Vamos abrir a Palavra de Deus no Salmo 37, a partir do versículo primeiro.
"Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. Pois eles em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde. Confia no Senhor e faze o bem. Habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor. Confia Nele, e o mais Ele fará." Esta é a Palavra do Senhor.
Introdução
Esse texto do Salmo 37 é repleto de princípios. Aliás, a Bíblia inteira é um livro de princípios. É muito importante pensar que princípios não são contratos; princípios não são regras nem ritos. Princípios são aculturais, atemporais. Eles transcendem a nós mesmos, são eternos. Princípios, quando aplicados — e se aplicados —, sempre produzirão efeitos imediatos, sejam esses princípios errados ou corretos. Existem muitos princípios que são contrários à Palavra de Deus e se tornam parâmetros da vida das pessoas, trazendo graves e terríveis consequências.
O Salmo 37 tem, pelo menos, 12 princípios, e nós não temos, obviamente, tempo para trabalhar em todos eles, mas nesta manhã vamos trabalhar em alguns, pelo menos três princípios. Esses princípios podem revolucionar a sua vida; podem modificar completamente sua cosmovisão, a sua forma de agir, a sua forma de se comportar. Podem mudar você. A Palavra de Deus é viva e eficaz. Ela é mais cortante que espada de dois gumes. Ela é capaz de discernir os pensamentos e propósitos do coração. Ela é capaz de dividir juntas e medulas, como o autor aos Hebreus nos fala.
Então, quando estudamos os princípios de Deus, nós, na verdade, estamos aprendendo aquilo que Deus pensa e como nós devemos viver. Esses princípios são aplicáveis em qualquer situação. A fé cristã se sustenta em princípios. Isso é muito importante para nós, sabe por quê? Porque, em geral, nós olhamos para a Bíblia e muitos a leem como uma espécie de horóscopo cristão. Estamos passando por uma crise, uma dificuldade e abrimos a Bíblia para tentar descobrir a vontade de Deus. Nós fazemos isso, e não há problema nenhum em fazer isso, desde que você se oriente por princípios. Porque muitas vezes abrimos a Bíblia só para encontrar um versículo que justifique a nossa atitude eventualmente pecaminosa e justifique nosso comportamento, mesmo quando esse versículo, ou sua interpretação contrarie todas as verdades do Evangelho.
Há pouco tempo atrás, aconteceu um caso extremo de um pastor no Espírito Santo, de uma igreja neopentecostal, que estava tendo um caso de adultério na igreja. E o repórter foi atrás, e ele, justificando-se, pegou o texto de Oséias e disse: "Olha o que a Bíblia está dizendo: 'Vá, pega uma mulher de prostituição e adultera com ela'." Entenderam? E ele estava tendo um caso de adultério com essa mulher, justificando-se num texto de Oséias. Aí o repórter pegou o texto e disse: "Não, o texto não está dizendo isso. O texto está dizendo: 'Vá e pega uma mulher de prostituição, adúltera'." Então, um acento faz uma grande diferença. Mas quando você quer justificar o seu pecado, você pode encontrar até texto bíblico para poder justificá-lo. Satanás encontrou textos bíblicos para poder testar Jesus e dizer: "Faça isso aí porque a Bíblia está dizendo." Então, tome muito cuidado. Nós precisamos agir por princípios. Essa é a forma de Deus falar conosco, afinal, como bem declarou o Pr. Júlio Andrade Ferreira, “A Bíblia é a mãe das heresias.” Pessoas que querem viver em pecado encontrarão até mesmo na Bíblia justificativas espúrias.
Então, em vez de voltarmos para as Escrituras Sagradas como um horóscopo cristão, precisamos solidificar os nossos princípios. Muitas pessoas tentam entender a vontade de Deus. Quando as pessoas dizem: "Eu não consigo entender a vontade de Deus." Eu cito 1 Ts 4.3: "Pois esta é a vontade de Deus: que vos abstenhais da impureza. Fugi, pois, da impureza moral." Ou seja, a vontade de Deus é a nossa santificação. Então, essa é a vontade de Deus. Você quer saber a vontade de Deus para sua vida? A vontade de Deus é a santificação. Quando vivemos debaixo de princípios, fica fácil caminhar na fé, e isso revoluciona a forma de viver e agir.
Charles Stanley, conhecido pregador, costumava afirmar o seguinte: "Nunca viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bênçãos de Deus." Há muitas pessoas violando os princípios de Deus e ainda querendo ganhar a bênção de Deus, ou manter as bênçãos de Deus. Deus não tem compromisso com a infidelidade. Ele não pode te abençoar quando você é infiel. Não é porque Ele não é fiel, é porque ao abençoar a infidelidade, Ele estaria chancelando o seu comportamento inadequado. Então, não viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bênçãos de Deus.
Outro detalhe importante é que os princípios de Deus não são para a sua salvação. Então, por que estamos estudando os princípios de Deus? Princípios de Deus não trazem salvação. A única obra que pode trazer salvação para você é a obra que o Filho de Deus fez naquela cruz. A morte de Jesus Cristo, o Seu sangue, é aplicada pelo Espírito Santo no coração quando nos entregamos e nos rende a Ele, é isso que traz salvação ao seu coração. Não há salvação fora de Jesus. A sua justiça própria não traz salvação. Guardar princípios não traz salvação. Sua moral não traz salvação. A sua religiosidade não traz salvação, guardar os ritos não traz salvação. A única coisa que traz salvação é a obra de Cristo Jesus. Então, eu quero hoje te desafiar a desistir da sua justiça própria, a abandonar de uma vez a sua justiça própria e crer naquilo que Cristo fez. "Esta é a obra de Deus" – João 6.28, Jesus respondeu: "A obra de Deus é esta, que creiais naquele que por Ele foi enviando." A obra de Deus é esta: que creiais. Essa é a obra de Deus. Nós precisamos confiar no sacrifício de Cristo para nossa salvação.
Agora, princípios são dados para a vida. Quando nós lemos o Antigo Testamento e o Novo Testamento – e o Antigo Testamento repetem muito essa ideia –, o Antigo Testamento diz que os mandamentos são para a vida. Ou seja, os mandamentos não te levam ao céu, mas trazem o céu para você. Os mandamentos não evitam que você vá para o inferno, porque isso só Cristo pode fazer, mas os mandamentos podem evitar que você transforme sua vida num inferno. Então, o que Deus, na verdade, quer é que nós guardemos os princípios para que haja vida em nós. Essa vida que jorra por meio da obra Dele, por meio da obra da cruz. Precisamos colocar os princípios de Deus dessa forma.
E assim, considerando vamos então observar os princípios de Deus. Pelo menos três princípios eu queria ressaltar aqui nesse texto que aparecem nos versículos 3, 4 e 5.
O primeiro princípio é: "Confia no Senhor e faze o bem, habita na terra e alimenta-te da verdade." Confia no Senhor.
Meus queridos irmãos, nós precisamos colocar esse princípio no nosso coração. É o princípio da confiança em Deus. E isso parece tão simples, mas não é, sabe por quê? Porque nós temos uma desconfiança inata no coração em relação a Deus. Como é que você confia em alguém quando não confia no caráter dessa pessoa? A confiança brota da integridade e do fato de que você sabe quem essa pessoa é. Você pode dar a sua carteira de identidade, o seu CPF para Deus sem nenhum problema, porque Deus é digno de confiança.
O que o texto está falando é que precisamos aprender a confiar no Senhor. E quando confiamos no Senhor, nós não nos sentimos ameaçados em colocar a nossa fé nas mãos desse Deus. Por quê? Porque estamos nas mãos de um Deus que é santo, providente e amoroso. Você confia no caráter de Deus? O grande problema da nossa espiritualidade, muitas vezes, é que não confiamos no caráter de Deus, não estamos certos de que podemos confiar Nele, integralmente. Então, nós confiamos em Deus mantendo certas áreas de reserva, de proteção, como se disséssemos: "OK, até aqui nós vamos; daqui pra frente, não."
Se você é mais antigo na igreja de Anápolis, deve se lembrar de um episódio icônico nessa igreja. Um grupo de pessoas estava preparando o acampamento da igreja no El Rancho e estava fazendo uma programação muito interessante, com muitos eventos, toda aquela organização, pensando nas ideias, criatividade. A programação seria no mês de novembro, mas uma pessoa disse: "Pessoal, vamos fazer uma programação ao ar livre, colocar a fogueira no meio, no sábado faremos a programação lá, e cantaremos ao ar livre, muito louvor." E todo o grupo ficou empolgado com a ideia, exceto uma pessoa. E alguém percebeu que ele não estava confortável com a ideia e perguntou: "Por que você parece que não concordou com a ideia, você não gostou da proposta?" E aí ele virou e disse: "Rapaz, é que novembro chove muito nesta região... É perigoso a gente fazer uma programação ao ar livre, pensando que teremos um dia sem chuva, mas pode ser que tenhamos um temporal e nossa programação não vai acontecer." Aí, outra pessoa, mais cheio de fé, virou e disse: "Nós vamos orar. Deus vai impedir que a chuva caia nessa época." Ele virou, refletiu um pouco, colocou a mão no queixo e disse: "Não sei não, rapaz, Deus não é de muita confiança em época de chuva."
É mais ou menos isso que acontece conosco. Deus não é de muita confiança em época de chuva. Quando vem as tempestades, será que podemos confiar mesmo no caráter de Deus?
O texto diz: “Confia no Senhor e faze o bem”. Coloque a sua confiança em Deus.
Todos os homens da Bíblia que passam por grandes provações e crises, profetas, fazem exatamente isso. Eles se lembram dos atributos e do caráter de Deus. Pense, por exemplo, em Jó, massacrado por tragédias em cima de tragédias. A esposa em crise teológica dizendo para ele: "Amaldiçoa esse Deus e morra." O corpo dele arrebentado. Mas ele diz no capítulo 19: "Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará do pó." Na crise poder olhar para Deus e dizer: "Eu posso colocar a confiança nEle, é exatamente este principio que vemos aqui. Isso é confiar em Deus.
O mesmo acontece com Habacuque, quando vem o exército da Assíria para invadir Israel, ele começa a orar para Deus não permitir que aquilo aconteça. E Deus diz: "Olha, vai acontecer por causa da infidelidade do meu povo, vai acontecer." E aí ele diz: "Deus, o Senhor é tão puro de olhos que não podes ver o mal. Por que o Senhor contempla a iniquidade?" Para se organizar espiritualmente ele mesmo tenta olhar para o caráter de Deus "Deus, o Senhor é um Deus eterno, Deus justo, que habita a eternidade." (Hc 1.12) Ele começa a olhar para o caráter de Deus para sua sobrevivência psicológica. Nós precisamos, começar a olhar para quem Deus é, seus atributos, para que possamos confiar nele. Você só vai confiar em alguém quando confia no seu caráter. E é isso que nós vemos aqui. A confiança é fruto de um relacionamento em que você sabe em quem está colocando a sua confiança.
São dois os problemas na nossa alma relacionado à confiança: As suspeitas luciféricas e adâmicas. Deixa-me tentar explicar isto.
Lúcifer, no Éden, é capaz de trazer para Eva sugestões que fazem todo o sentido ao seu coração. Quando ela diz: "Olha, Deus nos proibiu apenas de comer do fruto do conhecimento do bem e do mal." Satanás começa a suscitar questões. Ele disse: "Olha, Deus não está bem-intencionado com vocês. Deus sabe que no dia em que vocês comerem do fruto do bem e do mal, vocês serão iguais a Ele. Então, Deus não quer competidor. Deus governa o universo em cima de mentira. Ele mentiu para vocês. É certo que vocês não vão morrer?" O que Satanás faz aqui agora? Ele coloca uma série de sugestões na mente de Eva para que ela não confie naquilo que Deus havia dito. Não é exatamente isso que acontece conosco? As sugestões que vêm à nossa mente em relação a quem Deus é, e ao seu caráter. Bem, essa é a suspeita luciférica, porque é de Lúcifer, mas há uma suspeita que eu chamo de adâmica também.
A suspeita adâmica vem da natureza humana, o homem muitas vezes não confia naquilo que Deus de fato é. Parece que havia ali, na alma de Eva, por alguma razão, mesmo estando no Éden, essa possibilidade de suspeitar de Deus, porque aquilo que a serpente fala faz sentido para ela.
Então, neste caso aqui, é o encontro, como alguém definiu tentação, como “o encontro do pior de todos os seres com o pior que há em mim.” A natureza adâmica, esse filho de Adão que eu sou, me leva sempre a caminhar numa relação de suspeita em relação a Deus. "Será que posso confiar? Será que é possível confiar em Deus? Será que eu posso deixar nas mãos de Deus os meus problemas?" Talvez você esteja vivendo dias assim e precise confiar em Deus, mas não esteja conseguindo. Isso é adâmico, isso é pecaminoso, mas não vivemos assim também tantas vezes?
O segundo princípio – e se você achou o primeiro complexo, o segundo ainda é mais desafiador, na minha concepção – diz: "Agrada-te do Senhor e Ele satisfará os desejos do teu coração." (Sl 37.4)
O segundo princípio aqui é o princípio do prazer em Deus. “Agrada-te do Senhor.” Tenha prazer naquilo que Deus é e naquilo que Deus faz. E isso é complicado. E vou te dizer por quê? Porque isso mexe com a nossa afetividade.
Eu penso que não teria tanta dificuldade de ser um islâmico. Eu vou lhe dizer por quê? Porque eu sou ritualista nos meus comportamentos. Eu gosto de cumprir a minha agenda, os meus papéis direitinho. Eu gosto de organizar a agenda da semana e a Sara briga muitas vezes comigo. Ela diz: "Você não gosta de mudar sua agenda, né?" Então, meus queridos, ajoelhar cinco vezes por dia como o islâmico faz, por uma força do ritual, isso não seria complexo para mim. Acho que não. Ajoelhar ali, fazer minha prece, cumprir o meu papel, está tudo OK.
Entretanto, não é isso que Deus pede de nós. O que Deus pede vai muito além disso pois está conectado a afetividade. “Agrada-te do Senhor.” Você tem prazer em Deus? Não! Muitas vezes não temos prazer em Deus, mas temos o desprazer. E Deus está nos convidando para amá-lo. "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua força, de todo o entendimento”. Isso é o que sintetiza todo mandamento. O mandamento de Deus está voltado para quê? Para o coração. A afetividade se torna um problema porque eu tenho que ter prazer em Deus, quando, na verdade, eu não tenho prazer ele.
Quer ver como isso se reflete de forma fácil na sua história? Existem duas formas de você ver a vida: você vê a vida com gratidão e louvor, ou você vê a vida com descontentamento e murmuração. Em qual desses caminhos você anda rotineiramente? Gratidão e louvor significam o seguinte: Alguém definiu gratidão dizendo que gratidão é a memória do coração. Gratidão surge quando você está feliz com o que outra pessoa fez e você reflete isso na forma como fala dessa pessoa ou como sente em relação a ela. Se você é grato a Deus, tudo muda. Você tem prazer em Deus, você tem louvor para Deus, você tem gratidão pelo que Deus faz, ou você anda na rua da murmuração e do descontentamento? O descontentamento é mais ou menos o seguinte: "Estou dizendo para Deus que o que ele me dá não é bastante. Deus está me devendo, e precisa pagar sua dívida comigo imediatamente. Pessoas com este sentimento acham que o Senhor lhes deu pouco, ou aquém daquilo que merecem. “O Senhor não sabe com quem está falando!.... Olhe para mim, eu não sou merecedor de alguma coisa melhor do que aquilo que você me dá." E aí o descontentamento e a murmuração se tornam o estilo de vida. Porque se eu não me agrado de Deus, a gratidão não existirá em meu coração.
Ora, isso não é muito raro. Jonas, o profeta, também teve essa crise. Deus pergunta a Jonas: "Por que você está irado?" Isto acontece duas vezes (Jn 4.4,11), o profeta briguento e desobediente, ouve Deus indagando sobre os motivos do seu mau humor: "Por que você está assim? Por que você está irado? É razoável a sua ira?" Na primeira vez ele desconversa, mas na segunda vez que Deus pergunta, ele expõe seus motivos: sua crise se voltava contra Deus. Ele então responde: "É razoável a minha ira até a morte!" Em outras palavras: "Eu não tenho direito de pensar assim do Senhor? A minha ira, o meu descontentamento, a minha tristeza têm todo motivo de existir." e agora ele vai repreender a Deus. "Não foi isso que te falei estando ainda lá em Israel, quando o Senhor me chamou para essa missão que eu não queria fazer? Eu sabia que Tu és um Deus clemente, bom, misericordioso, compassivo e que se afasta do mal. Por isso me adiantei e fugi. O problema básico de Jonas está relacionado ao jeito como Deus trata as coisas. Ele demonstra isto ao afirmar: Sabendo que és bom, compassivo, misericordioso. Eu resolvi fugir. Dá para entender?
Jonas é um missionário em crise com o Deus das missões. Seu descontentamento é fruto de um coração que não se agrada de Deus. Então, se você acha que é fácil se agradar de Deus, vale a pena considerar este assunto com mais profundidade.
Sabe qual é o grande chamado de Deus para nossa vida? "Eu quero que você tenha prazer em mim." Deus nos criou para relacionamento de amor. Ele não nos conduziu, nem nos convidou para uma caminhada de rituais. Deus nos convida para uma caminhada de relacionamentos e de afetos.
E é assim que Jesus se encontra com Pedro. Depois da negação tão explícita, Jesus se encontra com Pedro à beira do mar da Galileia, onde terão uma conversa que, se eu estivesse na situação de Pedro, nunca gostaria de ter. E se eu estivesse na condição de Jesus, eu sabia muito bem o que fazer. Eu ia dizer duras verdades para Pedro. Eu ia acabar com a moral dele. Eu ia dizer para ele: "Pedro, você é um cara de pau, você é um sem-vergonha. Olha aqui, cara, presta atenção. Nós andamos 3 anos, somos amigos. Você me nega? Você está ficando doido, você é maluco?" Se eu estivesse na situação de Pedro, eu honestamente preferiria que Jesus tivesse feito isso comigo do que a pergunta que Ele fez.
Você se lembra qual foi a pergunta de Jesus? "Pedro, você me ama? Pedro, você me ama?" E Jesus vai perguntando aquele negócio incômodo: "Pedro, você me ama?" Essa é a pergunta que Deus faz a você e a mim. Esse é o princípio de vida cristã que pode revolucionar nossa história: "Você ama Deus? Tem prazer no Senhor."
Agora, preste atenção nos efeitos disso: "Agrada-te do Senhor e Ele satisfará os desejos do coração."
Eu acho interessante pensar nisso porque você pode dizer: "Bem, se eu me agradar de Deus, aquelas paixões, aqueles meus desejos pecaminosos, baseados em cobiça ou luxúria, serão satisfeitos." Absolutamente não. Porque os desejos que brotam do nosso coração pecaminoso apenas refletem desejos mais profundos que muitas vezes ignoramos. São apenas uma cortina de fumaça. Quando você deseja ter alguma coisa, você deseja ter por quê? Muitas vezes porque você tem necessidade de afirmação, de aceitação, de reconhecimento e desejos até mesmo idolátricos. Ou seja, o problema seu é um pouco mais profundo, mais complexo. E Deus quer te dar os desejos legítimos que você tem, que você muitas vezes ignora. Ele vai satisfazer os desejos mais profundos do seu coração se você se agradar Dele. Desejos esses que muitas vezes você nem acesso a eles tem, conscientemente falando. E aí Deus vai, então, para uma camada um pouco mais profunda da afetividade. E ali, nesse lugar, Deus deseja ministrar a você os desejos do seu coração.
Qual é o desejo do seu coração? O que Deus realmente quer fazer contigo? Eu gosto muito de uma música do Projeto Sola, Salmo 23. Ela tem uma letra maravilhosa e há um determinado momento que diz o seguinte: "Se o Senhor é o meu pastor, aquilo que eu não tenho eu não preciso." E logo depois ele repete: "Se o Senhor é meu pastor, aquilo que eu não tenho não preciso desejar." Deus já me deu tudo que eu preciso porque Ele é meu pastor e nada vai me faltar. Louvado seja o nome do Senhor!
Pense na sua adoração e da relação com Deus na dimensão dos afetos. Agrada-te do Senhor. Isso pode revolucionar sua história. Saia da rua do descontentamento, da murmuração. Vá para a rua da gratidão e do louvor. Considere as misericórdias de Deus.
O terceiro princípio que aparece nesse texto, e ele não é menos desafiador para o nosso coração, sendo revolucionário e transformador diz: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele e o mais Ele fará. Entrega o teu caminho." (Sl 37.5)
Que caminho é esse que eu preciso entregar a Deus? Qual é o meu caminho? É tudo aquilo que se constrói na história, é tudo aquilo que está sendo construído no seu dia a dia. Deus está dizendo: Eu quero que você traga o seu caminho e deixe que eu o direcione. Entrega o teu caminho a mim. Deixe que eu marque as trilhas que você tem que andar. Deixe-me fazer o percurso no qual eu quero que você ande. Deixe-me fazer uma picada no meio da floresta confusa, cheia de espinhos que você está construindo. Eu quero cuidar do seu caminho. Eu quero cuidar da sua vocação. Eu quero cuidar da sua profissão. Eu quero cuidar daquilo que você é. Entrega para mim. Deixa comigo. Eu vou cuidar disso." O que pode ser mais complexo e libertador do que viver uma vida de entrega? É complexo, mas é libertador. Deus é que vai fazer o que precisa ser feito.
Brandon Manning afirmou: "Sem entrega, não há possibilidade de cura. Sem entrega, não há possibilidade de cura." Qual é o problema aqui comigo e com você? A nossa onipotência. Ah, nós não queremos abrir mão disso, não. Nós queremos controlar. Há um deus dentro de mim, o meu EGO, e não é uma entidade, é você mesmo. Você quer governar a sua história. Nossa sociedade diz que você tem que ter o controle de sua vida. E Deus está dizendo: "Não, Eu quero que você transfira para mim o seu ego."
Olha que loucura, como isso é contracultural! Jesus disse: Se alguém quiser vir após mim, faça o quê? A si mesmo se negue. Traga o seu para mim, crucifique o seu eu, Negue o seu eu. Como assim, negar o meu eu? Não, não, eu quero afirmar o meu eu. E dizemos para Deus: Você não está percebendo quão competente eu sou, quão hábil eu sou? Eu quero afirmar o meu eu. Eu não quero negar o meu eu. Eu não quero negar nada daquilo que eu quero controlar. Eu quero controlar. O convite de Jesus para segui-lo, entretanto, passa pelo processo da negação do eu. "Negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me."
Muitos dizem: "Pastor, a minha cruz é a minha enfermidade, pastor. A minha cruz é o meu marido, a minha cruz é o meu filho, minha cruz é o meu trabalho." Não, meu querido, a sua cruz é muito mais séria do que tudo isso. A sua cruz é você mesmo. Negue a si mesmo, tome a sua cruz. A autonegação é o caminho do discipulado. É isso que o texto da Palavra de Deus está dizendo: "Negue-se a si mesmo." Essa é a grande cruz. Autonegação. Ela implica numa profunda rendição, não mais controle. "Ah, mas eu quero ter o controle das coisas." Transferir para Deus? "Não, não, não, eu sei o que eu quero. Eu sei para onde eu quero ir. Eu sou capaz de fazer isso aqui. Eu não vou negociar isso aqui de jeito nenhum."
Parece-se com a história acontecida num incidente de nossa família em que um garoto com 8 anos de idade estava na praia com familiares. De repente, ele, muito atrevido, que acha que sabe fazer tudo sozinho, independente entra no mar meio e vem uma onda e o arrasta. Aí começa a gritaria: "Pega o menino! Está afogando!" As pessoas se juntam e resgata. Ele sai meio zonzo, meio tonto, meio morto, meio vivo, e trazem o menino para a areia. Assim que ele se recupera, fica em pé, cheio de si e com ar arrogante e vira para todo mundo orgulhosamente e diz: "Eu estou afogando, mas estou nadando." É a mesma coisa que nós fazemos. Você está afogando, mas continua dizendo: "ainda estou nadando." Não! você está afogando. Você não tem mais controle. Entrega!
Como isso é complexo, difícil e desafiador. É difícil romper com o nosso senso de onipotência, de acharmos que temos todas as coisas nas mãos! E Deus está dizendo: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia em mim." Rendição é a palavra-chave: rendição do meu eu. Eu preciso render o meu eu, esse deusinho internalizado em mim que precisa ser desmascarado. Eu preciso render minhas finanças a Deus. Eu preciso render minha família a Deus. Eu preciso render a Deus minha saúde, e as injustiças que eu sofro. Eu preciso entregar o meu caminho ao Senhor. Eu preciso confiar Nele. O mais Ele vai fazer.
Não é assim o Evangelho?
Quando olhamos para a obra de Cristo, vemos uma vida de entrega, de rendição, de entrega, de prazer e total confiança em Deus. Lá está o Filho de Deus, o nosso Salvador, indo para a cruz. No seu caminho para a cruz, vemos a confiança que o Filho tem no Pai, não é oração de confissão positiva. O que ele diz: "Não faça a minha vontade, mas a sua. Não como eu quero, mas o Senhor. Eu confio no seu caráter." E aí, como ovelha muda, Ele é levado perante os seus tosquiadores. Ele não abre a Sua boca e derrama o Seu sangue. Ele se agrada de Deus e Deus se agrada Dele. Relação de afeto.
Deus diz: "Esse é o meu Filho amado." Não há competição na Trindade. As três pessoas caminham juntas. Pai, Filho e Espírito Santo, criando a melhor comunidade de entrega, e de confiança. É assim que nós vemos a Trindade. Lá está o Cordeiro de Deus morrendo na cruz em absoluta entrega, rendição até a morte, dizendo: "Deus, nas tuas mãos entrego o meu espírito." Ali está sendo oferecida a oferta que o Senhor queria pelo pecado dos homens. Jesus paga a dívida: tudo está pago! O que aprendemos na cruz, é o que Deus está falando para nós nesta manhã.
"Confia no Senhor.
Agrada-te do Senhor.
Entrega o teu caminho ao Senhor."
Essa a Palavra do Senhor para nós nesta manhã.
Oração
Senhor Jesus, aplica a Tua Palavra ao nosso coração. Tu sabes como desesperadamente precisamos de Ti, ó Pai. E como é tão complexo nossa luta para tentarmos controlar o incontrolável, manter o controle daquilo que o Senhor não nos convida para controlar. Tua Palavra é clara para nós, O Senhor está nos desafiando. Ajuda-nos a nos rendermos a descansar no Senhor, a experimentar a graça e a bondade do Senhor. Em nome de Jesus. Amém.
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