A parábola do grão de mostarda
³⁰ Disse mais: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos?
³¹ É como um grão de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra;
³² mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra.
(Marcos 4:30-32)
Introdução
D. Nadir Ferrari frequentava nossa igreja no Rio de Janeiro e lançou uma campanha social, anexando alguns grãos de mostarda, como símbolo das possibilidades dos sonhos. Sua percepção criativa e a genialidade na escolha destas sementes, coadunam-se perfeitamente com o texto que lemos. É Assim que as coisas se estabelecem no reino de Deus.
A parábola do Grão de mostarda é mencionada na Bíblia em parábolas sobre o Reino dos Céus e a fé, aparecendo nos Evangelhos de Mateus (Mt 13.31-32; 17.20), Marcos (Mc 4.30-32) e Lucas (Lc 17.6). Nessas passagens, Jesus compara o Reino dos Céus a uma pequena semente que cresce e se torna grande, e também a fé a um grão de mostarda, enfatizando que mesmo a menor quantidade de fé pode realizar grandes feitos.
Estes textos descrevem o poder conspirador do grão de mostarda. Jesus usa uma linguagem terrena, metáfora, para demonstrar o reino de Deus através de idéias. Usa conceitos humanos para nos fazer pensar sobre realidades celestiais. Fala-nos do poder conspirador que possui a semente de mostarda.
"A que assemelharemos o reino de Deus?"
Jesus responde que o reino de Deus assemelha-se a uma semente de mostarda. "O significado das parábolas é que as imagens imprimem mais fortemente na memória seus ensinamentos que as ideias abstratas.” (Joachim Jeremias)
- O reino de Deus começa sempre de forma despretensiosa - "Quando semeado é a menor de todas as sementes sobre a terra"
Grandes projetos surgem de pessoas que se engajaram numa ideia clara e sem grandes estruturas por detrás. A introdução desta parábola inicia-se no dativo. Jesus queria dizer mais ou menos o seguinte: “O Reino de Deus é como um grão de mostarda..." Grandes projetos surgem sem recursos, riquezas, ostentação. Não é esquema palaciano, mas uma espécie de semeadura de utopia.
Não é assim o próprio nascimento de Jesus? Os homens o aguardam no palácio e ele surge na estrebaria. Os homens esperam reino político ele apresenta reino espiritual. Os homens aguardam promoção e glória e seus dias terminam de forma dramática numa cruz de madeira lavrada. O nascimento e a vida de Jesus fazem-nos lembrar de que as coisas aparentemente insignificantes podem ter o germe de conspiração para grandes revoluções e transformações históricas.
O Profeta Zacarias faz uma afirmação curiosa quando Jerusalém estava sendo restaurada: "Pois quem despreza os dias dos humildes começos, esse alegrar-se-á vendo o prumo nas mãos de Zorobabel." (Zc 4.10)
Quem pode confiar em algo tão pequeno?
William Barclay chama esta parábola de "O humilde começo". Jesus falava do reino de Deus desta forma. A semente de mostarda é mínima, mas não se intimida. É frágil, mas não se deixa ficar ameaçada. Grandes projetos de Deus começam de coisas simples de gente simples de humildes começos. Não se deixe intimidar quando você tem um sonho.
A Igreja da Gávea começou assim
Em 1968, era um bairro pobre, pouco habitado. Um homem visionário, Benjamin Morais resolveu estabelecer aqui uma casa para abrigar moças do interior que vinham para estudar. Depois, uma pequena escola dominical para crianças, e depois enviou um pastor jovem, ainda inexperiente, para pastoreá-la. Hoje é uma igreja abençoada que tem sustentado missionários e obras sociais, pregado o Evangelho salvando vidas, e treinando pessoas para a obra do Senhor. Quando pastoreei aquela igreja, começamos parcerias de plantação de igrejas. A igreja se identificou com esta forma de abençoar outras regiões, e chegou a ter 27 parcerias no estabelecimento de novas igrejas, durante o pastorado do Rev. Marcos. Grande parte da revitalização das igrejas na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, se deu com os recursos desta igreja. Que forma despretensiosa e original de Deus fazer as coisas. Que grande conspiração!
A Igreja de Anápolis, começou assim.
Os fundadores desta igreja jamais poderiam imaginar que, 72 anos depois, já estaria vinculada à criação de 12 novas igrejas na região, 2 igrejas no Maranhão, além de sustentar missionários ao redor do mundo. Só em 2010, nossa igreja investiu o equivalente a U$ 147 mil dólares, cerca de 1700 membros, construindo um templo para 1820 lugares.
A Igreja Presbiteriana de Anápolis (IPA) iniciou suas reuniões em 1947, quando o missionário norte-americano David Lee Williamson e sua esposa Virgínia, ao lado dos reverendos T. Richart Taylor e Etelberto H. Gartrell, deram início ao trabalho como parte das ações da Missão Oeste do Brasil. Um ano depois, a congregação foi oficialmente criada por uma comissão organizadora nomeada pela Missão Oeste do Brasil, idealizada e mantida pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.
Durante seis
anos, as reuniões aconteceram em um imóvel localizado na Rua Xavier de Almeida,
nº 129, no Centro da cidade. Foi nesse mesmo local que cerca de 120 pessoas,
apaixonadas pelas boas novas de Cristo Jesus, viram o sonho se tornar realidade
e o trabalho em prol do Reino de Deus ser recompensado com a criação da igreja.
Como resposta às orações e prova incontestável da mão abençoadora de Deus, no
dia 14 de julho de 1953, em uma das salas da Escola Dominical, a comissão
formada elegeu presbíteros e diáconos na presença dos membros, além de
registrar o nome daqueles que frequentavam as reuniões. Nascia, juridicamente,
a Igreja Presbiteriana de Anápolis (IPA), e, com ela, um novo tempo para a
pregação do Evangelho e o estudo bíblico na cidade — com impacto direto na vida
de milhares de famílias ao longo de gerações.
Ainda em 1953, o prédio localizado na Rua Desembargador Jaime, no Centro, tornou-se a sede oficial da IPA. Hoje, com 72 anos de existência, a igreja conta com cerca de 1.700 membros ativos, incluindo as congregações em Cocalzinho-GO e no Parque Residencial das Flores (Recanto do Sol).
A menor de todas as sementes insignificantes não se intimida em contacto com o solo, mas possui uma dinâmica própria que gera vida.
É a semeadura da utopia? Reino de Deus é um sonho sendo plantado.
Vocês sabem que evangelizou Moody, um pobre sapateiro do Boston? A história narra que foi seu professor de Escola Dominical que preocupado com a vida espiritual de seus alunos, orava por eles e resolveu convidá-los a entregarem suas vidas a Cristo. Vocês já pensaram em quem evangelizou Billy Graham? Um caipira da região de Tenessee?
Jesus diz: "o Reino dos céus é assim"
Portanto quando você estiver pensando em fazer algo para Deus lembre-se do grão de mostarda ele é mesmo assim... frágil, insignificante. O Reino de Deus é assim... Toda vez que estou pensando em plantar uma igreja, é esta idéia do grão de mostarda que me vem à mente.
Foi em Belém que ele escolheu nascer uma das menores cidades da Judéia. Ali nasceu o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Foi na insignificante Galileia que Cristo quis viver, naquela região desprezada Deus escolheu morar. Sempre foi assim... Foi no Gólgota (nome estranho, caveira?!!) que Jesus revelou seu grande amor pela humanidade, morrendo em nosso lugar.
- O Reino, tem um gigantesco potencial de expansão.
O Reino de Deus desaloja e desinstala. A que compararemos o Reino de Deus? O Reino de Deus tem em si mesmo o germe de crescimento. Aquele que crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, nunca deveria deixar de semear esta esperança. Semente de mostarda aponta para “sementes de esperança”. Aquele que crê num Deus Soberano e poderoso, nunca deveria limitar sua vida ao convencional e ao natural
Por que não investimos no Reino de Deus? Ele é contagiante, repleto de vida e de significado. Tem as características da inquietude, da impaciência, é dinâmico... “Uma vez semeada, cresce..." Ao lavrador, porém, cumpre semear. Semeia aqui e acolá. Não sabe ao certo qual semente nascerá, mas deve sempre semear. O contacto com o solo gera vida. É necessário que a semente seja lançada ao solo. Não precisa de nenhuma magia precisa apenas da semeadura. Num ambiente propício começa a acontecer coisas mágicas e grandiosas. O grão semeado morre e a vida se estabelece. A menor de todas as sementes desaparece, porém, sua morte aprofunda suas raízes, começa a crescer e a se firmar. Existem muitos com medo de serem carregados pelo solo que se recusam a morrer.
Se a semente de mostarda ficasse absorta em sua fragilidade, se percebesse quão pequena é quão insignificante ela é... Se olhasse no espelho. Quantas sementes de mostarda encontram-se hoje aqui presentes, cheias de vida? Quão facilmente se sentiriam insignificantes e impotentes. Mas como a semente de mostarda, precisamos compreender que há um poder de vida dentro de si. O grão de mostarda não olha para sua pequenez, nem para os obstáculos, mas para as possibilidades. O Reino de Deus é assim. Assim é que Jesus o apresenta.
A mesma semente cresce e deita ramos. Tem o germe do crescimento, contagia. Começa do tamanho de uma cabeça de alfinete, e pode atingir 3 metros de altura.
Os exegetas entendem a parábola da mostarda como parábola de contrastes. Seu sentido é: De inícios míseros, Deus realiza o seu poderoso reino que alcançará os povos de todo o mundo.
Você já ouviu falar de William Wilberforce? Este homem foi o responsável pela libertação dos escravos na Inglaterra. A idéia lhe ocorreu ao ler um trabalho de Thomaz Clarkson sob o tráfico de escravos. Um dia estava sentado no jardim de sua casa com George Grenville e Pitt, que era o primeiro-ministro da Inglaterra, quando Pitt volta-se para ele e diz: "Wilberforce, por que você não apresenta uma proposta no Parlamento inglês sobre o tráfico de escravos?"
Esta pequena semente mudou a vida de milhares de pessoas. Haveria de transformar a dinâmica social em muitos outros países, inclusive no Brasil.
Telêmaco era um eremita do deserto que um dia sentiu um impulso muito forte de ir a Roma. Ao chegar foi ao Coliseu onde se reuniam cerca de 80 mil pessoas para ver lutas sangrentas entre os gladiadores. Telêmaco ficou profundamente indignado e enojado durante aquele macabro espetáculo, e saltou para dentro da arena para separar os gladiadores. Foi vaiado e empurrado pelos lutadores até que um deles o executou friamente.
Um tremendo silêncio caiu sob o estádio após a sua morte. Algo sucedeu em Roma naquele dia porque a partir de então não houve mais lutas entre os gladiadores. Um homem com sua vida, pequena semente, libertou o império romano deste espetáculo anti-humano.
- Transforma-se em ninho, refúgio - “Deita grandes ramos e as aves se aninham à sua sombra.” (vs 32)
O grão de mostarda cresce e vira ninho. Seu objetivo é abençoar é tornar-se abrigo lugar de descanso, lugar de aconchego e ternura. Os pássaros se aninham e ali chocam seus ovos. Criam suas ninhadas. É lugar de paz. Por ter ramos bem entrelaçados é lugar de proteção. Impede a maldade de outros animais. Os pássaros sabem disto, ali se aninham ficam seguros.
"A que assemelharemos o Reino de Deus": A um grão de mostarda.
É nos seus ramos que as aves dos céus se aninham... Jesus impõe aqui a dimensão restauradora terapêutica do Reino.
O Reino é lugar de ninho, descanso... Não gera relação de peso e angústia, mas de libertação e vida. Quem se aproxima do Reino se aproxima da vida em segurança
"Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, pensamentos de bem, e não de mal, para vos dar o fim que desejais." (Jr 29.11)
Envolver-se com o reino é descobrir-se pleno de potencialidade para gerar vida e paz. A semente de mostarda se transforma em ninho em abrigo lugar de paz... William Barclay comenta que os arbustos dos pés de mostarda são rodeados por uma nuvem de pássaros pois eles gostam muito de suas sementes e pousam nelas para comer.
O que Jesus ensina é que com a mesma certeza com que surge do grão de mostarda o grande caule assim o milagre de Deus fará do seu pequeno rebanho o grande povo que vai alcançar os povos para paz, vida, segurança. Assim acontece com a força real de Deus que multiplica nossos recursos e dons usando-os para construir o seu grande projeto.
Conclusão
Quantos de vocês já ouviram falar de Vildene?
Ela é uma missionária, e a Igreja de Anápolis tem uma parceria com seu ministério na Nigéria. Seu trabalho é absolutamente apagado e desconhecido. Ela cuida de meninos de rua que foram abandonados por seus pais. Na verdade, eles foram dados para instituições islâmicas, e quando não atingem as cotas de esmolas que precisam arrecadar para suas instituições são severamente punidos e muitos preferem viver nas ruas.
Vildene acolhe estes adolescentes e pré-adolescentes, cheios de marcas, abandonados por seus pais, e tenta comunicar-lhes o amor de Cristo.
Onde vai dar sua semeadura?
Quem sabe...
O reino de Deus, porém, é assim:
Humildes começos, aparentemente insignificantes...
Com um enorme potencial de crescimento e expansão...
Que cuida, acolhe, cura, trata e abençoa muitas vidas...
Assim é o Reino de Deus...
Algumas questões para nossa reflexão:
- Estamos semeando sementes do reino?
- Realmente cremos no poder impactante que o reino pode ter sobre a vida das pessoas?
- Em que medida tenho investido meu tempo/talento/tesouro para que o reino de Deus se manifeste entre nós?
Rev. Samuel Vieira-
Nenhum comentário:
Postar um comentário