Jo 1. Quem é Jesus?

 

 

 

Introdução

O Evangelho de João é um dos livros mais densos das Escrituras. Ele narra a vida de Jesus, não a partir dos eventos, mas a partir dos seus discursos. Ele declara de forma intencional que o seu propósito ao narrar os fatos, era para que, tomando conhecimento do que aconteceu, pudéssemos crer em Cristo, e assim tivéssemos a vida eterna (Jo 20.30-31).

 

No primeiro capítulo ele descreve quem era Jesus, descrito aqui como o Verbo (do grego Logos Jo 1.1). Qual o significado do “verbo” para as pessoas do tempo de Cristo e em nossos dias?

O "Verbo" (em grego, "Logos") assume um papel central e complexo, carregando um significado rico e multifacetado. Para entendermos a ideia do Verbo de Deus em João 1, é crucial analisarmos o texto em seu contexto histórico, teológico e cultural.

A concepção do Verbo em João:

1.     O Verbo era o ponto de partida e sentido de toda história – Jo 1.1-3 Ele é preexistente à criação, coeterno com Deus e participante da criação do universo. O conceito do Verbo, ou Logos possui uma rica história na filosofia. Na Filosofia Grega Antiga vemos o seguinte:

·       Heráclito: (535-475 a.C.) Este filósofo pré-socrático utilizou o termo "Logos" para se referir à razão universal que governa o cosmos, a ordem subjacente à mudança e à multiplicidade do mundo. O Logos era visto como uma força impessoal, um princípio divino que permeia todas as coisas.

 .  Platão: (428-347 a.C.) em sua teoria das Formas Ideais, concebia o Logos como a forma transcendente da linguagem, a essência imutável e perfeita da qual todas as palavras e conceitos derivam. O Logos platônico representava a ordem racional e a inteligibilidade do mundo das ideias.

 .  Filo de Alexandria: (30 a.C. - 40 d.C.), filósofo judeu helenístico, reinterpretou o Logos platônico como uma personificação da mente de Deus, um intermediário entre Deus e o mundo criado, fonte da sabedoria divina, da criação e da revelação.

 Em Apocalipse 5 João chora porque ninguém pode abrir o livro da história, e dar sentido à existência humana, até que surge Jesus, o Cordeiro de Deus, que abre o livro e possibilita a compreensão da história. Jesus é a hermenêutica da história. Ele é o Logos divino.

 2.     Fonte de vida e luz – Jo 1.4-5 - O Verbo é descrito como a fonte da vida e da luz, iluminando as trevas e trazendo vida ao mundo. Essa luz representa a verdade e a salvação que Deus oferece à humanidade.

3.     O Verbo era Deus – “No princípio era o verbo, o verbo estava com Deus e o verbo era Deus.” Jo 1.1 Não apenas estava com Deus, mas “era Deus”, portanto, tinha natureza divina. João identifica o logos com Cristo, o Verbo de Deus.

4. O Verbo se torna carne na pessoa de Jesus Cristo. (Jo 1.6-13) Essa encarnação é o ponto alto do plano de redenção de Deus, unindo o divino e o humano. Jesus é a revelação completa do Verbo, a personificação do amor, da graça e da misericórdia de Deus.

 

5. O Verbo veio habilitar uma nova geração de filhos de Deus – Todos são criaturas, mas nem todos são filhos. Filiação se dá por meio de Cristo. Jo 1.11-12

5. O Verbo se tornou homem e viveu entre nós – “O verbo se fez carne, e fez sua tenda entre nós.” Jo 1.14. O Verbo habitou entre os homens, cheio de graça e verdade. Essa habitação significa que Deus se aproximou da humanidade de forma tangível, através de Jesus, para oferecer salvação e restaurar o relacionamento com o Criador.

O Verbo, na teologia cristã, é identificado como a segunda pessoa da Trindade, Jesus Cristo. O Logos se torna carne em Jesus, revelando a natureza divina e assumindo a humanidade para redimir o ser humano. 

A ideia do Verbo de Deus em João 1 apresenta implicações profundas para a fé cristã:

·       Revelação de Deus: O Verbo nos revela a natureza de Deus como amoroso, misericordioso, criador e redentor. Através de Jesus, podemos conhecer Deus de forma pessoal e íntima.

·       Salvação da Humanidade: A encarnação do Verbo em Jesus Cristo significa que Deus se uniu à humanidade para salvá-la do pecado e da morte. Jesus é o caminho para a reconciliação com Deus e a vida eterna.

·       Transformação da Vida: O Verbo nos chama a uma vida transformada, em comunhão com Deus e guiados pelos seus ensinamentos. Através da fé em Jesus Cristo, podemos ter acesso à graça divina e viver uma vida de acordo com a vontade de Deus.

Conclusão

O Verbo de Deus em João 1 é um conceito rico e complexo que nos convida a uma profunda reflexão sobre a natureza de Deus, o plano de salvação e o significado da vida. Através da encarnação do Verbo em Jesus Cristo, Deus se aproximou da humanidade e nos ofereceu a oportunidade de conhecer o seu amor, receber a sua graça e viver em comunhão com Ele.

Aplicações práticas:

1. O Verbo estabelece o significado da história, por conseguinte, dá sentido também à nossa vida

 

2. O Verbo nos fala de um Deus pessoal. Tão humano e amigo que resolveu habitar entre nós (Jo 1.14). Deus não é uma ideia, nem uma força, ele é pessoal, relacional. O Deus da Bíblia é o Deus da aliança.

 

3. O Verbo me ajuda a entender minha identidade – Por meio de Jesus, posso me tornar um filho de Deus (Jo 1.12). Por meio de Cristo, faço parte da família de Deus.

 

Conclusão

 

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), filósofo alemão, concebia o Logos como a razão absoluta, o princípio que se manifesta na história e no desenvolvimento do mundo. O Logos hegeliano representava a unidade da razão, do espírito e da realidade.

Cazuza afirma em uma de suas músicas: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. Este é o grande desejo da raça humana. Encontrar uma razão para viver e para morrer. Você já encontrou o sentido de sua vida?

 

Dostoievsky diz que “O segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas acima de tudo, encontrar um motivo para crer”.

Você tem algo que lhe dá razão para viver? 

O que representa o Logos de Deus para sua vida pessoal?

 

1 Ts 5.19 Não apagueis o Espírito

 

 

 

 

Introdução

 

Gostaria de iniciar este sermão considerando o seguinte:

Você tem apagado o Espírito Santo em sua vida ou você tem dado “combustível” para que ele possa agir com liberdade e queimar dentro de você?

 

Este texto precisa ser analisado de forma profunda, porque superficialmente pode dar a impressão de que quem tem o Espírito Santo, poderá perder o Espírito Santo em suas vidas. Isto seria possível?  Será que este texto fala da possibilidade da perda da salvação?

 

Para eliminar qualquer possibilidade da perda da salvação, deixe-me dar pelo menos sete razões:

 

1. Jesus afirma que quem crê nele tem a vida eterna. “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.” (Jo 6.47) Não diz “terá” (futuro) a vida eterna, mas “tem” (presente).

 

2. Quem garante nossa perseverança é Cristo. “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10.28)

 

3. O Pai garante nossa perseverança: “Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”” (Jo 10.29)

 

4. O Espírito é nossa garantia - Além da garantia de que o Pai celeste nos guardará, que o Filho nos salvou e nos guarda, temos a garantia do Espírito Santo. Ele é o selo de nossa herança. “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” (Ef 1.13,14). Nosso penhor é o Espírito Santo. Não há solidez em qualquer ser humano para se orgulhar da possibilidade de perseverarmos por nós mesmos, pelo contrário, pelo fato de que é Jesus quem nos garante é que podemos estar seguros nele.

 

5. Quando Davi se afastou de Deus, ele não disse: “restitua-me a salvação.”, mas “a alegria da salvação.” O resultado da vida de um crente que insiste em viver em pecado é a perda da alegria da salvação.

 

6. O filho pródigo, quando se afastou de casa, não deixou de ser filho. Ele perdeu os privilégios de filho e se distanciou do Pai. O arrependimento trouxe-lhe novamente a dignidade e restauração de sua condição anterior.

 

7. Dr. Russel Shedd afirmou: “Nossa salvação é eterna. Se é eterna, não é temporal. Se a vida eterna foi dada, ela é eterna.” Esta é a natureza de nossa salvação.

 

Portanto, precisamos tirar de nossa mente qualquer possibilidade de ler este texto acreditando que ele dá alguma brecha para perda da salvação. A perseverança dos crentes está garantida, porque não depende de nós, mas da Trindade. Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

 

De forma geral, “apagar o Espírito” se refere à supressão ou negação da influência do Espírito Santo em nossas vidas. da possibilidade de endurecermos o nosso coração e abafarmos o Espírito que nos foi dado uma vez por todas, e que é penhor até o dia da salvação (Ef 1.14).

 

Quando recebemos o Espírito Santo?

 

Recebemos o Espírito Santo no ato da conversão, aliás, só nos convertemos a Deus e somos arrancados do domínio do diabo e das paixões carnais por obra do Espírito Santo. Sem sua atuação, não ocorre regeneração, o nascimento espiritual. Afinam “Se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus (Jo 3.5). Quando abrimos nosso coração para Jesus, ele nos faz uma nova criatura, mas isto é obra de Deus. O homem natural não tem inclinação para as coisas de Deus.

 

Na Carta aos Efésios vemos isto de forma progressiva e clara: “Em quem também vós, depois que ouvistes a apalavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate de sua propriedade, em louvor da sua glória.” (Ef 1.13-14)

 

ü  Ouvir a palavra da verdade. A conversão acontece depois que ouvimos a Palavra da verdade,

ü  Crer na mensagem da salvação: é necessário crer para que recebamos a Cristo em nossos corações. Podemos ouvir a Palavra e não crer. Se a operação da fé salvadora não ocorrer, não há salvação.

ü  Fomos selados pelo Espírito. Veja que o verbo está no passado: “fomos”. Não diz “seremos”. Além disto está na voz passiva. “fomos selados”. O Espírito Santo agiu em nossa vida. Depois que ouvimos e cremos, somos selados.

Na Bíblia, o selo do Espírito Santo, mencionado em Efésios 1.13-14, 4.30 e 2 Coríntios 1.22, é um símbolo rico em significado e com diversas interpretações teológicas.

a.      Posse: O selo, como um carimbo, marca algo como pertencente a alguém. No caso do selo do Espírito, ele indica que o crente pertence a Deus, que foi comprado por Jesus Cristo e está sob a proteção divina.

b.     Garantia de Salvação: O selo também funciona como uma garantia, como um sinal de que a salvação do crente está garantida em Cristo. É a certeza de que Deus concluirá a obra da redenção iniciada em cada um.

c.      Penhor: O selo é um sinal da herança celestial que o crente receberá no futuro. É como um adiantamento da glória que nos espera na eternidade.

ü  O Espírito Santo é nossa garantia. Ele é o nosso penhor. Quem nos garante é o Espírito Santo. Não podemos dizer: “La garantia soy Yo.”  Porque nós não somos capazes de garantir absolutamente nada em matéria de salvação.

O que acontece depois que nascemos espiritualmente?

Depois da conversão, o próximo passo é a santificação, se na conversão não há participação alguma do homem, pois é o Espírito Santo quem opera e traz a salvação, na santificação, ou progressão espiritual, Deus nos deu meios de graça para que cresçamos espiritualmente. E alguns destes meios de graça são a leitura da palavra, a oração, a comunhão com sua igreja, a participação na ceia do Senhor. Faz parte deste crescimento as disciplinas espirituais como tempo devocional, oração, meditação. Precisamos rejeitar o pecado. Sempre haverá intensa entre as obras das trevas e da luz, entre o Espírito de Deus e o diabo, entre a carne e o espírito. Estamos numa batalha espiritual,

O alvo de Deus é que todos sejamos cheios do Espírito Santo. “E não vos embriagueis com vinho no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito.” (Ef 5.18) Ser cheio é o oposto de resistir.

Como ser cheio do Espírito? Gradativamente rejeitando as obras das trevas, buscando a presença do Senhor.

Este texto da 1 Carta aos Tessalonicenses nos mostra algumas atitudes que podem nos ajudar neste processo de santificação:

§  Fugir da imoralidade sexual (1 Ts 4.3),

§  Andar na luz (Ef 5.4),

§  Viver num novo estilo de vida (1 Ts 5.15)

§  Aprender a sair da estrada do descontentamento, amargura, e reclamação e andar na estrada do regozijo constante no Senhor (1 Ts 5.16)

§  Cultivar uma vida de incorpora Deus na experiência diária de viver, criando uma liturgia do ordinário, percebendo sempre a presença de Deus, em todas as coisas e aproveitando a transformar cada oportunidade em oração, louvor, gratidão, intercessão, orando sem cessar.  ((1 Ts 5.17)

§  E dando lugar ao Espírito Santo para crescer e florescer na nossa vida.

Desta forma, vamos nos enchendo do Espírito de Deus. Infelizmente, depois da nossa conversão, podemos também, de forma lamentável, impedir que o Espírito de Deus floresça em nós.

Resistindo, entristecendo e apagando o Espírito

A Bíblia fala de pelo menos três atitudes destrutivas consequências de um viver pecaminoso e descuidado espiritualmente. 

1. Não resistais ao Espírito Santo – “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.” (At 7.51

 

Esta declaração foi feita por Estevão, quando estava sendo apedrejado pelos líderes religiosos de Jerusalém. Não é assustador pensar que aqueles que deveriam ser os canais da benção de Deus para o povo se transformaram em foco de resistência a Deus?

 

E quanto a nós. Será que não temos resistido também à obra do Espírito Santo?

 

Como podemos resistir ao Espírito Santo?

 

Agindo de forma contrária à sua influência e direção em nossas vidas, ignorando sua presença, sua direção, seus conselhos e seguindo um caminho diferente daquele que Ele nos apresenta. Uma vida de pecado é uma forma de resistência.

 

Esta semana estava conversando com um irmão, que me disse que ele enfrentou muitos problemas em relação ao dízimo porque um pastor ensinou que isto é antibíblico. Minha resposta para ele foi a seguinte: “você já parou para pensar que o primeiro intérprete da Palavra de Deus que aparece na Bíblia, nada fez senão negar o que Deus disse?” Não foi assim que a serpente fez no Éden. Aquilo que Deus havia dito foi completamente desvirtuado. Negar a Palavra de Deus, desvirtuá-la, dar sentido diferente é uma forma de resistir a Deus e querer viver ignorando sua orientação e mandamentos.

Resistir ao Espírito dificulta o crescimento espiritual, a oração, a leitura da Bíblia. Nos torna vulnerável ao pecado e propenso a ceder às tentações.

 

Muitas pessoas oram: “usa-me Senhor!” Quando, na verdade, deveriam dizer “torna-me usável, Senhor!”. Temos propensão à rebeldia e desobediência, resistimos a Deus. Se você estiver resistindo ao Espírito Santo, volte-se para Deus com um coração sincero e Ele te guiará de volta ao caminho certo.

 

2. Não entristeçais o Espírito Santo. “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados.”  (Ef 4.30). Podemos entristecer o Espírito de Deus.

 

O profeta Isaias declara:

“Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.” (Is 63.10). O povo de Israel se rebelou e trouxe tristeza ao Espírito de Deus. Será que não temos feito a mesma coisa?

 

O Espírito Santo não é uma energia. Ele tem emoções. Não é uma força impessoal, mas uma pessoa. Ele se relaciona conosco, ele é o Deus que habita em nós. “Ele estará entre vós e habitará em vós.” Como um amigo pessoal, o descaso, a indiferença, nossas atitudes trazem tristeza. A recomendação da Palavra é que permitamos que o Espírito Santo floresça dentro de nós, enchendo-nos diariamente dele.

 

A Bíblia afirma que agora somos o “templo do Espírito Santo”. Nosso corpo é o lugar onde o Espírito mora (1 Co 3.16-17; 1 Co 6.15-17). Apesar disto, nossa rebeldia é oposição à obra do Espírito e isto acontece quando insistimos em andar em nossos próprios caminhos.

 

3. Não apagueis o Espírito Santo – “Não apagueis o Espírito.” (1 ts 5.19). Esta é a exortação que estamos estudando hoje.

 

A ideia do termo grego bennumi, é suprimir ou apagar o fogo. O fogo ilumina, aquece, purifica, alastra. Apagamos o Espírito quando removemos o combustível jogando terra ou tirando o oxigênio. O fogo precisa ser mantido aceso. Apagamos o fogo quando cedemos ao pecado, deixamos de orar e obedecer à palavra. Precisamos manter a chama do Espírito Santo acesa em nossos corações.

 

Minha esposa e eu temos um programa que aguardamos com ansiedade o ano inteiro. Nós nos programamos para isto e fazemos planos. Vamos para um local inóspito, na fazenda de meu irmão, sem internet e sem energia, ficamos acampados, literalmente, pescando de 7 a 10 dias, muitas vezes sem a companhia de ninguém. Eu amo pescar e minha esposa é ainda mais apaixonada que eu.

 

Todos os dias eu tenho uma tarefa que amo realizar: Acender o fogo no fogão caipira de manhã e acender uma fogueira à noite. Durante o dia inteiro fico recolhendo pedaços de madeira que encontro, para acender a fogueira, eventualmente os paus vão ficando mais distante para o fogo, mas eu organizo de tal forma que quando chega na hora de acender o fogo, a madeira esteja no local.

 

Quando estava pensando neste texto, me lembrei deste incidente. Acredito que é mais ou menos assim que devemos fazer. Precisamos de combustível para que o Espírito Santo floresça dentro de nós. Precisamos nos preparar para que o fogo acenda em nós. Se não cuidarmos, deixaremos de ver esta chama maravilhosa e poderosa do Espírito Santo, brilhando em nós e aquecendo nosso coração.

 

Três atitudes que fazem o Espírito Santo apagar em nós:

 

Pecados não confessados. Pecados como a falta de fé, desobediência aos mandamentos, imoralidade, egoísmo, orgulho, inveja, ressentimento, contrariam diretamente os ensinamentos do Espírito Santo e podem enfraquecer sua presença em nossas vidas. Davi experimentou isto de forma direta com seu pecado, endurecido, resistindo a Deus, e isto foi enfraquecendo sua alegria. Como falamos no inicio, Ele ora “Restitui-me a alegria da salvação” e não para Deus lhe dar salvação. O pecado rouba nossa alegria espiritual.

 

Relacionamentos quebrados – em 1 Pe 3.7, vemos a exrtacao bíblica para que os maridos tratem com dignidade sua esposa, “para que não se interrompam as orações.” Relacionamentos fragmentados enfraquecem nossa dinâmica espiritual.

 

Incredulidade – “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós, perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo.” (Hb 3.12) É interessante observar que este texto Questionar seus ensinamentos ou se afastar da fé cristã pode apagar o fogo do Espírito. Não é muito raro pessoas da igreja começaram a questionar a autoridade e suficiência das Escrituras Sagradas, ou, para se justificarem, começarem a fazer sua própria interpretação. O Espírito Santo vai se apagando e perdendo a capacidade de iluminar, aquecer o coração.

 

Alguns anos atrás fomos impactados com a notícia de que um colega muito querido nosso havia caído em pecado. O que ele fez gerou um escândalo terrível na sua cidade, ele foi despojado do ministério, e eu decidi pegar um avião e ir até sua cidade para me encontrar com ele. O clima era de velório. Havia muita tristeza e vergonha. Convidei-o para se mudar para minha casa e ele aceitou o convite e morou cerca de três meses conosco até que ele pode se manter e alugar um espaço próprio dele.

 

Quando chegamos na sua casa, encontrei com sua piedosa mãe, firme no evangelho. Ela também estava confusa e triste com tudo que estava acontecendo, mas me relatou uma experiência marcante. Um dia ela estava orando pelo seu filho, quando inesperadamente uma luz muito forte entrou na sala onde ela estava. Ela nos contou que era como se o sol tivesse entrado pela janela. Esta misteriosa luz ficou ali, diante dela que estava perplexidade e aos poucos começou a se movimentar como se estivesse convidando-a a segui-la. A luz entrou em todos os espaços da casa, foi para os três quartos, foi para a cozinha e entrou na despensa, que era o quarto mais escuro da casa. Ele disse que por causa da claridade, ela conseguiu ver cada buraquinho e sujeira nas paredes, cada prego, e de repente, inexplicavelmente, assim como tinha surgido, ela apagou, e ela ficou ali na penumbra daquele pequeno quarto.

 

Pensando nesta experiência considerei que a “luz estava apagada”, que o fogo, o calor e a claridade estavam ofuscados. Ele tinha “apagado” o Espírito Santo, e as trevas estavam assumindo o lugar. A claridade tão evidente, havia sumido e ficaram as trevas.

 

Conclusão: Sussurros de Deus

 

Bill Hybels fala da necessidade de discernirmos sobre os “sussurros de Deus” e de estarmos atentos para o que ele deseja nos comunicar. Certo dia, ele andava pela rua quando viu um carro com uma grande antena, certamente para alcançar uma determinada frequência que não deveria ser muito fácil, e ele ficou perguntando que frequência aquele dono do carro queria alcançar que o obrigava a ter uma antena tão grande? De repente ele percebeu que é isto que precisamos fazer. Precisamos ficar antenados aos sussurros, orientações e direções que Deus quer nos dar. Ele deseja nos falar, precisamos estar atentos.

 

Não espere, portanto, uma voz audível de Deus, mas esteja atento ao seu desejo de nos comunicar sua mensagem, nos ensinar e nos atrair para perto de si.

 

Conheci um grupo de jovens cristãos, que se assentavam juntos e perguntavam uns aos outros. “Que impressões de Deus você tem tido em sua vida? O que Deus tem lhe falado na sua Palavra, você ouviu alguma música ou algo esta semana que o fez desejar se aproximar mais de Deus?  Que conversa você teve que o encorajou e o estimulou a seguir mais de perto o bom pastor?

 

Não apaguem o Espírito Santo que habita em vós! Dispunha-se para ouvi-lo, aprender a discernir sua voz. Uma vida aquecida com o fogo do Espírito faz uma enorme diferença para os discípulos de Cristo, para a comunidade cristã, e pa a sociedade em que vivemos. Precisamos do fogo ardendo em nós, da chama que nos desafia, aqueça, desperta. Que Deus possa acender este fogo em nossos corações, para resistirmos ao pecado e sermos enriquecidos com sua presença diariamente.

 

 

           

Samuel Vieira

Anápolis 1, Jan 2007