domingo, 12 de fevereiro de 2023

2 Co 5.12-17 O Novo homem

 



 

Introdução:

 

No livro Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley fala de uma droga chamada “soma”, que teria o poder de retirar do ser humano, todas as asperezas e fragilidades e o transformar numa pessoa potencializada, pura e profunda.

 

Recentemente o filme “Sem limites”, tratou deste mesmo tema: Um grande laboratório criou uma droga capaz de potencializar o ser humano, tornando a sua mente superativada e com poderes para equações matemáticas complexas, resolução de profundas questões filosóficas, rapidez para ler um livro, escrever uma tese da noite para o dia, e até mesmo aprender diferentes línguas e ser uma pessoa com alta performance sexual. Esta droga, porém, tinha um único e grave problema: seu usuário teria poucas chances de sobreviver por causa do efeito colateral.

 

De fato, a sociedade aguarda alguma saída para os graves problemas humanos e existenciais e sonha com um homem superior, desde a época de Platão, passando por filósofos como Nietzsche. O homem está à beira do abismo, com a moral cada vez mais decadente, e surge um anseio por uma liberdade sem limites, mas quanto mais se fala de liberdade, mais as pessoas encontram-se aprisionadas e angustiadas. O ser humano anseia por uma humanidade que o liberte da fronteira da mediocridade ética e do seu fracasso.

 

As novas tecnologias e pesquisas tem ajudado profundamente a resolver problemas de saúde e de alimentação. Não faz muito tempo que foi criado a penicilina, e a descoberta da anestesia também é algo recente. Quando olhamos as pesquisas na agricultura e na indústria, tudo em nosso mundo parece estar melhorando, mas não há a mesma proporcionalidade na natureza do homem, e a pergunta do antigo carcereiro feita ao apóstolo Paulo se torna mais contemporânea e urgente: “Que devo fazer para ser salvo?” O que pode nos salvar? Redimir a raça humana?

 

A antropologia, psicologia e sociologia tem se mostrado ineficaz para o surgimento desta nova humanidade. Esforços humanos e melhor nível de informação e educação parecem incapazes de transformar o falido coração do homem.

 

Jesus surpreendeu Nicodemos, um homem letrado e líder da comunidade ao lhe afirmar que era “necessário nascer de novo”.  Este é o fundamento espiritual do ser humano, na visão de Cristo, sem este novo nascimento é impossível “ver” ou “entrar” no reino de Deus (Jo 3.3-5). O apóstolo Paulo também fala deste “novo homem”, criado em Cristo Jesus, em justiça e retidão procedentes da verdade e exorta que, “quanto ao trato passado vos despojeis do velho homem que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos revistais no espírito do vosso entendimento.” (Ef 4.22-24) A Bíblia fala de uma possibilidade, de uma realidade espiritual, possível e necessária ao homem.

 

A Bíblia fala da necessidade e desta nova vida. Na verdade, embora equivocadamente possamos pensar, a Bíblia não está preocupada com uma nova ética, nem apenas novos comportamentos, mas com algo muito mais profundo: Uma nova natureza de Deus dada ao homem. A Bíblia chama isto de regeneração.

 

Neste texto Paulo aprofunda um pouco mais este assunto, ao falar da nova humanidade, gerada pelo encontro do homem com Jesus e passa a descrever algumas características deste novo homem:

 

 1.     Nova Motivação - “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente conhecidos por Deus; e espero que também a vossa consciência nos reconheça.” (2 Co 5.11)

Desde o início do texto, Paulo está falando de um resultado, ou consequência de um encontro e da experiência do homem com Jesus. Ele está se referindo ao revestimento espiritual que pessoas recebem ao se encontrar com Cristo. A partir de 2 Co 2.14, o tema é Nova Aliança, capaz de gerar uma dinâmica espiritual transformador e profundo no ser humano

Este novo homem passa a viver de acordo com o “temor do Senhor”, e não mais segundo a aparência. Sua motivação é fazer as coisas pensando em como glorificar a Deus. A grande preocupação de sua vida deixa de ser sua “reputação” humana, seu sucesso, seus sonhos, seus desejos e se torna em viver sob “o temor do Senhor”.

 

Algumas vezes na vida tive que acompanhar tribunais eclesiásticos, com a difícil função de julgar um líder que causou escândalo no meio da igreja com comportamento pecaminoso. Esta situação gera muito temor porque a Palavra de Deus nos exorta para que nos guardemos também de tropeçar. Alguém que caiu moralmente não é inferior àquele que está firme, mas que por causa de seu coração pecaminoso descuidou-se e aceitou a oferta atraente do diabo, trazendo sobre si vergonha e humilhação, ferindo a santidade de Deus. O problema maior em tais julgamentos é que, na maioria das vezes, as pessoas estão preocupadas com uma só realidade: Sua reputação. Por isto, tendem a negar sua culpa, minimizá-la ou dividi-la. Não entendem que o maior problema não é com os homens, mas com Deus. O problema não é, em última instância, externo, mas tem a ver com a glória e o relacionamento com Deus.

 

Paulo afirma que o novo homem “conhece o temor do Senhor”, e isto lhe dá força para “persuadir os homens”. Seu testemunho se torna poderoso porque está fundamentado em algo profundo: sua experiência com Deus. Algo verdadeiro, sincero, autêntico.

 

Quando Saul recebeu a sentença de Samuel de que Deus havia rasgado o seu trono ao meio, por causa de sua desobediência e rebeldia, ele só tinha uma atitude a tomar: ajoelhar-se em contrição, pedindo a Deus perdão, e rogando a Samuel que orasse por ele – mesmo que aquilo não “mudasse”, o desígnio de Deus. No entanto, o que ele fez?  Ele reconheceu que sua atitude foi errada e afirmou: “Pequei, honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo e diante de Israel, e volta comigo para que adore ao Senhor, teu Deus.” (1 Sm 15.30) Ele não demonstra nenhuma preocupação da sua relação com Deus. Na verdade, ele fala de Deus como o Deus de Samuel, e não o seu, veja a ênfase no pronome “teu Deus”. Deus de quem? De Samuel. Ele quer ser honrado diante da sua liderança, mas não é movido pelo temor a Deus, e sim pela aclamação pública e reconhecimento humano.

 

O temor do Senhor” diz Jó 28.28, é “o princípio da sabedoria”. A partir deste temor se constrói toda percepção do homem segundo o coração de Deus. Atitudes passam a ser desenvolvidas a partir do temor no coração. Existe uma nova motivação em fazer as coisas, que está fundamentada no temor a Deus. Sem temor a Deus, podemos até fazer as coisas de forma superficial, mas não conseguiremos fazer com base naquilo que é realmente importante.

 

Por que evitar pecar? O temor do Senhor.

Por que ser fiel? O temor do Senhor

 

A doutrina de Deus tem sido esquecida em nossos dias. As pessoas fazem as coisas sem temor de Deus. “Deus é amor”, dizem eles. A figura de Deus parece mais a de um papai noel bonachão ou reflete modelos boçais de pais apáticos que novelas e seriados tendem a construir. No livro de Hebreus, contudo, lemos: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.31), isto deve gerar temor, pois sabemos que “o Senhor julgará o seu povo.” (Hb 10.30)

 

Quando o temor do Senhor chega ao coração, o pecado torna-se algo sério. A santidade de Deus é importante e a vida de autenticidade se torna relevante. Esta é a verdadeira e nova moticacao que brota no coração do novo homem. Paulo afirma que por conhecer o temor do Senhor, ele persuadia os homens. Vidas tementes a Deus impactam outras vidas. As pessoas observam atitudes cheias de temor e isto gera temor também em suas vidas.

 

2.     Nova Cosmovisão – Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós outros.” (2 Co 5.13).

 

Esta é outra linguagem complicada. De que Paulo está falando? O que ele tinha em mente?

Cosmovisão é um termo importante na sociologia. A diferença entre cultura e cosmovisão é que a cultura de um povo ou de um grupo é a expressão de algo subjacente: a cosmovisão. O pano de fundo que motiva os atos. Cultura é comportamento. Cosmovisão é o substrato e o motivo da cultura e das atitudes. Para cada comportamento é necessário que haja uma razão profunda para a ação. Fazemos porque cremos. A forma de interpretar a vida determina a maneira como viveremos. Isto é cosmovisão.

 

Certamente Paulo foi muito criticado depois de sua conversão. Muitos o acusaram de ter ficado louco. O evangelho de fato parece loucura. “Escândalo para os judeus, e loucura para os gentios.” Quando Paulo começa a falar da cruz, ressurreição, encarnação, para muitos que vinham da cultura helênica, a ideia de um Deus encarnado e depois crucificado soava como bizarrice. Paulo admite esta “santa loucura”, e que, de fato, havia enlouquecido por Jesus. Em Atenas, no seu famoso discurso diante dos intelectuais gregos, quando o ouviram falar da ressurreição dos mortos, saíram zombando daquele “tagarela”.

 

João Marcos, músico baiano, foi morar nos EUA, e lá se tornou amigo de uma mulher que era líder do LGBT em Boston.  Apesar de seu estilo rastafári, João Marcos, além de grande músico era nascido de novo e compartilhava com seus amigos da loucura de sua fé. Esta amiga se interessou pelas coisas de Deus e ele começou a falar delas. Um dia lhe deu uma bíblia e a encorajou a ler. Dois dias depois se reencontraram e ela lhe disse: “Que livro louco aquele que você me deu, um irmão mata o outro, tem até um homem transando com suas filhas... tem um também um relato dos filhos de Deus transando com as filhas dos homens... que loucura é aquela?” Então João Marcos lhe respondeu: “Continue lendo, porque loucura maior você vai encontrar quando ler que o próprio Deus resolve se tornar gente e morrer pela humanidade numa cruz”.

 

Esta “loucura” do evangelho é o que Paulo está mencionando.

 

Quando Deus nos faz novas criaturas, abre-se uma nova cosmovisão, uma nova compreensão da vida e do mundo. Novos valores, novos princípios, novas realidades. Paulo fala de “enlouquecer para Deus”, e é exatamente disto que precisamos. Este novo homem começa com a construção de uma nova cosmovisão, uma nova forma de enxergar a vida e por isto, muitos valores já estabelecidos, eventualmente são subvertidos e colocados de cabeça para baixo. Inicia-se a construção de um novo homem, criado em Cristo Jesus, pela obra do Espírito Santo.

 

“Ser uma nova criatura em Cristo não significa alteração nos elementos da personalidade de uma pessoa, mas um princípio de vida no coração, dirigindo-lhe a vontade para novos motivos, nova conduta e novos ideais.” (Billy Graham)

 

3.     Nova Afetividade  “Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.  (2 Co 5.14)

 

Paulo fala de algo muito interessante: ele se sente constrangido de ser amado de forma tão intensa por Cristo e que diante de tão grande amor, seus motivos, comportamentos e ética passam agora a serem orientados por esta compreensão do absurdo amor de Deus.

 

Você já se sentiu constrangido por alguma coisa que tenha feito ou fizeram contigo? Pode ter sido um comentário do tipo: “Você está grávida”, para uma mulher que apenas engordou um pouco nos últimos meses? Ou, “esta é sua filha?” a um homem casado com uma mulher 20 anos mais nova que ele? Já se sentiu amado ou recebeu um gesto tão inesperado de alguém que o levou a se sentir “sem graça”, embora fosse um sentimento positivo?

 

Em 1992, eu era pastor no Rio de Janeiro, e num domingo uma senhora simpática, falante e alegre, ao terminar o culto dominical matutino me procurou e perguntou se eu gostaria de fazer uma viagem a Israel. Eu disse que todo pastor gostaria de uma experiência como esta, mas que era muito cara. Ele então me disse: “Eu gostaria de dar esta passagem para você e sua esposa”. Como eu não a conhecia, fui de uma sensibilidade paquidérmica e perguntei o que ela gostaria em troca. E ela me explicou que fizera um propósito de que, todas as vezes que visse um pastor e se identificasse com ele, tentaria propiciar-lhe uma viagem destas, porque seu pai fora pastor e morreu sem realizar seu sonho. E lá fomos nós, viajando para o Oriente Médio. Todas as vezes que me recordo desta mulher, penso como o amor pode constranger desta forma, como fomos abençoados por ela. Sou eternamente grato por isto.

 

Quando somos “constrangidos” pelo amor de Cristo, nossa vida se pauta pelos afetos divinos. Passamos a não querer “pecar”, não por medo das conseqüências dos atos, mas para não ferir a santidade de Deus, nem o coração deste Jesus que nos amou tanto que a si mesmo se entregou por nós.

 

Quando a vida de Deus acontece em nós, surgem novos afetos. Jesus toca nossa natureza. Ele nos faz amar e sentir de forma diferente. Ele renova nosso amor e traz cura aos afetos encolhidos e adoecidos. Surge uma nova forma de amor. Sendo constrangidos pelo amor de Cristo somos induzidos à nova perspectiva de amor que nasce de Deus.

 

4.     Novo Conhecimento de Cristo – E, se antes conhecemos a Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.”  (2 Co 5.16b)

 

Existem muitas interpretações acerca da pessoa de Jesus na história. Durante três séculos, a igreja cristã se desdobrou por uma definição da pessoa de Cristo, o que foi feito no Concilio de Nicéia (324) e de Calcedônia (431). Nos dias de Jesus, muitas hipóteses foram levantadas acerca de quem ele era e o mesmo dilema permanece até hoje na mente de muitos.

 

Jesus perguntou aos seus discípulos: “Que diz o povo ser o Filho do Homem?” (Mt 16.13) Eles responderam como as concepções populares refletiam esta questão. Uns acreditavam que ele fosse Jeremias, Elias, e outros ainda, alguns dos profetas. Então Jesus lhes perguntou diretamente:Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.15) Pedro lhe respondeu que Cristo era o Filho do Deus vivo.

 

Quando Jesus curou um cego de nascença, isto trouxe à tona sua identidade. Os líderes religiosos indagaram ao homem curado, quem ele acreditava ser Jesus. A resposta dele demonstra como a visão de Cristo pode ser mudada na medida em que nos aproximamos dele. Ele havia recebido a cura, mas não sabia quem era Jesus. Aos poucos, porém, aquele homem sai de uma fé intuitiva ou superficial, para uma fé racional e plena.

 

Na primeira vez respondeu que Jesus era “um homem especial.” (Jo 9.11) Ele admitiu que Jesus não era uma pessoa comum, afinal, ele havia recebido dele a sua cura. Da segunda vez que foi indagado, ele deu a Cristo um caráter espiritual ao responder: “Vejo que é um profeta” (Jo 9.17). Todos sabemos que esta definição é pouca para Jesus. Mas sua fé se plenifica quando, indagado pelo próprio Jesus, admitiu que não o conhecia. Depois de o curar, no dia seguinte, Jesus se aproxima dele e lhe pergunta: “Crês tu no Filho do homem? Ele respondeu: Quem é, Senhor, para que eu creia nele?” (Jo 9.35-36).

 

Ele recebeu a cura, mas não sabia quem era Jesus. Há muitos que tem recebido bençãos de Deus, mas será que já entenderam quem é o Deus da benção? Quando aquele cego entendeu quem era Jesus, ele admitiu que era alguém que deveria ser reverenciado, e se ajoelhou diante dele e o adorou (Jo 9.38). Adorar é dar um status de divindade a Jesus. Um judeu jamais se curvaria diante de outro homem, porque desde cedo sabia que só a Deus se devia adorar e dar culto. Isto fazia parte do Shemah hebraico, que era a essência da fé judaica, nem Jesus aceitaria adoração se não fosse Deus, porque isto seria sacrilégio, um pecado contra o Ser de Deus. Jesus admitiu a adoração, porque de fato ele era Deus.

 

Aquele homem tem agora um novo conhecimento de Cristo. Precisamos de um novo conhecimento da sua divindade, de seu sacrifício, de seu papel na história. Precisamos de um conhecimento que não seja meramente humano, mas que venha do próprio Deus e ilumine o nosso coração.

 

Como judeu, antes de se converter, Paulo tinha informações sobre Cristo. Ele sabia sobre seus milagres e controvérsias, mas no caminho de Damasco se deparou com alguém muito superior. Quando Jesus lhe diz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9 4). Saulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?” (Jo 9.5).  Saulo não sabia quem era Jesus. Ele tinha noções sobre Cristo e era opositor de Cristo, mas não sabia quem era Jesus.

 

Neste texto, quando Paulo afirma que ele agora conhecia Cristo de outro modo, está afirmando que Jesus deixou de ser alguém perseguido por ele para se tornar tão central na sua história que deveria ser adorado. Ele deixa de ser perseguidor, para ser adorador. Ele tem agora um novo conhecimento de Cristo.

 

Qual a visão que você tem de Cristo? A concepção correta de Cristo surge quando o Espírito Santo age em nossa vida. Quando Jesus indagou as seus discípulos sobre a concepção que os homens e eles tinham sobre sua pessoa, Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. “ (Mt 16.16), e Jesus lhe respondeu: “Bem aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelaram, mas meu pai que está nos céus.” (Mt 16.17) Só através de uma ação sobrenatural de Deus em nossas vidas, poderemos sair da visão periférica, para uma fé plena a adquirir um novo conhecimento de Cristo. Entender quem ele, de fato é.

 

Talvez você esteja precisando de um novo conhecimento de Cristo. Seu conhecimento pode ser muito humano, filosófico, genérico. Você precisa entender quem, de fato, é Jesus. Sua obra, sua missão, o que ele veio fazer entre nós, sua redenção, o preço que ele pagou na cruz para te dar vida nova, liberdade, nova compreensão das coisas eternas.

 

5.      Uma nova natureza – “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Co 5.17).

 

Jesus usa uma interessante linguagem ao dirigir-se a Nicodemos: “Necessário te é nascer de novo”. A palavra no grego para “novo nascimento”, tem, na sua raiz, o termo “gene” de genética, e é traduzido para o português por “regeneração”, e se observamos a raiz desta palavra, veremos que ela também em português tem na sua raiz, o termo “gene”. Na verdade, é sobre uma genética espiritual que Jesus está falando. Tem a ver com o DNA da alma.

 

O texto original diz:

“Se alguém τίς não ἐάν μή nascer γεννάω” (outra tradução diz: “se alguém não for gerado por Deus”) de novo ἄνωθεν, não οὐ pode δύναμαι ver εἴδω o  reino βασιλεία de Deus θεός.” O termo “não pode”, vem de “dínamo”, isto é, não há energia ou força capaz de capacitá-lo ao reino. Portanto, nascer de novo é a “energia”, que nos possibilita ver o reino de Deus.

 

Nascer de novo é uma obra revolucionária, mas não é feita pelo esforço humano. É obra de Deus. Muitos já passaram pela experiência de algo renovador e transformador que lhes aconteceu de dentro para fora, ou de “cima para baixo”. Esta experiência não é exclusividade de um grupo seleto, todos podemos ter. Precisamos nascer de novo.

 

Paulo fala exatamente disto neste texto: “nova criatura”.

 

O que acontece com este novo homem? Sua natureza é tocada na essência pela obra de Deus e algo novo e surpreendente acontece na vida.

 

Outro aspecto que devemos considerar é o fato de que um novo recorde de vida passa a ser central. “As coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. Se você comete um crime, mesmo depois de ter “pago” por ele, seu histórico fica com uma marca. Em Deus não é assim. Quando alguém nasce de novo, o recorde, o histórico de pecado ou crime é zerado, tudo se faz novo. Para Deus, quando uma pessoa é perdoada, seus pecados são jogados no fundo do mar (Mq 7.18-19). Deus cancela a dívida, tudo está pago e resolvido!

 

Conclusão

 

Alguns anos atrás, num dos grupos de estudo de nossa igreja, havia um homem de muitas posses e que gostava de falar das coisas espirituais. Suas observações e considerações eram sempre feitas com muita reflexão e ponderação, hoje ele é um senador, por um dos estados de nossa federação. Um dia falei sobre a necessidade de morrer para o para o EU, e nascer espiritualmente. Abri a Bíblia e mostrei que o propósito de Deus é uma transformação radical na vida, não apenas um paliativo. Não se tratava de uma reforma, mas de uma transformação. Ele então ponderou: “Pastor, acho que estou perto deste negócio”. Tão direto e educadamente quanto podia, disse-lhe que o que Jesus estava propondo era uma experiencia mais profunda: Ele precisava morrer para si mesmo, pois o rei que governava a sua vida, que era o seu EU, precisava se render, mas que ele era arrogante, soberbo e soberano, e reis não se curvam com facilidade.  O Novo Nascimento é a vida de Deus sendo estampada em nós. Deixamos o centro de nossa vida ser governado por Deus.

 

Para que esta obra aconteça, um novo homem “criado em Cristo Jesus, em justiça e retidão procedentes da verdade”, precisa nascer, e o velho homem, torto, confuso, narcisista e autocentrado precisa se render. Quando isto acontece, um novo poder, uma nova forca, uma nova e abençoada natureza formada em Cristo, surge na vida.

 

Este texto nos fala das características deste novo homem, regenerado, transformado, criado e identificado com Cristo Jesus.

 

Nova motivação

Nova Cosmovisão

Nova Afetividade

Novo conhecimento

Nova Natureza

 

É interessante enfatizar que esta vida está disponível a todos os que desejarem, Hoje você pode orar a Deus dizendo: “Senhor Jesus, reconheço minha fraqueza e impotência, meus deslizes e fracassos, não consigo ser aquilo que o Senhor gostaria que eu fosse. Minha vida tem sido marcada por desacertos, rebelião e fracasso, preciso de um novo nascimento que só o Senhor pode fazer, por isto quero colocar minha vida à disposição do Senhor para a transformação que o Senhor deseja e precisa fazer. Faça de mim uma nova criatura. Eu preciso ser renovado e transformado. Entre na minha casa e na minha vida. Amem!”

 

Deus quer te fazer novo homem: Esta é a experiência mais revolucionária que pode acontecer em nós, e o maior projeto de vida de um ser humano.

 

 

 


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