conselho, orientação, palavra de direção que venha de Deus. Filhos precisam saber onde podem e não podem ir, o que podem e o que não podem fazer, tendo como fundamento os princípios do Senhor.

 

A Palavra de Deus torna-se o manual para a orientação que deve ser dada aos filhos. Ela precisa ser ensinada. A palavra “admoestação” que aparece no texto vem de nouthesia, cuja raiz da palavra é “nous” (mente), que significa colocar a mente no lugar. Jay Adams fala muito do aconselhamento noutético afirmando que o grande desafio do conselheiro cristão é ajudar as pessoas a pensarem de acordo com as Escrituras Sagradas.

 

Assim como a disciplina, não deve ser limitada a punição, mas tem como foco o estabelecimento de princípios, valores e limites, admoestações não são broncas, mas orientação. Devemos orientar nossos filhos em relação à vida e decisões espirituais e morais que deverão assumir, e tudo referência dos princípios e valores deve estar fundamentado em Deus. A base ética da família é teocêntrica, está em Deus, por esta razão a pedagogia humanista e os valores morais decorrentes da cultura e da sociedade não servem de parâmetros para a instrução que devemos dar aos filhos.

 

Conclusão

 

As consequências da irritar os filhos são drásticas.

 

Trazem desencorajamento, frustração e desânimo. Isto pode desembocar em depressão ressentimento, violência e fortes atitudes reativas. Um exemplo bem claro disto está na vida de Esaú, filho de Isaque e Rebeca. Por causa das preferências familiares e da hostilidade dentro de casa, ele se tornou uma pessoa amargurada e birrenta. Por causa do conflito entre Esaú e seu irmão Jacó, as coisas ficaram muito difíceis em casa. Rebeca foi a causa direta da ruptura entre os irmãos. Veja o que aconteceu:

 

E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher das filhas de Hete, como estas são, das filhas desta terra, para que me servirá a vida?” (Gn 27.46).

 

O que então fez Esaú diante da preocupação de sua mãe e de seu pai?

 

Vendo, pois, Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar mulher dali para si, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaã; E que Jacó obedecera a seu pai e a sua mãe, e se fora a Padã-Arã;Vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai, foi Esaú a Ismael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres, a Maalate filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote.” (Gn 28.6-9)

 

Saul de forma reativa e para ferir seus pais tomou a decisão de fazer exatamente o contrário que Rebeca, sua mãe, desejava. Um filho amargurado com os pais terá para sempre uma ferida no coração e será sempre rebelde, mesmo que isto traga danos a si mesmos. Filhos amargurados saberão como ferir seus pais. Uma criança abusada tende a abusar de outras pessoas também.

 

Por isto, a base do conteúdo deste ensinamento, encontra-se em Deus. Devemos criar nossos filhos na disciplina e temor do Senhor. A base deve estar firmada em Deus, no seu projeto, no seu plano. Fora disto o resultado será sempre catastrófico.

 

Conclusão

 

Somos constantemente desafiados nas Escrituras Sagradas a sermos modelos e referência espiritual, emocional e espiritual para nossos filhos. Como diz um poeta brasileiro, “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender.”

 

O grande desafio nosso não é saber as verdades de Deus, mas como aplicar estas verdades na nossa experiencia cotidiana. A Bíblia exorta aos maridos para amar suas esposas. Por que então não as amamos como a Bíblia ensina? Por uma razão complexa: Nossa realidade pecaminosa. Somos seres pecadores, carentes da graça de Deus.

 

Por isto Paulo exclama: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.” (Rm 7.18-20).

 

Paulo percebia a dura realidade de sua vida. Um ser contraditório, ambíguo, que se desvia prontamente de Deus. Como temos errado na educação que damos aos nossos filhos, como falhamos na tarefa de não provocá-los ou irritá-los. Quantas vezes, querendo fazer o bem, nos equivocamos e fazemos o mal. Precisamos nos arrepender sim, de nossa atitude pecaminosa, mas precisamos também da graça e do poder de Deus para sermos o que ele deseja que sejamos.

 

Somente a graça e o poder do Evangelho são capazes de nos tirar dos condicionamentos psicológicos pecaminosos e nos levar novamente a refletirmos o caráter de Cristo. O evangelho não é sobre o que somos capazes de fazer, mas o que o Espírito Santo é capaz de fazer em pessoas pecaminosas como nós. Por isto nos aproximamos de Cristo, para receber socorro, graça e misericórdia, e assim refletirmos o caráter do Filho de Deus. Amando, perdoando, sendo misericordioso, generoso, amável. Precisamos de Cristo.

 

Educação de filhos na perspectiva do evangelho não é apenas um “manual behaviorista”, não é sobre nossa competência e habilidade. Precisamos de Jesus para abençoarmos nossos filhos e assim trazermos saúde emocional e glória ao nome de Deus.

 

 

Série: Educando Filhos no Séc XXI. Capítulo 8. Princípios de Disciplina

 


 

 

 

Introdução

 

Somos uma sociedade sem disciplina, e quando se fala do assunto, até mesma a ideia em si causa certa aversão. No entanto, a disciplina do caráter é algo extremamente bíblico.  Ao invés de ser vista como negativa, é descrita na Bíblia como algo que traz vida. Como muitos outros pontos doutrinários que rejeitamos, o problema é o fundamento da análise. Antes de pensarmos na disciplina em si mesma, precisamos pensar alguns elementos que a precedem. Um destes aspectos é a autoridade.

 

A fonte de autoridade

 

Nossa cultura tem dificuldade com autoridade, tanto para submeter-se a ela quanto para exercê-la, e isto se reflete em nossos lares.

 

ü  Precisamos entender nossa autoridade. Não precisamos mendigá-la, mas exercê-la (Gn 18.19).

 

ü  Deus criou a família num sistema hierárquico, e ela só funciona bem quando o plano de Deus é exercido. Deus trabalha numa filosofia hierárquica, e Deus quer nos abençoar nesta subordinação. Por exemplo, em Col 3.18 nos é dito que a submissão da esposa ao marido convém ao Senhor. Não é conveniente aos homens, mas a Deus.

 

ü  Deus tem um objetivo em nossa liderança. Entender este princípio simples, capacita-nos ao exercício do mesmo (Ef 6.4).

 

ü  Não existe autoridade autóctone, mas delegada (Rm 13.1-2). Nossa autoridade não está em nós mesmos (Mal 2.2), mas na investidura que por ele nos foi dada.

 

Por que disciplinar?

 

1.     As crianças não nascem moralmente neutras, antes nasce em pecado (Pv 22.15). Então, por causa do coração de seu filho você precisa discipliná-lo. A alma de seu filho corre perigo (Pv 23.14). Por isto a Bíblia afirma que "a criança, entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe" (Pv 29.15,17).

 

2.     Porque você está sob autoridade para exercer autoridade – Você é agente de Deus. Foi colocado por Deus para liderar a vida de seu filho

 

3.     Porque não disciplinar é desobediência a Deus (1 Sm 3.13). Você foi colocado para disciplinar, mas você recusa a obedecer. Você não tem de pensar se pode, tal autoridade já lhe foi dada pelo Senhor. Quando você usa a vara, não o faz porque entende tudo a este respeito, mas o faz em obediência a Deus. Deus determinou isto.

 

4.     O que a disciplina faz pela criança? "A vara e a disciplina dão sabedoria" (Pv 29.15).

 

Usos equivocados da disciplina

 

1.     Disciplina exercida sob forte pressão emocional – Muitos pais disciplinam seus filhos com raiva. É bom lembrar que a disciplina não é para demonstrar sua ira, mas para trazê-los novamente ao caminho de Deus. A causa da disciplina deve ser clara. A criança precisa entender porque vai receber a disciplina. A criança que aceita estas verdades aceitará a disciplina. Ao disciplinar o filho que amamos, estamos recusando a nos tornarmos cúmplices de sua atitude pecaminosa (Pv 19.18).

 

A.    A disciplina deve ser corretiva, não punitiva. A correção leva o filho a realinhar suas atitudes pecaminosas e ajudá-lo a compreender o perigo de suas erradas decisões.

 

B.     A disciplina deve ser terapêutica, não penal. Não é retribuição pelo erro do filho. O objetivo é a restauração. Cuidado com a mentalidade punitiva.

 

C.    A disciplina deve produzir crescimento, não dor. A única dor que deve ser admitida é a dor com o próprio pecado. É a tristeza segundo Deus que promove o arrependimento.

 

D.    A disciplina é gesto de amor, não de raiva (Pv 3.12; 13.24; Ap 3.19). Toda disciplina parece dura, mas a Bíblia afirma que ela traz fruto pacífico aos quem tem sido por ela exercitados (Hb 12.11).

 

E.     Disciplina não é um meio de extravasar a ira e frustração dos pais. Filhos não podem se tornar bodes expiatórios. A Bíblia afirma que “a vara da indignação falhará!” Bater com raiva serve apenas para, pecaminosamente, extravasarmos nossa ira pecaminosa. Não ajudamos os filhos a entenderem o evangelho e o caráter de Deus, que disciplina seus filhos porque ama, e não porque perdeu seu controle emocional.

 

F.     Permita que o filho avalie sua própria desobediência. Analise com ele o problema. Seu objetivo é ajudar seu crescimento, e quanto mais ele entender a si próprio na dimensão do evangelho, melhor será seu crescimento em direção a Jesus.

 

2.     O uso do emocionalismo para manipular comportamento – Muitos pais usam suas emoções para envergonhar e privar a criança. O apelo nestes casos, não é a glória de Deus. Trata-se de uma punição emocional e por esta razão a criança não entende biblicamente a razão e o objetivo da disciplina.

 

A.    Não seja excêntrico nem caprichoso, preste atenção às regras estabelecidas. Isto tem a ver com coerência e constância. Algumas exigências paternas estão fora da realidade emocional da criança e de sua idade. Alguns querem transformar seus filhos em meninos e meninas que são seres perfeitos.

B.     Estabeleça o menor número de regras. Regras demasiadas tornam complexo a compreensão daquilo que é básico e inegociável.

C.    Esteja disposto a admitir que errou. Talvez esta seja a forma mais efetivo para levar nossos filhos a entender conceitos de humanidade e pecaminosidade, e de graça e perdão. Nossos filhos aprendem mais do evangelho em tais situações do que podemos imaginar e conceber.

D.    Assegure-se que você e seu cônjuge tenham o mesmo ponto de vista. Filhos podem jogar o pai contra a mãe, mas quanto mais bem sucedido ele for nessa tarefa, mais inseguro se tornará, porque sua alma torna-se ambivalente.

E.     Jamais ridicularize ou deprecie seu filho. Para a maioria, o senso de valor próprio é muito frágil. Quando depreciamos alguém, comunicamos rejeição e não correção. O ridículo frustra o propósito disciplinar.

 

3. O propósito da Disciplina –Quando eu digo à criança que ela deixou de me obedecer, estou esquecendo do foco central da disciplina: ela foi rebelde e pecou contra Deus. Nossa atitude religiosa pode tirar o foco do objetivo principal que é trazer o coração de nossos filhos para perto de Deus. Alguém disse que "legalismo é fazer as coisas certas pelos motivos errados". A maioria dos filhos afasta-se do Evangelho não por causa do cristianismo em si, mas pela caricatura que criamos.

 

Objeções comuns à disciplina

 

1.     As crianças precisam aprender a decidir para se tornarem maduras – é verdade, mas mesmo nesta decisão é importante que saibam que estão sob autoridade.

 

2.     Amo demais meus filhos para discipliná-los – É importante observar que esta visão é contrária à visão das Escrituras Sagradas. Que diz: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.” (Pv 13.24).

 

3.     Tenho medo deles se tornarem revoltados – Mais uma vez precisamos retornar à Bíblia: “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe.” (Pv 29.15) Geralmente as crianças têm um forte senso de justiça e quando a disciplina é aplicada assim, eles se submetem a ela.

 

A disciplina deve conter: Constância, Consistência e Consequência[1]

 

1.     Constância – Não se deve punir o filho uma vez e menosprezar outras. Ele precisa saber o valor da disciplina; muitos pais falham em persistir. Os filhos não mudam de uma hora para outra, e muitos pais desistem, desencorajados.

 

2.     Consistência – A criança precisa saber em que situação será punida. Educação contraditória torna-se complexa para o coração dos filhos. Muitas vezes a disciplina não funciona por causa de nossa inconsistência, ou por alguma falta básica de integridade dos pais com Deus ou com seu filho, ou com ambos.

 

3.     Consequência – Eles precisam saber que desobediência e rebeldia trazem sérias implicações e que existe preço quando as normas são quebradas. Isto ajuda a formação do superego, que é a imagem social da criança, e cria limites para elas. Pais superprotetores não delimitam os espaços para os filhos que acabam pagando um preço caro adiante.

 

Disciplina e o Evangelho

 

Toda disciplina deve ser uma dramatização do Plano Redentor e da forma como Deus trata a humanidade. Deve trazer uma compreensão do nosso pecado e do perdão e restauração presentes em Cristo. Na cruz, as pessoas pecadoras são restauradas e revestidos de poder para viverem novas vidas. A dependência de seus próprios recursos leva-os a se afastar do Evangelho. Manter-se muito em regras e normas pode gerar farisaísmo, ou orgulho. Muito de nossa educação se baseia em dois princípios profundamente contrários ao Evangelho: Orgulho ou Medo.

 

No medo, tenta-se fugir das consequências, da punição. Neste caso, as máscaras, o cinismo e a hipocrisia podem se tornar instrumentos malignos e manipulativos da criança.

 

No orgulho, cria-se o sentimento de superioridade e vaidade. "Você não quer ser como tal tipo de gente..." Isto nos afasta também do Evangelho, levando-nos a depender de nossos esforços e de nossa carne.

 

Motivando os filhos

 

Todos nós queremos encorajar nossos filhos à fé cristã. Eventualmente nos sentimos fracassados com esta tentativa de educá-los. Além das normas e regras que criamos, precisamos de um poder capacitador para realizar nossa tarefa:

 

1.     O Espírito Santo – Precisamos recordar que o Espírito é que nos capacita a vivermos uma vida santa. Ele atinge o âmago da pessoa e a motiva a agir. Pode modificar o senso de valores e perspectivas, O Espírito modela. Ore para que o Espírito de Jesus encha seu lar.

 

2.     A Palavra – Precisamos crer no poder da Palavra (Pv 22.6). Ela é viva e eficaz (Hb 4.12), não apenas letra, mas espírito e vida (Jo 6.63).

 

3.     Oração – "Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (Tg 5.16).

 

4.     O poder do Evangelho – Temos perdido a capacidade de crer que o Evangelho pode mudar qualquer pessoa, em qualquer circunstância, porque ele é "O poder de Deus para salvação" (Rm 1.16). O Evangelho demonstra nossa incapacidade, mas revela o poder de Cristo agindo no meio de sua igreja e de nossa família. Precisamos deste poder, para vivermos uma vida que agrade a Deus.


[1] Içami Tiba.

 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Cap. 7 - Série: Educando Filhos no Séc.XXI - Igreja e Familia Balanceando influências Dt 6.4-8

 


 

Se pensarmos em termos da quantidade de tempo disponível para cuidar espiritualmente da alma dos filhos, certamente ficaremos assustados ao perceber quão pouco tempo temos para equilibrar este grande descompasso entre a educação secular e a cristã. Enquanto uma criança gasta cerca de 3000 horas por ano em escolas, terá apenas 50 horas na igreja.

 

Nenhuma instituição tem mais tempo e possibilidades de exercer influência sobre os filhos que a família. Igreja e família, portanto, precisam se aliar para balancear esta influência, diante da esmagadora força do secularismo. Certa mulher disse ao seu pastor que não sabia porque o seu filho havia se afastado da igreja, afinal, ele fora criado na igreja. E o pastor respondeu: “Este foi o seu problema. Filhos devem ser criados em casa, não na igreja”.

 

A igreja consegue:

a.     Criar vínculos históricos, formando uma identidade, dando senso de pertencimento. Esta é, a base de sustentação do judaísmo. Por onde iam, levavam consigo símbolos, afirmações de fé, e principalmente, a Torah, que era lida nas sinagogas, além do fato de que tradições religiosas eram rigorosamente preservadas como o sábado e o Bar Mitzvah, por exemplo;

 

b.     A igreja pode encorajar os pais, fornecendo conteúdos apropriados, encorajando-lhes a fé, ajudando-os a preservar convicções através de liturgias e símbolos;

 

c.     O grande desafio da igreja encontra-se em atualizar os métodos, criando linguagem propícia para transferir informações e conteúdos que possam apoiar a espiritualidade e caminhada de fé da família.

 

Em contrapartida, a família deve:

a.     Encorajar seus filhos a criar relacionamentos, a desenvolver práticas religiosas.

 

b.     Criar modelos de vida cristã, que possam sustentar os filhos em relação às próximas gerações.

 

c.     Quando Deus resolveu se encarnar, não foi sem motivo que ele escolheu uma família. As primeiras experiências de afeto e acolhimento foram por meio de uma família. 

 

Por isto precisamos, buscar o equilíbrio de forças. Igreja e família somando para encorajar a fé, afinal:

A.    Quem vai controlar o coração e a mente dos filhos?

B.    Basta pensar de forma estatística:

i.               Quanto tempo a criança gasta na escola?

ii.              Quanto tempo a criança fica na igreja?

iii.            Quanto tempo significativo ele desfruta com os pais?

iv.            Quanto tempo na internet e nas redes sociais?

 

O texto de Deuteronômio 6.4-12 nos fornece estratégias importantes para a caminhada com os filhos.

 

Moisés havia sido líder do povo de Deus por quase 40 anos e agora percebia que sua partida estava chegando, então, solenemente, transmitiu estas palavras, como que para assegurar que a nova geração estaria protegida das influências pagãs e idolátricas do povo de Canaã. Ele sabia que não seria fácil, e dá algumas direções para o povo de Deus. Estas palavras foram proferidas cerca de 3500 anos atrás.

 

Eis alguns princípios:

 

1.     Mantenha o eixo central bem firmado – Moisés profere em Dt 6.4, aquilo que ficou conhecido como o Shemah hebraico: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” . Esta afirmação ficou tão clara na comunidade hebraica, que ainda hoje os judeus mais religiosos ainda a proferem pelo menos duas vezes com seus filhos: “O Senhor nosso Deus, é o único Senhor”.

 

Este é o eixo central, em torno do qual deve girar todas as demais coisas.

 

O Salmo 78 afirma: “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não encobriremos aos nossos filhos; contaremos às vindouras gerações, os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez”  (Sl 78.1-2). Este legado não poderia ficar encoberto pelos pais. Os filhos deveriam ouvir de onde vinham, ter identidade e conhecer o Deus de seu povo.

 

A preocupação de Moisés era mais que justificada, porque logo depois da morte de Josué, a geração seguinte se perdeu completamente. “Depois da morte de Josué, levantou-se uma geração que não conhecera o Senhor, nem ouvira falar dos feitos de Deus”(Jz 2.10), e por não terem atentado para este principio, os filhos se apostataram seguindo Baal e Astarote, deuses cananitas.

 

Aos pais descuidados e desatentos espiritualmente é bom lembrar que se eles se afastarem da igreja, a próxima geração ainda se lembrará um pouco de sua origem religiosa, mas a outra geração, sem conexão alguma com Cristo, vai descambar para o misticismo e teremos netos de crentes seguindo seitas exóticas, praticando macumba e rituais animistas. Eu particularmente já tenho visto estas trágicas situações em nosso meio.

 

Para Reggie Joiner (Pense laranja), manter este eixo central é forma de “imaginar o final”. Em épocas de crise, em dias sem esperança, quando não ha soluções simples, nem revelação específica de Deus, o povo de Israel deveria confiar no princípio, mantendo o fim em mente:

 

“Minha família faz parte de algo maior,

e Deus deseja mostrar seu poder redentor em nossa vida”.

 

2.     Use uma abordagem pessoal – Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração” (Dt 6.6).

 

Antes de ser transmitida, precisa ser recebida e adotada em nós. Antes de ensinarmos, precisamos aprender. As verdades espirituais devem passar primeiramente pelos nossos corações.

 

Antes de falar o que fazer com os filhos, Moisés orienta sobre o que a atitude dos pais. Certas coisas não podem ser ensinadas se não forem previamente adotadas por nós, princípios espirituais cabem nesta lista. Antes de pensarmos no que os filhos estão se tornando, precisamos pensar em que estamos nos tornando.

 

Isto implica não apenas em ensinar, mas demonstrar.

 

Certo pai doou 5 reais na hora do ofertório na igreja, e ao sair do culto, passou a reclamar das músicas, do sermão do pastor, do banco duro, do calor, e o filho de 6 anos que observava tudo comentou: “Também... com a oferta que o senhor dá...”

 

Não tenho nenhuma dificuldade em batizar crianças, encontro bases suficientes na Bíblia para realizar este ato sacramental, mas tenho grandes crises quando pais, que não tem nenhum compromisso com o reino de Deus, nem com a igreja local, decidem fazer votos que não são podem cumprir. Por isto, diante de pais que não tem claros compromissos espirituais, costumo perguntar: “Vocês  tem condições, em boa consciência, diante da igreja e principalmente de Deus, de responder estas questões?” E leio as perguntas que deverão responder.

 

Alguns afirmam que sim, assumem compromisso, mas o fazem de forma leviana.

Outros, ao serem indagados, admitem que não podem, mas querem mudar.

 

Outros, não tem nenhum problema com tais afirmações, porque isto faz parte de sua vivencia espiritual.

 

Os filhos precisam ver os pais:

i.               Assimilando o Evangelho nas suas vidas

ii.              Confessando pecados e demonstrando arrependimento

iii.            Se alegrando em fazer parte da família de Deus

iv.            Lutando pelo casamento com temor e tremor

v.              Orando, agradecendo a Deus pelas bençãos, e buscando a graça de Deus para serem espiritualmente vitoriosos

 

Pais precisam ser modelos. Filhos precisam de modelos. Na segunda série destas palestras afirmei que “não existem filhos problemas, existem pais problemas.” Isto pode assustar-nos, mas o que eu tenho percebido é que filhos que crescem em lares que amam o Senhor, podem até se desviar, mas eventualmente retornarão ao Senhor.

 

A vida com Deus, precisa ser uma realidade em nossas vidas, para que os filhos assimilem as verdades das Escrituras Sagradas.

 

3.     Lute pelo coração – Moisés tinha clareza de que o grande alvo dos pais seria lutar pelo ponto central da existência humana: o coração.

 

Ele fala de que a relação com Deus deveria ser sustentada à base dos afetos: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento”. O coração dos filhos deveria ser o objetivo da pedagogia do povo de Deus. Eles deveriam aprender amar a Deus.

 

O que distingue uma fé ritualista e institucional de uma fé viva, é a força impulsionadora do amor. A fé precisa passar pelo coração.

 

Já citei e até mesmo proferi uma palestra baseada no livro de Ted sobre educação cristã, “Pastoreando o coração das crianças.” Ele conseguiu fugir dos conceitos comportamentais e dos jargões psicológicos, e abordar a disciplina dos filhos na perspectiva do Evangelho. Na educação cristã, o alvo não é apenas corrigir comportamentos na base do reforço positivo e negativo, nem para que os filhos nos deem sossego e não causem problemas por falta de educação, o grande alvo deve estar ainda acima destas coisas: As verdades da Palavra de Deus precisam penetrar a alma dos filhos.

 

Reggie Joiner faz a seguinte afirmação:

“Há pais que são mais eficientes em lutar para vencer uma discussão do que em brigar para ganhar o coração de seus filhos” (Pense laranja, pg 58).

 

Moisés instrui os pais.

Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos, e juízos que o Senhor Deus vos ordenou? Então dirás a teu filho: Éramos servos de faraó, no Egito; porém, o senhor de lá nos tirou com poderosa mão”(Dt 6.20-21).

 

Como ganhar o coração dos filhos?

 

Isto só é possível mediante um relacionamento de confiança. Moisés não apresenta muitas razões práticas, mas ele ensina que Deus é digno de confiança e tem um envolvimento afetivo com o seu povo. Ele é um Deus de aliança, Deus de pactos.

 

O principal alvo não é levar os filhos a seguir regras (behaviorismo), mas demonstrar que podem confiar em nós e saber que os amamos. A quebra de confiança afeta a segurança que eles poderiam ter nós.

 

Alguns exemplos práticos:

 

i.               Conheci uma mulher que saiu de casa dizendo para a filha de 4 anos, que iria na mercearia comprar balinhas, e voltaria logo. Entretanto, mudou-se para os EUA, e só a reencontrou, 12 anos depois. Como você acha que pode ser o coração de uma criança assim em relação à confiança e amor materno?

 

ii.              Não é muito raro encontrar pais que tem facilidade em aplicar disciplina quando estão irados. Ao fazer isto, demonstram que não estão realmente preocupados em educar, e sim, resolver a ira e a raiva momentânea que os controla. Por isto a Bíblia afirma que a vara da indignação falhará.

 

iii.            Pais facilmente esquecem a necessidade dos filhos. A Bíblia ensina a não irritar os filhos (Col 3.21) Será que já paramos para considerar o que significa causar ira em nossos filhos? Quais são as atitudes que temos e que causam raiva em nossos filhos?

 

iv.            Pais descuidadamente podem quebrar promessas, agirem de forma incoerente, fazendo com que os filhos não estabeleçam relacionamentos de confiança.

 

As feridas mais profundas no coração dos jovens estão relacionadas à questão da confiança. Filhos são capazes de lidar relativamente bem com a pobreza, e até mesmo com a escassez, mas não sabem lidar com a falta de coerência dos pais, isto traz muita insegurança, dúvida, dor e ira.

 

4.     Estabeleça uma dinâmica – (Dt 6.7-8)

 

Neste texto inspirado por Deus em Deuteronômio, Moisés fala da importância de estabelecer ritos e criar dinâmicas para tornar o aprendizado mais efetivo, Isto implica numa atitude cotidiana e intencional e demonstra a necessidade de não compartimentalizar a fé , tornando-a apenas uma pequena parte de nossa história.

Inculcar demonstra persistência. O conceito hebraico de ensinar consistia em “provocar o aprendizado”.

 

Moisés fala de uma pedagogia sistemática e estratégica.

Crianças aprendem melhor quando rotinas são estabelecidas.

 

i.               No horário das refeições – Estatísticas demonstram que quanto mais os membros de uma família comem juntos, menos chances terão os filhos se envolverem em drogas, caírem em depressão, ou irem para a cadeia.

 

Jeremy Adams, reconhecido como “o professor do Ano”, em 2018, nos Estados Unidos, escreveu um livro sobre a Geração Z, a quem ele chama de “Uma geração de zumbis”[1]. O primeiro grupo que nasceu digital, conectado, móvel e que nunca viu o mundo sem internet. (Os nascidos entre 1995-2015).

 

Para Adams, esta geração é menos educada, mais deprimida, hiper-conectada tecnologicamente, mas distanciada de seus familiares, igrejas e comunidades. A depressão aumentou 63% nos adolescentes e o suicídio 56% entre 2007 e 2017. Para ele, a dissolução familiar e o grande aumento do divórcio foram os grandes responsáveis. Famílias que tem pelo menos uma refeição com todos os presentes, diminui o número de jovens fumantes, uso de álcool e droga, desordens alimentares e atividade sexual. Para ele, os adolescentes que jantam sozinhos, colocam seu foco não na família, mas no celular. “A negligência da vida familiar é a maior responsável, não apenas por trazer uma sensação de vazio aos estudantes, mas a vida do povo americano, em geral.”

 

ii.              Fazendo caminhadas – Andar com os filhos, pelo caminho, levando-os à escola, andando de bicicleta, estimula o diálogo informal. Muitas vezes a agenda apertada torna-se um problema para termos a bencao de simplesmente andar com nossos filhos.

 

iii.            Hora de dormir – gastar um tempo com os filhos, especialmente quando ainda sao menores, antes de dormir, certamente criam momentos estratégicos para se conversar sobre o dia que passou. Falar sobre tristezas e alegrias, conversar acerca dos ups and downs.

 

iv.            Hora de acordar – tomar café de manhã juntos é também uma boa oportunidade  para orar pelo dia, falar um pouco do que vai acontecer no dia, criar expectativas.

 

A cultura hebraica reconhecia a dinâmica dos dias, bem como da semana, e mesmo do ano, já que preservava festas fixas como páscoa, tabernáculo, purim, etc.

 

Quando se fala de tempo com os filhos, sempre surge a tensão: quantidade ou qualidade? A resposta melhor, certamente é: ambos.Famílias que passam mais tempo, juntos tem mais eficácia em causar impacto nos filhos.

 

Para desmascarar a ideia de que quantidade de tempo pode substituir a qualidade, existe uma boa ilustração: morar perto de uma academia (ou ter aparelho em casa), não lhe transforma em um atleta.

 

Para desmascarar o mito de que qualidade pode substituir quantidade, o exemplo é: Se você vai para a academia e exagera a dose nos exercícios, depois de muito tempo sem praticar, pode ter entorses e traumatismos.

 

Por isto, certo autor fez as seguintes observações:

 

Momento                                Comunicação                         Alvo

Refeição                                                      Conversa informal                                 Estabelecer valores

Tempo no carro                                      Diálogo informal                                    Interpretar a vida

Hora de dormir                                       Conversa intima, oração                     Cultivar intimidades

Café da manhã                                         Palavras de incentivo                           Instilar propósito

 

Aplicações:

 

a.     A comunicação se torna mais eficiente quando as duas forças trabalham em parceria;

 

b.     Duas forças unidas causam impacto maior que separadas;

 

c.     “Não é a informação nova que cativa a imaginação. É sua apresentação. O mundo cultural reinventa, a todo momento, a forma de falar “. (Reggie Joiner, pg 150).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] https://portalcontexto.com/tag/jeremy-adams/