Introdução
Nos últimos anos a questão do retorno de Cristo tem se tornado muito popular na igreja evangélica. O tema da segunda vinda tem despertado grande atenção. Quando eu era criança, ouvia uma frase dita como se fosse um versículo bíblico: “De mil passará, mas de dois mil não passará!” Este provérbio era citado, especialmente por pessoas mais idosas dando a entender que o mundo acabaria até o ano 2000. Como sabemos, o ano 2000 chegou e nada aconteceu, mas na passagem do ano de 1999 para 2000, milhares de pregadores apaixonados anunciavam uma catástrofe de grande proporção com o “bug do milênio”. Em muitas igrejas as pessoas ficaram assustadas. Conheci um presbítero nos EUA, que ficou obcecado pelas previsões de um pregador do fim do mundo, que estabeleceu, por meio de associações de textos bíblicos, o dia, hora e ano marcados, com bases em cálculos estrambóticos e versículos bíblicos fora do contexto, para a volta de Cristo.
William Miller (1782-1849) foi o fundador do adventista. Ele foi um fazendeiro e pregador americano que se tornou conhecido por suas previsões sobre a volta de Jesus Cristo e o fim do mundo. Ao longo da década de 1820, Miller intensificou seus estudos bíblicos, especialmente nos livros de Daniel e Apocalipse. Através de um método de interpretação literal e cronológica, ele chegou à conclusão de que a volta de Cristo ocorreria em algum momento entre 1843 e 1844. Suas previsões ganharam popularidade rapidamente, atraindo milhares de seguidores que se uniram ao seu movimento.
No ano de 1843 ele anunciou o retorno de Cristo para o dia 3 de abril, depois 7 de julho, depois 21 de março de 1844 e, por fim, 22 de outubro deste mesmo ano. Em 1844, a expectativa pelo retorno de Cristo atingiu seu auge, com muitos vendendo seus bens e se preparando para o fim do mundo.
O que aconteceu? Quando suas previsões não se cumpriram ocorreu o "Grande Desapontamento". Miller e seus seguidores tiveram que reavaliar suas interpretações e lidar com as consequências psicológicas e sociais desse evento. Miller viveu para ver todos os seus erros. Morreu cinco anos depois do fracasso da última previsão
Duas consequências são visíveis quando se estuda o retorno de Cristo:
a. Grande fervor espiritual e impulso missionário
b. Curiosidade frívola e entusiasmo inconsequente.
Paulo começa este texto afirmando:
“Meus irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva coisa alguma.”
Paulo parece ter lidado com pessoas da comunidade de Tessalônica, levantando questões de tempos e estações. Muitos provavelmente estavam especulando sobre quando seria a volta de Cristo, discutindo tempos e horas, e Paulo deve ter corrigido algumas especulações e perguntas de pessoas curiosas sobre este assunto. Paulo desencoraja a discussão sobre tempos e estações. De forma direta, ele deixa claro, que este não era o ponto central da discussão. Ele procura demonstrar o que era necessário entender: A vinda de Cristo deve gerar em nós o desejo de estarmos preparados. A questão não é quando, dia e hora, tempos e estacoes. A questão é: “Estamos preparados?”
Paulo não está preocupado com as minúcias, mas no fato que devemos estar preparados para a volta de Cristo, com vigilância, e não especulação.
Jesus foi direto quando os discípulos curiosamente quiseram saber detalhes sobre seu retorno: “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.” (At 1.6-7) em outro texto afirma: “Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.” (Mt 24.36) O ponto central em todos estes textos não pode ser o interesse curioso sobre tempos e estacoes, mas a necessidade de estar preparado em santidade para a sua vinda que é certa.
A vinda de Cristo, gera, portanto, duas consequências:
a. Especulação frívola
b. Ceticismo
A. Especulação frívola
Na década de 1970, um famoso televangelista, Hal Lindsey, ficou conhecido principalmente por popularizar o dispensacionalismo pré-tribulacional através de seus livros, incluindo o best-seller "O futuro glorioso do Planeta terra.” (The Late Great Planet Earth" - 1970). Seus livros venderam milhões de cópias e ajudaram a popularizar certas interpretações do fim dos tempos. Ele defendeu a ideia de que a segunda vinda de Cristo ocorreria em duas fases: Primeiro, haveria o arrebatamento secreto da Igreja, onde os crentes verdadeiros seriam levados para o céu. Após o arrebatamento, a terra entraria em um período de sete anos de grande tribulação, marcado por guerras, fome e perseguição liderada pelo Anticristo. Ao final da tribulação, Cristo retornaria visivelmente para a Terra para derrotar o Anticristo na Batalha do Armagedom e estabelecer um reino milenar.
Lindsey adota a interpretação literal da profecia bíblica, especialmente do livro de Apocalipse. Ele frequentemente relaciona eventos atuais com profecias bíblicas, vendo-os como sinais do fim dos tempos, e até hoje ele é criticado por sensacionalismo e alarmismo em suas interpretações proféticas. Seus estudos carecem de rigor acadêmico, ele despreza o método histórico gramatical na sua hermenêutica e abusa coes figurativas e alegóricas. Como resultado seus estudos são muito imprecisos nas previsões e suas análises sobre o fim dos tempos não se concretizaram.
Em 1992, fui convidado para uma conferência no Hotel Nacional do Rio de Janeiro. Eu era ainda um jovem pastor, com 32 anos de idade, pastoreando a igreja da Gávea. O preletor era Morris Cerullo, um televangelista pentecostal de origem russo/judaica. Na sua palestra ele afirmou com todas as letras: “Esta é a década da decisão. Eu estava num quarto de hotel em Londres quando Deus me revelou que eu não morrerei, mas serei arrebatado com a igreja.” Ele criou um ambiente emotivo, e eu estava incrédulo, me sentindo horrível, porque parecia que eu era o único descrente daquele grupo em delírio. No final, ele disse que estava ali com a incumbência de levantar 1 milhão de dólares para construir um centro de missões na Flórida, e Deus lhe revelara que este dinheiro seria levantado ali naquele evento. Então me perguntei: “Se Jesus voltará nesta década, qual a razão de construir um prédio para formação de missionários? Não seria mais lúcido vender as propriedades que já possuíam e investir toda ela em missão?” como vocês sabem, Jesus não voltou até o final da década de 1990, e, por sinal, é importante frisar que ele morreu em 10 de Julho 2020.
Alguns anos atrás preguei cinco sermões sobre o chamado Sermão Escatológico de Cristo que vai de Mt 23-25. Numa tentativa de responder àqueles que são curiosos sobre a volta de Cristo. Acredito que a melhor forma de entender este assunto, é ouvir o que o nosso Senhor falou. Ele, mais do que nunca, sabe como serão os eventos dos últimos dias.
B. Ceticismo
Se por um lado existe muita especulação frívola, por outro, muitos se esquecem deste ensinamento central das Escrituras e vivem despreocupadamente. Na igreja primitiva, um grupo se levantou questionando esta doutrina, e o apóstolo Pedro afirma:
“Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, E dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.” (2 Pe 3.3,4,9-10)
A Bíblia nos exorta a agir com expectativa, vigilância, coragem militante e confiança nas promessas de Jesus.
No comentário do Rev. Hernandes sobre este livro, ele afirma seis verdades sobre a volta de Cristo:
1. Virá em tempo desconhecido – “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite.” (1 Pe 5.1)
Ninguém sabe quando ele virá. Em Mt 13.4 os discípulos pedem a Jesus, em particular, lhes dissesse quando estas coisas aconteceriam. Jesus não fala do tempo nem dia, mas quais seriam os sinais.
Tanto os apóstolos como Jesus deixaram claro que qualquer especulação sobre este assunto é perda de tempo. “Não vos compete conhecer tempos ou épocas, que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.” (At 1.7)
A igreja de Tessalônica queria saber detalhes, mas Paulo afirma. “O dia do Senhor virá como ladrão de noite.” Muitos estão querendo saber as minúcias e o tempo, mas poucos estão perguntando: “Como deve ser nosso modo de viver até a vinda de Cristo?” Este é o ponto central e mais importante. Não “quando”, mas “como devemos nos comportar.”
2. Será repentina – “...Virá como o ladrão de noite.” (1 Ts 5.2)
Os dispensacionalistas fazem exaustivos cronogramas, interessantes, graficamente bonitos, mas sempre carregados de imaginação dos autores. Paulo afirma: Será repentino, como o ladrão da noite.
Jesus usou a mesma figura.
“Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.” (Mt 24.38-43)
Será como um relâmpago, como um abrir e fechar de olhos. Quando Jesus voltar, não haverá mais tempo para se preparar.
3. Será inesperada – “Pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. “(1 Ts 5.2)
O ladrão chega quando ninguém espera. Um ladrão nunca manda uma mensagem avisando. A figura do ladrão revela que o dia do julgamento será tão repentino quanto a vinda de um arrombador. Quando Jesus voltar, as pessoas estarão desapercebidas.
O apóstolo Pedro fala que será como foi no dilúvio
“Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.” (1 Pe 3.20) As pessoas se casavam comiam, bebiam, festejavam. Todas estas coisas não são más em si mesmas, porém, quando a alma é absorvida por isto e há vanglória espiritual, deixam de ser boas.
4. Será num tempo de aparente paz e segurança – “Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.” (1 Ts 5.3)
Uma das características dos falsos profetas no Antigo testamento era o anúncio de paz e segurança. (Jr 6.14; 8.11; Ez 13.10; Mq 3.5). A palavra paz, vem do grego “eirene” e significa contentamento interior. As pessoas estarão “resolvidas”, sem preocupações internas. A palavra para segurança, tem relação com o ecossistema, com o ambiente, as pessoas não estavam sob ameaça externa. Tudo na sua mais absoluta normalidade.
O que Pedro descreve são as palavras literais de Jesus, que compara seu retorno Jesus ao que aconteceu nos dias de Noé, no dilúvio, e com a destruição de Sodoma e Gomorra: “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.” (Lc 17.26-30). Os eventos seguiam sua normalidade. Nada excepcional, até que um evento sobrenatural aconteceu.
5. Será inescapável – “...então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão.” (1 Ts 5.3)
A comparação é com a mulher que traz no seu corpo, a causa de sua dor. Paulo afirma que assim como na hora do parto, quando surgem as contrações a criança nascerá, a volta de Cristo se dará, inexoravelmente.
6. Será um dia de glória e terror – “...então lhes sobrevirá repentina destruição.” (1 Ts 5.3) Ao mesmo tempo. Glória e horror! Restauração aos crentes e terror e catástrofe aos ímpios.
Is 13.6-8 afirma:
“Clamai, pois, o dia do Senhor está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação. Portanto, todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens se desanimará.” Muitas profecias bíblicas se referem a este “Dia do Senhor” (Am 5.18-20). Jesus também fala deste dia: (Mt 24.27,37,39)
Como devemos aguardar a vinda do Senhor?
Esta é a questão fundamental e mais importante neste texto. O texto sagrado nos ensina que devemos viver em profunda vigilância.
Warren w. Wiersbe afirma que Paulo está fazendo um contraste entre os redimidos e ímpios:
§ Conhecimento x ignorância – 5.1,2
§ Expectativa x surpresa – 5.3-5
§ Sobriedade x embriaguez – 5.3-5
§ Salvação e julgamento -5.6-8
Em todos os textos, a vigilância se torna fundamental. É preciso estar atento para não ser surpreendido. Vigilância é resultado da transformação que ocorre em nós por meio do Espírito Santo que nos regenera. Os vs. 4,5 afirmam: “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas.” (1 Ts 5.4,5)
Quem anda nas trevas e na ignorância está dominado pela escuridão: emoções e mente. São as trevas do pecado e da incredulidade. Se o ceticismo domina o coração de uma pessoa, isto não os ajudará a terem um estilo de vida de vigilância. Quando ocorre a transformação espiritual operada pelo Espirito Santo, os olhos são abertos (2 Co 4.4).
Por isto, os filhos da luz e os filhos do dia precisam estar com os olhos abertos. Aqueles que não estão bêbados espiritualmente devem ficar atentos. A pessoa embriagada pelo pecado torna-se relaxada e desatenta. A pessoa que, no sentido espiritual dorme, torna-se inconsciente e insensível a Deus. As verdades do Evangelho não fazem sentido ao seu coração.
Jesus adverte:
”Vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora.” (Mt 25.13) Os filhos da luz devem estar atentos, observar. O dia do juízo vem! Você está preparado?
Outra advertência bíblica é sobre a sobriedade espiritual. O bêbado oscila entre empolgação e entusiasmo, ri demais, se descontrola nos comentários, ou vai para o outro polo, da indiferença e a apatia. Howard Marshal afirma que “o bêbado perde o controle de suas faculdades e perde o contato com a realidade. Não percebe os riscos que corre. Por isto a Bíblia nos adverte: “
“E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.” (Rm 13.11-14)
Couraça e capacete
Duas armas de defesa são fundamentais para mantermos este estado de prontidão e lucidez espiritual:
A. A couraça da fé e do amor – “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação.” (1 Ts 5.8
A couraça é a roupa que o guerreiro usava no dia da batalha. Em outro texto, ao descrever as armas espirituais, a Bíblia afirma que devemos sempre embraçar o escudo da fé e a couraça da justiça. (Ef 6.14) A couraça protege o peito, nossas emoções. Com a couraça da fé, combatemos as dúvidas, inseguranças e o ceticismo que é fatal na luta contra o diabo. A fé em Cristo e nas verdades do evangelho nos protege.
c. O capacete da salvação - “Tendo por capacete a esperança da salvação.” (1 Ts 5.8). a outra armadura é a esperança da salvação. Temos assim duas armaduras: uma protege o coração (a couraça da justiça), e o capacete, que protege a mente, das setas do inimigo e das tentações da incredulidade.
Satanás quer conquistar a mente. O que você crê. Se você não se convencer que as verdades do Evangelho são coerentes, lógicas, fazem sentido, você nunca será um bom cristão. Uma das formas que ele usará será tirar de você a esperança da salvação. Proteja sua mente! A Esperança é o capacete resistente que protege pensamentos humanistas e secularistas que nos afastam da compreensão das verdades de Deus.
Portanto, mente e coração precisam ser guardados. O que pensamos e o que sentimos. Quando uma destas áreas é atingida, nos desequilibramos e caímos. Quando a mente e a emoção estão protegidas, firmadas na esperança, resistimos às tentações, dúvidas e seduções do mundo que nos levam a tirar os olhos da bendita esperança na volta de nosso Senhor.
Precisamos aguardar a volta de Cristo com sólida confiança.
Para concluir o texto ainda nos fala de quatro verdades maravilhosas:
a. A certeza do amor de Deus – “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.”(1 Ts 5.9)
Que grande promessa! Deus não nos destinou para a ira, mas para a salvação. A obra de Cristo aplicada ao nosso coração, nos conduz à vida eterna. Seu amor nos atraiu, fomos resgatados por ele, livres da condenação, e nossa salvação é realizada pela obra maravilhosa de Cristo. Deus nos amou e nos chamou para ele mesmo e nos deu um destino do qual não somos merecedores. Merecíamos o inferno ele nos deu o céu; merecíamos o castigo, ele nos deu perdão; merecíamos condenação ele nos justificou; merecíamos a ira, ele nos deu salvação.
A salvação ocorre “mediante” nosso Senhor Jesus. Não é algo que realizamos, mas que ele realizou a nosso favor. O evangelho não é sobre os homens, mas sobre o amor de Deus; não está baseado na sua justiça, mas na justiça e mérito de Cristo. Somos destinados à salvação, mediante, a obra de Cristo. Apenas pelos méritos de Cristo podemos ser justificados.
A justificação pela fé nos méritos de Cristo é uma pedra angular da teologia cristã. refere-se ao ato de ser declarado justo aos olhos de Deus. É um termo legal, que implica uma mudança de um estado de culpa e condenação para um estado de aceitação e favor. A humanidade está em um estado de pecado e separação de Deus devido à desobediência e essa pecaminosidade inerente nos torna incapazes de ganhar nossa própria justiça ou merecer o favor de Deus.
Através de sua vida perfeita, morte sem pecado e ressurreição triunfante, Cristo pagou a pena pelo pecado humano, oferecendo-se como sacrifício para reconciliar a humanidade com Deus. A justificação não é alcançada por meio de nossas próprias obras ou méritos, mas sim pela fé em Jesus Cristo. A fé, nesse contexto, não é mera concordância intelectual, mas uma profunda confiança e dependência do sacrifício expiatório de Cristo.
Imagine uma pessoa em julgamento perante um juiz justo, acusada de vários crimes. Apesar de sua culpa, o juiz oferece perdão, uma liberação completa da punição, com base nos méritos de outro indivíduo que tomou seu lugar e pagou a pena por seus crimes. Esta é a essência da justificação: estamos culpados diante de Deus, mas pela fé nos méritos de Cristo, recebemos sua justiça e somos declarados justos, não com base em nossos próprios méritos, mas nos de Cristo.
b. A redenção pela cruz – “Que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.” (1 Ts 5.10). Ele morreu por nós, morreu em nosso lugar. É a expiação substitutiva: Cristo em nosso lugar. Esta é a teologia da cruz. Esta é a essência do evangelho. Se você ainda não entendeu a obra de Cristo, você ainda não entendeu o evangelho.
Jesus, sendo sem pecado, se ofereceu como um sacrifício perfeito para pagar a pena pelo pecado da humanidade. Sua morte na cruz representa a essência do plano de redenção de Deus. Através da morte de Cristo, a culpa e a penalidade do pecado foram expiadas, reconciliando a humanidade com Deus. O sacrifício de Jesus restaurou a relação quebrada entre Deus e seus filhos.
A redenção pela cruz não se limita apenas à salvação da alma, mas também visa a transformação do caráter e da vida dos crentes. Através da fé em Jesus, os indivíduos podem ser renovados pelo Espírito Santo e viver de acordo com os valores de Deus. A redenção pela cruz abre caminho para uma nova vida em Cristo, caracterizada pela fé, obediência e amor a Deus e ao próximo.
c. Nossa união com Cristo – “... vivamos em união com ele.” (1 Ts 5.10). ele morreu para que vivamos em união com ele. Morremos com ele, vencemos com ele.
A união com Cristo descreve a profunda conexão espiritual que os crentes têm com Jesus. Essa união transcende a mera crença intelectual e se manifesta em uma relação viva e transformadora. A união com Cristo é frequentemente descrita como uma união mística ou espiritual, onde o crente se torna "uma só carne" com Cristo (Ef 5.30). Essa união vai além da compreensão humana e é um dom de Deus pela fé em Jesus.
O Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, habita nos crentes que estão em união com Cristo (1 Co 3.16). Essa habitação capacita os crentes a viver de acordo com a vontade de Deus e manifesta a presença de Cristo em suas vidas. Através da união com Cristo, os crentes recebem força para vencer o pecado, enfrentar desafios e viver de acordo com a vontade de Deus (Fp 4.13).
d. Nossa inserção em uma comunidade – “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.” (1 Ts 5.11)
Deus realiza a obra a nosso favor e nos coloca numa comunidade onde somos nutridos, alimentados e sustentados fraternalmente. Precisamos de igreja, de comunidade. “ovelha fora do aprisco é petisco de lobo.” (José Joao Mesquita)
Três palavras são chaves aqui:
ü - Consolação mútua– “consolai-vos uns aos outros”
Cuidamos uns dos outros, pastoreamos uns aos outros, protegemos uns aos outros.
ü - Edificação mútua- “edificai-vos reciprocamente.”
Andando com a comunidade somos espiritualmente edificados. Ensino da palavra.
ü - Mútua reciprocidade – “uns aos outros.”
Robert Bailey afirma que existem na Bíblia cerca de 25 mandamentos sobre mutualidade. “Perdoai-vos, exortai-vos, encorajai-vos” e assim por diante. Quando Deus nos salvou ele nos colocou em um corpo, para andar numa comunidade. Ninguém vi ninguém cheio do Espírito Santo fora de uma igreja, vivendo um cristianismo isolado.
Conclusão
Na madrugada de 6 de Junho de 1944, milhares de aviões de guerra, uma frota de 4 mil navios e regimentos de paraquedistas em impressionante ação conjunta, atacaram as praias da França. Era a maior invasão de todos os tempos, despejando bombas infernais sobre o continente naquele convencionado dia D, esperado a tanto tempo.
Estamos pensando em uma invasão muito maior e mais terrível que está por vir, e que abrangerá o mundo inteiro. Será o dia D da humanidade, que pegará muitos de surpresa. Estamos falando da volta de nosso Senhor Jesus em majestade e glória.
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